quinta-feira, 29 de março de 2012

A primeira pedra

E os fariseus trouxeram a Jesus uma mulher apanhada em adultério, e perguntaram a Jesus se ela não deveria ser apedrejada até a morte, como mandava a lei de Moisés. E disse Jesus: aquele entre vós que estiver sem pecado que atire a primeira pedra. E a vida da mulher foi poupada, pois nenhum dos seus acusadores era sem pecado. Assim está na Bíblia, evangelho de São João 8, 1 a 11.

Mas imagine que a Bíblia não tenha contado toda a história. Tudo o que realmente aconteceu naquela manhã, no Monte das Oliveiras. Na versão completa do episódio, um dos fariseus, depois de ouvir a frase de Jesus, pega uma pedra do chão e prepara-se para atirá-la contra a mulher, dizendo: “Eu estou sem pecado!”

— Pera lá — diz Jesus, segurando o seu braço. — Você é um adultero conhecido. Larga a pedra.

— Ah. Pensei que adultério só fosse pecado para as mulheres — diz o fariseu, largando a pedra.

Outro fariseu junta uma pedra do chão e prepara-se para atirá-la contra a mulher, gritando: “Nunca cometi adultério, sou puro como um cordeiro recém-nascido!”

— Falando em cordeiro — diz Jesus, segurando o seu braço também — e aquele rebanho que você foi encarregado de trazer para o templo, mas no caminho desviou dez por cento para o seu próprio rebanho?

— Nunca ficou provado nada! — protesta o fariseu.

— Mas eu sei — diz Jesus. — Larga a pedra.

Um terceiro fariseu pega uma pedra do chão e prepara-se para atirá-la contra a adultera, dizendo: “Não só não sou corrupto como sempre combati a corrupção. Fui eu que denunciei o escândalo da propina paga mensalmente a sacerdotes para apoiar a os senhores do templo.”

— Mas foste tu o primeiro a receber propina — diz Jesus, segurando seu braço.

— No meu caso foi para melhor combater a corrupção!

— Larga a pedra.

Um quarto fariseu junta uma pedra do chão e prepara-se para atirá-la contra a mulher, dizendo: “Não tenho pecados, nem da carne, nem de cupidez ou ganância!”

— Ah, é? — diz Jesus, segurando o seu braço. — E aquela viúva que exploravas, tirando-lhe todo o dinheiro?

— Mas isto foi há muito tempo, e a mulher já morreu.

— Larga a pedra, vai.

E quando os fariseus se afastam, um discípulo pergunta a Jesus:

— Mestre, que lição podemos tirar deste episódio?

— Evitem a hipocrisia e o moralismo relativo — diz Jesus.

Por Luiz Fernando Verissimo

Fonte: blog do Noblat - http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

quarta-feira, 28 de março de 2012

As múltiplas transformações na China

Poucos fora da China conhecem bem a nevoenta Chongqing, no alto rio Yangtze, no coração da província Sichuan. Pois bem. É a maior megalópole do planeta, 30 milhões de habitantes, e crescendo. Vive mais gente em Chongqing que em todo o Iraque, ou na Malásia.

E então, de repente, Chongqing virou o assunto da hora na cidade (global), como uma nova Roma distópica, graças a um monumental escândalo político que eclodiu durante o Congresso Nacional do Povo, dia 15/3: a queda de Bo Xilai, membro do Politburo e secretário do Partido para Chongqing.

Bo, astuto e figura ‘midiática’, era uma espécie de estrela pop na China, principal promotor do chamado “Modelo Chongqing”: uma volta ao passado, de inspiração parcialmente maoísta, para maior controle estatal sobre a economia, melhores serviços sociais, dura repressão à máfia local e esforço para redistribuir riqueza, para amenizar a desigualdade social.

Apesar de ser “príncipe coroado” – filho de um dos oito imortais da geração revolucionária de Mao Tse Tung – Bo cumpriu todo o percurso da hiper complexa hierarquia do partido, desde baixo até o poder e a fama.

Em 2007, foi promovido, de ministro do Comércio, ao comando do Partido em Chongqing. O que mais queria, seu Santo Graal, era ser admitido ao Comitê Dirigente, de nove membros, do Politburo (25 membros) – o pessoal que realmente governa a China Inc., como muito seleta oligarquia.

A arma preferida de Bo sempre foi bastante sofisticada: sua campanha política neomaoísta de purificação (nesse caso, livrar-se da máfia local) – inspirada na Revolução Cultural de Mao (1966-1976) reuniu muitos intelectuais locais, como assessores e conselheiros.

Não surpreende que se tenha tornado furiosamente popular. Dezenas de milhões de chineses ressentem-se profundamente da arrogância dos novos ricos – alguns dos quais fizeram fortuna por meios tão rápidos quanto suspeitos; e qualquer discurso anticorrupção, combinado à luta contra a desigualdade social, não teria como dar errado.

O problema é que, aos olhos da liderança coletiva em Pequim, sim, deu tudo errado. E veio a queda – precipitada pela deserção e subsequente prisão do principal assessor de Bo, Wang Lijun, que procurou abrigo no, nada mais nada menos, prédio do Consulado dos EUA em Chengdu, a totalmente frenética capital da província Sichuan.

Trata-se de uma Ferrari? Ou será um tanque blindado?
Ansiosa para decifrar o que estaria em trânsito, de Sichuan até os corredores do poder em Pequim, a mídia-empresa ocidental bebeu diretamente de fonte descomunalmente conspiracional, onde encontrou farta coleção de tolices, do muito tolo [2] ao ainda muito mais tolo [3] , com direito a píncaros de tolice [4].

As páginas chinesas de micro-blogging como Sina Weibo e QQ Weibo, e o mural de notícias do browser Baidu, até especularam um pouco sobre “anormalidades” em Pequim, na noite de 19/3. Mas, se você sabe configurar a coisa, é muito fácil acessar Google, YouTube e Facebook na China. A ideia de que pudesse ter havido tanques nas ruas de Pequim, sem que ninguém nem visse nem fotografasse é, simplesmente, grotesca, cômica.

Quase sempre, para encontrar pistas do que realmente esteja acontecendo na atmosfera rarefeita dos círculos internos da política chinesa, é preciso consultar a mídia oficial.

Significativamente, num ensaio não assinado, que se disseminou como vírus, o jornal Global Times fez referência ao “incidente de Chongqing” sem qualquer referência a Bo, e conclamou o povo chinês a confiar na liderança do Partido.

O que nos obriga à pergunta inevitável: qual é, nesse momento, a linha do Partido?
Leitura das folhas de chá diz-nos que a queda de Bo aconteceu apenas um dia antes de o premiê Wen Jiabao anunciar oficialmente que a China precisava de profundas reformas políticas.

É dizer pouco, para dizer o mínimo. A China está hoje no olho do furacão não só de uma transição política que acontece pela primeira vez nessa década; está também no olho do furacão de uma transição tectônica que acontece pela primeira vez na atual geração: transita de um modelo econômico bem-sucedido modelado por investimento massivo, para a realidade emergente de uma sociedade de consumo.

Muito evidentemente, o Partido mostra-se mais que ultra cauteloso, no movimento Deng-Xiaopinguesco de “cruzar o rio sentindo as pedras”. E bem nessa hora, surge o carismático Bo – uma espécie de “Slick Willie” Clinton [5] chinês – e desnuda todas as indecisões da cúpula. A cúpula, simplesmente, não conseguiu lidar com ele.

Ou o consenso ou o caos
Por milênios, a China viveu sob o feitiço do “Mandato dos Céus [orig. Mandate of Heaven] [6]. Se o Imperador perdesse o divino mandato, perdia a legitimidade e tinha de deixar o trono. Nesse sentido, Mao foi O Último Imperador. O Pequeno Timoneiro Deng Xiaoping – um dos gigantes do século 20, o homem que empurrou a China para a pós-modernidade – detestava encenações imperiais.

Seus sucessores, Jiang Zemin e Hu Jintao, foram ainda mais discretos e autoapagados.

O Partido Comunista insiste absolutamente em se autodescrever como liderança coletiva meritocrática confucionista, que administra por consenso o país. O “consenso” acontece, sobretudo, entre os 25 membros do Politburo; e os nove membros do Comitê Dirigente são os decisores/implementadores.

Qualquer crítica, na China, que conteste a legitimidade política do partido, é esmagada sem piedade. Mas o Partido, em muitas instâncias, admite que o povo manifeste, com relativa liberdade, a angústia social e econômica. E ver-se-á acontecer doravante, cada vez mais frequentemente, com a nova classe média urbana que é a que mais fala sempre contra os incontáveis casos de corrupção dentro do Partido.

Nenhum terremoto político impedirá que Xi Jinping, atual vice-presidente, seja nomeado secretário-geral do Partido nesse outono e presidente em março de 2013. Em termos de personalidade, Xi é o oposto de Bo, uma espécie de “progressista cauteloso” pragmático – em contexto chinês –, e inimigo de “conversa vazia”. Seu motto pessoal é “Orgulhe-se, mas sem complacência”.

Xi foi escolhido não só pelos nove poderosos membros do Comitê Dirigente, mas em muito ampla eleição interna. Já demonstrou competência para governar em vários níveis da administração: vila, condado, cidade e província.

Governou três regiões ultra dinâmicas da China – Fujian, Zhejiang e Xangai, essa espécie de usina chinesa. Equivale, em termos ocidentais, a ter sido primeiro-ministro, sucessivamente, da Grã-Bretanha, da França e da Alemanha.

Xi, não por acaso, publicou artigo recentemente em que enterra a abordagem de Bo, e condena líderes que “jogam para as massas” ou “almejam fama e fortuna”; e exortou a que se busque o consenso – políticas “decididas segundo o saber coletivo, mediante procedimentos estritos e claros”. Em outras palavras, é do nosso jeito (liderança coletiva), ou é de cima para baixo (o que, em contexto chinês, significa luan, o caos).

Quando os modelos colidem
Dentro da China, o modelo Guangdong é o principal concorrente do modelo Chongqing. Guangdong é uma Meca provincial no sul da China, próxima de Hong Kong; ali se pratica o mais frenético neoliberalismo pró-mercado.

A Economia de Bo privilegiou a competição entre empresas estatais (por exemplo, não se permitem comerciais publicitários na TV). O quê, segundo a oligarquia de Pequim, minou a própria base do milagre chinês: um estado de certo modo reduzido, que não se interessa por intervir nos negócios.

O modelo Guangdong enfatiza o crescimento mais alucinado, combinado com espaço suficiente para reformas políticas significativas, com governo sempre mais transparente. Não por acaso, Bo foi substituído em Chongqing por Zhang Dejiang, um vice-chanceler que estava encarregado da política industrial e que, significativamente, foi ex-secretário do Partido em Guangdong.

Traduzindo: para a liderança do Partido, a via a seguir é o neoliberalismo chinês; é mais importante, até, que a luta contra a corrupção e que a luta contra a desigualdade social. Por quê? Porque o dinamismo do mercado – estimulado por algumas reformas – deve reinar; afinal, foi a ferramenta que fez a China crescer à velocidade que todos viram.

A trama oculta de um trilhão de yuan é que o neoliberalismo ocidental está sendo imposto na China, mas contra a vontade de muita gente. A prova? Se houvesse eleições de estilo ocidental em Chongqing, Bo seria eleito por uma avalanche de votos.

A China também está vendo Hong Kong às voltas com, exatamente, essas “reformas políticas” de que falou Wen Jiabao; na eleição “controlada”, não exatamente democrática, para o posto ultra sensível de principal chefe executivo de Hong Kong.

Pelo paradigma “um país, dois sistemas”, de Deng, tudo que acontece de político em Hong Kong é útil para que se perceba o modo pelo qual a China está-se deslocando na direção de um sistema mais democrático.

Em Hong Kong, só votaram os 1.200 membros do Comitê Eleitoral de Hong Kong – uma seleção de ricos magnatas, altos funcionários públicos e políticos.

Os dois principais candidatos receberam o selo de aprovação de Pequim. O terceiro, Albert Ho – presidente do Partido Democrático de Hong Kong – sabia que não era elegível. Pelo menos, disse que “Obrigar-me a escolher [entre os outros dois candidatos] seria como meter uma pistola na minha testa. E eu diria, ‘Atirem!’.”

