sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Aula de hipocrisia com salário dos professores



Quem fala de apagão de mão de obra deveria pensar no apagão das consciências.

Eu, você e o país inteiro já cansamos de ouvir que o Brasil deve ter como prioridade a educação. A moda, agora, é lembrar que a Coréia do Sul virou um país desenvolvido porque não esqueceu dessa visão no tempo certo. Que novidade, não?
Claro que a educação é prioridade número 1. Só acho que não vale ser tão hipócrita.

O Globo acaba de revelar, numa bela matéria de hoje, que temos um déficit de 300 000 professores nas escolas públicas para 2012. Supondo que nossas classes sejam formadas por 30 estudantes, é só fazer as contas para concluir que teremos milhões de alunos prejudicados em seus estudos no ano que vem. Não terão a materia devida ou vão recebê-la de mestres pouco preparados.

A razão? Salário. Os vencimentos desses professores estão abaixo da renda média do brasileiro. É isso aí.

O cara vai para a faculdade, forma-se, resolve fazer uma atividade que todo mundo enche a boca para dizer que é MUITO IMPORTANTE mas na hora de pegar o contracheque não consegue ficar nem na média da população. A renda média do brasileiro, em agosto, era de R$ 1470 mensais. Já o salário de professores, em média, não chega a R$ 1300. É essa a prioridade — com o bolso dos outros. É humilhante para quem leciona e para quem assiste aula. Eu poderia listar uma série de atividades que oferecem uma remuneração maior. Você também. Mas não vou fazer isso porque acho desrespeitoso. É uma forma de desvalorizar o trabalho alheio.

Mas está na cara que nossos professores ganham pouco. Quem discordar só precisa candidatar-se às 300 000 vagas existentes.

texto de Paulo Moreira Leite

Fonte:epoca.globo

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Arrecadação de impostos com novo salário mínimo será maior que gasto com a Previdência, diz Dieese

Durante anos, os defensores da distribuição de renda para o topo da pirâmide, recitavam o mantra, amplamente ecoado pela midiona, de que se o salário mínimo aumentasse demais, bagunçava as contas públicas, quebrava a Previdência, etcétera e tal.

Segundo o estudo abaixo, o "gasto" (com os mais desvalidos é gasto!) com a aposentadoria dos que ganham o SM, é compensado pelo aumento de arrecadação de impostos, que a reinjeção do dinheiro no mercado de consumo acarreta. Aliás, mesmo que não compensasse, seria válido, dada a enorme dívida social que temos a resgatar.


O aumento de R$ 77 do salário mínimo vai causar um gasto extra anual de R$ 19,8 bilhões à Previdência Social, de acordo com um estudo feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e divulgado hoje (27).

O custo para a Previdência, contudo, é menor do que o aumento da arrecadação de impostos que o novo salário mínimo trará. Segundo o Dieese, devido ao crescimento do consumo consequente da alta do piso salarial, a arrecadação de impostos subirá em R$ 22,9 bilhões em 2012.

Os beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) representam, de acordo com o levantamento, a maior parte dos brasileiros diretamente beneficiados com o aumento do piso salarial. Das 48 milhões de pessoas que têm sua renda vinculada ao valor do salário mínimo, 19,7 milhões (41%) são aposentados ou pensionistas.

O grande número de beneficiários faz com que cada R$ 1 de aumento no salário mínimo signifique mais R$ 257 milhões no gasto anual da Previdência Social. Como no dia 1º de janeiro o piso nacional passa de R$ 545 para R$ 622, o custo anual deste aumento para o INSS será R$ 19,8 bilhões.

Ainda de acordo com o Dieese, o aumento de 14,1% no salário mínimo fará com que o poder de compra do piso alcance o nível mais alto em mais de 30 anos. Levando-se em conta o valor da cesta básica apurado em novembro pela entidade (R$ 276,31), o novo piso poderá comprar 2,25 cestas. A maior quantidade registrada desde 1979. Atualmente, um salário mínimo equivale a 2,03 cestas básicas.

Fonte: Agência Brasil

A derrota do futebol sem torcedor

Confesso que não aguento mais lições moralistas sobre a derrota do Santos para o Barcelona. Nem vou falar das críticas a Neymar porque são pura covardia. Coisa de quem nunca suportou seu talento, sua alegria — e só estava esperando por uma chance para dar uma punhalada.

Há quem diga que nosso individualismo foi derrotado. Também ouvi dizer que o Barcelona faz um trabalho de longo prazo enquanto nossas equipes são imediatistas. Um número razoável de analistas faz uma queixa periódica. Diz que devemos voltar ao futebol arte e que nossa derrota foi produzida por um estilo que não reflete a escola brasileira de jogar.

Não custa lembrar que, quando o futebol-arte foi derrotado, passaram a defender uma espécie de futebol de resultados. Vamos fazer meia volta sem olhar para trás?

Este vale tudo teórico me cansa. Isso porque todos estes argumentos tem seu fundo de verdade. Mas também encobrem inverdades, confusões e até mentiras. E aí coloco a pergunta: por que ninguém disse isso antes?

Minha explicação é que o futebol brasileiro está chegando ao fim de uma ilusão e não tem coragem de fazer um balanço necessário.

Enquanto o Barcelona passou os últimos 30 anos construindo uma relação fortíssima com torcedores, investiu nas equipes de base e valorização do próprio escudo, a ponto de ser um dos últimos times grandes a admitir publicidade nos uniformes, os times brasileiros acreditam no conto do vigário do futebol-empresa.

Os campeões do mundo nunca deixaram de respeitar a própria camisa, aquela que todo torcedor gosta de vestir quando anda pela rua, que serve de identidade e pode ser uma demonstração de caráter.

Em nome da modernidade, da independencia financeira, os times brasileiros fizeram o contrário. Viraram casas de négócio, com a principal obrigação de combinar receitas com despesas e, se possível, dar lucro.

Foi correto procurar auxílio de gestores profissionais, capazes de afastar cartolas e espertalhões dos cofres dos clubes.

Mas os clubes erraram quando resolveram entregar-se aos grandes empresários do mercado de craques, que se tornaram os verdadeiros patrões do nosso futebol — inclusive da seleção.
Os jogadores permanecem poucas temporadas nos clubes, porque precisam gerar novos ganhos para os intermediários, que forçam um regime de troca permanente. Em campo, estes platéis de alta rotatividade impedem a formação de um conjunto estável, entrosado, que joga por música, como faz o Barcelona.

Na arquibancada, essa situação dificulta a criação de uma identificação entre cada torcedor e seu ídolo, entre a massa e o time. (Nesse campo, vamos reconhecer, o Santos fez um esforço raríssimo, digno de todos os elogios, para manter Neymar. )

As camisas de nossos clubes se tornaram mais coloridas que uniforme de Formula-1 e nem têm aquela harmonia típica dos macacões dos pilotos.

Num país onde se proibe o trabalho infantil, a exportação de craques a partir dos 16 anos tornou-se autorizada em lei e, quando não é vista como uma fatalidade, é até comemorada.

Podia dar certo? Duvido. Na Espanha, os times-empresa estão quebrados. Na Inglaterra, nem o apoio da mafia ajuda a formar boas equipes.

A busca do futebol-empresa se transformou naquele jogo que toda empresa procura, isto é, o resultado. Nosso futebol não se tornou feio por opção mas porque era preciso fazer o que toda empresa faz. Evitar prejuízo ou, no caso, derrotas. A opção por técnicos defensivos, do chutão, do goleiro que virou meia-armador vem de cima.

Quem pode gostar de um jogo assim? Quem não é torcedor, quem nunca levou o filho ao estádio, como fazia meu pai — ele para torcer pelo Corínthians, eu para gritar pelo Santos.

O próprio Barcelona mostra que não é possível ter um bom time de futebol sem cultivar a alma de uma equipe — que são os torcedores. E isso você faz com bons artistas.

Não sei quando os times brasileiros deixaram de fazer isso. Mas faz tempo. E é hora de pensar por que. Sem isso, em breve vai ser difícil até voltar para casa com a medalha de vice campeão.
Fico feliz em ver que mão sou o único preocupado com isso. Pegue o link para uma boa nota sobre o mesmo assunto:

http://www.esportefino.net/o-santos-perdeu-do-barcelona-e-de-quem-e-a-culpa/

texto de PAULO MOREIRA LEITE

Fonte: epocaglobo.com.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sistema público de saúde: conquista a ser mantida

O controle do corpo e da mente é uma das mais antigas aspirações da humanidade. Qualquer que fosse o motivo para isso - poder, riqueza material, conhecimento, ascensão espiritual, ou a busca da cura e da imortalidade, - dedicar-se à tarefa de prevenir e curar doenças físicas ou mentais tem sido o cotidiano de pessoas, cientistas e instituições e, mais recentemente, de indústrias e movimentos sociais. Apesar de ter avançado neste campo, a atenção à saúde individual ou coletiva por parte da humanidade sempre foi alcançada de forma desigual do ponto de vista social. O resultado de inovações nos meios terapêuticos e de diagnósticos não são acessíveis num mesmo patamar para ricos e segmentos sociais excluídos. O mérito em alcançar controle crescente sobre o corpo e a mente, obtido a partir da medicina moderna, fica desbotado diante do distanciamento existente entre populações com cobertura de sistemas de saúde, ricas e sadias e populações descobertas, miseráveis e doentes, em diferentes regiões do planeta.

