quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Como fazer uma reunião produtiva?

Definição de metas, divisão de trabalhos ou informar sobre os resultados de uma ação. Essas razões, entre outras várias, podem demandar reuniões. No entanto, nem sempre esses encontros representam soluções para os problemas de uma companhia e sim mais um entrave na realização das tarefas.

Quem nunca achou que a reunião se estendeu por mais tempo do que deveria ou não teve propósito nenhum? As razões para essa insatisfação, de acordo com o consultor em estratégia nos negócios Leonardo Fuerth, em seu livro Técnicas de reunião, podem ser condensadas em quatro aspectos: “falta de preparo, conflito espaço-temporal, reunião mal desenvolvida e comportamentos inadequados”.

Para minimizar problemas como esses, evitando que as reuniões se desvirtuem do seu papel de solucionadoras de questões, tornem-se empecilhos e perda de tempo para gestores e colaboradores, a Administradores vai lhe dar uma ajudinha. Elaboramos, em conjunto com a consultora organizacional Sônia Jordão, dicas tanto para quem conduz o encontro, como para os participantes.

Quem conduz

1- Selecione os participantes do encontro
 Convoque ou convide para participar da reunião somente as pessoas que tenham interesse no assunto.

2 - Explique previamente o motivo, explicitando seus desdobramentos
Informe o tema a ser discutido com antecedência para que as pessoas se preparem para a reunião. Além disso, ao iniciar o encontro, esclareça suas razões e verifique se os participantes compreenderam, questionando as causas ou problemas do assunto em pauta.

3 - Acompanhe para que não haja fuga do tema/gerencie o tempo
Procure manter o foco da reunião, garantido que seja rápida e com exposições sucintas, intervindo quando algum participante se prolongar, falar com muita frequência ou sair do tema.

4  - Incentive a participação de todos
 Peça aos demais soluções possíveis e estimule a participação de todos, buscando ter as evidências que comprovem a praticidade de cada proposta, evitando questionar diretamente cada participante. É preciso que cada uma das soluções levantadas tenha um responsável e limite de tempo para que sejam realizadas.

Quem participa

1- Organize-se para a reunião
Chegue no horário marcado e leve para a reunião tudo que sabe a respeito do tema a ser discutido.

2- Participe ativamente da reunião
Externe suas opiniões e soluções, mas seja breve, utilizando um tom de voz moderado. Explique e esclareça suas propostas, além de apoiar sugestões que levem a uma solução coerente. Anote tudo o que for de seu interesse e evite conversas paralelas. Além disso, assuma as responsabilidades inerentes às suas funções.

3- Saiba ouvir
Escute com atenção o que falam outros participantes e não interrompa quando alguém estiver com a palavra. Caso discorde das ideias de outro, não discuta, mas pergunte o motivo pelo qual o colega pensa de maneira diferente.

4 – Cuidado com o celular
 Não tem coisa mais chata em uma reunião do que ser interrompido por um toque de celular. Desligue ou deixe o aparelho no silencioso durante a reunião.

Por Mayara Emmily, Revista Administradores, - www.administradores.com.br

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

China: novos rumos, mais oportunidades

A China continua a ter na Europa o principal mercado consumidor para os seus produtos. Mesmo assim, conforme a União Europeia consegue soluções adequadas para equilibrar as contas mais comprometidas da zona do euro, a China sente o efeito das exportações em declínio. Em seus esforços para amenizar o impacto da crise europeia e estimular o crescimento orgânico, o governo chinês tem apresentado novas orientações e expectativas.

Os objetivos da China estão mais focados em desenvolver o consumo doméstico e tornar-se menos dependente das exportações líquidas.

Em entrevista concedida à revista KPMG Business Magazine 26, Peter Fung, líder global da Prática Chinesa da KPMG, analisa as orientações do novo governo chinês. Ele também explica como o Brasil pode aproveitar as oportunidades resultantes dessas mudanças.

Business Magazine - De que forma a crise dos países da zona do euro tem afetado a China?
Peter Fung - O impacto é visível principalmente nas exportações líquidas e no volume de investimentos estrangeiros diretos (IED) na China. Nas três últimas décadas, o IED na China cresceu exponencialmente, atingindo o ponto máximo de US$ 116 bilhões em grande parte provenientes da Europa. Com a crise, os investimentos estrangeiros diretos na China caíram para US$ 83,4 bilhões no terceiro trimestre de 2012. Ou 3,8% em relação aos US$ 86,7 bilhões de igual período de 2011. A participação europeia nesse montante caiu 6,3%.

Outro impacto foi sentido nas exportações líquidas. A China ainda é líder em produção e exportação, principalmente para a Europa. Contudo, diversos países compradores cortaram seus gastos com importações chinesas. Com isso, as exportações líquidas da China foram severamente impactadas. No terceiro trimestre de 2012, as vendas chinesas para a União Europeia caíram 17%, passando de US$ 108,2 bilhões para US$ 89,9 bilhões, em comparação com o mesmo período do ano passado.

BM - De que forma a China tenta reverter essa situação?
PF - Para a China, a reforma econômica significa mudar a partir de dentro do país. A estrutura que dita como a China cresce e de onde é obtido o crescimento irá conduzir, no final, a uma maior sustentabilidade econômica. O mercado consumidor terá a função mais importante no direcionamento do desenvolvimento econômico chinês; o desenvolvimento adicional da classe média chinesa é um aspecto imperativo na direção da obtenção do crescimento sustentável de longo prazo. O governo também enfatiza o aspecto de gastar relativamente menos em investimentos de larga escala. Já com relação a importações de commodities, como o minério de ferro do Brasil, os gastos devem crescer a um ritmo menor. Entretanto, uma economia chinesa mais equilibrada e mais saudável será capaz de garantir maior sustentabilidade no longo prazo.

BM - Como essa reforma poderá impactar a relação comercial da China com o Brasil?
PF - Em curto prazo, o governo chinês irá assumir uma postura mais baseada em incentivos. Espera-se que mais projetos de investimentos em infraestrutura e indústrias pesadas serão aprovados para apoiar o crescimento econômico. Os fornecedores brasileiros de commodities provavelmente serão beneficiados por essa política.