No final, aqueles super eleitores elegeram Leung Chun-ying, conhecido ali como CY Leung, por 689, contra 285 votos de Henry Tang (Ho teve apenas 76 votos).

Em Hong Kong, como na China, a corrupção ainda é parte do quadro. CY Leung é alvo de investigação num caso de conflito de interesses num projeto de construção (como se adivinharia facilmente, CY é empresário do ramo de empreendimentos imobiliários em Hong Kong).

Mas em Hong Kong, diferente da China, houve muitas manifestações e muito barulho nas ruas em frente ao Centro de Convenções onde aconteciam as eleições [7]. Os manifestantes exigiram eleições diretas e brandiam faixas em que se lia: “Sem revolta, não há mudança”.

Pode-se imaginar o desconforto em Pequim. Embora Pequim não decida imperialmente quem governa Hong Kong, a ordem do Partido é que o líder escolhido tem de ser “aceitável” aos olhos do povo de Hong Kong. Seria interessante pesquisar em profundidade, para saber se “o povo de Hong Kong” crê que CY Leung zelará pelos interesses do povo.

Imaginem agora a possibilidade de milhões de chineses da nova classe média urbana decidirem, de repente, que “Sem revolta, não há mudança”. Para impedir que aconteça, a oligarquia de Pequim não podia correr o risco de deixar ativo o populista Bo, para servir de modelo. Bo ameaçava não só a estabilidade no topo; ameaçava também o modo como essa tão cuidadosamente divulgada estabilidade é percebida pelos 1,3 bilhão de chineses na base da pirâmide.

Portanto, a coesão, o consenso e a estabilidade tiveram de prevalecer como mensagem única, ao mesmo tempo em que as fragilidades da China vão ficando cada dia mais expostas: como arrancar dezenas de milhões mais de chineses do beco agrário sem saída onde ainda estão; como dar assistência decente à saúde desses dezenas de milhões de chineses; e como combater as várias instâncias da corrupção do partido.

Não há dúvidas de que a China modernizada por inspiração de Deng impôs um massivo desafio estratégico, ideológico e político a um ocidente ainda embasbacado e confuso.

A China é lar de civilização antiga e imensamente sofisticada. Vive lá um oceano de humanidade, e está sendo modernizada há apenas três décadas (um minuto, pelos padrões chineses). O caso Bo é um pormenor. Só teremos visão mais clara de onde estará a China em 2020 depois de passado o próximo outono, ou lá pela primavera de 2013. Mas que ninguém se engane: a estabilidade, como o budismo ensina, é ilusão. Os líderes chineses são hoje viajantes na tempestade [8].

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Notas dos tradutores

[1] Epígrafe acrescentada pelos tradutores.

[2] 22/3/2012 - Daily Mail, UK, em: “Tanks in the streets of Beijing': Chinese leaders order internet whitewash amid rumours of attempted military coup”.

[3] 21/3/2012 - Washington Times, USA, em: “Inside the Ring: Beijing coup rumors”.
[4] 22/3/2012 - Foreign Policy, The Great Rumor Mill of China

[5] Lit. “Willie escorregadio”. No Urban Dictionnary lê-se, no verbete “Slick Willy”: “Apelido que o pres. Bill Clinton recebeu, pela reconhecida incapacidade para encontrar a palavra certa na hora certa e para negócios; e pela competência com que se mete em tais confusões que, volta e meia é ameaçado de impeachment. Sinônimo de “não pode ver rabo de saia”. Na Grã-Bretanha, é sinônimo de “pênis”.

[6] “Mandate of Heaven” - Conceito tradicional na filosofia chinesa, semelhante ao que, no ocidente, se entende por “direito divino dos reis”.

[7] 25/3/2012 - Al-Jazeera, em: “Hong Kong elite choose Leung as leader”

[8] Orig. Riders on the Storm [viajantes na tempestade], é título de rock de Jim Morrison, do álbum “LA Woman” (The Doors), de 1971 com letra traduzida. A letra faz referência à história de Billy Cook, assassino serial que se fazia passar por caminhoneiro, nos EUA, nos anos 50s e que ganhou notoriedade quando chacinou uma família inteira (esse é um possível “viajante na tempestade” de que fala a letra). Snoop Dogg recriou a gravação histórica de Morrison, com intervenções, em que canta como se o viajante na tempestade fosse ele próprio, perseguido pela polícia (e é mais um tipo de “viajante na tempestade”; há muitos), para a trilha sonora do jogo “Need For Speed: Underground 2” da Electronic Arts.

por Pepe Escobar, Al-Jazeera, Qatar - Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Fonte: blog do Nassif

terça-feira, 27 de março de 2012

Para ter mais oportunidades de carreira, faça networking

Sem oportunidades geradas de forma constante e consistente, a carreira profissional pode ser interrompida a qualquer momento. Uma demissão inesperada, a fusão da empresa com o concorrente ou uma nova tecnologia podem destruir carreiras até então muito bem fundamentadas. Além disso, os ciclos econômicos estão cada vez mais velozes e complexos. Por mais que a pessoa tente acompanhá-los e compreender como influenciam sua vida, seu tempo é escasso e preenchido com compromissos de seu cargo atual. Como resultado, o indivíduo tem alta dose de incerteza quanto ao futuro de sua carreira.

Essa situação é agravada, porque muitas pessoas relutam em fazer o networking e possuem todo tipo de restrições sobre o tema. Elas o consideram inconveniente, obscuro, feito puramente por interesse, e não sabem como desenvolvê-lo, somente para mencionar algumas razões que usam para evitá-lo.

Mas o fato é que o networking é aquilo de que a pessoa sente falta quando fica desempregada. Para quem ligar quando precisar de uma indicação para uma vaga de emprego? Não é nada fácil montar uma rede de relacionamentos relevantes no momento em que precisar dela. O indivíduo tem de se preocupar com isso antes. Ocorre que, em geral, quando está empregado, fica 100% do tempo ocupado com as questões da empresa e esquece-se de si mesmo, da carreira e do próprio futuro. Aí, vem uma crise e toda a sua dedicação é inútil, se a empresa em que trabalha vai à falência, funde-se com outra ou enfrenta dificuldades que a obriga reduzir seus quadros.

Todos nós precisamos de alguém que nos indique, nos recomende. O seu médico provavelmente foi indicado por alguém que você conhece e respeita. O profissional também precisa ser indicado e referenciado em sua área de atuação.

Fazer networking nada mais é do que conhecer amigos. Você deve estar acostumado com amigos que gastam dinheiro com você; o networking é construir amizade com pessoas que se interessem por sua carreira e gostariam de contribuir para o seu desenvolvimento. Por isso, tenha os dois tipos de amigo. No fundo, trata-se de uma amizade.

Se desejar construir essa rede, primeiro precisa descobrir como pode colaborar com as pessoas e fazer isso continuamente. Segundo, procurar aquelas que tenham a mesma ética, os mesmos valores e princípios que os seus. Se possível, os mesmos hobbies que os seus, pois assim terá muita satisfação ao encontrá-las, e os assuntos serão comuns e interessantes para ambos. E, terceiro, fazer uma agenda consistente para comunicar-se com as pessoas de sua rede. Inicialmente, pode ser via redes sociais e, depois, pessoalmente.

A amizade desempenha um papel mais relevante na construção de carreiras, empreendimentos e organizações do que as pessoas imaginam. Grandes empresas e países foram construídos a partir delas. Sua carreira também pode ser. Vamos em frente!

Por Sílvio Celestino é sócio-fundador da Alliance Coaching

Fonte: http://www.administradores.com.br

domingo, 25 de março de 2012

A Primavera Árabe e a reinvenção da pólvora

Parece significativo que o que se conhece como "Primavera Árabe" tenha sido literalmente construída com tecnologia de ponta, em cima da rede social e não por mensagens em lombos de camelos, como talvez nossos preconceitos profetizassem.

Que as literais revoluções árabes tenham acontecido em países teoricamente atrasados sob o ponto de vista tecnológico, as ditaduras sanguinárias dos respectivos regimes talvez expliquem. ou justifiquem. A revolução bolchevique, ao contrário do previsível pelos primeiros marxistas, aconteceu numa Rússia atrasada e não na Inglaterra, na França ou na Alemanha, onde o capitalismo estava mais adiantado.

O difícil, para os que lidam com a história ou com simples episódios, são as previsões. Antero de Quental nunca tinha pegado numa espada até o dia em que duelou com um autêntico espadachim, Ramalho Ortigão, outro poeta e intelectual português do século XIX.

Os amigos comuns dos dois duelistas imaginavam que Quental seria ferido ou morto, mas quem venceu foi ele. Nada demais felizmente para a literatura da língua portuguesa: Quental feriu levemente Ortigão, os dois pararam de trocar espadadas e, a instâncias de amigos comuns, se reconciliaram. O notável é que o imprevisível aconteceu.

No caso dos países árabes, seria de se adivinhar que os jovens egípcios se organizassem em rede, pela internet, e não os jovens franceses que anos antes, tentaram atingir o governo conservador de seu país, não pelos computadores, mas pela queima de automóveis?

São questões difíceis de responder. Na antigüidade helênica houve a literal surpresa de os gregos terem derrotado os poderosos persas - fala-se daquela história que deu na corrida de Maratona e que é ensinada nas escolas como a exceção das exceções. Entre os árabes - sem que se possa falar de qualquer Maratona, o caso é também excepcional.

Claro, alguém dirá que a imaginação é o fundamental e é mesmo. Contra todas as opiniões dos especialistas, quando os jovens começaram a sair às ruas, poucos sabiam que nos países atrasados, como os do Oriente Médio, a mais sofisticada mídia inventada pelo homem, seria uma arma não letal - mas infalível. Fica-se a pensar que nem sempre sabemos ao certo quais as inúmeras utilidades de um novo descobrimento.

Tome-se a invenção da imprensa: era imprevisível que ela se transformasse para além da divulgação da cultura alfabetizada, mas a disponibilização da Bíblia a partir de 1439, quando ela se vulgarizou em exemplares relativamente baratos, pode não ser a razão maior da Reforma Protestante - mas foi, sem dúvida, uma contribuição talvez imprevista para que Martinho Lutero operasse a sua ainda hoje elogiada tradução; e a divulgasse para o maior número possível de novos adeptos para as suas doutrinas.

A maior parte dos intérpretes do momento histórico em que nasceu a Reforma, fala pouco sobre a mídia, no entanto foi ela quem deu a Lutero, Calvino e outros a possibilidade de reescreverem o futuro.

Num documentário recente saído no History Chanel sobre Galileu Galilei, a ênfase se deu sobre um fato realmente notável: o grande gênio manteve uma correspondência intensa com a sua filha, internada num convento. Pai e filha foram confidentes até onde se possa imaginar a relação de um afeto sincero entre duas pessoas do mesmo sangue.

Pelo que fica do documentário, porém, (de resto, muito bem feito, pela BBC) é que quase não se fala da luneta que Galileu aperfeiçoou. Na verdade, foi com ela que o grande astrônomo pode estabelecer seu diálogo com o firmamento.

Concluir que o invento do telescópio primitivo determinou um novo mundo, pode não ser senão uma obviedade - mas a ilação que Stanley Kubrik fez em seu filme, "2001, uma odisséia no espaço", de que da instrumentalização de um osso pelo homo sapiens teria o condão de se transformar numa estação espacial - aplica-se perfeitamente à essa idéia das mídias, como transformadoras dos mundos. Seu uso pode parecer, a primeira vista, um simples olhar rumo a um porvir administrado.

É evidente, a propósito, que a internet foi criada para fins militares - no princípio uma exclusividade para os países que detinham o melhor da tecnologia eletrônica, para submeter seus vizinhos ou nem tanto, mas menos avançados. Ninguém adivinharia que justamente os jovens de países tidos como atrasados, a usariam exatamente para balançar o poder dos países tecnologicamente preparados para aplacar qualquer de suas veleidade democrática. Ou em desconformidade com o desejo da Europa, dos Estados Unidos e principalmente dos potentados árabes - civis e militares.