A questão,no entanto, não é simples. Viver num país rico não significa necessariamente ter garantia de acesso a um sistema público de saúde de qualidade. Os EUA, por exemplo, apesar de ser o maior PIB per capta do mundo não garante à população um sistema público de saúde com cobertura para todos, como acontece com o Sistema Único de Saúde - SUS no Brasil, instituído a partir da Constituição de 1988, quando 70 milhões de brasileiros que não tinham carteira assinada, passaram a ter assistência médica e hospitalar gratuita. Hoje o SUS é destinado a todos os cidadãos brasileiros, com direito a consultas, exames, internações e tratamentos nas unidades de saúde vinculadas da esfera municipal, estadual e federal.

Financiado com recursos de impostos e contribuições sociais pagos pela população, ele conta com a participação do setor privado de forma complementar por meio de contratos e convênios de prestação de serviço ao Estado quando as unidades públicas de assistência à saúde não são suficientes para garantir o atendimento à população de uma determinada região. Uma de suas metas mais desafiadoras é a de transformar-se em mecanismo de promoção da equidade no atendimento das necessidades de saúde da população, independente do poder aquisitivo do cidadão.

O sistema de saúde americano tem sido criticado há muitos anos pelos seus altos custos, e pela sua baixa eficiência, apesar de ser o país com os melhores profissionais de saúde do mundo. É sem dúvida, o país que mais gasta com saúde, 15% do seu PIB, o equivalente a 6000 dólares por habitante/ano. Mesmo gastando mais que o dobro do que a maioria dos países onde todos os habitantes têm direito ao tratamento que necessitam, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), indicam que a saúde americana, em termos de eficiência, se localiza abaixo do quadragésimo lugar entre os países do mundo, localização inferior a de vários países pobres. Todo este dinheiro não impede que cerca de 15% da população, o equivalente a 46 milhões de americanos, não tenha direito à assistência médica quando adoecem. Este número refere-se aquelas pessoas que, não tendo dinheiro suficiente para se associar a um plano de saúde privado, também não preenchem as condições para serem admitidos em uma das duas organizações mantidas pelo governo, o Medicaid, que atende os mais pobres entre os pobres americanos e o Medicare que dá cobertura aos idosos carentes.

Nos últimos anos, Brasil, Rússia, Índia e China, conhecidos sob a sigla BRIC´s, sobreviveram à crise que o mundo desenvolvido sofre desde 2008 e são mencionados como futuros líderes da economia e da sociedade mundial. Obviamente, a questão da pobreza e da saúde, muitas vezes a ela relacionada, faz parte da preocupação desses gigantes em ascensão. Neste futuro próximo, provavelmente o mundo passará a ser realinhado com um diálogo mais equilibrado e influenciado pelos países emergentes; o G7 será substituído pelo G20 e organismos multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial sofrerão mais influência dos países emergentes na sua condução. Como parte do processo de desenvolvimento com inclusão social, os BRIC´s devem passar a implementar políticas de saúde universais, eliminando as doenças associadas a pobreza e criando sistemas de saúde eficientes que conduzam suas populações para um ideal de felicidade que ultimamente tem sido associada a uma melhor saúde. Cabe, portanto, saber: como estes países estão desenhando seu caminho para uma saúde universal, equitativa e de boa qualidade para sua população?

A situação dos BRIC´s não pode ser considerada homogênea. A história de cada um e suas características etno-culturais, geografia e indicadores socio-econômicos e demográficos são totalmente diferentes. Apresenta em comum o fato de que suas economias têm um grande peso relativo e tem crescido nos últimos anos a taxas maiores que a média mundial. Considerando a dinâmica do Produto Interno Bruto (PIB), em 2009 e 2010, o Brasil cresceu -0,2% e 7,5%, a China, 9,1% e 10,2%, a Índia 7,7% e 8,8% e a Rússia, -7,9% e 4,0% respectivamente. Esta última tem tido seu pior desempenho influenciado pelo da zona do Euro, a qual teve débil performance econômica nos últimos dois anos. Mas em anos anteriores, a economia russa também cresceu a taxas mais elevadas que a verificada na média dos países desenvolvidos.

Se considerarmos o tamanho da população, países como a China e a Índia são sete a nove vezes maiores que o Brasil e a Rússia. Em 2009, a população chinesa e a indiana era estimada em 1,3 e 1,2 bilhões, enquanto a brasileira e a russa, em 191 e 142 milhões de habitantes, respectivamente. Todos os BRICs já ajustaram sua fecundidade. A maior taxa de fecundidade total (TFT) continua sendo a da Índia (2,1 filhos por mulher em idade fértil). Brasil, China e Rússia têm taxas inferiores ao nível de reposição. A menor TFT dos quatro países é a da Rússia, com 1,5 filhos por mulher em idade fértil, mas essa taxa vem se elevando progressivamente em função de programas explícitos de aumento de natalidade implementados na última década. Desde 2007, por exemplo, o Governo aumentou o auxílio para mulheres que cuidam de seus filhos nos primeiro ano, correspondente a um pagamento único de US$10,000 por filho antes da idade pré-escolar.

Dadas as diferenças na magnitude populacional, o impacto do crescimento econômico da China e da Índia na geração bruta de riqueza tem sido e será muito maior do que o da Rússia e do Brasil. O PIB chinês, que em 2010 ultrapassou o do Japão e já é o segundo maior do mundo, deverá ser em 2050 cerca de 26% mais elevado que o norte-americano, que hoje detém a primeira posição. Em 2009, a renda per-capita da Rússia era 80% superior à brasileira, cerca de três vezes maior que a da China e quase seis vezes acima da auferida pela população indiana. Brasil e Rússia tinham uma pequena porcentagem de pessoas abaixo da linha de pobreza, o que não acontecia com a China e muito menos com a Índia, onde 42% da população ganhava menos de US$1,25 por dia para sobreviver. Dadas as características sócio-econômicas, pode-se dizer que Brasil e a Rússia estão mais próximos de erradicar a miséria do que a India e a China onde, apesar do rápido crescimento econômico, ainda subsiste grandes contingentes de população com níveis de renda abaixo da linha de pobreza. O número de pessoas vivendo com menos de US$1,25 por dia na China é maior do que o total da população brasileira. Na Índia este contingente é maior do que 1,5 vezes a soma da população russa com a brasileira. Estas condições dos BRIC's se refletem obviamente nas condições de saúde da população e nas soluções implementadas por cada um.

A Índia, como reflexo de sua elevada pobreza e baixo nível de renda per-capita, apresenta as piores condições de saúde, com taxas de mortalidade infantil e mortalidade materna diversas vezes superior a dos outros BRIC´s. O gasto em saúde na Índia é quase 16 vezes menor que o do Brasil e cerca de 12 vezes mais baixo que o da Rússia. O gasto público em saúde na Índia é também claramente insuficiente, dado que com US$ 10 per-capita/ano não se pode sequer oferecer cuidados básicos de saúde pública necessários à redução da mortalidade infantil e materna. É por este motivo que menos da metade dos nascimentos no país tem sido atendida por pessoal qualificado. A segunda observação que emerge desta comparação é a de que a China, com um gasto em saúde quase seis vezes menor que o brasileiro e cinco vezes menor que o da Rússia, tem a maior expectativa de vida e a menor taxa de mortalidade materna entre os quatro países. A Rússia se notabiliza por investimentos públicos mais elevados em saúde, resultando em baixas taxas de mortalidade infantil e materna. No entanto, sua esperança de vida é menor que a da China e Brasil, notadamente pela mortalidade adulta precoce por doenças crônicas associadas a elevados fatores de risco como o alcoolismo e o tabagismo.

Já o Brasil teve progressos recentes na redução da mortalidade infantil que diminuiu 60% entre 1990 e 2008 e na melhoria das condições básicas de saúde com a implementação de programas na última década que progressivamente tem aumentado o acesso dos mais pobres a cuidados básicos e preventivos e a medidas de promoção que reduzem os fatores de risco associados a doenças crônicas. O gasto em saúde no Brasil é o mais elevado entre os BRIC’s e o gasto público é mais de cinco vezes superiores ao da China.