A China vai realizar, ainda, uma reforma na distribuição de renda, com eixo no aumento dos salários, o que também deverá elevar o poder de compra, bem como as importações. Com o aumento da renda, a população chinesa poderá viajar mais. E, provavelmente, o Brasil será um dos destinos mais procurados pelos turistas chineses, principalmente tendo em vista a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Os produtos manufaturados brasileiros poderão também se tornar uma parte relevante das exportações para a China.

BM - Quais mudanças prováveis veremos no comércio entre os dois países?
PF - O comércio bilateral continuará centrado na forte demanda da China por commodities. O Brasil é um poderoso fornecedor de commodities e a China é um dos maiores consumidores mundiais. A China tem sido a maior parceira comercial do Brasil e também o principal destino para suas exportações. Embora a economia chinesa tenha dado sinais moderados de desaceleração, a demanda crescente por commodities será sustentada devido à grande população e às políticas de estímulo ao consumo. Consequentemente, é correto assumir que o Brasil continuará sendo um fornecedor-chave para a China. E que o país manterá o seu excedente comercial atual com a China.

BM - Qual é a sua análise sobre o fluxo de investimentos entre ambos os países?
 PF - A China e o Brasil, certamente, não estiveram imunes à desaceleração econômica global causada pela crise da dívida europeia, mas a crise também criou oportunidades de negócio. A China é autossuficiente em capital e tem grande demanda por energia, minerais e commodities. O Brasil é rico nesses recursos e tem grande demanda por capital para apoiar seu desenvolvimento.

Assim, o Brasil tem aproveitado os fluxos de investimentos razoavelmente grandes da China, que também tem aproveitado os crescentes recursos naturais do Brasil. Em 2011, os investimentos diretos da China responderam por 7% do IED total no Brasil, enquanto a China recebeu menos de 1% do investimento total do Brasil no exterior.

Consequentemente, é correto assumir que ambos os países podem beneficiar o investimento e o comércio estrangeiros. E que as oportunidades de investimento de capital continuarão a propiciar vantagens distintas para o desenvolvimento de ambos os países.

BM - Quais foram as oportunidades criadas até aqui?
PF - Por exemplo, o Brasil adotou medidas para estimular o investimento em infraestrutura, assim como em compras governamentais para combater a desaceleração econômica. As empresas chinesas podem levar recursos, tecnologia e experiência para o Brasil, principalmente para a construção de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.

Os planos para as compras governamentais brasileiras darão prioridade a produtos fabricados localmente, o que, por sua vez, fará com que as empresas chinesas acelerem os seus investimentos no país para a construção de plantas industriais.

A China, por sua vez, busca garantir o suprimento de energia e recursos naturais. Setores como os de metais e minérios, petróleo e gás natural, produtos agrícolas, florestais e de papel são áreas de investimentos atraentes para a China. O forte mercado de consumo do Brasil também apresenta um imenso potencial para as empresas chinesas, em diversos segmentos, como a indústria automotiva e de autopeças, eletrodomésticos, aparelhos celulares, smartphones e serviços de banda larga.

As empresas chinesas também mantêm um grande interesse no setor de infraestrutura brasileira, que exibe um forte crescimento. Essas áreas incluem redes de transmissão de energia, equipamentos e máquinas industriais, além da engenharia civil.

BM - E quais as oportunidades para os brasileiros que desejam investir na China?
PF - As áreas promissoras para o capital brasileiro são as de biocombustíveis, energias renováveis, indústria aérea e aviação. O plano de cooperação de dez anos assinado entre o Brasil e China, em 2012, no Rio de Janeiro, identifica áreas-chave de cooperação que incluem alta tecnologia, exploração espacial, mineração, infraestrutura e transportes. Os empresários brasileiros também podem investir nas áreas de interesse do Plano Quinquenal da China, que inclui agricultura, nanotecnologia, biotecnologia, tecnologia da informação e comunicação, indústria cultural criativa, engenharia oceânica, petróleo e gás natural e novas fontes de energia (especialmente recursos renováveis).

BM - Qual é o melhor modelo de negócio para cada setor?
PF - Em 2010, entre todos os tipos de IED na China, mais de 76% dos investimentos se destinaram ao estabelecimento de empresas de capital 100% estrangeiro e 21% foram para joint ventures com companhias chinesas. Os investimentos brasileiros focaram, principalmente, em agricultura, fabricação e recursos naturais. Os investimentos na área de recursos naturais adotaram, normalmente, um modelo de cooperativa nos três estágios relacionados à exploração, ao desenvolvimento, e à produção.

Na agricultura, há normalmente três modelos principais de operações usados por empresas estrangeiras: joint venture, equivalência dejoint venture, que é uma forma diferente de associação com parceiros locais, e empresa de capital 100% estrangeiro.

Em áreas de alta tecnologia, como nanotecnologia e biotecnologia, as empresas brasileiras, em cooperação com companhias chinesas, podem escolher cofinanciar centros de pesquisa e desenvolvimento, bem como centros de aprendizado contínuo para acordos de cooperação tecnológica de longo prazo e um intercâmbio de experiências.

Por  Administradores, KPMG Business Magazine,
Fonte: WWW.administradores.com.br

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Por que pagamos mais caro no Brasil?


Impostos não explicam todas as distorções. Também as margens de lucros são mais elevadas. A esquerda culpa a ganância dos empresários pelas gordas margens. A explicação está equivocada. Sim, empresários querem cobrar mais por seus produtos e serviços. Se você pudesse dobrar seu salário, não dobraria?

A diferença de preços do Brasil com o resto do mundo é impressionante. Do restaurante aos eletrônicos, quase tudo é mais caro aqui.

Razões não faltam, começando pelos impostos. Uma das cargas tributárias mais elevadas do planeta, particularmente concentrada sobre consumo e produção, encarece tudo que é feito e comprado aqui.

Impostos não explicam todas as distorções. Também as margens de lucros são mais elevadas. A esquerda culpa a ganância dos empresários pelas gordas margens. A explicação está equivocada. Sim, empresários querem cobrar mais por seus produtos e serviços. Se você pudesse dobrar seu salário, não dobraria?

A pergunta é: por que conseguem cobrar mais aqui? Por que aceitamos pagar mais? Apesar dos avanços desde 1994, a distribuição de renda no Brasil ainda é das piores. Grande concentração gera uma valorização de status nas compras. Demarcam-se as diferenças através do consumo, mesmo que para isso tenha-se que pagar mais. Comprar determinado carro, celular ou iogurte “separa” seus consumidores das classes sociais “abaixo” deles.