Alguém observou que a humanidade avança com os armamentos que cria para a sua autodestruição. Pode não ser só para isso. Um cartaz portado por uma mulher a reclamar o desaparecimento de seu filho, é o mais primitivo que a invenção humana poderia ter engendrado como forma de comunicação entre as pessoas.

Para as mães argentinas , conhecidas como "las locas de la plaza de Mayo," - entre criar um jornal ou panfletos que reclamasse da ditadura em muitos exemplares, os assassínios que o regime estava cometendo e que seriam seqüestrados pelo aparato repressivo como material subversivo - ou uma simples folha de papelão com um protesto escrito à mão - o que pareceu melhor, não foi a invenção secular da imprensa.

A própria idéia difundida, na época, pela mídia internacional, de que as mulheres em questão eram "loucas" - além de "viejas"- velhas -foi uma espécie de contraponto à ação quase primitiva do movimento que entrou para história. E que, na verdade, deu um impulso inusitado à queda da ditadura.

Ou seja, de um lado, jovens mais ou menos carentes, a usarem a mais avançada das invenções para derrubarem um governo ditatorial sustentado pela Europa e Estados Unidos ; de outro, mulheres avançadas em idade, simples mães, a arrostarem um regime estúpido e brutal, com não mais que cartazes - um invento da Renascença.

Mas que parece não ser muito diferente de alguns textos que as pessoas pregavam a uma estátua no século XV - chamada "Paschino" e que deu origem à palavra "Pasquim". Era nesses bilhetes que as pessoas falavam mal uma das outras; ou propagavam certas idéias. As senhoras da Plaza de Mayo limitaram-se a enunciar os nomes dos filhos quase em bilhetes- nada da tecnologia dos jovens egípcios; ou tunisianos.

É um paradoxo. A comunicação das mulheres argentinas era primitiva, mas eficaz; a dos jovens árabes altamente sofisticada, mas igualmente profícua. É de se pensar: os chineses inventaram a pólvora muito antes que alguém, no Ocidente, começasse a dar tratos a bola para conceber um equipamento que usasse a mistura de salitre, enxofre e carvão para impulsionar um projétil. Se os chineses tivessem usado a pólvora para outros fins, que não para enfeitar suas noites com fogos de artifício, o Ocidente talvez nunca tivesse chegado, onde chegou.

São hipóteses. O que não é uma suposição, foi o que ninguém previa - que num sistema administrado, onde até a história estaria prestes a terminar - eis que alguns garotos viraram todo um mundo de cabeça pra baixo . Ali, onde todos sabiam ser de exclusiva possibilidade das grandes nações e dos seus avanços tecnológicos, usarem certos instrumentos - foi, afinal, onde tudo se realizou ao revés da propriedade e dos proprietários dos meios de comunicação.

Não custa imaginar que o mundo é inventado a cada momento- e que a hora e a vez de uma idéia projetada por um ou vários homens podem tardar, mas acabam acontecendo. Arnold Toynbee, historiador inglês, tem um trabalho sobre a guerra, em que prova, que o avanço mongol sobre o Oriente só acabou quando se depararam com os turcos às portas de Alexandria. Tudo se deu porque o Império Otomano resolveu usar os mesmos métodos de guerra dos mongóis.

Talvez, no fim das contas, os jovens que promoveram a Primavera Árabe não fizeram mais do que usar o feitiço contra o feiticeiro. Ou dito com outras palavras - eles reinventaram a pólvora. Ainda bem: o mundo voltou a ser imprevisível. E já não dependemos só dos jornais e revistas para dizermos que existimos e temos direitos.

Fonte: Enio Squeff - artista plástico e jornalista - Agência Carta Maior

sábado, 24 de março de 2012

Demóstenes Torres e as Vestais

Confesso que o envolvimento do senador Demóstenes Torres com o mafioso Carlinhos Cachoeira foi uma surpresa para mim, um choque, na verdade. E sei que milhões de brasileiros estão tão chocados quanto eu.

Sabemos que não existem santos em política, mas ninguém esperava que esse promotor de justiça, secretário de segurança de Goiás, paladino da ética pública, fosse apanhado pela justiça federal em conversas com Cachoeira, numa operação em que 80 pessoas – vários delegados e policiais – foram indiciadas e outras presas, por formação de quadrilha e outros crimes graves. Descobriu-se que Demóstenes fez 300 ligações telefônicas para Cachoeira, num prazo de sete meses, e detinha um telefone exclusivo para falar com o criminoso.

Foi triste ver Demóstenes Torres ser defendido por dezenas de senadores enquanto fazia seu tosco discurso de defesa no senado. Ele, que parecia desprezar os colegas, como se fosse uma rosa em uma floresta de espinhos! Foi deprimente ver Demóstenes, um advogado, procurador de justiça, diante das câmeras de televisão, consultando um advogado criminalista, e se negando a responder uma simples pergunta sobre o uso de um telefone. Demóstenes morreu ali, naquele momento. Terminava naquela entrevista a carreira da Vestal da política brasileira.

Deixem-me dizer o que é uma vestal. Na Roma antiga, antes da chegada de Cristo, Vesta era a deusa mais importante dos romanos, detentora de um belíssimo templo consagrado a ela. O santuário era guardado pelas vestais, jovens escolhidas aos dez anos de idade, que ficavam encarregadas, durante 30 anos, de zelar para que o fogo sagrado nunca apagasse. Durante esse tempo, elas deveriam permanecer virgens, e levar uma vida de castidade e pureza. Se uma delas quebrasse os votos, o crimen incesti, era condenada a morte por decapitação ou tapocrifação (enterrada viva).

Nem Gilberto Kassab ao construir o PSD atingiu tão mortalmente o Democratas como Demóstenes. A reserva moral do DEM, o homem que partiu para cima de Roberto Arruda, por muito menos do que é agora acusado, foi flagrado em uma relação estreitíssima com um notório criminoso. Um senador moralista, draconiano, competente, rigoroso receber presentes, e falar diariamente com um sujeito desse tipo, e dizer que era conselheiro sentimental... Nem criancinhas acreditam em Demóstenes.

Demóstenes acabou-se. Virou um Zumbi no Senado, e seus colegas senadores estão felizes com isso. Ele agora vai dizer amém pra todo mundo, vai votar todos os projetos, irá a todas as reuniões de comissões, fará tudo para salvar seu mandato. Aquela voz que fazia tremer os corruptos do Brasil calou-se. Virou um cordeirinho! Demóstenes Torres agora vai andar com Gim Argello, Ivo Cassol, Jáder Barbalho, os “queimados” do Senado. Se não fosse senador da república, estaria preso ao lado de Carlinhos Cachoeira e sua quadrilha. Tentar anular as provas contra ele, junto ao STF, como está fazendo, só piora sua situação. A sociedade já entendeu tudo.

Demóstenes é o maior exemplo de que a sociedade precisa desconfiar de homens públicos que se dizem imaculados – Vestais – principalmente, se esse homem é pago pelo estado para promover justiça. O fato de Demóstenes Torres ser promotor de justiça agrava ainda mais sua situação. Ela agora junta-se a Leonardo Bandarra e Débora Guerner, como mais um membro defenestrado do MP.
Dizem os brasileiros: “Desgraçado Demóstenes, que as vestais romanas rezem por ti, tu apagaste o fogo sagrado e, para a sociedade, cometeste o crimen incesti! E se não vivêsseis no século XXI, serias condenado a tapocrifação”!

Fonte: por Theófilo Silva - articulista colaborador da Rádio do Moreno. http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/demostenes-torres-e-as-vestais

Demóstenes Torres (DEM), de Goiás - Os dois grampos do senador

Vamos combinar que o senador Demóstenes Torres (DEM), de Goiás, não deve ser uma conversa boa ao telefone.

Demóstenes foi o interlocutor de Gilmar Mendes, ministro do Supremo, naquele célebre grampo que se transformou num dos grandes escândalos do governo Lula – até que, no finzinho de 2010, quando ninguém prestava atenção nos jornais,
a Polícia Federal divulgou o resultado de um inquérito dizendo textualmente que não encontrara um fiapo de prova sequer sobre a realização do grampo.

Ninguém pediu desculpas nem maiores esclarecimentos, embora a confusão tenha produzido a queda de Paulo Lacerda, o diretor geral da ABIN. Numa reação que parecia o prenúncio de uma crise institucional, no auge da denúncia Gilmar Mendes prometeu chamar o presidente Lula “às falas.”

A novidade está nos grampos que reproduzem diálogos entre Demóstenes e o bicheiro Carlinho Cachoeira.

Com a tranquilidade de quem conversa com um celular vendido em em Miami com a garantia de que era à prova de escutas, os diálogos acabaram complicando a situação do senador. Demóstenes é ouvido quando pede para Cachoeira “pagar uma depesa com taxi-aéreo no valor de R$ 3.000.” Também é ouvido transmitindo informações de
caráter confidencial sobre reuniões no governo, no Congresso e mesmo no Judiciário.

Considerando o acesso do senador à cúpula dos poderes, pode-se imaginar que eram informações bem valiosas, não é mesmo?

Carlinhos Cachoeira é um personagem eclético das finanças políticas do país. Não custa lembrar que foi gravado quando negociava propinas com Valdomiro Diniz, ligado ao esquema financeiro do PT. Também tem ligações com tucanos e políticos do DEM e do PP.

Não sou moralista e não acho que episódios dessa natureza digam respeito ao caráter das pessoas. (Só acho que os falsos moralistas, que denunciam nos outros aquilo que fazem, deveriam deixar os eleitores mais atentos). O problema não é o bicheiro. É o sistema que está bichado.

A circulação de dinheiro clandestino na política brasileira é uma consequência de um sistema de finanças destinado a alugar os poderes públicos e transformar os políticos em servidores do poder econômico. Pode ser um empresário com todos os papéis em ordem, ou um bicheiro. Enquanto não se mudar esse sistema, teremos episódios desse tipo. O próprio sistema gera suas leis e suas regras de competição.

Não custa aguardar, porém, pelo desfecho deste caso. Há duas semanas os dados sobre Demóstenes foram enviados à Procuradoria Geral da República que ainda não decidiu abrir inquérito. É estranho, quando se recorda da rapidez com que outros casos foram apurados. O grampo falso de Demóstenes com Gilmar Mendes produziu uma crise política, abriu demissões na cúpula do Estado e colocou o governo Lula numa posição defensiva até que tudo fosse esclarecido.
O grampo verdadeiro ainda não levou a nada. Curioso, não?

Fonte: por Paulo Moreira Leite http://colunas.revistaepoca.globo.com/paulomoreiraleite

quinta-feira, 22 de março de 2012

Veja 10 maneiras erradas de um gestor motivar sua equipe

O que toda empresa quer é profissionais motivados, animados e interessados em fazer seu melhor. Para isso, porém, é preciso saber estimular esse comportamento, oferecendo promoções, novos desafios e mais autonomia, por exemplo. O problema é que nem todo gestor sabe que, muitas vezes, ao invés de estar motivando ele pode estar desmotivando seus funcionários.

Pensando nisso, elaboramos uma lista com 10 maneiras erradas de motivar os funcionários. Contamos, para isso, com a ajuda de especialistas em gestão de carreira e motivação. Confira:

1. Os profissionais são únicos - “não existe motivação em massa”, explica o especialista em motivação, Roberto Recinella. Uma das maneiras erradas de motivar os profissionais é acreditar que o que motiva um motiva todos. Os líderes que não conhecem cada um dos membros de suas equipes podem cometer esse erro.

Na prática, o gestor acredita que determinado elemento vai motivar um profissional, pois foi o mesmo elemento que já motivou um outro trabalhador. Mas, segundo Recinella, isso não funciona sempre. A sugestão é conhecer cada um dos membros da equipe, entendendo suas necessidades e interesses.

2. Desafios megalomaníacos - a maioria das pessoas sabe que os profissionais, para se sentirem motivados, querem desafios constantes. Ou seja, uma oportunidade de superar uma meta e de mostrar um bom trabalho. O erro acontece quando o líder, pensando que vai motivar, estipula um desafio absurdo, que dificilmente será atingido. “O profissional sabe que não vai conseguir e logo fica desmotivado”, analisa o especialista. Os desafios devem sempre ser propostos, mas precisam ser palpáveis.