Não se pode afirmar que os BRIC´s tenham estratégias similares para alcançar a universalização em saúde, embora todos garantam tais direitos em suas constituições. A distância deste objetivo e as estratégias para alcançar são muito distintas, assim como a eficiência das políticas implementadas, os recursos gastos e seus resultados. Se classificarmos os BRIC´s quanto a duas características: magnitude dos gastos (maiores ou menores) e resultados básicos alcançados (melhores ou piores) vamos encontrar quatro situações distintas. O Brasil pode ser classificado como um país onde os gastos são maiores e os resultados são melhores. A Rússia ingressa no nível onde os gastos são maiores, mas os resultados piores. A Índia corresponde a uma situação onde os gastos são menores e os resultados piores e a China pode ser representada com gastos menores e resultados melhores.

Vale mencionar, no entanto, que a vantagem comparativa da China - expressa em alcançar melhores resultados com menos gastos - se encontra influenciada por sua forma de Governo, ainda marcada pelo controle pleno do Estado e pela falta de liberdades civis. Com isso, o Governo tem a capacidade de fixar os preços dos serviços, controlar salários e padronizar os resultados a serem alcançados, com punições severas para aqueles que não cumprem. Na medida em que as liberdades democráticas forem estabelecidas, a economia política para o gerenciamento de custos e qualidade em saúde torna-se muito mais complexa.

Na luta por um sistema público de saúde de qualidade os Bric's tem vários desafios para enfrentar. O primeiro deles é o da equidade. Todos ainda passam por sociedades divididas com contingentes expressivos de pobreza. No Brasil o primeiro passo já foi dado: a saúde é um direito constitucional. O segundo é o da eficiência dos serviços. Mudar a eficiência passa pela questão cultural, pela educação e pela fiscalização do governo sobre estes serviços. A gestão participativa no SUS congregando 77 mil conselheiros e integrando redes e movimentos sociais contribuem em muito para isso, no caso brasileiro.

O terceiro desafio é o do envelhecimento. Todos esses países já estão passando por uma progressiva avalanche de doenças crônicas (em alguns casos com mortalidade precoce, como na Rússia) sem que montem estratégicas eficazes de promoção e prevenção que reduzam o custo da atenção médica e prolonguem a vida. O quarto desafio é o da sustentabilidade. Que políticas fiscais poderão sustentar os sistemas de saúde de países que ainda não construíram plenamente seu desenvolvimento e capital humano e social básico?

Diante dos desafios, resultados já se impõem e devem ser reconhecidos. O sistema de saúde brasileiro orientado pela atenção básica foi citado como exemplo pela Organização Mundial de Saúde em 2008. Somos também reconhecidos internacionalmente pelos programas de AIDS, antitabagismo, banco de leite humano, transplantes e câncer.

Para citar apenas alguns exemplos de avanços, lembro que o Brasil erradicou a paralisia infantil e o sarampo; a prevalência de fumantes caiu de 34% em 1989 para 17,25, em 2008; e o SUS realiza atualmente 75% da atenção de alta complexidade. Dados relativos a 2007 apontam que o sistema foi responsável por 12 milhões de internações hospitalares, 215 mil cirurgias cardíacas e a milhões de procedimentos de quimioterapia e radioterapia. Desde 2003 o SUS criou o Serviço de Atendimento Móvel (SAMU) com uma cobertura de 105 milhões de pessoas.

Para atender a população que necessita de transplantes o Brasil possui um banco com 750 mil doadores voluntários de medula óssea, além da Rede Brasileira de Banco de Sangue e Placentário. Outro grande avanço que merece ser citado foi a instituição em 2001 da Política de Saúde Mental que gradativamente desativa o sistema de asilo e implementa Centros de Atenção Psicossocial para pessoas com transtornos mentais. Aliado a tudo isso tivemos nos últimos anos uma ampliação da assistência farmacêutica com o fornecimento de medicamentos essenciais e antirretrovirais e iniciativas como o Programa Farmácia Popular do Brasil, e a política de medicamentos genéricos.

O SUS está longe de ser o que pretendemos que ele um dia venha a ser, mas faz parte desta trajetória o reconhecimento das conquistas. A parcela da população que utiliza o SUS reconhece isso. Segundo pesquisa do IPEA, a distribuição gratuita de medicamentos realizada pelo SUS foi considerada o terceiro ponto mais positivo por 33,4% dos entrevistados que utilizam o sistema e para 30,1% dos que não utilizam. O primeiro ponto mais positivo foi o da universalidade do atendimento, prova de que a simples existência do SUS e de seu princípio maior já são reconhecidos como de grande importância pelo povo brasileiro.

Texto de Chico Vigilante

Fonte: brasil247

Mínimo de R$ 622 injeta R$ 47 bi na economia



O aumento do salário mínimo vai injetar R$ 47 bilhões na economia brasileira, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O órgão divulgou hoje (27) uma nota técnica sobre os impactos na economia do novo valor do piso salarial nacional, que passa a vigorar no dia 1º de janeiro.

No ano que vem, o salário mínimo passa dos atuais R$ 545 para R$ 622. O aumento de R$ 77 representa um acréscimo de 14,13% no piso nacional. Descontada a inflação estimada para 2011, o aumento real do salário mínimo deve ser de 9,2%.

Segundo o Dieese, 48 milhões de pessoas têm sua renda vinculada ao valor do salário mínimo e, portanto, serão diretamente beneficiadas com o aumento. O governo também passará a arrecadar R$ 22,9 bilhões a mais devido ao aumento do consumo causado pelo reajuste.

O aumento de R$ 77 do salário mínimo vai causar um gasto extra anual de R$ 19,8 bilhões à Previdência Social, de acordo com um estudo feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e divulgado hoje (27).

O custo para a Previdência, contudo, é menor do que o aumento da arrecadação de impostos que o novo salário mínimo trará. Segundo o Dieese, devido ao crescimento do consumo consequente da alta do piso salarial, a arrecadação de impostos subirá em R$ 22,9 bilhões em 2012.

Os beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) representam, de acordo com o levantamento, a maior parte dos brasileiros diretamente beneficiados com o aumento do piso salarial. Das 48 milhões de pessoas que têm sua renda vinculada ao valor do salário mínimo, 19,7 milhões (41%) são aposentados ou pensionistas.

O grande número de beneficiários faz com que cada R$ 1 de aumento no salário mínimo signifique mais R$ 257 milhões no gasto anual da Previdência Social. Como no dia 1º de janeiro o piso nacional passa de R$ 545 para R$ 622, o custo anual deste aumento para o INSS será R$ 19,8 bilhões.

Ainda de acordo com o Dieese, o aumento de 14,1% no salário mínimo fará com que o poder de compra do piso alcance o nível mais alto em mais de 30 anos. Levando-se em conta o valor da cesta básica apurado em novembro pela entidade (R$ 276,31), o novo piso poderá comprar 2,25 cestas. A maior quantidade registrada desde 1979. Atualmente, um salário mínimo equivale a 2,03 cestas básicas.

Fonte: brasil247

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A carreira meteórica de Verônica Serra



A propósito da nota publicada pelo site do ex-secretário de Comunicação Social do governo Fernando Henrique Cardoso, senhor Eduardo Piragibe Graeff, na qual a senhora Verônica Allende Serra, filha do ex-governador José Serra, defende-se de acusações contidas no livro A Privataria Tucana, dou a conhecer a carreira meteórica dessa senhora que entre os 25 e os 30 anos se tornou um fenômeno do mundo dos negócios ao ganhar milhões em período tão curto.

Em 1995, aos 25 anos, Verônica ganhou uma bolsa de estudos para um curso de MBA (Mestre em Administração de Negócios) na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. O benfeitor da filha do então poderoso ministro do Planejamento foi a Fundação Educar, criada por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, à época donos do Grupo Garantia – que participaria ativamente do processo de privatizações do governo ao que o pai de Verônica servia – e da cervejaria Brahma, que, em 1998, em processo polêmico que dependia do Cade, ligado à área de influência do pai-ministro, compraria a cervejaria Antarctica e, assim, formaria a AmBev, que finalmente se uniria a uma cervejaria belga e formaria a InBev, hoje a maior cervejaria do mundo.