A explicação mais importante, porém, não é esta. A baixa competição, a dificuldade de se fazer negócio e o risco mais elevado da atividade empresarial pesam mais.

Burocracia absurda, corrupção, carga tributária elevada, regime tributário complexo, infraestrutura ruim,mão de obra cara e despreparada dificultam a vida das empresas, aumentando o risco de seus investimentos. Com risco maior, empresários reduzem investimentos e, por consequência, a competição. Com menos competição, inclusive com importados – o Brasil é o país com menor taxa de importação de produtos e serviços no planeta – é possível subir preços e aumentar margens de lucro.

Nos últimos anos, as margens no país caíram. Em muitos setores, empresas não conseguiam repassar integralmente aumentos de custos de mão de obra e matéria primas aos preços porque uma competição crescente não permitiu.

A competição aumentou porque a crise no mundo desenvolvido estimulou as empresas a buscarem os grandes mercados emergentes. Somou-se a isso um forte crescimento do consumo no país impulsionado pelo aumento da renda e do crédito. Com mercado maior, cresceram os investimentos produtivos e a competição, reduzindo as margens de lucro. Até aí, ótimo.

Acontece que nos últimos trimestres, tal movimento se reverteu. Desvalorizar o Real encareceu importações, inclusive de máquinas e equipamentos, diminuindo a competição e reduzindo investimentos no país.

Além disso, ao atacar bancos e empresas de energia elétrica para reduzir rapidamente suas margens de lucro, o governo aumentou o risco dos negócios nesses e em outros setores, que temem medidas semelhantes. Com rentabilidade menor e riscos maiores, investimentos caíram, o que, através da redução da competição, vai aumentar margens de lucros e encarecer preços nos próximos anos. Em economia, às vezes os resultados são o inverso das intenções.

Antes de usar os bancos estatais para pressionar os demais a reduzirem juros – um objetivo louvável, buscado de forma ineficiente – a lucratividade média do setor bancário brasileiro era a segunda mais baixa das Américas, atrás apenas dos EUA, ao contrário do que supõe a maioria. Venezuela e Argentina, onde os governos mais “perseguem” bancos, eram os países com os bancos mais lucrativos.

Para reduzir margens e preços, o governo precisa eliminar a burocracia, simplificar a legislação, estimular a competição, evitar o protecionismo, reduzir impostos, inclusive sobre importados e incentivar investimentos. O benefício será dos consumidores.

Ricardo Amorim - Publicado originalmente na coluna do autor na revista IstoÉ
Fonte: www.administradores.com.br

sábado, 26 de janeiro de 2013

A Inquestionável Partidarização da Grande Imprensa

Se o leitor (a) ainda precisa de alguma comprovação sobre o comportamento partidário dos jornalões brasileiros, sobretudo nos períodos eleitorais, recomendo a leitura do excelente “ A Ditadura Continuada – Fatos, Factoides e Partidarismo da Imprensa na Eleição de Dilma Rousseff , resultado de uma cuidadosa pesquisa realizada por Jakson Ferreira de Alencar, recentemente publicado pela editora Paulus.
O livro se concentra na cobertura política oferecida pelo jornal Folha de S.Paulo e parte da divulgação da falsa ficha "criminal" dos arquivos do Dops da militante da VAR-Palmares Dilma Rousseff, então pré-candidata à Presidência da República, em 4 de abril de 2009.
Jakson Alencar faz um acompanhamento minucioso de todo o caso, ao longo dos três meses seguintes, registrando a "semirretratação" do jornal, em matéria antológica para o estudo da ética jornalística, na qual se reconhece como erro "tratar como autêntica uma ficha cuja autenticidade, pelas informações hoje disponíveis, não pode ser assegurada – bem como não pode ser descartada" (p. 67).
Chama a atenção no episódio a "condução", pela repórter da Folha, da entrevista – que mais parece um interrogatório – realizada com Dilma. Há uma indisfarçável tentativa de comprovar a hipótese do jornal de envolvimento da entrevistada não só com o sequestro (não realizado) do então ministro Delfim Netto, mas também com a luta armada. A entrevista de outro militante, Antonio Espinosa, usada como suporte à tese do jornal, jamais foi publicada na íntegra, apesar de os trechos publicados haverem sido reiteradamente desmentidos pelo entrevistado.
Jakson Alencar mostra, com riqueza de detalhes, o comportamento arrogante do jornal, ao tempo em que a própria Dilma tratava de comprovar a falsidade da ficha, além do descumprimento sistemático de seu próprio Manual de Redação. Fica clara a "tese central de toda a reportagem, segundo a qual a resistência à ditadura é criminosa, e não o regime totalitário e violento, implantado de maneira ilegal" (p. 95) e, mais ainda, que essa tese "continuou sendo difundida em muitos veículos da imprensa brasileira durante todo o período da campanha eleitoral de 2010".
A segunda parte do livro trata do período da campanha eleitoral, de abril a agosto de 2010. Aqui o ponto de partida é o 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, promovido pelo Instituto Millenium, em março. Como se sabe, essa ONG é um dos think tanks da direita conservadora brasileira, financiado, entre outros, pelos principais grupos da grande mídia. Segundo Jakson Alencar, teria surgido nesse fórum a "Operação Tempestade no Cerrado", que orientaria a cobertura política dos jornalões e teria como objetivo impedir a eleição de Dilma Rousseff (p.105).
Concentrado na Folha de S.Paulo, o livro mostra o esforço cotidiano para ressuscitar escândalos passados e a busca de novos escândalos do governo do PT, além de tropeços e temas negativos relativos a Dilma. Paralelamente, o tratamento leniente e omisso dispensado ao candidato do PSDB.
Na terceira e última parte, o livro aborda a Operação segundo turno e cobre o período que vai de 26 de agosto a 3 de outubro. A partir do momento em que as pesquisas de intenção de voto confirmam a tendência de eleição de Dilma, tem início "uma maciça ação da imprensa contra a candidata às vésperas da eleição e uma chamada 'bala de prata', com o intuito de alterar os rumos da campanha" (p. 145).
Destacam-se nesse período "acusações, ilações e insinuações que viraram condenações sumárias" (p. 147), sobretudo o caso do suposto "dossiê" preparado pelo PT sobre dirigentes tucanos, com dados fiscais sigilosos, e o "escândalo" envolvendo a então substituta de Dilma na Casa Civil (registro: o Tribunal Regional Federal da 1ª Região arquivou o processo contra Erenice Guerra por suposto tráfico de influência, depois de acatar recomendação do Ministério Público Federal e por decisão do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, em 20 de julho de 2012).
Nas suas conclusões, Jakson Alencar afirma que "a cobertura (da Folha de S. Paulo) (...) misturou frequentemente fatos com opiniões e boatos, somando-se a isso outros elementos, como torcida, manifestação de desejos travestidos de informação, argumentação frágil e com pouca lógica, estratégias óbvias e já desgastadas pelo uso repetitivo em diversas eleições, incapacidade de analisar processos econômico-sociais para construir posicionamentos e críticas com um mínimo de sofisticação; teses e hipóteses furadas; narrativas e entrevistas enviesadas; fontes de baixíssima credibilidade" (p. 252).
Curiosamente (ou não?), na mesma época em que a Paulus publicava o livro de Jakson Alencar, a PubliFolha lançava na Coleção "Folha Explica" o livro sobre a própria Folha, escrito por Ana Estela de Souza Pinto, ela mesma jornalista da casa desde 1988. Neste, o "erro" do episódio da ficha falsa de Dilma no Dops merece registro em função do "fato de a Folha ter voltado sua bateria investigativa para todos os governantes, de diferentes partidos".
Segue-se um parágrafo que reproduz a "retratação" que a Folha ofereceu, já citada, na qual, apesar de todas as evidências em contrário, se afirma que a autenticidade da ficha do Dops "não pode ser assegurada – bem como não pode ser descartada". Nem uma única observação sobre a cobertura partidária das eleições de 2010.
O resultado de tudo isso, como se sabe, é que Dilma Rousseff – apesar da grande mídia e do seu partidarismo – foi eleita presidenta da República.
Por Venício Lima – www.brasil247.com.br