3. Sempre em cima - ainda na lógica do item um, o líder pode desmotivar, tentando motivar, se não entender as necessidades e os interesses dos profissionais. Nesse caso, a desmotivação acontece porque o chefe fica em cima demais do funcionário, acreditando que ele quer esse acompanhamento de perto, quando, na realidade, o que ele deseja é mais autonomia e liberdade.

Novamente, os profissionais são diferentes uns dos outros. Se o chefe entende que acompanhar de perto o trabalho de um profissional o motiva, ele não deve acreditar que isso vai motivar todos os demais. Portanto, é importante identificar as necessidades de cada um.

4. Falta de clareza - o líder também pode desmotivar alguns membros da equipe quando está tentado motivar outros. Promover um funcionário, por exemplo, sem dúvida fará com que esse profissional se motive. Porém, se essa promoção não for clara, ou seja, se os demais não entenderem os motivos dela, será um grande fator desmotivacional para os demais membros da equipe.

5. Feedback mal dado - alguns líderes acreditam que fazer uma crítica fará com que o profissional queira mudar, melhorar e virar o jogo. Por isso, ao dar um feedback, criticam alguns pontos do trabalho do profissional – pensando que ele vá querer melhorar. O problema, novamente, é que as pessoas são diferentes, ou seja, alguns são automotiváveis, enquanto outros desanimam totalmente.

A sugestão é fazer um feedback bem estruturado, ou seja, apontar os pontos que deveriam ser melhorados, observando a maneira de falar e ainda ressaltar os pontos positivos do trabalho do profissional.

6. Falta de feedback - na mesma linha do item anterior, o feedback é uma questão bastante delicada. Se o líder prefere não fazer, pensando que o profissional vai achar que a ausência de feedback significa que não há nada de errado com seu trabalho, isso pode ser um “grande tiro no pé”, explica a professora do Núcleo de Estudos e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Adriana Gomes.

Sem uma avaliação do seu trabalho o profissional pode sentir que não é importante, que seu trabalho não faz nenhuma diferença.

7. Promoção sem remuneração - promover uma pessoa de cargo é um ótimo fator motivacional, mostra que seu trabalho foi reconhecido e que ele está pronto para novos desafios. Mas, novamente, nem todos os profissionais são iguais, e se o líder pensar que uma promoção sem aumento de salário é sinônimo de motivação para qualquer profissional, ele pode estar muito enganado. Mesmo que o funcionário se motive num primeiro momento, com o tempo ele vai entender que só tem mais trabalho, pelo mesmo salário.

8. Possibilidades que nunca chegam - Adriana explica que outro fator que pode gerar grande desmotivação, apesar do objetivo não ser esse, é prometer coisas e nunca cumpri-las. Desde sinalizar uma promoção que nunca chega, até coisas menores, como uma visita ao cliente, a participação em um projeto, novos desafios e remuneração maior. Claro que inicialmente o profissional vai se motivar, mas, quando ele entender que nada acontece, a situação pode ficar muito ruim.

9. Delegar sem dar suporte - se o líder delega funções extras a um membro da equipe, é preciso que ele também dê o suporte necessário. Muitas vezes os profissionais podem sentir que não estão preparados para assumir determinadas tarefas e, se não puderem contar com o suporte do líder, o que deveria ser um fator motivacional, acaba desmotivando.

10. Delegar sem dar autonomia - o líder também deve saber que autonomia é importante para alguns profissionais. Logo, se ele delegar algumas funções, mas continuar centralizador demais, isso pode ofuscar a motivação inicial de ter assumido novas responsabilidades.

Fonte: por Infomoney - http://www.administradores.com.br

terça-feira, 20 de março de 2012

A comoditização do talento

Desde que me tornei autônomo vivo um dilema toda vez que tenho que enviar uma proposta comercial para um cliente: quanto cobrar?

Alguns serviços têm substitutos semelhantes no mercado e, ao menos, é possível ter algum padrão de comparação, por mais distante que um esteja do outro. Outras atividades, no entanto, são altamente personalizadas e, portanto, difíceis de serem comparadas. Precificar tais ofertas torna-se, assim, um maravilhoso exercício de criatividade.

Muita gente gosta de cobrar bem caro para depois ir reduzindo o preço até finalmente chegar naquilo que realmente deseja - infame prática conhecida como "queimar gordurinhas". Se você estiver vendendo um curso de Negociação ou de Persuasão (como é o meu caso) e vender por $3 um troço que cobrou $10 inicialmente, fica claro que você não entende nada do assunto que pretende ensinar.


Pagar por hora aumenta as chances de uma cagada
Uma das soluções (sempre sugeridas) é cobrar por hora. Desde o início do meu vôo solo tenho a impressão de que esta é a melhor maneira de destruir valor, de subavaliar aquilo que você faz e prender-se a um padrão de custo do qual dificilmente você conseguirá se livrar depois.

Enquanto dividia minhas atrozes dúvidas com meus colegas de Facebook recebi, através do Daniel Grillo, a preciosa indicação do texto Declaration of Independence, do Verasage Insitute. Então, fez-se a luz! E o que era uma impressão tornou-se uma convicção.

O texto citado é um verdadeiro manifesto contra cobrar serviços por hora - especialmente em se tratanto de trabalho essencialmente intelectual. Vejamos alguns dos argumentos dos seus autores:

A ideia da cobrança por hora baseia-se nas teorias de Karl Marx, que pregam que o valor de um produto (bem ou serviço) é função direta da quantidade de horas empregadas na sua elaboração. Basta lembrar que, em tarefas intelectuais, quantidade guarda pouca ou nenhuma relação com qualidade;

A prática concentra a atenção no Tempo e não na Criação de Valor, que deveria ser o compromisso primário de um Fornecedor com seu Cliente, empurrando o prestador para a mediocridade, relegando a busca pela excelência a um segundo plano. O que importa é ficar lá no Cliente e não fazer algo realmente significativo;

Cobrar por hora penaliza os Avanços Tecnológicos, já que quanto mais você melhorar sua Produtividade, menos receberá do seu Cliente;

Ao cobrar por horas trabalhadas, o Fornecedor passa todo o risco da relação para o Cliente (que coisa mais óbvia!), numa afronta direta aos interesses deste último;

Cobrar por hora faz com que o Cliente pague pela Curva de Aprendizado do Fornecedor, tornando o custo dos serviços posteriores arbitrários e injustos;

Cobrar por hora é um estímulo à desonestidade, uma vez que os controles são improváveis em qualquer esfera.


Imagine que um Cliente me pague R$ 1.000,00 por hora para eu resolver um megaproblema e que eu, por sorte ou por genialidade mesmo, encontre a solução em seis minutos. Mas em vez de falar na hora eu enrolo por dez horas. Resolvo o problema, ganho R$ 10.000,00 e o cliente fica muito satisfeito da vida.

Na sua visão eu seria desonesto, porque deveria ter ganho apenas R$ 100,00 por 10% de uma hora efetivamente trabalhados. Na minha visão eu seria um idiota completo.

Agora pense nos seguintes profissionais cobrando por hora: Dentista (quanto mais demorar para arrancar/obturar seu dente, mais dinheiro ele ganha), Jogador de Xadrez (não importa ganhar, mas ficar lá sentado), Datilógrafo (catador de milho profissional), Escritor, Lutador de Boxe, Arquiteto, Salva-vidas. Desastroso, não?

Cobrar por hora não diferencia uma empresa da outra, mas compara uma com a outra. O hábito coloca tudo no mesmo saco, transformando o Capital Intelectual - exatamente o que diferencia uma empresa da outra - em commodity. "Tonhão, me vê aí meia hora de inovação!"

O pagamento por horas impõe um teto ao seu rendimento, limitado à finitude* do seu tempo. Para ganhar mais, ou você cobra mais ou trabalha mais. Não adianta ser mais criativo e inovador nem mais produtivo.

Não à toa Daniel Pink, um dos mais inovadores escritores da atualidade, identifica a hora bilhetável (billable hour) como um dos maiores vilões da Motivação. Segundo ele, a prática tira do trabalhador boa parte da sua Autonomia - um componente essencial à Motivação, juntamente com a possibilidade de Aprimoramento e o Propósito daquilo que se faz.

Revendo estes conceitos, a impressão que tenho é que adotar o pagamento por hora implica em renunciar aos valores que adotei quinze meses atrás. Significa voltar a uma realidade onde o empregador parece não valorizar aquilo que você realmente tem a oferecer - além da sua pontualidade.

Fonte:Por Rodolfo Araújo http://www.administradores.com.br

segunda-feira, 19 de março de 2012

Estudo identifica 10 "megaforças" sustentáveis que afetarão o crescimento das empresas

Uma nova pesquisa da KPMG International identificou 10 "megaforças" que afetarão, de maneira significativa, o crescimento das empresas de modo global nas próximas duas décadas.

O estudo "Espere o inesperado: construindo valor para os negócios em um mundo em mudança" ("Expect the unexpected: building business value in a changing world") explora questões como as mudanças climáticas, volatilidades relacionadas ao suprimento de energia e combustíveis, disponibilidade e custo da água e de outros recursos, assim como problemas relacionados ao crescimento demográfico dos centros urbanos.

A análise examina como estas forças globais podem ter impacto sobre os negócios e indústrias, calcula os custos ambientais dos negócios e convoca empresas e formuladores de políticas a conjugar esforços para mitigar futuros riscos para os negócios e tomar atitudes imediatas frente às oportunidades.

De acordo com Michael Andrew, presidente da KPMG International, "estamos vivendo em um mundo com recursos limitados. O rápido crescimento de mercados em desenvolvimento, mudanças climáticas e questões de segurança energética e água estão entre as forças que exercerão enorme pressão sobre os negócios e a sociedade.

Nós sabemos que os governos sozinhos não podem enfrentar esses desafios. As empresas devem assumir um papel de liderança no desenvolvimento de soluções que ajudarão a criar um futuro mais sustentável. Ao alavancar suas capacidades de melhorar os processos, criar eficiências, gerenciar riscos e promover inovação as empresas contribuirão com a sociedade e com o crescimento econômico no longo prazo".

A pesquisa da KPMG considera que os custos ambientais externos (que muitas vezes não são indicados nas demonstrações financeiras, pois seus portadores podem ser indivíduos ou a sociedade como um todo, sendo também geralmente não-monetários e problemáticos para serem quantificados como valores monetários) de 11 setores-chave da indústria subiram 50%, de US$ 566 bilhões para US$ 846 bilhões em oito anos (de 2002 a 2010), duplicando assim em média a cada 14 anos.

O relatório calculou que, se as companhias tivessem que pagar por todo o custo ambiental de sua produção, elas perderiam em média US$ 0,41 a cada US$ 1,00 em ganhos. Yvo de Boer, assessor especial da KPMG Global para assuntos de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade, afirma que as "megaforças" de sustentabilidade global aumentarão, de maneira significativa, a complexidade do ambiente de negócios.

"Sem ação e planejamento estratégicos, os riscos se multiplicarão e serão perdidas oportunidades. As corporações estão reconhecendo que há valor e oportunidade na responsabilidade que vai além dos resultados do próximo trimestre, e que o que é bom para as pessoas e para o planeta também pode ser bom para os resultados no longo prazo e para a geração de valor aos acionistas", avalia Yvo de Boer.

No Brasil, que tem a responsabilidade de organizar a Conferência Rio+20 em junho e é hoje referência mundial em ações de sustentabilidade, o avanço das exigências sobre a atuação responsável e sustentável das empresas tem evoluído significativamente, o que exige grande atenção do mundo corporativo. "O cumprimento dos compromissos assumidos internacionalmente pelo Brasil em relação à construção de condições adequadas para reduzir impactos sobre o meio ambiente certamente terá de contar com a participação ativa e decisiva das empresas brasileiras, e esse será o grande desafio imposto ao mundo corporativo nos próximos anos, que exigirá cada vez mais eficiência na gestão de custos e de processos", explica Sidney Ito, sócio-lider da área de Riscos e de Sustentabilidade da KPMG no Brasil.

