segunda-feira, 27 de agosto de 2012

7 lições da infância para quem deseja ter sucesso empreendendo


Você se lembra de como era quando criança? Não, né? Faz tempo que a vida ficou difícil, as responsabilidades vieram e você perdeu parte dessa criança que existia em você. Mas sempre em meus textos, e em meu livro, gosto de falar das crianças para exemplificar o empreendedor de sucesso. Vamos ver algumas características que devemos resgatar de nossa infância se quisermos ser empreendedores ou intraempreendedores de sucesso. Um vendedor de soluções, um empreendedor de vendas, ou seja, uma pessoa que acredita que é capaz, com sua atitude, mudar o futuro que se apresenta.

1º Buscava o que desejava (aprendizado, estudo e treinamento)

 Quando você era criança, buscava aquilo que tinha vontade. Mesmo sem ter os recursos necessários, como falar e andar, você dava um jeito, buscava uma forma de fazer-se entender e conquistar o desejo. Analisava as possibilidades, estudava os pontos e treinava até conseguir. Busque seu propósito, não desista.

2º Interesse (foco e prioridade)

 Você tinha uma forma especial de interesse. O mundo podia estar pegando fogo ao seu redor, mas você focava no objeto de seu interesse. Você não tentava fazer tudo, pois, naquele momento, o mais importante era o que você estava fazendo (naquele exato momento, o mundo era aquele momento). O restante ficava para outro momento. E empreendedor tem que ser assim, uma coisa de cada vez e cada coisa tem sua prioridade.
3º Curiosidade pelo entorno (pesquisa de mercado e de satisfação) 
 Quando se deparava com algo desconhecido ou com outra pessoa, você tinha verdadeiro interesse, estudava e analisava aquela pessoa. Você não analisava nada com segundas e terceiras intenções, mas sim procurando algo entre vocês que pudesse ser compartilhado. Um brinquedo ou uma brincadeira. Você queria sempre somar, nunca diminuir. Quanto ao brinquedo, nem se fala, você talvez o desmontasse para entender como ele funcionava.
Você realmente se interessa pelos outros? Você conhece as pessoas do seu negócio? Você já desmontou (simbolicamente) seu negócio para entender melhor como ele funciona? Ou como poderia funcionar melhor?

4º Insistência (persistência)

Você não desistia com facilidade, não mesmo. Tentava, tentava e tentava. Mesmo quando tomava alguns tombos, você batia as mãos, levantava a cabeça e continuava. As vezes você até bufava de raiva ou chorava, mas sempre tentava novamente. E agora? O medo de cair está te parando?

5º Buscava os porquês (entendimento)

Você perguntava sobre as coisas até esgotar todas as perguntas. Era chato até, mas às vezes é preciso. Essa característica não deixava que você, por vergonha de parecer bobo ou inocente, não perguntasse as coisas. E agora, quantas vezes você deixa de perguntar algo para não parecer desconhecedor de algo? Como você pode oferecer soluções de qualidade aos seus clientes, sem conhecer todos os porquês deles?

6º Otimista (entusiasta)

Você acreditava sempre nas coisas, não sabia o que era pessimismo. Isso fazia com que você seguisse em frente sem muito tempo para reclamar. Além do mais você era um entusiasta, fazia com que as pessoas vibrassem com seu interesse pelo que você estava fazendo naquele momento. E agora, você consegue entusiasmar as pessoas quando fala de seus empreendimentos?

7º Desconhecido (inovar e diferenciar)

Você acreditava no impossível, o desconhecido não te assustava. Pelo contrário, o desconhecido te atraía. Você entrava literalmente de cabeça nas coisas. Só é possível inovar e diferenciar se você encarar o desconhecido, tentar novas formas e acreditar que é possível fazer melhor as coisas.
Ser empreendedor é isso. É ser um mestre no recomeçar. Um empreendimento que nasce é uma criança corporativa.
Fonte: Por Ricardo Verissimo Palestrante -  administradore.com.br

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

9 atitudes que motivam os funcionários mais que dinheiro


A habilidade de motivar uma equipe é uma das grandes qualidades de um empreendedor. É o que diz a jornalista Ilya Pozin na revista Time. Em seu artigo, ela lista nove maneiras de restaurar a liderança e criar uma equipe mais comprometida. No texto, é lembrado que um funcionário não é motivado apenas por dinheiro, mas também, entre outras coisas, por um ambiente de trabalho agradável, no qual o líder valoriza a opinião de cada um.
Conheça as dicas de Ilya Pozin:

1. Seja generoso na hora de elogiar

O elogio é algo que todos querem receber, além de ser fácil de dar. O reconhecimento de um CEO vai mais longe do que se imagina. Enalteça as contribuições que cada funcionário oferece e observe sua equipe se esforçar para receber ainda mais.

2. Livre-se dos gerentes

Remover a função do supervisor e passar esse "poder" ao time de funcionários cria um estímulo para que eles trabalhem melhor em equipe, já que eles não precisarão entregar relatórios de desempenho individuais. Além disso, as pessoas não sentirão que estão em níveis de importância diferentes dentro da empresa.


3. Faça das suas ideias as ideias deles

Em vez de distribuir ordens, que tal fazer com que os funcionários sintam como se eles estivessem dando ideias? Frases como: "Eu gostaria que você fizesse assim" se transformariam em "Você acha que é uma boa ideia se fizermos assim?".

4. Evite criticar ou corrigir

Ninguém gosta de saber que está errado. Se você está procurando um desmotivador, eis aqui ele. Tente uma abordagem indireta para estimular as pessoas, e lembre-se que as pessoas precisam aprender com os próprios erros.

5. Dê liderança aos funcionários

Destaque o funcionário que tiverem melhor desempenho e seus pontos fortes, faça dessa pessoa um exemplo para os outros. Levante a moral dela e lhe dê um pouco de liderança, que isso motivará os outros.

6. Leve seus funcionários para almoçar de surpresa

Em um dia aparentemente comum, leve seus funcionários para almoçar. É um pequeno gesto que fará com que eles saibam que você reconhece o trabalho e esforço deles.

7. Dê reconhecimento e pequenas recompensas

Além de elogiar o trabalho, tente recompensar a equipe e crie pequenos desafios internos. Crie metas e as coloque em um quadro onde todos possam ver. Aos que se destacarem, ofereça um jantar ou um presente.

8. Realize festas na companhia

Organize festinhas de aniversário, estimule um happy hour, não espere por datas especiais.

9. Divida o sucesso e os maus momentos

Quando a companhia estiver indo bem, celebre. Isto fará com que o funcionário saiba que você é grato pelo esforço dele. Mas quando existirem desapontamentos, divida-os também. Sua equipe merece transparência e honestidade. 

Fonte:Por Redação Administradores, www.administradores.com

domingo, 19 de agosto de 2012

O desmembramento do mundo árabe


“O comportamento do bloco da OTAN, antisírio, é hoje suficientemente claro, para que se entenda o que está acontecendo na Síria. De um lado, há operadores políticos, como o grupo ad-hoc “Amigos da Síria”; de outro lado, duas personalidades, ambos ministros de dois emirados do Golfo.

