domingo, 29 de janeiro de 2012

Pinheirinhos e o "preço" da consciência moral

Os nazistas, para quem não sabe, eram ultra-organizados: todas as suas ações eram planejadas nos mínimos detalhes: desde a minuciosa pesquisa para saber dos ancestrais arianos dos candidatos às SS, ao fardamento negro impecável e suas reluzentes insígnias que ostentavam com orgulho. Até o corte de cabelo e das unhas era preconizado em regulamentos.

Quando o exército alemão invadiu e ocupou a Europa Oriental, os chamados "Grupos de Ação"(Einsatzgruppen) o seguiam para promover o que chamavam de "limpeza", ou seja, eliminação de todos os indesejáveis(judeus, ciganos, e comissários blocheviques, principalmente), tarefa já adrede preparada meses antes. Quando chegavam em uma comunidade já sabiam quantos judeus lá habitavam o que faziam.



Como esses "Grupos de Ação" não deram cabo do "serviço", merce dos assassinatos de mais de um milhão de judeus e eslavos, os metódicos nazistas recorreram aos fatídicos Campos de Concentração onde, de forma organizada e ordeira, exterminaram mais de três milhões de pessoas. Tudo claro, sob o amparo de ordens e regulamentos e em impecável sintonia com a ideologia malsã. As chamadas fábricas da morte nada deviam em termos de funcionalidade a qualquer empresa moderna.

Mas quem eram, qual o leitmotiv dos homens(e mulheres) executores desses crimes lesa-humanidade? Abaixo, transcrição de parte do interrogatório de um dos mais ferozes comandantes de Einsatgruppen) - Otto Ohlendorf -de profissão original professor e advogado antes do oficialato nas SS, no julgamento de Nuremberg:

Ohlendorf: "Sr. Promotor.......Eu considerava errada a ordem(de matar os indesejáveis, mas estava sob coação militar e a levei a cabo.......sabendo que........essas providências eram medidas de emergência, de autodefesa. Mesmo agora, considero que a ordem, em si, era errada, mas não me cabia examinar se ela era moral, porque um líder tem de responsabilizar-se pelos cumjprimento das ordens. Não posso examinar e não posso julgar; não tenho esse direito".

Promotor: "Você entregou sua consciência moral a Hitler, não foi?"

Ohlendorf: "Não. Mas entreguei a minha condição de soldado, uma peça relativamente desimportante da engrenagem de uma grande máquina. E o que fiz ali é o mesmo que se faz em qualquer outro exército. Como soldado, recebi uma ordem e a ela, obedeci como soldado".

Promotor: "Você se recusa a expressar um julgamento moral?"

Ohlendorf: "Sim".


Cada um que tire as suas conclusões e faça as suas ilações.

Por JB Costa - Bibliografia consultada: SS e Gestapo, de Roger Manvell.

Fonte: Blog do Nassif