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Investimentos para um futuro melhor: foco na inflação e nos juros


Para vencer a inflação em 2013 e garantir poder de compra, teremos que conhecer e praticar novas formas de investimento. Tenho insistido nesse ponto e a razão é óbvia: juros em patamares historicamente baixos (aplicações conservadoras rendendo menos) e inflação fora do centro da meta significam rentabilidade real cada vez menor.

Tomemos, por exemplo, a caderneta de poupança como uma referência. Seu rendimento foi menor que a inflação oficial (IPCA) de setembro a dezembro do ano passado. Segundo calculou o jornal Valor Econômico, quem investiu R$ 1 mil na poupança em 31 de junho de 2012, fechou o ano com poder de compra equivalente a R$ 996,40.

Diante deste cenário desafiador, é de se supor que os investidores estejam preocupados e dispostos a conhecer aplicações mais rentáveis. Preocupados, tenho certeza de que estão, mas daí a decidir por uma realocação de seu patrimônio é uma longa estrada.

A decisão de migrar passa por alguns aspectos enraizados em nossa cultura de investimentos e no funcionamento do sistema financeiro como um todo. Cito alguns destes quesitos abaixo:

1. A busca por liquidez imediata
Dizer ao cliente que seu dinheiro precisa ficar “travado” em determinada aplicação por períodos que vão de 30 dias a dois anos não é uma tarefa fácil. O brasileiro é desconfiado e dinheiro trancado em instituições financeiras significa risco de confisco, abuso ou mesmo perigo de simplesmente desaparecer.

Os receios ao investir são válidos e têm razão de existir (basta lembrar de nossa história recente), mas é hora de investir no momento presente. Isso significa parar de pensar em dinheiro com medo de problemas, mas investir de forma inteligente apesar do medo. Ou seja, fazendo um correto e eficiente gerenciamento de risco (diversificando, garantindo uma reserva de emergência, sendo mais arrojado e por ai vai).

2. Investimento com (boa) rentabilidade garantida (sem custos, nem impostos)
A caderneta de poupança não é algo que existe apenas no Brasil, uma aberração, como algumas pessoas gostam de apontar, mas ela tem um forte impacto na cultura de investimentos criada e mantida nos lares brasileiros. Sua facilidade e comodidade são vantagens inexistentes em outras aplicações e isso serviu para criar laços fortes e duradouros.

Além da poupança, investimentos em fundos de renda fixa renderam bastante (dois dígitos) durante muitos anos e sempre foram largamente divulgados e ofertados pelos grandes bancos. E o brasileiro decidiu-se corretamente, afinal de contas não havia sentido arriscar-se por ai se os retornos eram tão bons nos produtos conservadores.

3. Oferta de produtos e concentração bancária
Aqui as opiniões costumam divergir bastante, já que muitos acreditam que a concorrência bancária no Brasil é “feroz”, enquanto outros defendem que há muito “jogo de compadres”. A minha preocupação aqui não vem do fato de termos menos de dez bancos realmente grandes e com a vasta maioria dos correntistas, mas do fato de que a maioria deles nem sempre oferece produtos de investimento adequados ao perfil de seus clientes.

O fato é que por uma série de fatores, tais como ignorância do próprio investidor, necessidade de cumprir metas por parte dos gerentes, imposição dos bancos e características dos produtos (taxas altas, aportes altos para investir etc.), nem sempre temos acesso ao produto adequado ao nosso perfil. O resultado costuma ser um investimento mal feito, muitas vezes apressado e sem muita análise.

4. Baixa renda e, consequentemente, baixa capacidade de poupança
Não tem jeito, quando a gente ganha pouco fica difícil destinar alguma coisa para os investimentos. Apesar da discussão em torno do “ganha pouco” ser subjetiva e interessante (ora, é sempre possível economizar e investir, ainda que bem pouco), a realidade da maioria dos brasileiros é de renda crescente, mas com média ainda muito baixa.

Dessa forma, separar uma parcela da renda para investir não se torna uma prioridade. Para complicar ainda mais, quem consegue fazer esse sacrifício dificilmente encontra produtos de investimento interessantes para suas pequenas quantias poupadas – a decisão quase sempre é colocar na caderneta de poupança.

Falta educação financeira?
Eu diria que sim, a educação financeira é um ponto crucial para uniformizar o acesso à informação e aos detalhes relacionados à melhores e mais interessantes modalidades de investimento. No entanto, ela não é a única solução, ou aquela que fará a maior diferença.