John B. Veihmeyer, head da KPMG nas Américas e presidente e CEO da KPMG LLP, dos Estados Unidos, avalia que firma global assumiu um papel de liderança no auxílio às organizações em compreender a oportunidade da equação que envolve a sustentabilidade, e não apenas o risco. "Os clientes da KPMG e outros estão vendo a conexão entre sustentabilidade e resultados financeiros se tornar cada vez mais clara. As companhias que reconhecem as influências externas em suas organizações e as aproveitam como oportunidades estão percebendo uma vantagem competitiva", diz o executivo.

O estudo foi divulgado na abertura do evento KPMG Summit: Business Perspective for Sustainable Growth – Preparing for Rio+20 (Encontro de cúpula da KPMG: Perspectiva de negócios com crescimento sustentável: Preparando-se para a Rio+20), que ocorreu de 14 a 16 de fevereiro, em Nova York (EUA). O evento atraiu mais de 400 líderes empresariais das maiores corporações do mundo, assim como alguns dos principais formuladores de políticas ambientais e foi organizado pela KPMG International em cooperação com o Pacto Global das Nações Unidas (UNGC), o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP).

Mudanças climáticas
Esta deve ser a única "megaforça" global que impacta diretamente sobre as outras. As estimativas de perdas anuais devido às mudanças climáticas variam de 1% ao ano, se ações fortes e imediatas forem tomadas, até 5% ao ano, se os formuladores de políticas não agirem rapidamente.

Energia e combustíveis
Os mercados de combustíveis fósseis tendem a se tornar mais voláteis e imprevisíveis devido: à maior demanda global por energia; a mudanças no padrão geográfico de consumo; às incertezas de fornecimento e consumo; e ao aumento de intervenções regulatórias relacionadas às mudanças climáticas.

Escassez de recursos materiais
Como os países em desenvolvimento se industrializam rapidamente, a demanda global por recursos materiais deve aumentar drasticamente. Os negócios devem enfrentar restrições comerciais crescentes e intensa competição global por uma ampla gama de recursos que se tornam menos disponíveis. A escassez também cria oportunidades para que sejam desenvolvidos materiais substitutos ou para que se recupere materiais a partir de resíduos.

Escassez de água
A previsão é de que, em 2030, a demanda global por água fresca excederá as provisões em 40%. As empresas estarão vulneráveis ao racionamento de água, à queda da qualidade da água, à volatilidade dos preços da água e a riscos de reputação.

Crescimento populacional
A população mundial deve alcançar 8,4 bilhões em 2032. Isto deixará os ecossistemas e o fornecimento de recursos naturais, como comida, água, energia e materiais, sob pressão intensa. Se, por um lado, isto é uma ameaça aos negócios, também há oportunidades de crescimento do comércio, de geração de empregos e de criação de inovações para atender às necessidades de agricultura, saneamento, educação, tecnologia, finanças e saúde das populações crescentes.

Riqueza
Estima-se que a classe média global (definida pela OCDE como indivíduos com rendimento disponível entre US$ 10 e US$ 100 per capita ao dia) cresça 172% entre 2010 e 2030. O desafio para as empresas é atender a este novo mercado de classe média em uma época em que os recursos tendem a ser mais escassos e voláteis. As vantagens da "mão de obra barata", que muitas companhias experimentaram nas nações em desenvolvimento nas últimas duas décadas, tendem a ser corroídas pelo crescimento e o poder da classe média global.

Urbanização
Em 2009, pela primeira vez, um maior número de pessoas vivia em cidades do que no campo. Até 2030, todas as regiões em desenvolvimento, incluindo a Ásia e a África, devem ter a maioria de seus habitantes vivendo em áreas urbanas. Praticamente todo o crescimento populacional, nos próximos 30 anos, será nas cidades. Estas cidades exigirão melhorias extensas na infraestrutura, incluindo construção, fornecimento de água e saneamento, eletricidade, gestão de resíduos, transporte, saúde, segurança pública e conectividade de internet e telefonia.

Segurança alimentar
Nas próximas duas décadas, o sistema global de produção de alimentos estará sob crescente pressão das "megaforças", incluindo o crescimento populacional, escassez de água e desmatamento. Os preços globais de alimentos devem aumentar de 70% a 90% até 2030. Em regiões com escassez de água, os produtores agrícolas provavelmente terão que competir por provisões com outras indústrias que exigem muita água, como utilidades elétricas e mineração, e com consumidores. Será necessária uma intervenção para reverter o crescimento da escassez localizada de alimentos (o número de pessoas cronicamente subnutridas subiu de 842 milhões, no final dos anos 1990, para mais de 1 bilhão, em 2009).

Declínio do ecossistema
Historicamente, o principal risco para os negócios no declínio dos serviços de biodiversidade e ecossistema tem sido a reputação das corporações. No entanto, como ecossistemas globais mostram crescentes sinais de colapso e estresse, um número maior de companhias está percebendo o quanto suas operações dependem dos serviços críticos que estes ecossistemas fornecem. O declínio dos ecossistemas está tornando os recursos naturais mais escassos, mais caros e menos diversificados, aumentando os custos da água e intensificando o dano causado por espécies invasivas em setores como agricultura, pesca, alimentação e bebidas, medicamentos e turismo.

Desmatamento
Florestas são grandes negócios: produtos de madeira movimentaram US$ 100 bilhões por ano entre 2003 e 2007, e o valor de outros produtos derivados das florestas, em sua maioria alimentos, foi estimado em US$ 18,5 bilhões em 2005. No entanto, a OCDE prevê que as áreas florestais irão diminuir 13% globalmente, entre 2005 e 2030, principalmente no sul da Ásia e da África. A indústria madeireira e as indústrias de derivados, como papel e celulose, estão vulneráveis a uma potencial regulamentação para reduzir ou reverter o desmatamento. As companhias também podem vir a perceber que estão sob crescente pressão de clientes para provar que seus produtos são sustentáveis pelo uso de padrões de certificação. Oportunidades de negócios devem surgir a partir do desenvolvimento de mecanismos de mercado e incentivos econômicos para reduzir o desmatamento.

Fonte: Por Redação, www.administradores.com.br

sábado, 17 de março de 2012

Investigação descobre fraude da blogueira cubana Yoani Sánchez

Velha opositora do governo cubano, a blogueira Yoani Sánchez teve um dos seus truques revelados pelo jornalista francês Salim Lamrani. De acordo com uma investigação conduzida por ele, o perfil de Yoani Sánchez no Twitter é artificialmente "bombado" por milhares de perfis falsos.

Generación Y
Sob o nome de Generación Y, o mesmo do blog que a deixou famosa, o perfil de Yoani no microblog tem 214 mil seguidores. Considerada pela mídia estrangeira como "influente", ela é seguida por apenas 32 cubanos. Mas as estranhezas não param por aí.

Super-seguidora
Yoani segue 80 mil pessoas no Twitter, um número completamente descabido. Conforme Salim Lamrani apurou, a blogueira cubana usa sites de troca de seguidores para aumentá-los e parecer mais popular na internet. Em troca de receber novos usuários, ela precisa segui-los. Daí a razão para seguir 80 mil perfis no Twitter.

Super-seguidora II
A fraude da cubana não para por aí. Do total, cerca de 47 mil seguidores do Yoani são falsos. São usuários que não são seguidos por ninguém, não seguem ninguém mais exceto a própria blogueira e sequer têm fotos de perfil.

O medo chama
Vazamentos recentes do Wikileaks indicam que o sucesso de Yoani na internet também tem o dedo do governo norte-americano. Nas correspondências, funcionários do governo americano mostram preocupação com as mensagens pessoais da blogueiras, que poderiam comprometê-la internacionalmente.

Escândalo abafado
A cubana, aliás, protagonizou um dos momentos mais pitorescos da imprensa internacional nos últimos anos. Ela convocou vários jornalistas para uma coletiva de imprensa na qual explicaria um suposto sequestro seguido de espancamento em público. Os agressores seriam integrantes do governo de Fidel Castro.

Só que Yoani apareceu na coletiva sem qualquer traço de agressão no corpo, não soube explicar como as manchas sumiram num intervalo de 24 horas e não apresentou qualquer testemunha.

Fonte:por Jorge Lourenço Jornal do Brasil

Grande Mídia, o direito de resposta não é censura, é conquista !

"É censura, é censura", saíram gritando todos ao mesmo tempo os blogueiros amestrados do Instituto Millenium (entidade criada pelos velhos donos da mídia para defender seus interesses em nome da liberdade de expressão), assim que a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou na tarde de quarta-feira o projeto que regulamenta o direito de resposta na imprensa.

Querem deliberadamente confundir a opinião pública para defender seus privilégios e a impunidade dos crimes que cometem contra a "honra, intimidade, reputação, conceito, nome, marca ou imagem", como está previsto no texto do projeto aprovado no Senado, que agora deve seguir para a Câmara.

Censura é proibir previamente algum veículo de publicar determinada notícia. O projeto não proíbe ninguém de coisa alguma. Ao contrário, estabelece regras para a publicação do outro lado da notícia, após a sua divulgação.

Direito de resposta é uma conquista democrática para que as pessoas ou entidades que se sintam ofendidas por determinado veículo de imprensa possam recorrer à Justiça e haja prazos determinados para a reparação dos danos causados pela publicação.

Desde a revogação da Lei de Imprensa pelo Supremo Tribunal Federal, em 2009, uma providência defendida por todos os democratas, a verdade é que não foram definidas outras regras para a aplicação do direito de resposta previsto na Constituição Federal.

A comunicação social virou uma terra de ninguém, em que conceder ou não o direito de resposta depende da boa vontade dos editores, e a Justiça, quando acionada, sem prazos a respeitar, demora uma eternidade para decidir, muitas vezes quando o ofendido já não está mais entre nós.

Agora, o projeto aprovado no Senado concede 60 dias após a publicação da matéria para apresentarmos o pedido de direito de resposta; o veículo de imprensa tem sete dias para responder e, se não aceitá-lo, a Justiça será acionada, tendo 30 dias para decidir sobre a ação.

Desta forma, a sociedade democrática conquistou o direito de se defender dos abusos do poder ilimitado da imprensa. Esta regra já existe há séculos e é respeitada nos países civilizados, sem qualquer ameaça à liberdade de expressão.

Como jornalista, que começou a trabalhar em 1964, o ano do golpe, sempre lutei pela liberdade de imprensa, desde os tempos em que este direito não existia no país, e os mesmos veículos que hoje falam em nome dela no Instituto Millenium apoiavam o regime militar que instituiu a censura prévia no Brasil.

O que não posso defender é a impunidade de assassinos de reputações, veículos e jornalistas que se aproveitam destes tempos de plena liberdade para desrespeitar diariamente os princípios básicos da profissão e a honra alheia.

Fonte: por Ricardo Kotscho http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/

sexta-feira, 16 de março de 2012

Morre Aziz Ab'Saber, um dos mais importantes geógrafos do país

O geógrafo Aziz Ab'Saber morreu às 10h20 de hoje (16), segundo informou a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), entidade da qual foi presidente e era conselheiro. Aos 87 anos, Ab'Saber desenvolvia até ontem (15) trabalhos no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP). O acadêmico morreu na casa dele, em Cotia (SP). O local e o horário do sepultamento ainda não foram definidos pela família, que aguarda a liberação do corpo pelo Instituto Médico-Legal.

Professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, foi premiado diversas vezes. Em 1997 e 2005, ganhou o Prêmio Jabuti na categoria ciências humanas e, em 2007, na de ciências exatas. Em 2001, foi agraciado com o Prêmio para Ciência e Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Também recebu o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia (1999), concedido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.

Atento aos temas em discussão no país, defendia causas ambientalistas e era um dos críticos do texto do novo Código Florestal, em discussão no Congresso, por não considerar as diferenças físicas e ecológicas nas diversas regiões brasileiras.

Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 15 de março de 2012

Profissões ligadas à saúde, qualidade de vida e negócios devem crescer no Brasil

Baseada em uma recente previsão do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, que informou as dez profissões que devem ter demanda significativa até 2020, a Caliper Estratégias Humanas resolveu divulgar suas projeções para o Brasil.

De acordo com a consultoria, assim como nos Estados Unidos, as profissões ligadas à saúde, à qualidade de vida e aos negócios deverão ser as mais promissoras nos próximos oito anos no Brasil, por conta do momento econômico próspero e do aumento da qualidade de vida da população.

"O fato da população estar envelhecendo eleva a importância de profissionais ligados às áreas de saúde e de qualidade de vida”, explica a consultora de desenvolvimento organizacional da Caliper Brasil, Lilian Mary Gonçalves.

Para ela, o Brasil ainda terá um impulso extra com a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, já que tais eventos deverão favorecer determinadas carreiras, mais especificamente as de organizador de eventos, intérprete e tradutor.

Entretenimento em alta
Outras profissões que deverão estar em alta nos próximos anos serão as relacionadas ao entretenimento. Ao menos é isso o que aponta a consultora.

"O envelhecimento da população e a aposentaria de boa parte dela farão com que muitas pessoas tenham mais tempo livre para se divertir. Além disso, a Copa e a Olimpíada darão a oportunidade da profissionalização do turismo no País, o que também movimentará o mercado do entretenimento", pontua.

Bom atendimento
Em ascensão também estarão as áreas que exigem dos profissionais certa habilidade no atendimento e na resolução de problemas. Para quem não sabe, a competência de atendimento costuma se manifestar principalmente em carreiras relacionadas à saúde e qualidade de vida, que requerem uma postura prestativa, relacionada a pessoas que se preocupam em ajudar e servir.

Já o perfil de negócios é um tanto quanto diferente.

Segundo a especialista, nesta categoria, o profissional precisa ser mais analítico, devendo contextualizar as situações, ter uma visão sistêmica e ainda perceber o ambiente de forma estratégica.

terça-feira, 13 de março de 2012

Moralismo ou monetarismo?

Talvez seja hora de recordar por que alguns países europeus decidiram construir uma Comunidade Econômica (a CEE) com o objetivo principal de induzir Estados soberanos a resolverem seus problemas usando a negociação e não a guerra.

Levando ao limite a simplificação histórica, esses Estados foram produzidos pelo próprio comportamento do homem: um animal gregário (quem não é meu é inimigo) e territorial (o que é meu é só meu), limitado pela finitude dos recursos do território que conseguiu ocupar e assegurar para si. Cada um se contrapõe a todos os outros.

Felizmente, nesse mundo selvagem parece que há um processo que vai suavizando essa barbárie. Os próprios Estados soberanos vão apreendendo suas vantagens. A mobilização de sua cooperação interna (produto da evolução genética e cultural), quando estendida aos "vizinhos" por meio da negociação e não da guerra para o uso dos recursos naturais finitos de ambos, é mais eficiente e menos custosa. A grande lição que restou da construção de um continente com mil anos de guerra é que os próprios recursos para realizá-la são finitos e a arbitragem militar nunca leva à paz perpétua...


No fim da Segunda Guerra Mundial (a terceira de proporções catastróficas em um século, se incluirmos a franco-alemã de 1870), vencedores e vencidos começaram a entender que esse movimento sem fim, alimentado pelo desejo de vingança dos últimos e pela arrogância dos primeiros, só terminaria se fosse, de fato, construída uma Europa comum a todos.

Seu principal articulador foi o francês Jean Monet, com o apoio decisivo de dois grandes estadistas, Konrad Adenauer e Alcide De Gaspari, a partir de uma ideia que já está em Adam Smith: o comércio e as trocas dispensam as guerras, pois os recursos raros podem ser trocados em benefício de todos.

É óbvio que essa construção implica a cessão de parte da soberania de cada Estado em benefício do conjunto, uma ideia difícil de ser digerida. A teoria então vigente - "a soberania não se partilha, não se negocia. Ela se afirma" - implicava o eterno retorno da arbitragem pela força. Diante desse impasse, a sugestão implícita no pensamento de seus construtores seria dividir a soberania. Uma parte "nobre e sagrada", que diz respeito à defesa nacional, às relações internacionais etc. permaneceria intocável. Não havia razão, porém, para incluir entre elas questões puramente técnicas, como, por exemplo, a produção coordenada de carvão e de aço.

Nasceu, assim, por iniciativa de Robert Schuman, a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca) em 1957, que estabeleceu a cooperação franco-alemã. No mesmo ano, foi assinado o Tratado de Roma, onde se lançaram, de fato, as bases iniciais da Comunidade Econômica Europeia (CEE), que incluía a República Federal da Alemanha, a França, a Itália e o Benelux.

A partir daí, a CEE começou a se expandir. Em 1973, entram o Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca; em 1981, a Espanha; em 1986, Portugal. Neste mesmo ano, assinou-se o chamado "Ato Único", que estabeleceu a criação de um mercado comum que entraria em vigor em 1º de janeiro de 1993, juntamente com o Tratado de Maastricht, assinado em 1992.

Esse estabeleceu uma certa ordem fiscal que deveria ser obedecida por todos os membros: um déficit fiscal estrutural máximo de 0,5%, administrativa e perigosamente transformado num déficit fiscal inferior a 3% e o compromisso de reduzir a relação dívida bruta/PIB para 60%.

Em 1994, criou-se o Instituto Monetário Europeu, mencionado no Tratado de Maastricht, que preparou a introdução da moeda única, o euro, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 1999. Com relação a ele foram fixadas de forma definitiva e irretratável todas as taxas de câmbio das antigas moedas nacionais.

Hoje, 17 países têm o euro como moeda. Com todos os seus problemas e dificuldades pontuais, a CEE é um espaço onde vigem os mesmos procedimentos: a livre circulação de bens e serviços, dos capitais e dos homens, políticas aduaneiras e tarifárias comuns, o que seguramente não é tudo, mas não é pouco.

Um aspecto pouco mencionado na construção da CEE é que cada decisão importante, que leva à maior cooperação entre os países, deve ser compatível com suas Constituições e deve ser aprovada pelos seus Parlamentos. A lamentável sugestão do ministro de Finanças da Alemanha, que pediu o adiamento das eleições gregas e a entrega do poder a burocratas gregos controlados pelos burocratas da "troika" de Bruxelas (CCE), de Frankfurt (Banco Central Europeu) e Washington (FMI), mostra a distância entre a visão política medíocre da atual administração alemã e a grandeza de um Helmut Kohl...

Mais triste, ainda, é a falta de reconhecimento que a estúpida punição germânica, que se tenta impor aos gregos para "purificá-los de suas extravagâncias dionísicas", é ditada por um cínico moralismo apoiado numa falsa teoria econômica. O problema é que ela está pondo em risco a mais brilhante construção política e civilizatória do século XX.

Por Antonio Delfim Netto - professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento.

Fonte:http://www.valor.com.br/

segunda-feira, 12 de março de 2012

Desenvolvimentismo, Estado-Nação e o resgate da política

Esta semana o governo deve anunciar uma série de medidas destinadas a proteger e impulsionar a indústria brasileira, cuja participação no PIB definha: caiu de 16,5% para algo como 14,3% entre 2010 e 2011; no final dos anos 90 essa fatia correspondia a 30% do PIB.

As causas desse declínio são objeto de debate entre correntes distintas do pensamento econômico. Grosso modo, neoliberais apontam o 'custo Brasil' como origem da falta de competitividade do manufaturado brasileiro. Para superar o estrangulamento industrial seria necessário, prioritariamente, segundo os expoentes desse credo, melhorar a infraestrutura do país, reduzir impostos (leia-se cortar gastos públicos e recuar o papel do Estado na economia) , bem como promover uma reforma trabalhista para cortar direitos e despesas da folha. O conjunto seria arrematado com u a queda dos juros (de novo, só possível, de acordo com essa visão, se o setor público reduzir a participação no mercado financeiro como tomador).

A escola de pensamento heterodoxa, a exemplo da esquerda, concorda que a infraestrutura do país precisa ser fortalecida e prescreve pesados investimentos públicos nessa direção, a exemplo do que se faz parcialmente com o PAC. Mas diverge que seja esse o ponto de urgência imediata. O torniquete a desatar imediatamente, no seu entender, seria a combinação perversa de desequilíbrio cambial e monetário (leia-se a endogamia entre juros altos e câmbio valorizado) que transformou o país num grande ralo do excesso de liquidez mundial. Essa drenagem indigesta desequilibra o câmbio e sufoca a indústria em duas frentes: pela concorrência devastadora dos bens importados e, simultaneamente, pela anemia exportadora da cadeia de manufaturados.

Em apenas seis anos, a balança comercial de manufaturados saiu de um superávit de US$ 5 bi, em 2006, para um déficit de US$ 92 bi em 2011.

O quadro tende a se agravar. O 'tsunami de liquidez', denunciado pela Presidenta Dilma Rousseff, forma por enquanto apenas as suas primeiras marolas nas praias tropicais. Teme-se que a 'solução' do impasse grego encoraje bancos e especuladores em geral a sacarem, a partir de agora e em ritmo crescente, a chuva de dinheiro barato que receberam das autoridades monetárias de seus países. Por enquanto, esse oceano da ordem de cinco trilhões de euros empoçado na zona do euro, por exemplo, está guardado nos diques do próprio BCE. Ao ser liberado, formará um jorro devastador em busca de operações lucrativas nos mercados ditos emergentes.

O debate sobre o que fazer guarda aparência técnica e não raro é tratado de forma tecnocrática, à direita mas também por setores da própria esquerda. Na realidade, porém, sua essência é visceralmente política.

A grande interrogação é saber se os Estados nacionais, amarrotados e jogados no fundo da gaveta da história pelo vagalhão neoliberal das últimas décadas tem sobrevida e nervura política para liderar a resistência ao imperialismo monetário emitido das burras dos mercados ricos, em benefício de seus bancos, do seu mercado de trabalho, dos fundos especulativos e corporações.

A dúvida remete a um subtexto de debate que de alguma forma já se trava na academia: existe desenvolvimentismo possível no mundo pós-neoliberal?

Um texto provocativo de autoria do professor José Luís Fiori sugere que não. Mas mereceu reparos no blog do economista Fernando Nogueira da Costa, professor da Unicamp, vice presidente da Caixa Economica Federal no governo Lula (2003-2007). As observações de Nogueira da Costa levantam questões interessantes para um debate necessário e oportuno. Outro contraponto provocativo vem do economista norte-americano Dani Rodrik que, recentemente, em artigo publicado no site Syndicate, defendeu a urgência de se retomar a agenda do Estado nação como única alternativa concreta à desordem gerada pela crise neoliberal.

Viável ou não, a retomada da agenda desenvolvimentista e o resgate do Estado-nação refletem uma tarefa incontornável, em relação à qual boa parte do pensamento progressista não alimenta dúvidas: é preciso repor a supremacia da política e da democracia sobre a hegemonia dos mercados e das finanças desreguladas.

Fonte: Saul Leblon Agência Carta Maior

domingo, 11 de março de 2012

Islândia inicia o julgamento do neoliberalismo

Geir Haarde, primeiro ministro da Islândia em 2008, quando se deu a derrocada bancária no país, está sendo julgado por um tribunal especial. No banco dos réus, pela primeira vez, a política neoliberal que originou a bancarrota. Juízes e 60 testemunhas têm refletido durante o julgamento – que está sendo seguido por milhares de islandeses através da internet – sobre as causas de uma situação que não surgiu em 2008 por geração espontânea mas sim pela deriva neoliberal a que o governo sujeitou o país.

Esquerda.net

Durante o governo de coligação direitista e social democrata de Geir Haarde, os bancos faliram, a economia entrou em colapso. Mais do que julgar o homem que à frente do governo não conseguiu evitar a dramática situação no pequeno país, os juízes tentam apurar o que se passou e as circunstâncias que provocaram a crise. O tribunal considera que não é possível responsabilizar unicamente o ex-primeiro ministro pelo que se passou.