Verônica concluiria o curso em Harvard em 1997 e já em 1998 conseguiria seu primeiro trabalho no mundo corporativo, na companhia de administração de recursos chamada Leucadia. Meses depois, seria recrutada pelo fundo de investimentos International Real Returns (IRR) para, segundo ela, atuar como sua representante no Brasil. Em 2000, tornar-se-ia “diretora” da “Decidir.com, Inc.”, fundada naquele ano, uma empresa “ponto.com” norte-americana, subsidiária da matriz argentina “Decidir”, de busca e verificação de dados cadastrais e crédito.

A empresa ganhou notoriedade no Brasil por ter tido como membros da diretoria tanto Verônica Dantas Rodemburg, irmã de Daniel Dantas, dono do CVC Opportunity, como Verônica Allende Serra, filha do agora (em 2000) ministro da Saúde José Serra. O site oferecia consultas diversas, inclusive de pesquisas de editais públicos de licitações no Brasil. “Encontre em nossa base de licitações a oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado”, dizia a propaganda da empresa.

Verônica Serra, advogada formada na Faculdade de Direito da USP em 1995, com mestrado (MBA) na Universidade Harvard concluído em 1997, em 2000 tornou-se “representante de investimentos” de uma empresa multinacional tão logo foi fundada e se retirou dessa empresa um ano depois, após estouro da bolha da internet em 2001.

Em cinco anos, esse prodígio – tão impressionante quando a filha do governador Geraldo Alckmin, que também faria carreira meteórica, só que na boutique de luxo Daslu – pulou de um empreguinho na Editora Abril e de um singelo curso de Direito na USP para o epicentro dos grandes negócios corporativos, alegadamente por ter passado pela abençoada Universidade de Harvard, que, agora se sabe, basta cursar para ficar rico em poucos anos.

A diretoria executiva da Decidir.com, Inc. era composta por um representante do Citibank, por Verônica Valente Dantas Rodemburg (representando o fundo CVC Opportunity), por um representante da Decidir Argentina e por Verônica Allende Serra (representando o fundo International Real Returns – IRR).

Com o estouro da bolha da internet em maio de 2001, os fundos de investimentos Citibank, CVC Opportunity e IRR se retiraram do negócio engendrado pela genial Verônica Allende Serra, ficando a Decidir.com apenas com as operações na Argentina e no Brasil. Atualmente, apenas a matriz (Decidir.com, que atua na Argentina) está em operação. Sua proposta de negócios usa o seguinte bordão: “Com nossos serviços você poderá concretizar negócios seguros, evitando riscos desnecessários”.

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Nota de Verônica Serra à imprensa

“Nos últimos dias, têm sido publicadas e republicadas, na imprensa escrita e eletrônica, insinuações e acusações totalmente falsas a meu respeito. São notícias plantadas desde 2002 — ano em que meu pai foi candidato a presidente pela primeira vez — e repetidas em todas as campanhas posteriores, não obstantes os esclarecimentos prestados a cada oportunidade. Basta lembrar que, em 2010, fui vítima de quebra ilegal de sigilo fiscal, tendo seus autores sido indiciados pela Polícia Federal. E, agora, uma organizada e fartamente financiada rede de difamação dedicou-se a propalar infâmias intensamente através de um livro e pela internet. Para atingir meu pai, buscam atacar a sua família com mentiras e torpezas.

1. Quais são os fatos?

- Nunca estive envolvida nem remotamente com qualquer tipo de movimentação ilegal de recursos.

- Nunca fui ré em processo nem indiciada pela Polícia Federal; fui, isto sim, vítima dos crimes de pessoas hoje indiciadas.

- Jamais intermediei nenhum negócio entre empresa privada e setor público no Brasil ou em qualquer parte do mundo.

- Não fui sócia de Verônica Dantas, apenas integramos o mesmo conselho de administração.

Faço uma breve reconstituição desses fatos, comprováveis por farta documentação.

2. No período entre Setembro de 1998 e Março de 2001, trabalhei em um fundo chamado International Real Returns (IRR) e atuava como sua representante no Brasil. Minha atuação no IRR restringia-se à de representante do Fundo em seus investimentos. Em nenhum momento fui sua sócia ou acionista. Há provas.

3. Esse fundo, de forma absolutamente regular e dentro de seu escopo de atuação, realizou um investimento na empresa de tecnologia Decidir. Como conseqüência desse investimento, o IRR passou a deter uma participação minoritária na empresa.

4. A Decidir era uma empresa “ponto.com”, provedora de três serviços: (I) checagem de crédito; (II) verificação de identidade e (III) processamento de assinaturas eletrônicas. A empresa foi fundada na Argentina, tinha sede em Buenos Aires, onde, aliás, se encontrava sua área de desenvolvimento e tecnologia. No fim da década de 90, passou a operar no Brasil, no Chile e no México, criando também uma subsidiária em Miami, com a intenção de operar no mercado norte-americano.

5. Era uma empresa real, com funcionários, faturamento, clientes e potencial de expansão. Ao contrário do que afirmam detratores levianos, sem provar nada, a Decidir não era uma empresa de fachada para operar negócios escusos. Todas e quaisquer transações relacionadas aos aportes de investimento eram registradas nos órgãos competentes.

6. Em conseqüência do investimento feito pelo IRR na Decidir, passei a integrar o seu Conselho de Administração (ou, na língua inglesa, “Board of Directors”), representando o fundo para o qual trabalhava.

7. À época do primeiro investimento feito pelo IRR na Decidir, o fundo de investimento Citibank Venture Capital (CVC) – administrado, no âmbito da América Latina, desde Nova Iorque – liderou a operação.

8. Como o CVC tinha uma parceria com o Opportunity para realizar investimentos no Brasil, convidou-o a co-investir na Decidir, cedendo uma parte menor de seu aporte. Na mesma operação de capitalização da Decidir, investiram grandes e experientes fundos internacionais, dentre os quais se destacaram o HSBC, GE Capital e Cima Investments.

9. Nessa época, da mesma forma como eu fui indicada para representar o IRR no Conselho de Administração da Decidir, a Sra. Veronica Dantas foi indicada para participar desse mesmo conselho pelo Fundo Opportunity. Éramos duas conselheiras (e não sócias), representando fundos distintos, sem relação entre si anterior ou posterior a esta posição no conselho da empresa.

10. O fato acima, no entanto, serviu de pretexto para a afirmação (feita pela primeira vez em 2002) de que eu fui sócia de Verônica Dantas e, numa ilação maldosa, de que estive ligada às atividades do empresário Daniel Dantas no processo de privatização do setor de telecomunicações no Brasil. Em 1998, quando houve a privatização, eu morava há quatro anos nos Estados Unidos, onde estudei em Harvard e trabalhei em Nova York numa empresa americana que não tinha nenhum negócio no Brasil, muito menos com a privatização.

11. Participar de um mesmo Conselho de Administração, representando terceiros, o que é comum no mundo dos negócios, não caracteriza sociedade. Não fundamos empresa juntas, nem chegamos a nos conhecer, pois o Opportunity destacava um de seus funcionários para acompanhar as reuniões do conselho da Decidir, realizadas sempre em Buenos Aires.

12. Outra mentira grotesca sustenta que fui indiciada pela Polícia Federal em processo que investiga eventuais quebras de sigilo. Não fui ré nem indiciada. Nunca fui ouvida, como pode comprovar a própria Polícia Federal. Certidão sobre tal processo, da Terceira Vara Criminal de São Paulo, de 23/12/2011, atesta que “Verônica Serra não prestou declarações em sede policial, não foi indiciada nos referidos autos, tampouco houve oferecimento de denúncia em relação à mesma.”

13. Minhas ligações com a Decidir terminaram formalmente em Julho de 2001, pouco após deixar o IRR, fundo para o qual trabalhava. Isso ressalta a profunda má fé das alegações de um envolvimento meu com operações financeiras da Decidir realizadas em 2006. Essas operações de 2006 – cinco anos após minha saída da empresa – são mostradas num fac-símile publicado pelos detratores, como se eu ainda estivesse na empresa. Não foi mostrado (pois não existe) nenhum documento que comprove qualquer participação minha naquelas operações. Os que pretendem atacar minha honra confiam em que seus eventuais leitores não examinem fac-símiles que publicam, nem confiram datas e verifiquem que nomes são citados.

14. Mentem, também, ao insinuar que eu intermediei negócios da Decidir com governos no Brasil. Enquanto eu estive na Decidir, a empresa jamais participou de nenhuma licitação.

Encerro destacando que posso comprovar cada uma das afirmações que faço aqui. Já os caluniadores e difamadores não podem provar uma só de suas acusações e vão responder por isso na justiça. Resta-me confiar na Polícia e na Justiça do meu país, para que os mercadores da reputação alheia não fiquem impunes.”


Fonte: blog cidadania

Desemprego chega à mínima histórica




A taxa de desemprego no Brasil caiu para 5,2% em novembro, o menor patamar já registrado pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que começou em 2002, segundo informou o Instituto nesta quinta-feira.