Lidar melhor com as finanças não é uma ação que possui métodos e passos que todos podem reproduzir. Não há um manual, um guia, mas sim experiências compartilhadas e boas práticas. Arrisco-me a dizer que a formação de um investidor mais consciente é um processo que contempla:

Cidadania. O relacionamento entre familiares e o bom senso para com os outros e a formação de patrimônio dão o tom nos lares onde há equilíbrio e prioridades bem definidas. Não custa lembrar que aprendemos muito mais pelo exemplo que pelas palavras. Ou seja, precisamos melhorar muito a nossa relação com as pessoas, sociedade e governos;

Boa formação. É preciso saber se comunicar, seja para que uma boa negociação seja conduzida, ou para que um contrato possa ser analisado com mais cautela e cuidado. Algumas contas simples também precisarão ser feitas para o orçamento e na hora de decidir onde colocar o dinheiro. Ou seja, precisamos ter educação de qualidade, investir em aprendizado contínuo e de mais leitura;

Disciplina. Eu sempre abordo a zona de conforto e nossa acomodação quando falo de finanças, então serei mais uma vez repetitivo. Não se prenda na falsa sensação de que a força de vontade o levará mais longe e que a iniciativa abrirá portas e apresentará melhores oportunidades. Tais comportamentos são apenas fugas e artimanhas usadas para justificar o que deveríamos realmente fazer: insistir. O esforço continuado, em doses pequenas (mas frequentes), é o que nos leva ao que desejamos.

Você é o que interessa!
Trabalhar nossas qualidades pessoais tem um peso muito grande nas decisões financeiras que tomamos, embora isso não pareça lógico. O propósito deste texto foi colocar você, caro leitor e investidor, diante da necessidade de rever seus conceitos sobre investimento, mas primeiro olhando para o que você considera saber sobre o tema.

Em outras palavras, esqueça, pelo menos no começo, a tendência de buscar informações sobre o “melhor investimento” ou onde conseguirá “mais rentabilidade”. Comece analisando suas decisões de investimento tomadas até hoje, observando seu perfil (arrisca, prefere terceirizar seus investimentos, gosta de números e contas etc.) e só então passe para as alternativas.

A partir daí fará sentido analisar opções como Tesouro Direto, fundos multimercado, Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Debêntures, fundos de ações, investimento direto em ações via home broker, previdência privada, etc.

O artigo talvez motive-o a migrar parte de seus investimentos ou a simplesmente começar a investir. Faça isso depois de definir objetivos e relacionar seu estilo de vida com as aplicações disponíveis, mas a partir de agora considerando que os juros caíram e a inflação anda assustando.

Por Conrado Navarro – dinheirama.com – R7

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A difícil tarefa de investir


Estou há alguns anos no mercado financeiro e diariamente converso com pessoas que gostariam de investir, mas sempre acabam desanimadas porque surge aquele “mas”. “Mas não tenho tempo”, “mas não sei como”, “mas não sei onde”. Em seguida, sempre vem o “quero viajar para Paris”, “quero comprar um carro novo”, “quero fazer um curso no exterior” e assim por diante.

Entendo bem isso. Como toda pisciana, sou muito sonhadora e às vezes sonho até demais. E, por incrível que pareça, isso acabou me ajudando no mercado financeiro, pois consigo tornar os meus sonhos realidade. E você pode me perguntar: mas como você faz isso?

Em primeiro lugar definindo, as minhas metas. Trabalho no home broker Rico.com.vc, onde tenho várias metas (como qualquer profissional), mas também aprendi a definir as minhas metas pessoais para realizar meus sonhos.

A maior parte do meu dia está voltada para obter resultados para a empresa e para os clientes, mas quero sempre mais do que isso. Assim, defino alguns objetivos pessoais para buscar resultados para a minha vida, trazendo satisfação, realização e até mesmo desafios.

Pensando dessa forma, a tarefa de investir não se torna tão difícil. Sabendo quais são as suas metas, a melhor maneira de se juntar dinheiro é, em primeiro lugar, conhecer seu perfil de investidor.

Em seguida, é fundamental realizar um planejamento financeiro para, com ele, se programar para investir. E programar é sinônimo de comprometimento, ou seja, criar o hábito de investir todo mês como se você tivesse uma conta para pagar. Afinal, você quer atingir os seus objetivos, certo? Se é assim com a empresa, também é assim conosco.

Você deve estar se perguntando: “Mas investir com que dinheiro? Não sobra nada!”. Agora eu te pergunto: será que não sobra mesmo? Você não consegue reservar 10% do seu salário no dia que em que cai o dinheiro na sua conta? Um pouco de esforço nas prioridades e você logo terá um orçamento mais detalhado. Experimente!

Imagina se você investisse o mesmo valor da conta do celular, por exemplo. Provavelmente no final do ano você teria uma grana guardada para fazer o que você bem quisesse. Esse é o grande objetivo de investir: independência. Acho que você entendeu o que eu quero dizer, certo? Então busque o melhor investimento para você tornar aquele sonho em realidade.

Para começar, não precisa ir para uma meta de tão longo prazo como pensar a aposentadoria. Investir também pode ser é fazer o seu dinheiro crescer para comprar alguma coisa que deseja logo, seja fazer um curso, comprar um apartamento, fazer uma festa ou até mesmo passar o carnaval em Salvador!

Ainda dá tempo de começar. Afinal, não dizem que o ano no Brasil só começa depois do carnaval?

Aproveito para convidá-lo a conhecer mais sobre o Rico. Clique em www.rico.com.vc e veja como é fácil programar investimentos mensais em ações, fundos e tesouro direto a partir de R$100,00 por mês e transformar seus sonhos em realidade.
por Mônica Saccarelli. – http://dinheirama.com/

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Economia: Um novo olhar sobre o Custo Brasil


Caros leitores, passada a fase dos festejos de fim de ano, proponho aterrissarmos no solo árido da realidade que nos cerca, onde a tríade formada por desafios, percalços e, claro, oportunidades nos espera ávida por colocar em cheque a nossa capacidade de lidar com sua complexidade.

Lamento que esta abertura seja pouco, digamos, auspiciosa, com pétalas cintilantes de otimismo e frases feitas em eventos corporativos típicos (os que me conhecem sabem que não é esse o meu estilo). O fato é que o triunfo pertence aos sonhadores, é verdade, mas somente para aqueles que colocam a mão na massa, com prioridade aos que encaram a realidade com destemor.