No primeiro grupo, estão os chefes de Estado comandados pela OTAN, que operam sob um mal disfarçado plano concebido por Israel e seus ‘'cérebros'’, a maioria dos quais do quilate de Bernard-Henri Lévy. Mais do que ‘'amigos da Síria'’, essas personalidades trabalham a favor de seus próprios interesses financeiros “na, em torno da e mediante a” Síria. Os dois políticos árabes são os dois ministros de Relações Exteriores, da Arábia Saudita e do Qatar. Ambos declararam que as forças que lutam contra o estado sírio deveriam ser armadas e receber apoio financeiro. Em resumo, as reuniões dos chamados “Amigos da Síria” não passam de visão “moderna” das reuniões promovidas e presididas pelo vice-rei Lord Curzon, que, em 1903, falou aos “Chefes da Costa Árabe”, a bordo do “HMS Argonaut” em Sharjah (Emirados Árabes Unidos).



Os qataris e sauditas dão apoio financeiro aos “rebeldes” para comprar armas, pagar combatentes, mercenários e supervisão logística dos ataques contra a Síria. Isso, além do apoio para serviços de telecomunicações, táticas de combate e aconselhamento estratégico militar. Não surpreendentemente, os conselheiros militares ocidentais, que trabalham clandestinamente para os grupos armados, jamais aparecem nos jornais e televisões. Estados vizinhos também provêm assistência local aos grupos armados: a Jordânia garante direitos de passagem a mercenários que vêm da Líbia; e a Turquia age como base, ao norte, de operações militares.

A Turquia está envolvida, porque deseja alinhar-se com os sunitas sauditas, a linha apoiada pela OTAN, e também porque teme que o desmembramento da Síria leve à autonomia dos curdos. Aos olhos da Turquia, a crise síria pode levar a uma eventual união dos curdos turcos com curdos iraquianos e sírios, o que rapidamente levaria a guerra civil na Turquia e a uma eventual emancipação do Curdistão turco, com criação de um estado curdo.

Por seu lado, Israel planeja há anos, como parte de sua estratégia para dominar o Oriente Médio e o Mediterrâneo, enfraquecer a Síria, para prosseguir a ocupação das colinas sírias do Golan, e dominar as fontes de água ali existentes. Essencialmente, Israel quer ser a principal potência econômica e militar na região – e, pelo menos no curto prazo, é possível, sim, que Israel surja da atual crise, depois de destruída a Síria, como principal potência regional.

Mediante campanha de propaganda incansável, ao longo de décadas, Israel construiu para a opinião pública a ideia de que a Síria seria a principal ameaça à existência do estado judeu, no mundo árabe. O vácuo de governo que se pode criar na Síria pode, muito provavelmente, ser preenchido pela al-Qaeda e grupos assemelhados, o que daria suficiente justificativa para as ações bélicas dos israelenses, além de ajudar a promover a ideia de uma Israel ‘civilizada e democrática’ em luta contra islamistas ‘selvagens’.

Apesar das imensas diferenças entre Síria e Líbia, o destino da Síria pode ser semelhante ao da Líbia, em termos de intervenção externa direta, não fossem Rússia e China, que se opuseram firmemente contra tais ações na ONU, onde tem havido cooperação consistente entre os dois países. Apesar de as relações sino-soviéticas terem raízes nos primeiros dias da Revolução Comunista de 1917, parece que, mesmo duas décadas depois do desmonte do Bloco Oriental, a Federação Russa e a República da China seguem, mais do que nunca, o que Mao Tse-tung aconselhou em seu discurso “Ser um Verdadeiro Revolucionário”, de 23/6/1950: “na esfera internacional temos de nos unir firmemente com a União Soviética” (ver Selected Works of Mao Tsetung, vol. V, p. 39, em inglês) . Ideias, visão de mundo, interesses econômicos e objetivos no campo da energia novamente aproximaram Rússia e China, mais do que nunca antes, no caso do conflito na Síria.

No primeiro lugar da produção mundial de petróleo está a Arábia Saudita, Rússia em segundo, EUA em terceiro, Irã em quarto e China em quinto. Em termos de reservas, os dez principais estados são:

1) Venezuela,
2) Arábia Saudita,
3) Canadá,
4) Irã,
5) Iraque,
6) Kuwait,
7) Emirados Árabes Unidos,
8) Rússia,
9) Cazaquistão e
10) Líbia.

A Rússia é o maior produtor de gás do mundo, e a Europa depende dessa fonte de gás. Na produção mundial de gás, se, por causa da distância geográfica, excluem-se EUA e Canadá, o Irã aparece em segundo lugar e o Qatar em terceiro. Em termos de reservas de gás, a Rússia é número um, com Irã e Qatar em quarto lugar e a Arábia Saudita em sexto. Com a vizinha Arábia Saudita como um dos dez principais produtores de gás do mundo, é evidente que os interesses de exportação do Qatar e da Arábia Saudita são especialmente importantes; esse ranking ajuda a entender as alianças que se formaram à luz do conflito sírio.

Arábia Saudita e Qatar (que noutras circunstâncias poderiam ser estado único e ainda podem passar por reorganização geográfica) são, ambos, árabes muçulmanos sunitas e ambos têm interesses econômicos em jogo. A ansiosa busca, pelo Qatar, de contratos de marketing para o gás e o petróleo líbios explica o acordo com a OTAN para atacar a Líbia; sua participação simbólica nos ataques aéreos; e o apoio aos rebeldes para que construíssem capacidade de ação comunicacional midiática.

O objetivo do Qatar é exportar seu gás para a Europa, competir com os russos e ganhar importante capacidade de barganha política. Para que a exportação do gás qatari para a Europa seja viável e competitiva, é indispensável construir um gasoduto que atravesse território sírio. Sendo a Rússia tradicional aliada da Síria, e considerados os muitos negócios anteriores, que datam dos anos da URSS, dificilmente a Síria admitiria qualquer tipo de acerto que desestabilizasse os interesses da Rússia na sua última fortaleza estratégica dentro do mundo árabe. Essa é a principal razão pela qual o Qatar e a Arábia Saudita apoiam a luta dos grupos que querem derrubar o atual governo sírio.

A Síria está-se convertendo, muito rapidamente, numa caixa de Pandora, da qual começam a reemergir todas as crises históricas dos últimos 120 anos. Começam com a guerra russo-turca em 1877-8; a guerra russo-japonesa em 1904, as duas guerras mundiais e a Guerra Fria. Normalmente, a emergência de uma superpotência demora 2, 3 décadas. Os EUA precisaram de 25 anos para emergir como superpotência, de 1890 até o final da Iª Guerra Mundial. Depois da morte de Lênin, em 1924, a URSS era a parte mais doente do ‘'corpo'’ europeu. Em 1945, depois da IIª Guerra Mundial, e sob o governo de Stálin, emergiu como superpotência. Depois de Gorbachev, a Rússia deixou de ser superpotência e, aparentemente, acabou a Guerra Fria. Em apenas duas décadas, Putin pôs fim ao sistema unipolar e, hoje, está emergindo um novo mundo bipolar – como se a Guerra Fria não tivesse acabado.