O dado se compara a uma taxa de 5,8% em outubro deste ano e aos 5,7% de novembro do ano passado. Economistas consultados pela Reuters projetavam leitura de 5,65%.

Ao explicar os dados, o gerente da PME, Cimar Azeredo, disse que "normalmente, a contratação de temporários para as festas de fim de ano acontece no início de dezembro, mas quando o poder de compra do trabalhador está forte, isso é antecipado para novembro ou até outubro".

No entanto, os números do IBGE contrastam com os do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), informados pelo Ministério do Trabalho na terça-feira. De acordo com o Caged, a economia brasileira teve em novembro a menor geração de empregos formais em 11 meses, registrando a pior criação de vagas para o mês em três anos, em um possível indicativo dos efeitos da crise internacional sobre a atividade doméstica.

"Esse é um período de contratações sazonais e é preciso esperar janeiro para saber se há efeito da crise. Em janeiro é que começam as dispensas", disse Azeredo, lembrando que as metodologias do Caged e da PME são distintas.

Na pesquisa do IBGE, a população ocupada aumentou 0,7% no mês, o equivalente a um acréscimo de 148 mil pessoas. Em relação a novembro do ano passado, a população ocupada cresceu 1,9%, ou 431 mil pessoas.

A taxa de desemprego na média do ano está em 6,1%, abaixo da média de 6,7% de todo o ano de 2010. Em novembro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre ancoraram a queda no desemprego com taxas abaixo da média. Em São Paulo, o desemprego ficou em 5%; em Belo Horizonte, 4,2% e em Porto Alegre, 3,6%.

Além da contratação do comércio para atender as festas de fim de ano, a construção civil também contratou fortemente no mês de novembro, segundo o IBGE. Na comparação com novembro de 2010, a construção aumentou o número de vagas em 8,8%. O bom desempenho da construção ocorreu em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte "Tem uma série de obras em curso para Copa do Mundo, Olimpíadas e um aquecimento do setor imobiliário que favorecem as contratações de trabalhadores", disse Cimar Azeredo.

Por outro lado, a indústria voltou a demitir e manteve a sua trajetória de perda de participação no mercado de trabalho. Em novembro, a industria representava 16% do total de ocupados, o menor percentual para um mês de novembro de toda a série.

O rendimento médio do trabalhador ocupado subiu 0,1% em novembro ante outubro, para R$ 1.623,40. O valor representa uma alta de 0,7% sobre o de novembro de 2010. Na média do ano, o rendimento apresenta um ganho de 2,7% acima do mesmo período do ano passado.

Em nota divulgada nesta quinta-feira, a analista de Pesquisa Macroeconômica do Banco Santander, Fernanda Consorte, diz que "a renda real mostrou melhor resultado do que o observado no mês anterior". Os analistas do banco acreditam que "o piso da renda foi registrado em outubro" e que, portanto, "ela pode continuar a melhorar nos próximos meses.

Com base nessa visão, o banco mantém sua previsão de crescimento da atividade econômica no começo de 2012, mas afirma que o baixo patamar de desemprego, combinado com ganhos na renda real, "significa continuidade da pressão no cenário de inflação, especialmente nos preços dos serviços."

Porém, na avaliação dos analistas da Rosenberg Consultores Associados, o crescimento médio real dos ocupados no mês de novembro, de 0,1% sobre outubro, "foi muito modesto na margem". A consultoria lembra que "este é o terceiro mês consecutivo de rendimento relativamente estável, o que pode ser consequência da admissão de trabalhadores com rendimento médio menor".

Diante desse quadro, a consultoria avalia que "o primeiro trimestre de 2012 pode ser menos alvissareiro, conforme se propaguem os efeitos da desaceleração do ritmo de atividade."

(Com informações da Reuters)

Fonte: mais interior

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Governo Federal - 2011: o ano em que a oposição sumiu

O principal fato político do ano não foi produzido pelo governo, como costuma ser, mas pela oposição. Foi, na verdade, um não fato: o desaparecimento da oposição partidária (sobrou apenas aquela que se abriga em setores da velha mídia e em alguns blogs).

O PSDB e seus satélites DEM e PPS sumiram da cena política brasileira junto com seus líderes, que não pararam de brigar entre si durante todo o ano, e deixaram o campo livre e tranquilo para a presidente Dilma Rousseff inaugurar o seu governo.

A tal da "Faxina da Esplanada", outro tema de destaque em 2010, que fez Dilma trocar sete ministros em menos de um ano, foi mais um evento de imprensa do que uma iniciativa do novo governo, que ainda não começou para valer, dando apenas continuidade ao que herdou.

O DEM, ou o que sobrou da antiga Arena, que virou PDS, PFL e outros partidos menores, foi engolido pelo PSD, a antiga sigla ressuscitada pelo prefeito paulistano Gilberto Kassab.

Outro fato político de destaque do ano, o neo-PSD já nasceu com mais de 50 deputados e se tornou a terceira maior legenda do país. Com largo espectro ideológico ("não é de direita, nem de centro, nem de esquerda"), já nasceu governista.

Juntos, os três partidos de oposição chegaram ao final do ano com apenas 88 deputados federais (elegeram 109 em 2010), aos quais podemos agregar ainda os três figurantes do nanico PSOL, que também estão fora da monumental base aliada, mas correndo pela esquerda radical.

Levantamento publicado pela "Folha" neste final de semana contabiliza somente 17,5% das cadeiras da Câmara Federal ocupadas por parlamentares oposicionistas _ o menor índice desde a redemocratização do país.

Desta forma, a presidente Dilma Rousseff deitou e rolou no Congresso Nacional, aprovando tudo o que queria, sem maiores sacrifícios, a não ser atender aos apetites dos aliados, que lhe deram bem mais trabalho do que a indigente oposição.

Este cenário projeta um 2012 tranquilo para Dilma na área política, embora sua anunciada reforma ministerial possa deixar aqui e ali alguns descontentes entre os partidos aliados.

Diante desta maioria avassaladora, no entanto, levando ainda em conta os altos índices de aprovação popular da presidente Dilma e uma economia razoavelmente estabilizada, que alternativa restaria aos aliados que se sentirem rejeitos na reforma?

Vão se jogar ao mar para se agarrar às bóias murchas da oposição mambembe? Correrão para os braços de Serra, Aécio, Agripino Maia, Roberto Freire?

Aécio conseguiu derrotar Serra em todas as instâncias partidárias tucanas, mas o ex-governador paulista não quer largar o osso da sucessão presidencial em 2014 e o ex-govenador mineiro ainda não se afirmou como liderança oposicionista de expressão nacional. Os outros dois estão juntando os cacos.

Com Lula momentaneamente fora de combate tratando um câncer na laringe e Fernando Henrique Cardoso dedicando-se mais às suas palestras, já sem esperanças de dar um rumo ao PSDB, Dilma assumiu de vez o protagonismo político. Em outubro, enfrentará sua primeira eleição na cadeira de presidente dando as cartas numa posição bastante confortável, com cacife alto e sem concorrentes à vista para 2014.

Seus principais adversários não conseguem se entender nem para lançar um candidato para a Prefeitura de São Paulo, berço do tucanato, capaz de enfrentar Fernando Haddad, o candidato petista de Lula/Dilma. O PMDB, como de costume, a tudo assiste, calculando onde poderá obter maiores vantagens.

Em 2012, tudo pode mudar, claro, a depender do que vai acontecer com a abalada economia mundial. No final de 2011, porém, a um ano das eleições municipais, é este o quadro, absolutamente favorável ao governo central e seus aliados, e melancólico para a oposição.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Argentina aprova lei que acaba com controle do Clarín sobre o papel-jornal

O Senado da Argentina aprovou nesta quinta-feira (22) uma lei que democratiza o acesso ao papel-jornal para todos os veículos impressos do país. O projeto de lei obteve 41 votos a favor, 26 contra e uma abstenção. Agora segue para a sanção da presidenta Cristina Kirchner.

De acordo com a proposta, a Papel Prensa SA deverá funcionar em sua capacidade máxima para fornecer papel-jornal para a maior quantidade possível de veículos e a cotas de importação serão liberadas a medida em que a empresa não possa suprir a demanda interna do insumo.

Desde a ditadura militar do país (1976-1983), a única fábrica de produção do insumo para jornais, a “Papel Prensa”, é controlada majoritariamente pelo grupo Clarín (com 49% das ações), e tem o Estado argentino e o jornal La Nación como sócios minoritários, com 27,5% e 22,5% das ações, respectivamente.