Da sua acusação constam o fato de não ter feito nada para evitar a debandada dos estabelecimentos financeiros, de não ter feito com que o banco online Icesave tivesse o estatuto de filial britânica, o que teria permitido transferir o problema da falência para Londres e evitado ao país a realização de dois referendos e a decisão dos islandeses de se recusarem a pagar por dívidas que não são suas. Este problema está atualmente no Tribunal Europeu de Justiça.

Juízes e cerca de 60 testemunhas têm refletido durante o julgamento – que não é transmitido ao vivo pela TV mas que está sendo seguido por milhares de islandeses através da internet – sobre as causas de uma situação que não surgiu em 2008 por geração espontânea mas sim pela deriva neoliberal a que o governo sujeitou o país.

Em causa estão, principalmente, a privatização das quotas de pesca que proporcionou aos armadores fortunas incalculáveis, um investimento em cascata no estrangeiro, quase sempre com maus resultados, uma privatização desastrosa dos bancos feita frequentemente segundo métodos corruptos e de clientelismo. A este processo seguiu-se uma onda de concessão de créditos bancários sem critérios nem garantias proporcionando, à escala do país, problemas semelhantes aos que se registaram nos Estados Unidos com a bolha imobiliária e o subprime.

Nesta fase, os bancos concederam um volume global de crédito que superou em 11 vezes o PIB islandês; quando o primeiro ministro decretou a sua falência era impossível salvá-los. Além disso, os islandeses não o permitiram e recusaram-se a assumir as dívidas alheias.

A resposta dos islandeses à crise não alinhou pelos caminhos impostos pela União Europeia aos Estados membros, pelo que hoje a Islândia, apesar de sofrer os efeitos de uma forte austeridade econômica e de uma acentuada quebra no consumo, conseguiu salvaguardar o Estado social, o desemprego está em sete por cento e as entidades patronais não foram além de limitar o trabalho extraordinário para conseguirem evitar os despedimentos.

Geir Haarde, político direitista e considerado um fundamentalista neoliberal, tem 64 anos e abandonou a carreira política. Incorre numa pena de dois anos de prisão. Mais do que um chefe de governo incapaz de dirigir o país – é a acusação a que corresponderá a pena que vier a ser aplicada – no banco dos réus está a política neoliberal.

Fonte: Por Webster Franklin Da Carta Maior - (*) Artigo publicado no portal do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu

Soldado americano mata 16 civis no Afeganistão

Um soldado americano matou 16 civis ao sair de sua base e abrir fogo contra afegãos na província de Kandahar, reduto talibã no sul do Afeganistão, indicaram neste domingo autoridades e um jornalista da AFP.

"Eu entrei em três casas e contei 16 mortos, incluindo crianças, mulheres e idosos", disse o jornalista da AFP. "Em uma casa, havia dez pessoas, entre elas mulheres e crianças, que haviam sido mortas e queimadas em um cômodo. Uma outra mulher estava caída, morta, na entrada da casa", contou.

"Vi pelo menos duas crianças, de 2 ou 3 anos, que estavam queimadas", afirmou o correspondente da AFP. "Em uma outra casa", situada em uma segunda aldeia, "quatro pessoas estavam mortas. Vi seus corpos caídos em um cômodo. Havia dois homens idosos, uma criança e uma mulher", narrou o jornalista da AFP, que também viu outro cadáver em uma terceira casa.

"Minha casa foi atacada. Perdi quatro membros da minha família", declarou Haji Sayed Khan, enquanto Haji Samad indicava que membros de sua família também haviam sido mortos.

A Isaf, força armada da Otan, reconheceu em um comunicado transmitido por volta das 16h00 locais, ou seja, 13 horas depois dos fatos, a existência de mortos civis afegãos.

Neste domingo, por volta das 03h00 da manhã (sábado às 20h30 de Brasília), "um soldado deixou sua base e começou a atirar. (Depois) ele voltou e foi colocado em detenção", indicou uma autoridade ocidental.

"Um militar americano foi detido devido ao incidente que deixou vítimas civis", indicou a Isaf em um comunicado, indicando que "lamenta profundamente o incidente".

Fonte: blog do Nassif

quinta-feira, 8 de março de 2012

As taxas médias de crescimento do PIB brasileiro

Quadro Demonstrativo XI - Taxa Média/Ano de Crescimento Econômico Real Relativo ao Período de 1964 a 2011 em Percentuais do PIB - Fonte de Consulta IBGE.

Períodos - Média/Ano

1964/84 - 6,29

1985/89 - 4,39

1990/94 - 1,24

1995/02 - 2,31

2003/10 - 4,06

2011 - 2,70

1 – Nos 21 anos dos governos militares, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 6,29% ao ano.

2 – Nos 5 anos do governo Sarney, com moratória internacional e hiperinflação, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 4,39% ao ano.

3 – Nos 5 anos dos governos Collor e Itamar, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 1,24% ao ano.

4 – Nos 8 anos do governo FHC, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 2,31% ao ano.

5 – Nos 8 anos do governo Lula, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 4,06% ao ano.

6 – No primeiro ano do governo Dilma (2011) o Brasil teve um crescimento econômico de 2,70%.

Fonte: blog do Nassif

2011 Crescimento é adequado; câmbio é que preocupa

Há uma chuva de análises críticas relativas ao “baixo” crescimento do Brasil no ano passado. O país cresceu 2,7% sobre 2010, chegando o PIB a impressionantes 2,4 trilhões de dólares. Para que se possa mensurar com serenidade e de forma realista o salto que a economia brasileira experimentou na última década, portanto, há que fazer algumas comparações.

Em 2002, o PIB do Brasil somava R$ 1,4 trilhões. No primeiro semestre daquele ano, a cotação média do dólar foi de R$ 2,44. Com o início do processo eleitoral, a cotação disparou até alcançar R$ 3,81 no segundo semestre. Se considerarmos uma taxa média de R$ 3,12 por dólar, portanto, o PIB brasileiro, há dez anos, foi de US$ 448 bilhões.

Enquanto o PIB brasileiro triplicou (em reais) em nove anos (2002-2011), o dos Estados Unidos passou de US$ 11, 2 trilhões em 2002 para US$ 13,3 trilhões em 2011. O PIB nacional, que em 2002 equivalia a 4% do PIB americano, hoje equivale a 18%.

Alguns dirão que a taxa do dólar sofreu valorização exagerada em 2002 por uma questão política, portanto conjuntural. Mas mesmo usando a taxa de R$ 2,44 o máximo que conseguiremos será elevar o PIB brasileiro em dólar, naquele ano, a US$ 573 bilhões, o que muda pouca coisa, pois passaria a meros 5% do PIB americano.

Por qualquer critério, o Brasil cresceu consistentemente e os Estados Unidos, praticamente nada.

De qualquer maneira, o crescimento sólido do Brasil entre 2003 e 2011 trouxe bem menos resultado para a sociedade do que se pensa. O índice de Gini (que mede a desigualdade de renda) foi de 0,587 em 2002 e, em 2011, chegou a 0,51. Ainda assim, foi a maior queda de concentração de renda da história do país.

Contudo, se compararmos o crescimento do PIB com a redução da desigualdade, constataremos que enquanto o primeiro cresceu quase 300% (em reais), a segunda caiu míseros 13%. E o que é mais: a queda da concentração de renda não ocorreu exatamente devido ao crescimento do PIB, mas muito mais por ação de políticas sociais do governo federal.

Some-se a isso o fato de que crescimento muito acelerado em um país com taxa de investimento baixa como ainda foi a do Brasil em 2011 – de 18,7% do PIB, enquanto que, em 2002, foi de 16,4% – gera descontrole inflacionário. Para atingir patamar mais acelerado teríamos que chegar a taxa de investimento de pelo menos 25% do PIB, o que a presidente Dilma havia prometido para 2014, mas que dificilmente ocorrerá.

Os efeitos inconvenientes do crescimento acelerado de 2010, que chegou a quase 8%, puderam ser sentidos. De imóveis a alimentos, os preços dispararam. Ainda que a massa salarial e a renda das famílias tenham crescido fortemente no período e gerado sensação de enriquecimento entre a população, a inflação já começava a sair de controle, tendo sido necessário o freio de arrumação de 2010 e 2011, logrado via política monetária restritiva (aumento dos juros), principalmente.

Ou seja: o Brasil ainda sofre da velha síndrome do cobertor curto. Concentrar a gritaria na taxa de crescimento do PIB, portanto, é absolutamente inútil, servindo apenas para a velha luta política do conclave oposicionista-midiático. O governo teria que ser cobrado para aumentar a taxa de investimento, isso sim.

Enquanto ficamos discutindo o menor dos nossos problemas (a taxa de crescimento), o que vai se tornando uma bomba relógio é o câmbio. Nesse aspecto, o governo Dilma incorre no mesmo erro fatal que afundou o governo Fernando Henrique Cardoso.

Por medo de tomar as medidas necessárias para desvalorizar o real, FHC deixou a bomba explodir. Hoje, ainda que a situação seja muito mais suportável devido às políticas públicas que nos permitiram acumular reservas em dólares exponencialmente maiores do que há uma década, o balanço de pagamentos (diferença entre a entrada e saída de dólares do país) segue piorando.

O governo empurra o problema, esperneia contra a inundação do mundo com dólares e euros que as potências promovem, mas não se mexe, não toma uma atitude. O resultado vem sendo um processo lento, gradual e seguro de desindustrialização, com migração de empregos da indústria para o setor de serviços, mantendo tendência da era FHC.

É certo que não se sabe direito o que fazer para combater uma valorização do real que nos coloca sentados sobre uma bomba-relógio, mas algo tem que ser feito. Se não dá para chegar a um acordo com as potências, que tratam de adotar políticas para desvalorizar as suas moedas de forma a exportarem mais e se safarem da crise interminável em que se meteram, temos que agir unilateralmente.

No limite, se não houver bom senso dos países industrializados, teremos que fazer como a China e estabelecer uma taxa de câmbio condizente com as nossas necessidades. Isso, porém, geraria um problema político sério, pois desvalorizar o real produziria considerável queda na sensação de bem-estar da população.

A verdade verdadeira, portanto, é a seguinte: FHC deixou a bomba estourar com medo de acordar os brasileiros do sonho de riqueza e o governo Dilma está seguindo a mesma rota suicida que em algum momento nos obrigará a pagar o preço, bastando que as commodities (produtos básicos) entrem em baixa, o que geraria o temível déficit na balança comercial.

Fonte: por Eduardo Guimarães - http://www.blogcidadania.com.br

quarta-feira, 7 de março de 2012

Preço: a arma nuclear do marketing

Quando o mercado está acirrado como hoje e as vendas estão nulas, ou mesmo caindo, muitos marqueteiros veem a redução dos preços como uma escolha fácil e reversível. Porém, o que parece uma opção estratégica rápida e de curto prazo, pode ter consequências devastadoras no longo prazo. Um corte nos preços pode diminuir o valor adquirido dos produtos e serviços, depreciar a marca ou até mesmo desencadear uma guerra de preços.

Cortar preços não é o mesmo que ter uma estratégia de marketing. Reduzir o preço é um pouco como disparar uma arma nuclear – uma vez que, apertado o botão, não há como voltar atrás. Nem todos vão concordar, é claro. Para muitas empresas, é a única opção de sobrevivência ao lidar com uma concorrência maior, ciclos de vida de produto mais curtos, menor diferenciação de produto, clientes mais inteligentes, mais marcas privadas e um crescente segmento baseado no valor recebido pelo dinheiro pago.

As empresas podem também considerar uma redução de preço se a moeda de seu mercado interno estiver em processo de valorização, podendo tornar seus produtos e serviços menos competitivos. Temos visto isso ao longo dos últimos anos na Suíça, onde a ascensão do franco suíço encareceu os produtos de empresas locais e alguns prestadores de serviços em cerca 20 a 25% em relação aos seus concorrentes europeus ou americanos.
No entanto, é normalmente mais sensato oferecer mais ao cliente do que baratear sua proposição de valor, pois o objetivo do preço é refletir o valor de um produto ou serviço. Ao reduzir preços, marqueteiros muitas vezes anulam todo o trabalho árduo que foi feito na criação de valor aos olhos de seus clientes.