Tratando o Custo Brasil
Então, sem temor, dó e nem piedade, abordo desta vez o famoso Custo Brasil, tema que reputo como um dos mais complexos, espinhosos e ariscados do universo econômico brasileiro. Um verdadeiro Triângulo das Bermudas para articulistas que, como eu, estão sempre correndo o risco de, induzidos pelas generalidades reinantes, cair no barranco das platitudes e obviedades tão comuns em algumas narrativas ditas “especializadas”.

Coloco desta forma, pois o Custo Brasil é um hóspede tão antigo e conhecido que de indesejável vem se transformando em figura quase folclórica, daquelas que com o tempo não podem mais deixar de existir, pois alimentam o riso (deprimente) do dia a dia e, porque não, eventualmente ajudam a explicar ineficiências inexplicáveis.

Mas antes de nos aprofundarmos, e já conhecedor do tom crítico com que colocarei as próximas linhas, faço aqui a ressalva às exceções de toda ordem, tanto no universo público/institucional como no privado, onde se observa o culto da eficiência, o apego à boa gestão, o triunfo da capacidade e do mérito. Não se trata de firulas, mas de justiça.

Uma outra forma de ver o Custo Brasil
Deixando de lado as exceções, convido-o a dirigir atenção ao que não dá certo neste amado Brasil varonil. E inicio com uma importante calibragem do senso comum.

O ponto central é que o costumeiro olhar sobre o Custo Brasil, onde se enxerga a escassez de infraestrutura, o complexo e avassalador modelo tributário, o déficit educacional com impacto direto na falta de mão de obra especializada, a insegurança e desfuncionalidade do sistema jurídico e a aberrante burocracia como os únicos elementos da composição desse ser tão pouco estranho, invariavelmente nos traz um panorama incompleto, e por conta disso injusto.

Existem outros componentes igualmente importantes, e que em alguns casos possuem um princípio ativo econômico com alta capacidade de potencialização dos elementos comumente citados. E, por mais difícil que seja admitir, residem não no universo público e suas instituições (como também costumeiramente se coloca), mas no mundo privado, incluindo a sociedade como um todo e seu comportamento ativado por nossa raiz cultural.

Assim, é importante destacar que a nossa atávica passividade, o nosso senso enraizado de não participação política/institucional, o otimismo que ecoamos tão facilmente diante de um ou outro ano bom, juntamente com a fragilização crescente do senso crítico muito contribuem para manter o hóspede a que nos referimos alimentado, e confortavelmente instalado. O Custo Brasil.

As empresas também contribuem para o Custo Brasil
A participação privada não para por ai. Na esfera microeconômica reside (ressalvadas as honrosas exceções) a insistente cultura da imprecisão, do não aprofundamento, do desapego com patamares essenciais de organização e eficiência, embalados por uma cultura de gestão que se infantiliza com o tempo, sempre pautada por modismos de última hora, com seus gurus tão imponentes quanto inoperantes.

Neste contexto, existe ainda o recente apego obsessivo ao politicamente correto corporativo, que dilui o senso de realidade e enfrentamento necessários para a sobrevivência empresarial.

Quem não conhece o caso típico da empresa que implementa um programa de responsabilidade social de primeira linha, mas ainda não é capaz de se preparar para se submeter a uma auditoria de primeira linha? O velho teorema onde “parecer” é mais importante do que de fato, ser.

Atitudes que não reconhecem limites e muito fazem para piorar o chamado Custo Brasil. Veja você que há “caça talentos” que recomendam aos seus clientes contratar para cargos de liderança pessoas que gostam de Rock, afirmando que o gosto ao gênero musical é indicativo da capacidade de liderança.

Também vi por ai que é preciso usar mais o “abraço corporativo” como forma de diluir tensões (que às vezes precisam existir). E que tal a conclusão de que candidatos que se divertem frequentemente em joguinhos eletrônicos são dotados de maior capacidade para resolver problemas?
Você já tinha pensado no Custo Brasil de forma mais abrangente, saindo das discussões e responsabilidades apenas dos governos? Já está mais do que na hora de conversarmos com o “hóspede” sobre seu “despejo”, mas antes uma autocrítica vai muito bem.
Por Gustavo Chierighini - Dinheirama

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A estagnação econômica da Coreia do Sul


Coreia do Sul: o tigre patina

A estagnação da economia coreana é o tópico central das discussões que atravessam esse país, conhecido como um dos tigres asiáticos.

Com uma população de cerca de 50 milhões de habitantes, no ocidente pouco se sabe sobre esse pequeno país asiático. Ainda que não seja uma ilha, é como se fosse, já que a sua vizinhança, China, Japão e Coreia do Norte, mantêm, na prática, o país isolado, ainda que mais de 50 milhões de pessoas tenham entrado e saído do país em 2012.

Após o término da Segunda Guerra Mundial, a península coreana passou pela chamada Guerra da Coreia que, legalmente, ainda não terminou, já que nunca foi assinado um tratado de paz entre as partes beligerantes. E, desde 1953, convivem na mesma península a Coreia do Sul e a Coreia do Norte.

Comparativamente, a Guerra da Coreia fez com que o seu desenvolvimento fosse retardado uma década com relação ao vizinho Japão que, mesmo derrotado na guerra, galgou nas décadas posteriores o segundo posto da economia mundial, até ser ultrapassado recentemente pela China. 

Essa década de atraso levou a Coreia do Sul a olhar para o Japão como uma espécie de “irmão mais velho”, cujos sucessos deviam ser copiados. Não é segredo para ninguém que, durante as últimas décadas, a Coreia do Sul copiou exaustivamente o modelo japonês. Longe de ser um demérito é um fato que a Coreia conseguiu avanços importantes no modo de produção capitalista, conseguindo, num setor extremamente competitivo como a indústria automobilística, posicionar-se como um importante fabricante mundial. Também no setor eletroeletrônico, o mundo pode ver a contínua ascensão de marcas como a Samsung e a LG no mercado internacional.

Sem perspectivas de avançar
Mas, apesar desse sucesso anterior, a atual Coreia é um pais estagnado, sem perspectivas de avançar. A Coreia vive hoje os mesmo males que o Japão: envelhecimento da população, perda de competitividade, declínio do mercado interno, declínio na construção civil, uma estrutura produtiva cara, comparada com outros países asiáticos, e um grande endividamento público. 