O projeto de lei prevê a criação de uma comissão dupla, com participação do governo e das empresas, que acompanhe o processo de produção, comercialização e distribuição do papel. Também estabelece que quando investimentos na empresa forem feitos em sua maioria pelo Estado, o aumento dos direitos patrimoniais da Papel Prensa implicará em uma maior participação acionária do governo na empresa.

Cinco audiências públicas organizadas pela Comissão de Comércio da Câmara de Deputados da Argentina no ano passado discutiram o teor do projeto aprovado. Cerca de 120 representantes de jornais de todo o país participaram, com exceção de Clarín e La Nación, que não compareceram.
Os acionistas do Clarín acusam o governo de querer “controlar o papel” para “controlar a informação”. “Isso é o que o Governo vem buscando através de várias ferramentas: a propaganda oficial, a ‘ley de medios’, o controle do acesso à informação, a administração militante dos meios públicos e a multiplicação dos veículos paragovernistas”, disse o jornal em um texto publicado em 2010.

Com informações do Opera Mundi

Pesquisa mostra que país apoia a CPI da Privataria Tucana



Nas últimas duas semanas, vem sendo cada vez mais comentado o roubo de dinheiro público durante o processo de privatização de empresas estatais conduzido pelo primeiro governo Fernando Henrique Cardoso, roubo esse que se deu através de pagamento de propinas a figuras-chave do governo tucano, figuras entre as quais se destacou o ex-ministro do Planejamento José Serra.

Esse debate, desencadeado pelo livro-bomba A Privataria Tucana, vai crescendo devido a uma sensação da sociedade que a obra, por se concentrar mais no aspecto criminal, não aborda adequadamente. Refiro-me à sensação que o brasileiro tem de estar pagando até hoje pela forma desonesta com que o patrimônio público foi entregue a grupos econômicos nacionais e estrangeiros.

Antes que digam que inventei esse sentimento anti privatizações que há no Brasil, informo que essa afirmação se sustenta na última pesquisa sobre o tema que foi divulgada publicamente e que foi feita em 2007 pelo instituto Ipsos sob demanda do jornal O Estado de São Paulo.

Segundo a pesquisa, a maioria dos brasileiros (62%) é contra a privatização de serviços públicos. Apenas 25% aprovam. Isso ocorre devido ao povo achar que os serviços prestados à população em telefonia, estradas, energia elétrica e água e esgoto pioraram.

Detalhe: as mais altas taxas de rejeição (73%) apareceram entre os que têm nível superior de escolaridade e nas classes A e B.

Mas nem seria preciso que a pesquisa fosse feita. O tema privatizações veio à baila em 2006, durante a disputa eleitoral entre Lula e Geraldo Alckmin, e voltou à ribalta na disputa do ano passado, entre José Serra e Dilma Rousseff. Nas duas oportunidades, candidatos do PSDB, hoje visto como o partido das privatizações, tentaram se desvincular dessa pecha negando até a morte que pretendiam privatizar mais alguma coisa.

O livro sobre a privataria tucana mostra que nem sempre foi assim. A certa altura dos primeiros capítulos, o jornalista Amaury Ribeiro retrata as cobranças que a imprensa fazia abertamente ao governo FHC para que privatizasse mais rapidamente o que aquela mesma imprensa trataria de comprar, sobretudo na telefonia, e como ele dava garantias públicas aos futuros compradores da mamata de que privatizaria “tudo que fosse possível”.

Mas por que os brasileiros, que em meados dos anos 1990 apoiavam a venda indiscriminada de patrimônio público, passaram a ter tanta ojeriza à simples menção a privatizar qualquer coisa?

Garanto que não foi por falta de propaganda positiva alardeada pela imprensa desde antes de a privataria ser desencadeada no início dos anos 1990 pelo governo Fernando Collor de Mello. De lá para cá, incontáveis falácias foram despejadas sobre a sociedade para vender as privatizações como “modernidade” e para demonizar o papel do Estado na economia.

Tente se lembrar, leitor, de quantas vezes você já leu ou escutou frases como essa:

“A privatização nos permite ter hoje telefones à disposição de todos, quando antes telefone era coisa de rico, declarada até no imposto de renda.”

Tremenda empulhação. O que ampliou e barateou a oferta de linhas telefônicas foi a tecnologia. Nos anos 1990 houve uma revolução, um salto tecnológico sobretudo devido à fibra ótica. É o bom e velho efeito vídeo-cassete, em que o desenvolvimento tecnológico vai reduzindo preços. Quanto custava um notebook há alguns anos e quanto custa hoje?

Também dizem que havia que privatizar porque o Estado não dispunha de recursos para ampliar a rede de telefonia, para expandir a distribuição de energia elétrica ou para melhorar as estradas. Outra falácia. O livro do Amaury Ribeiro mostra que quem bancou a privatização foi o Erário, via financiamentos do BNDES aos clientes da privataria, e que as empresas foram pagas com moedas podres, isso quando os compradores desembolsaram alguma coisa.

Mas a grande rejeição mesmo se dá no que diz respeito às tarifas. O governo FHC chegou a multiplicar por cinco de forma a tornar as estatais mais atraentes aos grupos nacionais e estrangeiros que comprariam aquela pechincha, grupos entre os quais, não me canso de repetir, estiveram os grupos de comunicação que até hoje defendem processo em que compraram tanto por tão pouco.

Outra grande razão da rejeição tão maciça da sociedade à privataria tucana, fenômeno que foi preponderante para afastar os tucanos do poder nas três últimas eleições presidenciais, reside nos abusos que empresas de telefonia e de energia elétrica, entre outras, praticam contra os consumidores.

Quem são os campeões de queixas em órgãos de defesa do consumidor se não as empresas concessionárias de serviços públicos como telefonia ou energia elétrica? Quem não passou por constrangimentos, por danos morais e materiais exasperantes nos call centers dessas empresas? Quem já não foi tratado como um idiota, sendo obrigado a ficar até mais de uma hora ouvindo musiquinha no telefone antes de a ligação cair?

O brasileiro, como a mídia não informa, não sabe que a telefonia de seu país é a mais cara do mundo, como mostra o índice de Paridade de Poder de Compra que é calculado pela União Internacional de Comunicações (UIT) em 159 países, um índice em que o Brasil aparece no último lugar. Mas este povo pressente isso, pois todos sabem quanto da renda pessoal comprometem com telefonia.

Um pacote médio de 25 minutos de chamadas e 30 torpedos sai a US$42,00 no Brasil, a US$14,8 na Suiça e a míseros US$1,00 em Hong Kong. A situação também não é muito melhor na telefonia fixa, em que a média mundial do pacote básico custa US$9,00 enquanto que, no Brasil, custa US$13,4.

Temos a telefonia tão cara até hoje porque os contratos firmados por FHC e Serra não podem ser quebrados. Como aumentaram em até 500% o preço das tarifas e combinaram com os clientes da privataria taxas de reajuste leoninas, o país paga mais caro e continuará pagando, pois o governo rever esses contratos é considerado “crime hediondo” pelos “mercados”.

E nem vou falar nos pedágios para não irritar muito o leitor, que ainda deve estar sendo assediado pela reflexão que este impiedoso blogueiro lhe provocou ao lembrá-lo da tortura dos call centers, daquela musiquinha que é um verdadeiro crime contra os direitos humanos, dos atendentes treinados para tornar penoso ao consumidor requerer e cobrar seus direitos.

A mídia, devido aos negócios da China que papai FHC e titio Serra lhe propiciaram, diz que o povo é burro e mal-agradecido por não saber avaliar essa beleza de telefonia, essas estradas privatizadas com seus pedágios baratinhos, essas distribuidoras de energia elétrica que jamais nos deixam noites seguidas no escuro, nos verões.

Tudo isso acontece, meu indignado leitor, por falta dos investimentos com os quais se comprometeram os que compraram o patrimônio público a preço de banana. Investimentos, aliás, que foram o mote da privataria…

Se fizessem uma pesquisa para saber o que o povo acha de uma CPI que investigue a origem desses tantos dissabores que lhe infernizam a vida até hoje a fim de descobrir quem ganhou, quanto ganhou e como ganhou com seu sofrimento, por certo o resultado seria igual ao da pesquisa sobre a qualidade e os custos dos serviços privatizados divulgada pelo Estadão. Alguém duvida?

Fonte: blog cidadania

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Sigla Bric conseguiu se estabelecer dez anos após sua criação

Um bom marketing é essencial. Disso, Jim O'Neill já sabia em 2001, quando anunciou a tese de que Brasil, Rússia, Índia e China desempenhariam um papel importante no futuro. A partir das iniciais dos países, o então economista-chefe do grupo financeiro Goldman Sachs criou a sigla Bric e declarou os quatro como os tijolos (brick, em inglês) que construiriam a economia global.