Exame detido do sistema político sírio revela que o presidente Bashar al-Assad é, de fato, um reformista. Mas na Síria, como em qualquer outro estado, há facções em luta pelo poder, e os processos de socialização demorarão para mostrar qualquer resultado. De fato, como disse o presidente Assad, demora apenas alguns minutos para assinar leis novas, mas é preciso muito mais tempo para educar a população para que absorva e participe na implantação dos novos valores que se consagram em novas leis. O movimento das elites ocidentais, que agem como se novas leis brotassem em árvores e fossem correspondentemente colhidas e engolidas é desserviço à democracia e ato absolutamente imoral.

A Síria foi o último estado árabe secular socialmente coeso, baseado de cima abaixo em ideologia secular. Apesar dos vizinhos altamente voláteis, em termos geopolíticos (Líbano, Turquia, Israel, Jordânia e Iraque), os cidadãos sírios viveram em segurança sob esse secularismo árabe. A Síria é locus de um específico tipo de pluralismo e multiculturalismo, impregnado de tolerância religiosa e existência pluralista. É o que se vê na convivência de igreja, mesquita, bar em todas as calçadas e no movimento, pelas ruas, de mulheres veladas e sem véu.

De fato, o processo de reforma iniciado na Síria é mais avançado que o de qualquer outro estado árabe. Inclui o fim das leis de emergência, a implantação de leis partidárias, eleitorais, de imprensa, e a aprovação de uma nova constituição que incluiu o fim da liderança eterna do Partido al-Ba’ath. Essas reformas são parte de genuíno processo político que exigirá tempo. Mas esse é o processo contra o qual lutam hoje, para miná-lo e destruí-lo, tantas forças, entre as quais governos ocidentais tidos como progressistas, que hoje se erguem contra o estado sírio. Nas últimas décadas e, sobretudo, depois do 11/9, o ocidente só fez divulgar a noção de que terroristas islamistas ameaçariam todas as formas de vida secular. Contudo, os sunitas, tecnicamente a maioria religiosa na Síria, inclui vários segmentos e não são menos seculares que qualquer sociedade ocidental.

Assim, apesar de os sírios terem pleno direito de defender o secularismo à sua moda, o objetivo do ocidente é desmantelar o estado sírio, modificar a estrutura de poder que há ali e criar novas entidades demogeográficas, como uma confederação de curdos sírios e iraquianos, que é, hoje, o maior dos pesadelos para a Turquia. Áreas específicas também podem ser despovoadas, a serem usadas, como foi feito com os drusos, para repovoar a Síria com cristãos sírios e, talvez, cristão vindos do Líbano. Outros cristãos deixariam o Levante. E os alawitas teriam, talvez, estado à parte, unido, quem sabe, ao Irã.

O plano é destruir o moderno estado árabe da Síria que emergiu depois da Iª Guerra Mundial e nos anos 1940, e, onde seja possível, estabelecer novos estados religiosos (semelhantes ao estado judeu de Israel). Desse modo, o poder árabe e, com ele, a ideologia panarabista de Michel Aflaq e Antun Sa’ade (ambos cristãos árabes) e de Nasser do Egito, desapareceria.

Esse processo começou quando, em 1978-9, sob Sadat, o Egito assinou tratado de paz com Israel; em seguida, vieram a destruição do Líbano, em 1982, a Segunda Intifada em 1987 e a tomada econômica do Iraque em 2003. Em seguida, a Líbia foi destruída, com o confisco de seu petróleo e gás, em 2011. Agora, para manter a hegemonia de “US-Rael” (US-Israel), o ocidente tem de dispor os estados árabes em grupos separados por linhas sectárias (sunitas versus xiitas), em vez de unidos por critérios do panarabismo. Esse processo, de fato, foi turbinado depois da ocupação do Iraque e a derrubada do partido Ba’ath.

Na prática, o que está hoje acontecendo no mundo árabe é uma “correção” do “acordo Sykes-Picot” de 1916, quando os principais poderes coloniais, Grã-Bretanha e França, definiram as fronteiras dos atuais estados árabes e lá implantaram seus próprios agentes árabes. Esse processo inclui planos neocolonialistas para constituir dois ou mais partidos árabes que combatam o regime sírio e mantê-los lutando até que o estado sírio esteja desmembrado e fraturado em 2, 3 outros estados, separados entre eles por linhas sectárias. Assim, as elites neocoloniais poderão continuar a saquear as riquezas locais, porque, bem feitas as contas, a mentalidade imperial não mudou, nem muda.

Dado que as potências ocidentais não podem alcançar seus objetivos por seus próprios meios, precisam de agentes como o Qatar na Líbia, e Arábia Saudita, Qatar e outros na Síria. Esses agentes, preferencialmente monarquias antidemocráticas árabes muçulmanas sunitas, usaram o Islã sunita para promover o fanatismo contra outros árabes, muçulmanos e não muçulmanos (dentre outros, cristãos árabes, xiitas e drusos). Esses árabes, com acesso à elite (econômica) global (por exemplo, a família real saudita e os qataris, com elites americanas e europeias) são as elites governantes no Golfo Árabe, ou “proteges” daquelas elites. São quem está obrando para semear diferenças entre as várias seitas e amplificar e explorar “a carta sunita” no confronto com a Turquia não árabe muçulmana e sunita, contra a Síria. Não seria surpresa se estivessem em conluio com as potências ocidentais, também fantoches de Israel. Sem isso, seria difícil explicar por que o regime mais autoritário do planeta, a Arábia Saudita, age contra a Síria e finge que dá lições de democracia, tema sobre o qual os sauditas não sabem nem se interessam por saber coisa alguma.

As campanhas de propaganda orientalista, negativa, conduzidas contra a Síria ao longo do ano passado, com apoio financeiro de alguns dos países do Golfo intencionalmente encobriram vários traços da Síria, dentre os quais o secularismo – ponto para o qual as sociedades ocidentais facilmente convergiriam, em movimento de identificação com os sírios. A importância da ideologia do Partido Ba’ath, principal partido secular sírio, que assegura direitos individuais, foi atentamente ocultada. Isso, por exemplo, além do fato de Daoud Rajhah, Ministro sírio da Defesa que foi assassinado, ser cristão; como cristão também era o Dr. Nabil Zughaib, também assassinado, com toda a sua família, e diretor do programa sírio de mísseis.

Os exemplos acima, de eliminação deliberada de fatos dever-se-iam, como se diz, à aliança entre Síria e Rússia, que configuraria o campo ‘errado’. Há firmes relações diplomáticas entre Síria e Rússia há, no mínimo, 50 anos. Além disso, a Síria é o “baixo ventre macio” (alawita/xiita-secular) entre o Irã (xiita refusnik anti-OTAN) e o Hezbollah xiita no Líbano. Apesar de, aos olhos de curto prazo de Israel, a principal oposição à sua plena dominação ser o Irã (além do Hezbollah, da Síria e, antes, do Hamás), o alvo, hoje, é a Síria. Como tal, a Síria está sendo castigada, antes que seu corpo metafórico seja esquartejado.