Ou seja, o tigre envelheceu e agora patina. Do ponto de vista político, dominado pela direita, tampouco se podem vislumbrar políticas que possam mudar o destino coreano pelo menos a curto prazo e, além disso, a questão da unificação da península coreana continua a ser uma pendência histórica a ser resolvida a médio ou longo prazo, provavelmente.

Trabalho precário em crescimento
A situação de emprego da juventude sempre reflete de uma maneira ou outra a verdadeira situação do mercado de trabalho. Segundo Byun Yang-gyu, diretor do Instituto de Pesquisa Econômica da Coreia, a taxa de emprego entre pessoas de 15 a 29 anos continua em declínio desde 2005. Os novos formandos das universidades levam, em média, um ano para conseguir um emprego. Desses, cerca da metade abandonam os seus empregos, insatisfeitos com as condições de trabalho.

Além desse fato, alguns milhões tornaram-se trabalhadores precários, com as empresas a recusar-se a contratá-los de forma efetiva. Isso, certamente, faz com que as novas gerações de trabalhadores sejam obrigadas a aceitar salários mais baixos e condições de trabalho piores do que os seus pais tiveram.

Este breve olhar do panorama coreano faz-nos lembrar que na Ásia, apenas a China e a Índia continuam com crescimento econômico, mas, menor do que nos anos anteriores. E, mesmo assim, isso não significa uma melhoria na condição de vida das massas. A outra exceção, inesperada, é a atual expansão da economia filipina, um país marcado por catástrofes anuais (furacões, chuvas torrenciais) e uma corrupção endêmica.

Por Tomi Mori -  Alfeu - Do Esquerda.net-blog do Nassif

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Brasil - Para entender o jogo político da atualidade


Disputa política x confronto, pombas x falcões. Este é o dilema da política brasileira para os próximos anos.
Há uma ebulição no cenário político, transformações profundas com a mudança de guarda nos dois principais partidos políticos pós-redemocratização – PT e PSDB -, a busca de protagonismo por agentes oportunistas – especialmente o STF (Supremo Tribunal Federal) e mídia, também ela submetida a grandes transformações.

Há dois cenários possíveis para o Brasil:

Cenário de normalização
Os partidos convergem para o centro, ampliando o leque das alianças partidárias, a exemplo das democracias europeias, e disputando quem entrega o melhor produto para o eleitor (qualidade de vida, desenvolvimento, gestão eficiente etc.). A disputa política se dá nas urnas.

Esse desenho comporta um partido social democrata um pouco à esquerda (PT), outro mais à direita, puxado por um presidenciável, partidos médios gravitando entre um e outro e pequenas agremiações ocupando a esquerda radical e a direita radical.
É o cenário provável para a democracia brasileira.

Cenário de crise
O cenário alternativo seria o de guerra, com grupos se digladiando em torno da guerra fria, do chavismo, do bolivarianismo, do imperialismo e de outros ismos que só servem como retórica política.

Os jogadores
Não se trata de um jogo com poucos jogadores comportando-se de forma homogênea. Em cada ponta há uma disputa interna, na qual o cenário de normalidade ou de crise desempenha papel essencial na luta pela hegemonia partidária.

Se prevalece o clima de paz, determinados grupos assumem a liderança partidária. Em caso de confronto, outros grupos se fortalecem. Esses interesses internos acabam se refletindo no resultado final. Para entender o jogo, é importante debruçar-se sobre a situação interna de cada agente do jogo.

O PT
Historicamente, o PT foi constituído por três agrupamentos dominantes: os sindicalistas de Lula, os movimentos sociais da Igreja e os aparelhistas de José Dirceu, basicamente localizados em São Paulo. E um conjunto de tendências menores, regionais ou agrupadas em torno de personalidades com luz própria, como Luiza Erundina, Marta Suplicy etc.

As duas estrelas máximas sempre foram Lula, representando classes sociais – os sindicalistas e as organizações sociais ligadas à Igreja -, e José Dirceu, com seus quadros “aparelhistas”.

Dirceu teve papel essencial na unificação a ferro-e-fogo das ações do PT, abrindo caminho para o poder, mas comprometendo os fatores legitimadores da ação partidária. Inclusive a vitalidade interna do partido.
Em Brasilia, havia embates surdos entre ele e Lula.

O “mensalão” foi o divisor de águas. Sem a competição de Dirceu, Lula passou a comandar mudança radical no PT, com a indicação de Dilma para presidente e de Fernando Haddad para prefeito de São Paulo, visando mudar a imagem do partido e esvaziar os “aparelhistas”.

Mas o comando do partido ficou nas mãos de Rui Falcão, da ala Dirceu, depois da tentativa infrutífera de tomada do partido por Tarso Genro.

Agora, tem-se a disputa interna com vários embricamentos.

Pombas – Lula e Dilma. Ganham com o Cenário de Normalização.

Sem se imiscuir diretamente no PT, Lula aposta no fortalecimento da linha de institucionalização do partido. Dilma Rousseff segue fielmente a estratégia lulista, ao se afastar dos “mensaleiros” e definir uma divisória: entra na guerra só se tentarem atacar Lula. Aposta no esvaziamento das tensões (o que depende de outros personagens que serão analisados mais adiante) para a normalização política.

Falcões – a direção do PT. Ganha com o Cenário de Crise.

Em caso de guerra, há a necessidade da centralização das ações. E aí todos precisam se enquadrar sob o comando da direção partidária. O cenário que a fortalece é o da tentativa de desestabilização do governo; e também a solidariedade aos líderes caídos no julgamento.

A atuação do STF teve um efeito dúbio sobre essa disputa. Ao condenar os réus, o STF  e o Procurador Geral da República indicaram a inviabilidade do modelo “aparelhista”. Ao carregar na retórica e nas interpretações de exceção, ao exagerar nas penas, no entanto, o STF vitimou os réus, exacerbou a indignação do partido, fortalecendo os falcões. A atuação da mídia, e sua estratégia de guerra permanente, também fortalece os falcões.

A oposição
Até o momento, o partido líder da oposição, o PSDB, está amarrado à gerontocracia partidária, incapaz de renovação.

O Lula do PSDB deveria ser FHC; o Dirceu, José Serra.