O sucesso do neologismo de O'Neill foi imediato. Hoje, dez anos depois, a sigla é uma componente fixa das previsões econômicas e empresariais. Até mesmo pequenos investidores podem investir em fundos do Bric, oferecidos por quase todos os bancos.

APENAS UMA JOGADA DE MARKETING?

"Em termos de marketing foi algo muito inteligente", diz Markus Jäger, analista do centro de pesquisa Deutsche Bank Research em Nova York (EUA)), que elaborou diversos relatórios sobre o desenvolvimento dos países do Bric. "Mas há também algo por trás disso. Os países ganham cada vez mais importância, não apenas econômica, mas também política", diz Jäger.

No entanto, desde o início houve controvérsias sobre se há ou não sentido em reunir os quatro países em uma sigla. Juntos, eles respondem por 40% da população mundial e um quarto da superfície terrestre.

Os quatro Estados são, porém, economicamente muito diferentes, segundo Rolf Langhammer, professor e vice-presidente do Instituto de Economia Mundial de Kiel, no norte da Alemanha. "A China é um exportador de bens industriais, e a Rússia, um exportador exclusivo de matérias-primas. Em comparação com os demais, a Índia continua sendo uma economia fechada", explica. O Brasil, por sua vez, exporta tanto matérias-primas como bens industriais. "Esses países têm em comum o fato de serem países emergentes e mercados atraentes, já devido à sua dimensão. Trata-se de grandes economias", afirma Langhammer.

População numerosa e elevado crescimento econômico -- essa combinação torna os quatro países interessantes para os investidores. E justamente para investidores foi escrita a análise sobre os países do Bric por O'Neil.

Desde a crise econômica de 2008, o crescimento nos países do Bric também diminuiu. Porém, comparados com o crescimento das tradicionais nações industriais, os números dos emergentes ainda são impressionantes, considera Jäger. Para os próximos cinco a dez anos, ele prevê um crescimento anual de 8% para a China, 7% para a Índia, e cerca de 4% para o Brasil e a Rússia. Em comparação, de acordo com cálculos do Banco Mundial, os países industriais crescem uma média de 1,6% neste ano.

CRESCIMENTO ELEVADO APESAR DA CRISE



A crise econômica mostrou que os países do Bric ainda estão longe de assumir a liderança da economia mundial, diz o professor de economia Langhammer. Não é como se os quatro substituíssem os países industriais como motor de crescimento global.

"Isso não funcionou. Os países estão muito ligados à economia mundial e aos países industriais através dos fluxos financeiros", segundo Langhammer. "E a crise mostra que esses países ainda não têm mercados financeiros desenvolvidos o suficiente" para passar segurança aos investidores.

Cada um dos quatro países enfrenta problemas no momento. No Brasil, o crescimento estagnou. A Rússia é fortemente dependente de matérias-primas, e não tem uma indústria competitiva. A abertura econômica da Índia ocorre mais lentamente do que o esperado pelos investidores, como mostra a decisão contra investimentos estrangeiros diretos no comércio varejista. E, com suas exportações, a China é altamente dependente do desenvolvimento na Europa e nos Estados Unidos, além de seu mercado interno estar ameaçado por uma bolha imobiliária. Por isso, especialistas preveem para os quatro países emergentes um crescimento menor que anteriormente.

O criador da sigla Bric acredita, entretanto, que os quatro Estados em breve serão as potências econômicas mais importantes no cenário mundial. Isso acontecerá o mais tardar até 2050, talvez até antes.

China E OS DEMAIS

O problema em tais prognósticos é, porém, a dominância da China, aponta Jäger. "As exportações chinesas são maiores que as dos demais países do Bric juntos. A economia chinesa é maior que a dos demais países do Bric juntos. As reservas cambiais chinesas são maiores que as dos demais países do Bric juntos", diz.

Por isso, não seria apropriado falar de um grupo formado pelos quatro países. "Na realidade, trata-se da China e dos demais", considera Jäger. "Sem a China, os Bric são apenas Bri", afirma o analista norte-americano David Rothkopf.

Outros analistas argumentam que países emergentes em crescimento acelerado não são levados em consideração. Por exemplo, a Indonésia -- cuja economia com mais de 200 milhões de habitantes cresce em torno de 6% ao ano --, o Vietnã ou a Turquia. É improvável, porém que siglas como BricIVT tornem-se populares. "Uma vantagem da sigla Bric é que se pronuncia com facilidade", diz Langhammer.

O'Neill, o criador do Bric, acaba de escrever um livro sobre os grupos de países que ele nomeou. Ele já encontrou um nome para os 11 países que vê como as próximas estrelas do crescimento econômico: NextEleven (próximos onze, em inglês).

Desde 2006, os representantes dos países do Bric encontram-se em cúpulas do grupo. Em 2010, o bloco ganhou um novo membro, a África do Sul, cujo desempenho econômico corresponde a apenas um quarto da economia da Rússia -- até então o país mais fraco dos países do Bric. Com a África do Sul, pelo menos a sigla permanece, ganhando apenas um S para o novo integrante: Brics.

FONTE: Deutsche Welle - Autor: Andreas Becker (lpf)- Revisão: Carlos Albuquerque

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Estadão ignorou informações do MEC

A manchete de hoje do Estadão sustenta que o MEC ignorou os alertas da Polícia Federal de que o vazamento do ENEM no Ceará poderia ter sido maior do que o noticiado.

Segundo a matéria, o vazamento teria chegado também ao cursinho mantido pelo Colégio Corpus Christi (conforme pode-se conferir na matéria abaixo). Mas diz que, pré-candidato ao governo do Estado, Fernando Haddad teria ignorado a informação da PF.

Os documentos disponibilizados pelo MEC desmontavam a tese central da matéria. Mas não foram levados em conta.

São os seguintes documentos:

1. No dia 26 de outubro, a AGU oficiou o colégio solicitando cópias do teste aplicado, bem como a relação do corpo discente do colégio, assim como dos alunos do colégio e do cursinho. Clique aqui.

2. Em seguida, atendendo ao pedido do próprio INEP, os advogados do colégio enviaram a relação de alunos matriculados no cursinho. Clique aqui.

3. No dia 10 de novembro, a procuradora-chefe do INEP, Eliana Alves de Almeida Satori, oficiou o Delegado da PF do Ceará, Nelson Teles Jr., pedindo urgência nos esclarecimento sobre o andamento do IPL 1281/2011-4, "principalmente quanto à existência de algum elemento comprobatório que nos possa permitir concluir se as questões do pré-teste aplicados no Colégio Christus no ano de 2011 (...) também o foram (divulgados) nos cursos pré-vestibulares mantidos pelo Colégio Christus. Clique aqui.

4. No dia 11 de novembro,m o delegado responde dizendo haver evidências de que o material “foi disponibilizado tanto para os alunos regulares, como também para os alunos do curso pré-vestibular mantido por aludido estabelecimento de ensino”. Clique aqui.

Segundo o MEC, ao contrário do que disse a manchete do Estadão, tanto o alerta não foi ignorado, como todas as providências necessárias foram tomadas - levantamento dos alunos do colégio e do cursinho que poderão ter as notas anuladas.

Do Estadão

MEC ignorou alerta da PF de que vazamento do Enem no Ceará foi maior
Governo foi avisado de que, além de alunos do 3º ano do Colégio Christus, os do curso pré-vestibular também tiveram acesso a questões do Enem, mas nada fez
20 de dezembro de 2011 | 22h 29

Rafael Moraes Moura, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O ministro da Educação e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, ignorou informação da Polícia Federal de que o vazamento de 14 questões do Enem 2011 foi maior que o admitido oficialmente. Mesmo avisado de que a fraude não se restringiu a 639 alunos do Colégio Christus, de Fortaleza - atingindo também estudantes do curso pré-vestibular da instituição -, o MEC manteve a anulação das questões apenas para alunos do colégio. Agora, a pasta admite anular as 14 questões do Enem dos alunos do cursinho.

Em resposta ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC que cuida do Enem, a PF informou, em novembro, haver “evidências” de que tanto alunos regulares do Christus quanto os do cursinho pré-vestibular tiveram acesso ao material. Mas o MEC puniu apenas os estudantes regulares.

Em meados de novembro, o ministro já se lançara pré-candidato e a divulgação de que o vazamento fora maior poderia prejudicar sua agenda pré-eleitoral.

Questionado pelo Estado, o MEC confirmou estar “ciente” das evidências levantadas pela PF e admite possibilidade de anular questões da prova de cerca de 500 outros estudantes, do cursinho.