Mas qual a importância do Hamás nisso tudo? Até ser eleito em eleições limpas, livres e democráticas em 2006 (quase dois anos depois do assassinato de Yasser Arafat), e depois de, um ano depois, ter tentado um golpe contra a Autoridade Palestina controlada pelo Fatah na Faixa de Gaza, o Hamás era grupo de resistência apoiado pelo Irã, por Damasco e pelo Hezbollah. Se o Irã é a ‘cabeça’ metafórica e o Hezbollah e o Hamás são as duas pernas, a Síria tem sido o “estômago” ou o “coração” e “pulmões” da resistência. Mas desde que o Hamás passou a governar a faixa de Gaza, em larga medida deixou de ser movimento de resistência e institucionalizou-se. Nisso, Israel (e Sharon, em especial) conseguiu uma vitória tática. Israel retirou-se “oficialmente” da Faixa de Gaza, embora sem levantar o sítio e sem pôr fim aos ataques contra a Faixa; e entregou a chave da prisão aos prisioneiros (Hamás), para que eles mesmos comandassem a maior prisão a céu aberto, de todo o mundo. Tudo isso foi feito sem que o Hamás sequer se desse conta do que estava acontecendo.

No primeiro semestre de 2012, os líderes do Hamás deixaram Damasco, onde haviam mantido seu quartel-general e, hoje, mantêm posição discreta, sem terem divulgado apoio ao governo sírio – governo que os apoiou por mais de 20 anos. Com a vitória da Fraternidade Muçulmana na Tunísia e no Egito, o Hamás hoje procura patrocinadores mais poderosos e em países nos quais possam operar em posição de mais poder. Os líderes do Hamás (ambos, na Diáspora e na Faixa de Gaza) foram convidados pelo recém-eleito novo presidente do Egito, para unir-se à Fraternidade Muçulmana (organização mãe deles todos) como iguais. O que até ontem parecia ser movimento da resistência (embora, para vários analistas, o Hamás jamais tenha sido partido revolucionário como outras facções palestinas como o PFLP, o DFLP e outros), está hoje incorporado ao tecido de uma aliança muçulmana sunita, que já começou a agir sob as asas da OTAN.

Orientalistas ocidentais gostam de imaginar o que teria de ocorrer, para atender seus interesses no Oriente. Para começar, batizaram o mundo árabe de “Oriente Médio”, como se fosse um marcador geográfico localizado em relação, exclusivamente, ao próprio ocidente. Para por ordem no assalto planejado, criam termos e expressões para justificar suas operações militares, clandestinas ou declaradas. Mas seus serviços de segurança/inteligência jamais acertam as previsões sobre desenvolvimentos no mundo árabe: não previram a Intifada de 1987 nem o golpe do Hamás em 2007. Ainda assim, as elites ocidentais, superficiais e ignorantes, jamais desistem de inventar nomes e processos: o mais recente, dizem eles, teria começado na Tunísia e foi batizado de “Primavera Árabe”.

O que está acontecendo em alguns países árabes e no mundo árabe nada tem de “primavera”: é movimento reacionário que rapidamente retrocederá, como os EUA viram acontecer no Afeganistão, onde os EUA inventaram e sustentaram os mesmos jihadistas que, adiante, os EUA puseram-se a combater. EUA e Israel têm tentado construir acertos e negócios com os islamistas que estão no poder, com o objetivo de conseguirem controlar as massas e os movimentos sociais. De fato, não é a primeira vez que estrategistas políticos tentam usar a religião para evitar o caos e defender seus interesses econômicos. O que se vê hoje é semelhante ao processo que Maquiavel comenta (baseado no relato do historiador romano Tito Lívio Patavino, 59 aC-17 dC); o capítulo de Maquiavel leva o título de “Como os romanos usaram a religião para reorganizar a cidade e conseguir levar adiante o plano de pôr fim aos tumultos”.

As campanhas ocidentais de propaganda contra a Síria buscam convencer o público a mais temer a religião que obedecer aos atuais governantes árabes. Eis o porquê de continuarem censurados os protestos em três reinos árabes (Arábia Saudita, Marrocos e Jordânia). O mundo absolutamente não está vendo coisa alguma que se compare (por causa de censura, vigilância e indiferença da mídia ocidental) aos protestos que se viram nas repúblicas árabes. Uma das razões é que ninguém ali tem qualquer interesse em promover campanhas de propaganda, que custam caro. A única exceção talvez seja o Bahrain, e a possível influência do Irã. Mas não há qualquer garantia de que alguma campanha contra-hegemônica pudesse ter qualquer sucesso naquelas monarquias árabes.

Depois de derrotar o clã rival al-Rashid em 1921, a família al-Saud governa atualmente em quase toda a Península Arábica histórica. Sua proeminência regional deve-se, também, ao controle sobre os locais sagrados de Meca e Medina, e a aliança que os sauditas mantêm com os wahabistas, que usam tanto quanto usam o petróleo e os recursos minerais deles. Esses recursos subsidiam a indústria cultural (e midiática) correspondente. Ainda assim, fatores religiosos e econômicos são evidentemente complexos e envolvem vasta rede social. Essa combinação manifesta-se no que chamo “a ética saudita do cacife [do ganho] espiritual” – mais ou menos semelhante à tese de Weber sobre a “ética protestante” que serviu como anteparo à acumulação da riqueza no norte da Europa.

Mediante a acumulação de capital nos estados do Golfo nos anos 1970 (controlada por interesses anglo-americanos mediante tratados que levaram grande número de árabes a se tornarem ou economicamente dependentes (nos empregos no Golfo) ou espiritualmente dependentes mediante o cerrado controle sobre a mídia árabe), o boom do petróleo criou nova estratificação no mundo árabe. Resultado disso, algumas sociedades árabes tornaram-se dependentes, e aceitaram a autoridade da família saudita reinante e seus clãs. Essas elites são parte das elites econômicas governantes proprietárias de alguns dos mais valiosos projetos de energia, das maiores fortunas e de vasto patrimônio no ocidente (equipes de futebol, as lojas Harrods, mansões nos Champs Élysées e sociedade nas empresas de Rupert Murdoch, para citar apenas alguns desses bens).

A recente descoberta de que árabes desejam liberdade tem sido promovida, principalmente, por algumas instituições de mídia árabes e ocidental que são, elas mesmas, extensão de políticos que têm objetivo econômicos, estratégias e táticas próprias. As campanhas pela mídia conduzidas por capitalistas neoconservadores sionistas como Bernard-Henri Lévy, que trabalha agressivamente a favor de Israel e que tem forte afinidade com o judaísmo fundamentalista visam exclusivamente a separar os árabes de seus recursos e riquezas, ao mesmo tempo em que ativamente lhes mentem e os enganam.

Isso se faz mediante a dupla estratégia de produzir narrativas separadas para segmentos separados da população. Para os religiosos, a corrupção é associada à falta de fé; e, para a totalidade da nação árabe, vendem o atrativo sonho de liberdade, justiça e direitos.