Por que tantos marqueteiros estão se comportando assim? Há duas razões principais. Primeiro, o preço é uma decisão que pode ser tomada de forma relativamente rápida – você pode decidir diminui-lo em 20% amanhã. Agora, repensar seu produto, serviço, comunicação ou distribuição leva muito mais tempo.

Segundo, a redução de preços parece uma opção barata. Se você considerar os "quatro Ps" do mix de marketing – produto, praça (distribuição), promoção (comunicação) e preço – o preço é o único que não gera dinheiro.

Portanto, sua redução deveria ser considerada por último. O corte de preços é quase sempre um processo complexo. Como definir o preço? Quando uma empresa deveria alterar seus preços? Deve procurar seguir ou liderar? E deveria reduzir no geral ou apenas em determinados produtos e segmentos? Em mercados maduros, sabemos que o consumidor atual normalmente quer o melhor produto, ou o mais barato, então não sobra muito espaço no meio.

Também é difícil reverter a redução porque muitas vezes seus concorrentes tendem a diminuir seus próprios preços como resposta. Daí a minha analogia das armas nucleares: uma vez reduzido seu preço, é difícil voltar atrás.

Então, o que as empresas podem fazer?

Há muitas alternativas, todas ligadas à agregação de valor ao consumidor ou cliente. A primeira é repensar sua proposta de valor, oferecendo mais pelo mesmo preço. Pode ser algo que custe relativamente pouco, mas que provoca um impacto significativo para o cliente. As montadoras podem aumentar suas garantias, fabricantes de chocolate podem vender pacotes de 25 em vez de 20, ou empresas de treinamento podem oferecer uma sessão gratuita ao cliente. O importante é pensar em termos de valor para o cliente.

A segunda é repensar sua segmentação e portfólio de marca de modo a visar mais clientes. Porque um único produto/oferta não agrada a todo mundo. É por isso que um grande fabricante de pneus, como a Michelin, trabalha com várias marcas: de pneus premium Goodrich ­– para carros esportivos – à marcas de varejo – para consumidores sensíveis a preço, no Wal-Mart ou Norauto. Da mesma forma, a Singapore Airlines tem três marcas diferentes (Singapore Airlines, Virgin Airlines e Tiger Airways) para cuidar de três segmentos de preço diferentes.

Terceiro, as empresas devem reconsiderar sua estratégia de comunicação para aumentar a oferta e tornar o produto ou serviço mais conhecidos para clientes potenciais. Gastos em marketing e publicidade muitas vezes sofrem uma queda quando a economia não vai bem. Mas isso é um contra-senso, pois é exatamente quando as condições do mercado estão desfavoráveis que você precisa de ideias novas. O guru da publicidade David Ogilvy disse: "Quando o momento está bom, você anuncia; e quando está ruim, você deve anunciar". Infelizmente, a maioria das empresas faz o contrário – quando o momento está bom, elas gastam; e quando está ruim, cortam tudo.

Por fim, use o bom senso e reveja seus custos. Não estou sugerindo que você deva, necessariamente, reduzir seus custos ao demitir funcionários. Sugiro que você repense sua equação de custo. Isso já é uma rotina empresarial e deve passar a ser uma prática diária. Ainda cabe analisar seu orçamento detalhadamente, visando encontrar algum excesso de gordura para cortar. Só depois de passar por estas quatro etapas é que as empresas deveriam decidir, relutantemente, que não há outra escolha senão reduzir seus preços. Porém, em minha opinião, esta deve ser a última alternativa, porque competir em preço é sempre muito arriscado!

Fonte: http://www.administradores.com.br texto de Dominique Turpin – é presidente do IMD (Suíça). Ele co-dirige o programa Orchestrating Winning Performance (OWP), considerado o principal de formação e atualização para líderes de empresas, atraindo centenas de executivos de todo mundo.

terça-feira, 6 de março de 2012

RS não renovará contratos com concessionárias de pedágios

Em 2013 terminam os contratos das concessionárias que administram sete polos de pedágios no Rio Grande do Sul, cedidos à iniciativa privada desde 1998. São 1,8 mil km de rodovias pedagiadas, dos quais a Univias – através das empresas Metrovias, Sulvias e Convias – administra 1000 km.

Apesar das conversas que o governo do Estado vem mantendo com a Univias, o secretário Estadual de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque (PSB), garante que não haverá renovação dos contratos – conforme prometeu o governador Tarso Genro (PT) durante a campanha eleitoral. “Não existe possibilidade de se prorrogar os atuais contratos. Se alguém sonhou com isso, perdeu tempo”, assegura o socialista.

Nesta entrevista ao Sul21, Beto detalha os estudos para a elaboração de um novo modelo de adminsitração dos pedágios no Estado, explica como estão sendo conduzidos os editais para novas concessções nas rodoviárias gaúchas e avalia a situação do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), fruto de investigações por uma força-tarefa dos órgãos públicos no ano passado.

O secretário de Infraestrutura ainda comenta as eleições municipais deste ano em Porto Alegre. Filiado ao PSB e com uma expressiva votação nas eleições que disputou, Beto e seu partido apoiarão a pré-candidata do PcdoB, a deputada federal Manuela D’Ávila. “Temos lutado por abrir nosso espaço político nesse campo da esquerda”, considera.

“Vamos avaliar a possibilidade de entregarmos as rodovias federais. Quando acabar os atuais contratos, o governo federal receberá as BRs de volta e fará com elas o que quiser”

observação: veja a entrevista acessando http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/rs-nao-renovara-contratos-com-concessionarias-de-pedagios

Fonte: por RS 21 blog do Nassif

segunda-feira, 5 de março de 2012

Demóstenes Torres desapareceu da mídia

Nenhuma manchete na Folha ou no Estadão. Nenhum comentário no Jornal Nacional da TV Globo. Nenhuma chamada de capa na Veja. Mistério! Será que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), assíduo frequentador da mídia nativa, morreu ou encontra-se desaparecido? Como “paladino da ética”, o líder dos demos não tem nada a falar sobre a Operação Monte Carlo da Polícia Federal?

Na quarta-feira passada, agentes da PF efetuaram a prisão de Carlos Augusto Ramos, o famoso Carlinhos Cachoeira. Um dos maiores mafiosos do país, o bicheiro explorava uma rede de caça-niqueis e de cassinos ilegais em cinco Estados brasileiros. Apenas em Goiânia e Valparaíso, nas cercanias de Brasília, os seus cassinos rendiam cerca de R$ 3 milhões por mês.

As relações políticas do mafioso
Com base nos documentos apreendidos e em 200 horas de escutas telefônicas, a Operação Monte Castelo concluiu que Carlinhos Cachoeira possuía forte influência na política goiana. Ela mantinha jornalistas na sua folha de pagamento, contava com uma rede de espionagem ilegal e nomeou vários integrantes para a área de segurança (segurança!) do governo tucano de Marconi Perillo.

Além disso, os grampos autorizados pela Justiça revelaram várias conversas do mafioso com o “ético” Demóstenes Torres, líder do DEM no Senado. De acordo com as investigações, em julho do ano passado Carlinhos Cachoeira deu um generoso presente de casamento para o senador goiano: uma cozinha completa. Há indícios também de financiamento ilegal de campanhas eleitorais.

Fonte: Correiodobrasil

domingo, 4 de março de 2012

O êxito do Brasil e os perigos da hora

Em um de seus inquietantes paradoxos, Chesterton compara dois grandes santos da Igreja, para mostrar que o temperamento antagônico de ambos conduzia a um resultado comum. “São Francisco – dizia o autor de Ortodoxia – era a montanha, e São Domingos de Gusmão, o vale, mas, o que é o vale, senão a montanha ao contrário?”

Em termos lógicos, e nisso o pensador católico foi mestre, o côncavo e o convexo se completam, como as duas partes de uma esfera oca. Seguindo o mesmo raciocínio, a ascensão e a queda, das pessoas, das empresas e – com mais propriedade – das nações, são duas categorias que se integram, no todo histórico. É preciso administrar a ascensão pensando na queda e ver, na queda, a oportunidade de repensar os métodos a fim de recuperar a ascensão.

Tudo indica que o Brasil se encontra em ascensão, mas é preciso ver esse momento com as necessárias cautelas. O mundo passa por um desses espasmos históricos bem conhecidos no passado. A Europa está atônita, daí a sua tentativa de, na demonização dos paises muçulmanos, de cujo petróleo depende, criar um inimigo externo que una os seus países, historicamente adversários. Mas, ainda assim, a crise econômica promovida pela licença de caça que seus governos deram aos bancos, continua a dividi-los.

Ainda que 25 paises tenham concordado com a política de arrocho fiscal determinada pela Alemanha, com o apoio da França, a Inglaterra e a Tchecoslováquia negaram sua assinatura. Os países que engoliram a pílula, começam a cuspi-la de volta, conforme a reação de Rajoy, da Espanha, solicitando flexibilidade na adoção das medidas recessivas, qualquer sinal de solidariedade do grupo. O primeiro ministro anunciou em Bruxelas que só pode prometer a redução do déficit público a 5,8 do PIB. E já surgem divergências entre a Alemanha e o Banco Central Europeu.

A Segunda Guerra Mundial foi um excelente negócio para os Estados Unidos, que dela emergiram como a grande potência hegemônica. Agora, no entanto, alguns dos paises que dela participaram e que contribuíram para a vitória com sangue, começam a sair do círculo de giz, e a constituir uma nova realidade planetária. Muitos desses países, como a Índia e a China, foram impiedosamente colonizados pela Europa, até meados do século 20. O Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul constituem novo pólo de poder, que está atraindo outras nações africanas e asiáticas.

Não se trata, ainda, de uma aliança política. São países bem diferentes, com visões de mundo claramente distintas, mas conscientes de que, se souberem interagir de forma pragmática – no respeito mútuo aos mandamentos de autodeterminação – serão capazes de se defenderem dos projetos de novo domínio anglo-saxão sobre a humanidade.

Durante a Guerra Fria, o pretexto para a intervenção dos Estados Unidos e da Grã Bretanha nos países periféricos era o do combate ao comunismo. Qualquer ação desses países, em sua política interna, que significasse a adoção de medidas de desenvolvimento autônomo, como a reforma agrária, a encampação de empresas estrangeiras que ofereciam serviço público de péssima qualidade, e relações comerciais com os paises socialistas, significava uma traição ao sistema ocidental, “democrático” e “cristão”. Assim, os princípios de autodeterminação dos povos e de não intervenção nos assuntos internos dos Estados foram abandonados, embora a retórica das Nações Unidas continuasse a proclamá-los.

Sendo assim, a América Latina - considerado território de caça de Washington - foi invadida por tropas americana ou por mercenários armados pelos Estados Unidos diversas vezes, isso sem falar na ação ostensiva e clandestina de seus agentes, na preparação dos golpes militares violentos, como ocorreu no Brasil, no Chile, na Argentina, entre outros países.

O Brasil vem sendo elogiado pelos seus êxitos na criação de um grande mercado interno, como resultado da política social e do incentivo às atividades econômicas de Lula e Dilma. Ao mesmo tempo, a partir de 1985, conseguimos manter o sistema democrático, com a realização das eleições conforme o calendário, e a alternância no governo de partidos e de pessoas. É uma hora carregada de perigos. Os Estados Unidos, que se encontram em crise, podem cair na velha sedução de usar dos recursos de que ainda dispõem, a fim de cortar o nosso caminho, como fizeram em 1954, no governo Vargas, e em 1964, com Jango. Não podemos permitir que a luta partidária, legítima e necessária, se deixe influir pelos interesses externos.

Sendo assim, o manifesto dos militares contra o governo tem o efeito danoso de estimular os nossos adversários externos, que nele começam a ver o retorno aos confrontos entre civis e militares do passado, dos quais eles souberam aproveitar-se. O documento já está sendo usado em São Paulo, contra a candidatura do PT.

Qualquer movimento que nos divida, como brasileiros, diante das ameaças estrangeiras, deve ser repudiado pelo nosso sentimento de pátria, comum aos civis e militares.

Por Mauro Santayana - colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.

Fonte: Agência Carta Maior