segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Reserva de emergência: por que é importante ter uma e como montar?


O imprevisto bateu à porta. Pode ser uma falha mecânica no carro, um parente com problema de saúde, uma reforma urgente na casa ou a perda do emprego. Todos estamos sujeitos a uma infinidade de eventos aleatórios que, no fim das contas, podem sair caro. Há duas formas de minimizar os efeitos desses transtornos: prever exatamente quando eles vão ocorrer ou se preparar desde cedo para estas eventualidades.

Como a primeira alternativa é inviável (mesmo para os mais crentes em futurologias e afins), resta somente a prevenção. Tudo se resume a um objetivo: a montagem de uma reserva de emergência. É um tipo de poupança que deve ser usado somente nas horas de aperto – porque como qualquer crise inesperada já dá dor de cabeça suficiente, é melhor não ter que se preocupar também com “de onde tirar o dinheiro” para resolver estes problemas.

·  Como montar essa reserva de emergência?
·  O que devemos levar em conta na hora de preparar este fundo?
·  Onde deixar o dinheiro guardado?
·  Em caso de uso, como restaurar a conta?

São essas questões que este artigo busca responder.

Como montar uma reserva de emergência?
A montagem da reserva de emergência deve começar com um cálculo das contas mensais. Para quem já tem um controle financeiro eficiente, com anotações dos gastos fixos e do consumo eventual, não há muito com o que se preocupar.

Com emprego ou sem emprego, contas de água, luz, telefone, condomínio ou aluguel e muitas outras continuam a chegar. A reserva de emergência deve ser feita para que, em meio a eventos imprevistos, estas contas continuem sendo pagas.

Anotar todos os gastos fixos (esses citados acima) é o primeiro passo para transformar o fundo de emergência em algo palpável. Alguns gastos variáveis, como as compras no supermercado ou na farmácia, também devem entrar na conta – afinal, a família precisa continuar se alimentando. Uma estimativa aproximada das compras mensais ajuda a mensurar essas despesas.

O que levar em conta para preparar o fundo?
Pegue o resultado equivalente a um mês de despesas e multiplique por três. Essa é a reserva mínima para segurar as contas da casa por três meses em caso, por exemplo, de desemprego. Uma reserva mais segura considera seis meses de gastos fixos e variáveis.
Nesse tempo, é possível manter as contas em dia enquanto se busca, entre outras saídas, uma fonte extra de renda.

Onde deixar o dinheiro guardado?
Não basta deixá-lo sob o colchão. É preciso mantê-lo, na pior das hipóteses, na mais simples das opções de investimento – a caderneta de poupança. Ela tem rendido menos, sobretudo após a queda da taxa básica de juros, mas ainda assim é garantida para a hora do aperto.

É possível deixar o dinheiro da reserva em algum investimento que renda mais do que a poupança? Sim, mas é preciso ter em mente duas coisas quando o assunto é emergência: liquidez e custo.

A liquidez é a facilidade para ter o dinheiro na mão, ou seja, transformar o número do extrato em grana de verdade. O investimento devolve o dinheiro na hora ou ele tem um tempo de “carência” para o resgate? Prefira os investimentos que resgatam “na hora” (eles terão resgate do tipo D+0. Procure por estes).

O custo impacta o retorno e o saldo final. Quais os impostos que serão cobrados sobre a aplicação? Terá incidência de Imposto de Renda? Há fundos que cobram taxas menores quanto mais tempo o investimento for mantido, o que vira um perigo no caso de necessidade rápida do dinheiro. Sobre a poupança não incide IR e o resgate é automático.

Um dica importante: evite contas poupança ligadas à conta corrente. Isso porque é fácil de confundir o dinheiro e, assim, usar a reserva de emergência como saldo de consumo. Vale a pena, neste caso, abrir uma conta poupança especial para esta finalidade emergencial. Deixe sua conta corrente separada da reserva de emergência.

Se você já tem algum dinheiro guardado na poupança para eventualidades e uma vida bastante regrada, pode até escolher um lugarzinho melhor para deixar a reserva de emergência, como fundos de inflação (repito: prefira fundos D+0 ou D+1) de grandes instituições e bancos de investimento. São seguros e ainda protegem o dinheiro da desvalorização.

Para este caso (dinheiro rápido em caso de problemas), fuja da renda variável, que oferece mais risco e pode oscilar para baixo (fazendo o poupador correr risco real de perder dinheiro). Numa emergência, é tudo o que queremos evitar, não?

Após o uso, como restaurar a conta?
Quando a situação apertar, o dinheiro estará lá, pronto para ser usado. O imprevisto não importa. O que importa é saber como restaurar o fundo após o uso. Se o problema não envolveu a perda de emprego, separe parte do salário todo mês para repor a grana usada.

Um método factível é pegar o total usado e dividir, por exemplo, por 12. Pode parecer bastante, mas pense que se tivesse usado o cartão de crédito ou o cheque especial para quitar estas dívidas, o consumidor ainda teria que pagar juros e a dor de cabeça seria maior. Imagine o banco cobrando 10% de juros ao mês pelo uso do limite. No fim dos 12 meses, o cliente terá pagado mais que o triplo do dinheiro usado.

Com o passar do tempo, o ato de poupar para a reserva virará um hábito. Depois que ela estiver cheia de novo, vale a pena manter o costume de poupar para investir ou realizar outros sonhos. Mas isso é assunto para outro texto no Dinheirama. Até lá.

Este artigo foi escrito por Marcel Gugoni.
Jornalista de economia e finanças pessoais que se interessa pelo mundo da economia do dia a dia. Aprendeu como sair das dívidas ao sentir na própria pele o sofrimento do endividamento e agora estuda sobre investimentos e proteção do capital. 

Fonte: dinherama