Naturalmente, cada indivíduo interpretará as narrativas conforme a própria formação, experiência de socialização, nível de politização, normas e valores. Assim, quando todos se encontram “na praça”, os islâmicos lá estão convencidos de que só os livros islâmicos são a solução; os liberais recordarão Jean-Jacques Rousseau, a “separação dos poderes” de Montesquieu e a Revolução Francesa; os marxistas pensarão na Revolução Bolchevique de 1917 e na luta de classes; e os maoístas pensarão na Revolução Cultural de Mao Tse-Tung ou no Nasserismo (afinal, quando um grupo de oficiais do exército egípcio liderou o golpe e a revolução, em 1952, Mao Tse-Tung declarou que “a luta contra a corrupção e o desperdício é uma das questões principais que envolve todo o partido” (30/11/1951); o que se encaixa bem na missão de combater regimes árabes corruptos). Simultaneamente, os que sonham com Castro e Che Guevara correrão às “barricadas” nas praças, em disputa contra as forças de segurança do Estado.

Na realidade, esses valores pouco significam no mundo árabe. E os liberais e sionistas sabem disso. A realidade é que, por causa do forte controle social; pelo modo como as sociedades árabes organizaram-se no século passado (incluindo o impacto da herança colonial); e por causa da riqueza do petróleo de que usufrui o Islã waabita (e salafistas modernos), exceto a facção islâmica, as outras ideologias pouco progresso farão, mas, simplesmente, garantirão a vitória dos movimentos religiosos.

É verdade, o mundo árabe é heterogêneo, mas pouco heterogêneo. A religião prevaleceu em estados como a Jordânia onde, durante décadas, os islamistas controlaram a maior parte dos currículos escolares. Assim, em cada estado árabe onde houve levantes – e especialmente no Egito – há furiosa disputa de poder com vistas à Constituição. A Fraternidade Muçulmana e os salafistas alcançaram maioria de votos nas eleições parlamentares, e o primeiro presidente democraticamente eleito, Muhammad Mursi (eleito por apenas ¼ da população), é membro da Fraternidade Muçulmana. Os grandes poderes trabalham hoje a favor da promulgação de uma constituição baseada numa importante interpretação das leis da Xaria. Em seu Morfologia do Estado, Aristóteles sugere que é preciso “considerar não só qual a melhor constituição, mas, também, qual a mais executável e mais acessível em cada momento” (p. 103). Aos olhos dos fundamentalistas religiosos, podem bem ser as leis da Xaria, como uma solução para as elites dominantes ocidentais, está em vigor.

Dado que garantem seus interesses econômicos mediante instituições de mídia controladas pela elite religiosa, eles, por sua vez, beneficiam-se também dos próprios centros de poder social, econômico e político; e, dos círculos/classes das elites religiosas emergirá um novo nicho de comerciantes e empresários. Grupos religiosos também ampliarão a própria participação econômica, além da participação política. Dado que isso beneficiará sua jihad política, muitos verão tudo isso como halal, dentro ou fora do contexto do banking islâmico. A divisão social contudo permanecerá ou será ampliada; e a única diferença é que os nomes terão mudado. Em vez de um “mubarak”, haverá outro (mas, dessa vez, será alguém com barba) e essas aparentes “mudanças” servirão, exclusivamente, para manter inalterado o controle político.

As populações afetadas são as definidas como “minorias” – principalmente árabes cristãos (cerca de 30 milhões no mundo árabe), muçulmanos seculares (sunitas e xiitas) e outros. No Egito, Mohammad Zawahiri (irmão de Ayman Zawahiri, líder da al-Qaeda) já declarou que os cristãos egípcios devem pagar um imposto (devido pelos infiéis, Dhimmi), ou deixar o Egito. E caso se recusem, sugeriu que sejam coagidos.

Exemplo de como se pode mobilizar a população mediante a religião, servindo-se da mídia é o que faz o próprio monarca saudita. Durante o mês de Ramadan 2012, Abdallah da Arábia Saudita e seu herdeiro lançaram campanha de arrecadação de fundos, supostamente para ajudar o povo sírio – ou, pelo menos, era o que dizia o slogan. A campanha baseava-se em normas morais e no senso de comunidade e união islâmicas, as mesmas que são enfatizadas durante o mês santificado do Ramadan. Ao mesmo tempo em que vendem ao povo mensagens de compaixão e união comunitária, essas campanhas são usadas para objetivos políticos locais e regionais. É impossível imaginar, por exemplo, a Síria, lançando campanha pela liberação das mulheres sauditas ou a favor do direito de as sauditas dirigirem automóveis.

Liberais com ideias à Goebbels que se alinham com esses chefes de emirado têm tentado, até o presente, enganar a opinião pública árabe e construir um consenso de oposição ao governo sírio, para, assim, fugirem das refregas e do calor de suas próprias “ruas” e “praças”. Ao mesmo tempo em que aderem às normas e crenças mais arcaicas sobre liberdade e democracia, instigam o golpe contra a Síria, com discurso sobre liberdades para as mulheres, direitos religiosos das minorias, oportunidades e direitos iguais para todos etc., em tudo semelhante ao que se vê em países ocidentais liberais. Mais ou menos como regimes árabes gostariam de organizar a opinião pública em apoio aos palestinos, os regimes do Golfo estão usando o falso argumento de que são contra a opressão dos sírios..., mas os próprios governos manobram as próprias “ruas” contra a Síria. E, isso, apesar do fato de que esses próprios governos e governantes estão atrasados anos-luz, em relação à Síria, em termos de liberdades e democracia.

Os governos do ocidente não são aliados das democracias liberais no Terceiro Mundo. Eles, inevitavelmente, fazem negócios com governos que exibem os piores indicadores de direitos humanos, sempre que vejam possibilidade de ganhos. Exatamente como, em julho de 2008, quando Nicolas Sarkozy e o emir do Qatar, hoje arqui-inimigo da Síria, constituíram, com o governo sírio, a “União do Mediterrâneo”, alguns governos europeus creem que possam auferir benefícios da crise no mundo árabe. Mais ainda, quando têm o apoio dos ricos estados do Golfo e creem que eles possam, de algum modo, reduzir as dificuldades das crises econômicas que o ocidente esteja enfrentando.

Em algumas áreas da Síria, as condições de segurança pessoal pioraram depois de março de 2011 e o governo central nem sempre deu mostras de exemplar conduta moral. Mas, como parte de campanha política estratégica, a mídia tem intencionalmente mentido sobre a situação na Síria. Insistem em implantar medo crescente no público sírio e manifestam exagerada preocupação com o número de mortos e feridos. Assim, constroem uma narrativa que justifica e facilita que se ofereça ajuda sempre crescente às gangues armadas de separatistas, terroristas e mercenários. A mesma mídia também pinta o governo sírio como se fosse o único responsável pela violência quando, de fato, os verdadeiros responsáveis são os que recrutam, pagam e armam grupos de indivíduos desempregados, famintos ou de mercenários manobráveis em busca de dinheiro fácil.

Há dois principais culpados pelos muitos mortos: a mentira e o silenciamento absoluto de qualquer voz de oposição. Com seus aliados árabes, a OTAN desconectou o satélite de comunicação que alimentava o canal de televisão sírio al-Dunia, de televisão por satélite. Outros atos de terrorismo “comunicacional” incluem, que se saiba, o sequestro, pela CIA, da conta Twitter da mesma rede al-Dunia – que passou a ser usada para distribuir notícias falsas (dentre outras, noticiou a retirada do exército sírio, que não acontecera). O mesmo satélite árabe que a Síria ajudou a implantar depois de destruído na Palestina em 1967, está sendo usado hoje contra a Síria, pelos emirados do Golfo Árabe.