Mas FHC não possui a visão política nem a liderança de Lula. É o chamado homem-água que se molda ao que vê pela frente. Quando percebe que há um acirramento político, radicaliza. Quando percebe que o tempo amaina, reflui. Tendo à disposição os laboratórios dos dois maiores estados do país, na hora de pensar o novo, convoca os velhos economistas do Real.

A diferença entre Dirceu e Serra é que Dirceu é capaz de se sacrificar pelo partido; e Serra capaz de sacrificar o partido por ele.

Para se adequar aos novos tempos, o PSDB deveria tomar uma série de atitudes, com baixíssima probabilidade de ocorrer:

1. Um pacto entre os governadores – especialmente Geraldo Alckmin de São Paulo e Antônio Anastasia, de Minas – assumindo maior protagonismo, em resposta à inação da direção partidária.

2. Sob a orientação dos governadores, fortalecimento do Instituto Teotônio Vilela com uma visão municipalista, trazendo para dentro Luiz Paulo Vellozo Lucas, José Aníbal, José Luiz Portella, Britto Cruz, Júlio Semeghini, os herdeiros das políticas sociais de Dona Ruth para pensar o novo e irradiar para o partido.

Tivesse fôlego, FHC seria a liderança capaz de conduzir à transformação do partido. Sem fôlego e sem ideias, só lhe resta apoiar-se na muleta da radicalização, com espaço garantido na mídia.
Em um cenário de crise, Serra ressurgirá do túmulo; se vingar o Cenário de Normalização, quem leva é o governador de Pernambuco Eduardo Campos.

A mídia
Hoje em dia é o principal falcão do jogo politico, o único personagem intocável, conforme demonstrou a CPMI de Cachoeira. 

Seu grande poder atual reside no discurso da intolerância. Toda a rede de colunistas e colaboradores foi remontada visando o estado de guerra permanente. Haveria enorme dificuldade em uma reciclagem ou na volta do pluralismo dos anos 90. Além do mais, em um Cenário de Normalização, o PT continuará eleitoralmente imbatível. Tornou-se prisioneira do cenário de guerra.

Essa estratégia de guerra permanente é que fortalece os falcões tanto no PT quanto no PSDB, estimula o estrelismo de Ministros do Supremo, incentiva o ativismo política do Procurador Geral da República.
A mídia perde com o Cenário de Normalização; cresce com o Cenário de Crise. Daí sua aposta total no indiciamento de Lula, único fator capaz de romper o Cenário de Normalidade e jogar a política no Cenário de Crise.

Quadro resumindo  o texto

Personagem
Ganha com  Normalização
Ganha com Crise
PT
Lula e Dilma
Direção do PT
Oposição
Governadores e Eduardo Campos
FHC e Serra.
Outros agentes

Mídia


Por Nassif -  blog do Nassif

sábado, 19 de janeiro de 2013

5 estratégias para minimizar as interrupções indesejadas no dia a dia


Uma das reclamações mais frequentes que tenho recebido de leitores, diz respeito ao volume de interrupções que as pessoas sofrem no ambiente de trabalho. Na Triad PS já tivemos muitos casos de consultoria para resolver especificamente esse problema em segmentos e níveis hierárquicos diferentes. 

É uma epidemia. Para ser honesto e sem delongas, a origem da epidemia de interrupções se deve a fatores como preguiça e falta de tempo, entre outros.

O que é mais fácil, ler no quadro a lista impressa com o ramal do departamento que o cara do telefone está pedindo ou direcionar para a telefonista? Ler o manual do celular ou perguntar para alguém como configurar o e-mail? A preguiça ativa a interrupção.

Por outro lado, como as pessoas não têm tempo, elas não explicam corretamente, delegam errado, não pensam, preferem perguntar ao invés de procurar, pedem ajuda para fazer alguma coisa e por ai vai.

Dá para perceber que esse assunto não é simples e exige uma série de mudanças na cultura, sistemas, modelos de atendimento, produtividade e planejamento pessoal para o problema ser minimizado.

De forma bem simples, separei cinco dicas para minimizar o volume de interrupções no seu dia a dia, espero que consiga aplicar no seu ambiente:

1 – Mapeie as suas interrupções – se você só sabe que é muito interrompido, mas não sabe por quem, quando, o quê, frequência, etc. não terá como resolver. É preciso conhecer o real problema para buscar uma solução. Uma simples planilha no Excel pode ajudar nessa estratégia.

2 – Compartilhe conhecimento – Quanto mais você reter aquilo que sabe, mais as pessoas vão te interromper e perguntar. Tudo o que você conhece e outra pessoa esteja envolvida deveria ser compartilhado. Você pode simplesmente criar uma pasta na rede chamada procedimentos e criar arquivos de Word como: roteiro para emissão de NF.doc, procedimento quando o sistema falhar.doc, etc.

3 – Determine horários – Romper a cultura de interrupção não é algo trivial, as pessoas precisam ser disciplinadas e isso exige tempo. Se alguém vier te interromper e for uma coisa que possa esperar, agende com a pessoa um horário para resolver essa e outras questões.

4 – Antecipe – Uma parcela das interrupções acontece a partir de atividades que você delegou ou está envolvido. Se este for seu caso, nada como revisar logo no início da manhã as prioridades e se algo já indica que vai gerar dúvidas. Se for o caso, antecipe-se para evitar o problema. Um simples papo rápido na sala de café pode ajudar muito.

5 – Interrupções Externas – É comum ouvir frases como: “meu cliente me interrompe a toda hora” , “o fornecedor sempre chega na hora errada”, “não posso dizer não para meu cliente”, etc. Em diversas consultorias que fizemos nesse sentido, conseguimos entender que na maior parte dos casos, dizer não para o cliente é saudável para ambas as partes.

Agora não é sair negando atendimento ao cliente, é saber priorizar o cliente. É diferente. Em uma empresa que trabalhamos, definimos dias de atendimento a fornecedores, enviamos as instruções via e-mail para todos, com os horários e agenda de marcação. Nesse período alocávamos dois membros do time para atender com qualidade essas pessoas. O problema terminou, o resultado aumentou e o padrão foi replicado em outras áreas da empresa.

Interrupções são comuns no ambiente de trabalho, sofrer por elas é opcional. Existem diversas alternativas para diferentes tipos de interrupções. Sempre existe uma, se pararmos para entender e resolver o problema de verdade.

Por Christian Barbosa, www.administradores.com.br