Esse satélite está agora sendo usado no conflito na Síria – mas contra a Síria – e inclui desinformação, sobretudo pelos canais dos quais o Golfo é proprietário e que promovem medo e pânico da instabilidade econômica na Síria. A mídia está sendo usada e manipulada para encobrir o incitamento à ação terrorista dirigido à oposição síria e, também, para angariar ajuda econômica; e a mesma mídia expõe, então, as “realizações” saneadas, os “heróicos” feitos dos “rebeldes” e, quando necessário, apresentam suas perdas e derrotas como “massacres”.

A mídia dominante no ocidente e dominante também no mundo árabe praticamente só tem uma opção: engolir desinformação de fontes absolutamente pouco confiáveis, e desinformação que, em seguida, os meios de comunicação reproduzem e redistribuem para o grande público. Histórias de massacres perpetrados pelo governos sírios são divulgadas e repetidas incansavelmente para justificar a intervenção estrangeira, e a imagem predominante é que o “nobre ocidente” que se apresenta para salvar uma nação oprimida do Terceiro Mundo oprimida pela tirania de um macho chovinista opressor. Exatamente o que aconteceu na Líbia. Mesmo assim, uma minoria na mídia árabe, opõe-se ao plano master; e outra minoria está sentada sobre o muro.

A mídia árabe praticamente toda está, direta ou indiretamente na mão dos estados do Golfo; praticamente todos os jornalistas estão na folha de pagamento desses estados ou seus agentes ou, eficaz e absolutamente iludidos, não encontram meio para compreender e expor as trágicas ramificações do que está acontecendo no mundo árabe.

Os valores antiguerra de Mãe Coragem e Bertolt Brecht não encontraram absolutamente qualquer espaço na agenda dos estados comandados pelo grande petróleo. Provavelmente porque são aqueles os valores que mais direta e claramente podem expor a dicotomia entre religião e economia de guerra.”

FONTE: escrito por Makram Khoury-Machool no “Gilad Atzmon Blog”, com o título original “DISMEMBERING THE ARAB WORLD”. Artigo traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu”. Postado por Castor Filho no blog “Redecastorphoto” (http://redecastorphoto.blogspot.com/2012/08/o-desmembramento-do-mundo-ar...).

Dr. Makram Khoury-Machool é palestino. Escreve de Cambridge, UK
Blog do Nassif Por Marco Antonio L. - Mapa Político do Oriente MédioPor Makram Khoury-Machool, No “Gilad Atzmon Blog” - Publicado no Democracia e Política



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Aral - O mar perdido



O que são essas centenas de navios enferrujados, atirados sobre as areias do deserto? São os restos de um dos maiores desastres ambientais já produzidos pela mão do homem. Até pouco mais de vinte anos, todos eles navegavam sobre as águas do quarto maior lago do planeta em superfície. Ele se estendia sobre essa área hoje ressequida. Era o lago Aral, verdadeiro mar salgado de origem oceânica situado na fronteira entre o Uzbequistão e o Cazaquistão.
Da década de 1970 até hoje, sua superfície foi reduzida em 75%, e dos 68 mil quilômetros quadrados da área original sobram apenas cerca de 10%. Os restantes 90% são só areia, entremeada aqui e ali de alguns tufos vegetais de espécies que conseguem vencer a altíssima salinidade do solo. Toda a água que outrora existiu, simplesmente desapareceu.
Como isso aconteceu? 
Nos tempos da Guerra Fria, entre as décadas de 1950 e 1960, para incrementar a produção de algodão numa região árida como o Uzbequistão, o regime soviético pôs em prática um projeto de desvio através de canais artificiais das águas de dois rios – o Amu Darya e o Syr Darya - que, desde tempos imemoriais, alimentavam o mar de Aral. A água desviada foi utilizada para irrigar os campos das recentes culturas agrícolas estabelecidas nas áreas próximas.
Sem os rios que o alimentavam, o Aral rapidamente secou, deixando em seu lugar um deserto de areia salgada e tóxica sobre a qual sobrevivem apenas os esqueletos em decomposição das naves que, no passado, singravam suas águas. Para criar as plantações de algodão, com efeito, enormes quantidades de herbicidas altamente tóxicos foram utilizadas, poluindo irremediavelmente toda a área circundante. A tal ponto que, ainda hoje, a poeira poluidora é levada pelo vento das frequentes tempestades de areia até os picos das montanhas do Himalaia, cordilheira não muito distante dali.
Antes dessa hecatombe ecológica, os rios que alimentavam o mar de Aral mantinham a baixa concentração salina e mineral da água, permitindo a existência de um rico ecossistema aquático que garantia o sustento de mais de 60 mil pescadores.
Hoje, em muitos pontos, o litoral recuou mais de 100 quilômetros. Esse outrora vasto mar interior está agora dividido em três porções menores, todas elas em avançado processo de desertificação.
A outrora próspera indústria pesqueira foi praticamente extinguida, provocando desemprego e dificuldades econômicas. A região também foi fortemente poluída, acarretando graves problemas de saúde pública. O recuo do mar também já teria provocado uma acentuada mudança climática na região, com verões cada vez mais quentes e secos, e invernos mais frios e longos.
Nos últimos anos, o Cazaquistão encetou esforços contínuos para salvar do total desaparecimento pelo menos a pequena porção restante do norte do Mar de Aral. Como parte desse esforço, o projeto de uma barragem foi concluída em 2005 e, graças a ela, em 2008 o nível de água nessa área já havia subido doze metros a partir de seu nível mais baixo, ocorrido em 2003. A salinidade caiu , e os peixes ali agora são encontrados em número suficiente para viabilizar pelo menos a pesca esportiva. No entanto, as perspectivas para o mar remanescente, ao sul permanecem sombrias.
Fonte: brasil247



terça-feira, 14 de agosto de 2012

Os modelos olímpicos a serem seguidos pelo Brasil


Encerrados os Jogos Olímpicos de Londres, o quadro de medalhas de 2012 mostra uma vitória imponente dos Estados Unidos. São 104 pódios, com 46 ouros, superando com folga a China (88 pódios e 38 ouros), resultado que devolve aos EUA a supremacia olímpica que vinha sendo conquistada desde 1996, quando as ex-repúblicas soviéticas deixaram de competir em conjunto, e foi interrompida em Pequim-2008 – quando a China superou os americanos em ouros (51 a 36), mas não no total de medalhas. 
Não faltam analistas para dizer que os americanos são o exemplo a ser seguido para o esporte olímpico brasileiro, mas a realidade é um pouco mais complexa. Para isso, precisamos compreender como funciona o esporte de alto rendimento nos EUA e em outras potências.
Os defensores do Estado mínimo adorariam acreditar que a hegemonia norte-americana possa ser entendida como o triunfo de um sistema sem Ministério do Esporte e no qual há pouquíssimo dinheiro do governo federal envolvido, mas as coisas não são bem assim.
Em primeiro lugar, é preciso considerar que os bons resultados esportivos só surgem acompanhados de investimentos bem feitos. No caso do esporte olímpico, a eficiência não é exclusividade do dinheiro privado. Diversas potências olímpicas contam com grandes investimentos estatais. Os casos mais óbvios são os da China e da Rússia, mas não é preciso recorrer aos exemplos extremos do país comunista e da principal herdeira da União Soviética para ver dinheiro público aplicado no esporte. 
O governo da Coreia do Sul, quinta colocada em Londres (28 medalhas, 13 de ouro), investe pesado no setor. As grandes apostas são três imensos centros de treinamento no qual atletas com mais de 15 anos podem se dedicar em tempo integral ao esporte. Na Alemanha (44 medalhas, 11 de ouro), o esporte de alto nível recebe dinheiro do governo federal, de loterias federais e das Forças Armadas. 
Na Itália (28 medalhas, 8 de ouro), o Comitê Olímpico recebeu, apenas para o orçamento de 2012, mais de 400 milhões de euros. Na Austrália (35 medalhas, 7 de ouro), os três níveis de governo gastam cerca de 2 bilhões de dólares por ano com esporte, a maior parte construindo e mantendo instalações esportivas públicas, mas também financiando atletas de elite.
Em segundo lugar, cabe ponderar a pequena participação do governo federal dos Estados Unidos no esporte. Isso ocorre porque a Constituição norte-americana é muito clara ao deixar a educação sob a tutela dos governos estaduais. Assim, são os estados (e em menor medida os governos municipais) os responsáveis por construir e manter equipamentos esportivos e, principalmente, subsidiar escolas e universidades públicas. Boa parte desses subsídios é usada para pagar salários de treinadores de alto nível, reduzir as mensalidades e conceder bolsas de estudos para atletas, estratégias usadas para atrair jovens esportistas. 
Essas instituições públicas, em conjunto com algumas instituições independentes (geralmente ligadas a fundações religiosas) e privadas, são a principal fonte de talentos para o esporte profissional norte-americano. Dos sete campeões olímpicos dos EUA em provas individuais no atletismo em Londres, cinco estudaram em universidades públicas, um em universidade privada e outro em uma instituição independente. 
A grande importância do dinheiro público no esporte norte-americano não significa que os investimentos privados são irrelevantes. Tanto pessoas físicas como empresas contribuem muito para o país ser a maior potência olímpica. O esporte e a competição esportiva são conceitos arraigados na sociedade americana. Doadores privados são os responsáveis por sustentar, por exemplo, o Centro Aquático do Norte de Baltimore, onde começou a nadar aos dez anos Michael Phelps, o maior medalhista olímpico de todos os tempos. Mais de 30 empresas são as responsáveis por patrocinar, e sustentar integralmente, o Comitê Olímpico dos EUA.
O que esses exemplos dizem ao Brasil? 
Como mostrou recente reportagem da revista CartaCapital, o foco do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) hoje em dia são os atletas de elite, aqueles com potencial para subir ao pódio nos Jogos. O COB, e os governos municipais, estaduais e federal, se preocupam muito pouco em estabelecer políticas públicas para popularizar e democratizar a prática esportiva, gerando benefícios para a sociedade e ampliando a base de futuros medalhistas. 
O  COB pensa a curto prazo. No domingo 12, o superintendente da entidade, Marcus Vinícius Freire, afirmou que um exemplo a ser seguido pelo Brasil é o do Cazaquistão. O governo cazaque investiu, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, 20 milhões de dólares no levantamento de peso, no ciclismo e no boxe para tornar o país referência nessas modalidades. Conseguiu 13 medalhas nos Jogos, nove nesses três esportes, sendo seis de ouro. Chegou ao 12º lugar no quadro de medalhas com um investimento rápido, porém sem reflexos positivos para a sociedade.
O Brasil, sede dos Jogos de 2016, tem uma série de bons exemplos para seguir. Pode copiar dos europeus e sul-coreanos a forma correta de tratar os atletas de elite; dos australianos, pode aprender como combinar o investimento no alto rendimento e no esporte como política pública; dos norte-americanos, como atrair a iniciativa privada para o negócio e como engajar a sociedade no incentivo aos jovens atletas. 
Enquanto o Estado brasileiro, em todos os níveis, continuar negligenciando a educação e, com ela, o esporte, e o COB mantiver seu foco apenas na conquista de medalhas, continuarão abastecendo as críticas daqueles que desejam afastar o Estado de tudo, incluindo do esporte, uma atividade capaz de reduzir a criminalidade, melhorar a saúde da população, unir a sociedade e formar pessoas.
Fonte: blog do Nassif -  Por Marco Antonio L. - Da Carta Capital - José Antonio Lima

sábado, 11 de agosto de 2012

Eleições, Olimpíada, Mensalão. Esqueceram a economia?


É interessante observar o movimento de vai-e-vem das informações e do tratamento oferecido pela grande imprensa aos temas considerados relevantes a cada momento na vida política nacional e internacional. Parece claro que existe uma orientação que emana das direções de tais órgãos, sempre a defender determinados interesses de grupos econômicos e de poder. Mas nem sempre as coisas ficam bem claras a esse respeito.
Agora, de repente, parece que a crise financeira internacional e as dificuldades do cenário econômico em nosso País foram solucionados ou esquecidos.  Desde algumas semanas atrás que uma nova trinca de assuntos parece dominar o espaço dos noticiários: 
i) os Jogos Olímpicos em Londres; 
ii) o processo político-jurídico do chamado “mensalão” no interior do Supremo Tribunal Federal (STF);  
iii) a dinâmica política associada às eleições municipais de outubro próximo.
Não pretendo aqui, de forma alguma, desqualificar a importância desses itens na pauta jornalística. Porém, o que chama a atenção do observador desinteressado é a súbita alteração do foco das prioridades. Afinal, se até pouco tempo a crise econômica era o elemento central do tratamento, em princípio não haveria razão para mudança tão drástica. 
Muitos argumentam que a insistência com o tema da economia poderia tornar as matérias enfadonhas e repetitivas, sem novidades. E com isso provocar uma sensação de cansaço junto ao público. No entanto, o debate sobre as alternativas econômicas é essencialmente uma discussão de natureza política. Relegá-lo ao seu aspecto técnico é abrir espaço para a continuidade desse modelo que privilegia o grande capital, em especial o setor financeiro.
Crise econômica saiu de pauta
A emergência de novos assuntos faz parte da própria dinâmica da realidade e a imprensa tende a incorporar tal fenômeno em suas coberturas. E aí surgem os escândalos, as medalhas, as pesquisas de intenção de voto. No entanto, os pontos cruciais das dificuldades que o País enfrenta na esfera da política econômica ainda não foram enfrentados pelo governo de maneira satisfatória. 
Os efeitos negativos da crise continuam a se fazer sentir. E isso mereceria um maior espaço de informação e mesmo de reflexão. E refiro-me aqui à análise econômica em sua abordagem mais ampla e não à pequenez das chamadas “avaliações de elevador” – na verdade, mero acompanhamento descritivo de variáveis que sobem e/ou descem a cada semana, sem muita referência analítica e explicativa a respeito das razões mais profundas que levam a tais movimentos.
Na verdade, o que faz falta na cobertura dos grandes meios de comunicação é a recuperação do sentido da “economia política”, expressão e conceito que os autores clássicos sempre utilizaram para tratar desse fenômeno complexo, mas sem dúvida integrante do campo das ciências sociais. Porém, uma parcela importante dos estudiosos norte-americanos, ao longo de século passado, promoveram uma simplificação desastrosa, quando passaram a tratar a political economy apenas por economics. 
Ao pretender retirar o conteúdo e o adjetivo político do objeto de estudo, a “economia” passou a ser tratada quase como uma ciência exata, onde tudo poderia ser objeto de mensuração absoluta e, principalmente, alvo de previsão segura quanto a cenários futuros.
Não obstante a conquista de algumas medalhas olímpicas, a evolução dos depoimentos do “mensalão” e o avanço das campanhas eleitorais por todos os cantos, o fato é que a situação econômica de nosso País continua a apresentar um quadro preocupante.
Os problemas não foram solucionados
Apesar da importante redução na taxa SELIC promovida pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), no mundo real o custo dos empréstimos junto aos bancos privados não foi reduzido da mesma magnitude. Desde o final de agosto do ano passado, a taxa oficial de juros iniciou uma trajetória contínua de queda: ao longo das 6 reuniões do COPOM, ela saiu de 12,5% para os atuais 8% ao ano. 
Porém, a banca oligopolizada mantém uma postura agressiva com relação aos elevados spreads por ela praticados, apesar da tímida iniciativa adotada pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal em sentido contrário. Em resumo, a taxa real de juros praticada nas operações junto a indivíduos e empresas continua a ser uma das mais altas do mundo.
Essa reversão de tendência na trajetória da SELIC significaria uma redução do volume de gastos orçamentários com os juros e serviços da dívida pública. Isso porque tal montante de despesas financeiras depende do estoque da dívida e da taxa de juros que o governo define como sendo a remuneração dos títulos públicos. Se a SELIC caiu de quase 50% ao longo dos últimos 12 meses, isso deveria significar um alívio nas contas do governo federal, que veria seus recursos liberados para serem gastos em áreas estratégicas e de maior retorno social e econômico. É o caso das rubricas da área social (saúde, educação, previdência social, saneamento, etc) e dos investimentos públicos. 
No entanto, a orientação do governo foi em sentido contrário, praticando a manutenção do superávit primário em níveis absurdamente elevados e promovendo a continuidade da política de contenção de despesas públicas em áreas mais sensíveis. Ou seja, continua a mesma política da ortodoxia monetarista de reduzir gastos estratégicos com o objetivo de assegurar recursos orçamentários para as despesas parasitas com pagamento de juros. Os recursos existem, mas estão contingenciados e indisponíveis para gasto. Um absurdo!
Desindustrialização e desnacionalização
Por outro lado, dois fenômenos cruciais para o processo de desenvolvimento econômico brasileiro continuam sem merecer a devida atenção do governo da Presidenta Dilma. Refiro-me aqui à desindustrialização e à desnacionalização. Apesar da profunda conexão causal existente entre ambas, é importante que sejam analisadas individualmente, dadas as particularidades de cada processo.
O primeiro caso – desindustrialização – é fruto da prioridade concedida ao setor primário de nossa economia: o extrativismo mineral e o agronegócio. Embalados pelos preços atrativos oferecidos pelas chamadas commoditiesno mercado internacional, os empreendimentos associados à exploração e exportação de minério de ferro, petróleo, soja, cana-de-açúcar, trigo e outros cresceram apoiados por políticas públicas generosas desde o final da década de 1990.
Por outro lado, a passividade dos sucessivos governos na condução da política cambial propiciou uma irresponsável valorização do real frente às moedas internacionais, que durou vários anos. Esse movimento de apreciação cambial incentivou a tendência à importação de bens industrializados, em especial aqueles oriundos de países que conseguem praticar custos reduzidos, tendo a China como principal exemplo. 
Na outra ponta, esse tipo de câmbio dificultou a exportação de produtos industrializados brasileiros, que não logravam conseguir espaço no mercado externo competitivo. Com isso, observou-se uma perigosa redução da participação da indústria em nosso PIB, o que tem um significado de transferência para o exterior dos processos geradores de maior valor agregado.
Já a desnacionalização passou a receber maior destaque pois o número de aquisições de empresas brasileiras por parte de grandes grupos internacionais tem crescido ao longo dos últimos anos. De acordo com recente levantamento de uma importante consultoria, houve 167 aquisições de empresas nacionais por grupos estrangeiros ao longo do primeiro semestre desse ano. 
Esse número representa um crescimento de 78% sobre as 94 aquisições de mesma natureza ocorridas no primeiro semestre de 2011 e de 117% sobre as 77 operações no mesmo período de 2010. Desse total de 2012, 79 foram comprados por empresas canadenses e norte-americanas, ao passo que 61 foram aquisições efetuadas por grupos de origem européia. Esse processo reflete uma redução na capacidade de decisão nacional a respeito das políticas de investimento de tais empresas, que passam a responder apenas aos interesses de suas matrizes estrangeiras, inclusive no que se refere á remessa de lucros para o exterior.
Baixo PIB, isenção tributária e investimento público
Outro aspecto relevante da política econômica refere-se ao baixo crescimento do PIB para o presente ano, que corre sério risco de ficar ainda abaixo dos 2%. Uma das várias razões para tal fato pode ser buscada nos efeitos provocados pela política de cortes orçamentários praticados ao longo do primeiro semestre, que impediram a retomada do crescimento da economia por meio da recuperação do investimento público. 
A aposta do governo tem sido a de buscar o retomado pelo simples aumento do consumo, em um modelo que não comporta mais esse tipo de opção. As famílias já alcançaram um nível elevado de endividamento e as compras de automóveis e de eletrodomésticos encontram um limite na própria natureza desse tipo de bem – não é normal que se compre mais de um veículo, geladeira ou fogão no mesmo ano.
A estratégia de buscar a reativação da atividade econômica apenas pela política de redução e isenção tributárias também tem mostrado suas debilidades. Tal tipo de decisão reduz a capacidade arrecadatória do Estado e não está sendo acompanhada de exigências de contrapartida efetiva por parte do governo federal, por exemplo no que se refere à manutenção do nível de emprego e do índice de nacionalização das compras. 
As grandes empresas nacionais e multinacionais beneficiam-se de empréstimos a juros subsidiados do BNDES e são contempladas com redução de suas obrigações tributárias. No entanto, tudo indica que o saldo final desse processo não tem sido positivo para o País e menos ainda para a maioria de sua população. O fundamental é que seja recuperada a capacidade de investimento público, mecanismo mais eficaz para atuar como indutor do desenvolvimento nacional.
A crise econômica continua. O nosso ritmo de atividade permanece patinando, quase sem sair do lugar. As empresas não cumprem com suas obrigações sociais. Mas os noticiários insistem em destacar exclusivamente as medalhas perdidas, os recordes batidos, os ministros do STF tirando uma soneca, a estratégia dos advogados de defesa dos réus do mensalão, os debates entre os candidatos a prefeito, os resultados da penúltima pesquisa de sondagem eleitoral. Esperar até novembro talvez seja uma opção muito arriscada para o governo, caso queira realmente mudar os rumos da economia real.
Por : Paulo Kliass  - Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.
Fonte: Correio do Brasil