Para calibrar o grau de dificuldade das questões do Enem pela Teoria de Resposta ao Item (TRI), é aplicado um pré-teste. Em 2010, ele foi feito em 16 colégios, entre eles o Christus. O MEC afirmou ao Estado estar seguro de que o vazamento de questões desse pré-teste não se repetiu nas demais escolas.

Além de expor que o vazamento não ficou restrito aos alunos regulares do Christus, a investigação da PF revela falhas nos procedimentos de fiscalização do pré-teste, que teria ficado a cargo da própria escola. “A escola não é responsável por essa aplicação, até porque ela tem de estar isenta. O consórcio falhou, não se pode delegar à escola uma função que é de sua responsabilidade”, disse a presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amábile Pacios.

Falhas. Em resposta ao Estado, a Fundação Cesgranrio, que aplicou a prova no Ceará, admite falhas na aplicação do pré-teste. “Houve, por parte de um dos representantes da Cesgranrio no Ceará, uma atitude inadequada quanto ao procedimento usual, que é a cessão de apenas uma parte da equipe de fiscalização à instituição onde se realizam as provas. Uma possível explicação para essa descabida atitude seria sua crença de que a observância a preceitos éticos fosse prevalecer, sobretudo por envolver uma tradicional instituição de educação”, disse o Cesgranrio. “Enfatizamos que, no treinamento ministrado pela representante da Cesgranrio enviada a Fortaleza, foi dado o comando de que os aplicadores não poderiam ter vínculo com a instituição, o que infelizmente não ocorreu.”

O MEC disse confiar no consórcio Cespe/Cesgranrio para a aplicação do pré-teste e do Enem e defendeu o aprimoramento das questões de segurança nos próximos exames. / COLABORARAM CEDÊ SILVA e LORENA AMAZONAS, ESPECIAL PARA O ESTADÃO.EDU

Previsão econômica 2012 - Dilemas do “novo mix”

Observada do alto, a floresta das previsões econômicas para 2012 mostra um padrão razoavelmente homogêneo. O conjunto das projeções, em comparação com 2011, pode ser resumido, de certo modo, em mais do mesmo, se bem que em ritmo diferente. A indicação é de que o arranjo atual dá para o gasto – sobretudo quando se leva em conta o ambiente global turbulento e desfavorável –, embora não reúna os elementos capazes de sustentar uma nova e desejada qualidade de crescimento.

Quando, porém, se olham as árvores, a visão que aparece é mais desigual, sinalizando incertezas bem maiores do que poderiam fazer supor os grandes números agregados. O cenário dos exercícios de previsão é o mesmo – nem ruptura nem solução na Europa do euro –, mas o intervalo que acomoda pisos e tetos das projeções de crescimento econômico em 2012 se alarga, variando de 2,5% a 4%. Só a distância entre esses extremos já dá uma ideia das divergências sobre o possível comportamento das variáveis embutidas nas projeções. E das incertezas que prevalecem no ambiente econômico.

Talvez a maior dessas divergências se localize no grau de confiança na manutenção pelo governo do chamado “novo mix” de política econômica, inaugurado com o governo Dilma, no qual alívios no lado monetário seriam sustentados por maior austeridade fiscal. Há muitas dúvidas, de fato, sobre a sobrevivência de tal combinação.

São convergentes as expectativas de que o ciclo de corte na taxa básica de juros irá até abril ou maio, assim como convergem os pressupostos de que a meta cheia de superávit primário e o centro da meta de inflação não serão alcançados. Não existe entendimento, contudo, a respeito do nível em que se darão os desvios e a que tempo, eventualmente, ocorrerão mudanças no “novo mix” de política econômica.

Um tanto pela base de comparação elevada e outro tanto pela moderação nas tendências de recuperação da economia, a inflação em 12 meses deverá recuar entre janeiro e abril ou maio, mantendo espaços, no período, para cortes nos juros básicos. Dependendo da evolução da alta de preços, movimento também vinculado aos acontecimentos na economia global, são esperados mais três ou quatro cortes de meio ponto na taxa Selic, levando-a a 9,5% ou 9% nominais ao ano – algo coisa nas vizinhanças de historicamente baixos 4% em termos reais. Daí em diante, não dá para cravar nenhuma aposta.

As visões mais otimistas projetam manutenção dos juros básicos até o fim do ano, em paralelo a uma inflação também estabilizada em torno de 5,5% (em 12 meses) e expansão econômica mais firme no segundo semestre. Disseminam-se, no entanto, as avaliações de que o Banco Central se verá na contingência de retomar o caminho das elevações na taxa básica bem antes do fim do ano.

Isso se daria sob a pressão de um aumento acima do anunciado nos gastos públicos, comprometendo na origem as bases do “novo mix” de política econômica. Não só por uma expansão na parcela dos gastos de custeio, principalmente nos itens diretamente afetados pelo forte aumento já contratado para o salário mínimo, mas também nos investimentos do governo federal e de suas estatais.

Do processamento desses elementos resulta um caldo que não passa pela peneira das promessas oficiais. É praticamente certo que os objetivos fiscais e monetários anunciados pelo governo – superávit primário na meta cheia, inflação no centro da meta, juros reais cadentes e crescimento acima de 4% – não poderão ser alcançados em 2012, se tomados em conjunto e sem mudanças nas combinações de políticas hoje aplicadas.

Se essa constatação for verdadeira, o governo terá de encarar alguns dilemas na gestão do seu jovem “novo mix” de política econômica. O principal deles está atrelado à evolução da demanda agregada em contexto de redução dos juros básicos e crise na economia global. Entre prosseguir no corte dos juros, manter a inflação controlada e estimular o crescimento, a política econômica terá de ceder em alguma combinação desses desejos.

Poder avançar ou ter de frear no meio do caminho, revertendo ou não o “novo mix” da política econômica, ficará na dependência da profundidade do movimento de deflação nos mercados internacionais e do quanto isso afetará os preços domésticos fundamentais. Dependerá também dos rumos que a crise global vier a assumir e da consequente amplitude dos seus canais de contágio. O “novo mix”, num resumo da história toda, corre riscos de ter vida curta.

Texto de José Paulo Kupfer

Fonte:http://blogs.estadao.com.br/jpkupfer/

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Fome das crianças gregas marca a volta da banalidade do mal à Europa

A atitude dos governos europeus diante do sofrimento que a politica de austeridade começa a produzir produzir nos países mais frágeis da União Européia lembra um dos períodos negros da consciência política no Velho Mundo.

Na Grécia, crianças famintas desmaiam nas salas de aula porque passaram vários dias sem comer. Algumas universidades daquele país estão sem aulas há meses. Não há dinheiro para pagar professores, nem para o material didático, nem para o básico.

Em Barcelona, a prefeitura decide racionalizar o uso de papel higiênico nas escolas para conter custos. Na Espanha inteira, o desemprego entre jovens passou dos 40%.

Alguém se escandaliza? Deixando quem vai protestar na rua, manifestando sua raiva e sua impotência, a atitude geral é de silencio e conformismo. A fome das crianças gregas é tão previsível como abrir o chuveiro e aguardar pela queda d’água. O pais foi asfixiado por sucessivos planos de ajuste econômico que trouxeram mais sacrifícios e sofrimentos.

Estamos assistindo a uma nova versão da velha banalidade mal, conceito essencial para entender o caráter impessoal e burocratizado de boa parte das políticas de Estado em nossa época.

Altos funcionários e executivos despidos de todo sentimento ético e toda solidariedade em relação a outros seres humanos são capazes de cometer atos cruéis e vergonhosos, sem sentirem-se obrigados a refletir sobre as consequências.

Hanna Arendt criou este conceito numa situação extrema — para definir a postura de Adolf Eichmann durante o período nazista. Responsável pela administração da máquina que executou 6 milhões de judeus, o carrasco Eichmann garantiu em seu julgamento que não possuía um ódio especial pelas pessoas que enviou aos campos da morte.

Não era um ”monstro”. Era um funcionário.
Considerava que, cumprindo seu dever naquele posto que lhe fora designado, estava contribuindo para o bem do país e para sua carreira. Eichmann negava que tivesse uma motivação perversa. Por isso, disse em seu julgamento, devia ser considerado inocente das acusações que lhe eram feitas. Nem era anti-semita, declarou. Essa argumentação traduziu a “banalidade do mal”.

E ajuda a pensar sobre a postura que homens e mulheres em posições de responsabilidade podem assumir em suas épocas, quando deixam de levar em consideração a condição humana.

Além de eliminar judeus em campos de concentração, o nazismo escravizou boa parte da população da Europa Central para trabalhar como mão-de-obra gratuita na industria de guerra. Num país ocupado por tropas alemãs, 200 000 gregos morreram de fome.

Não há portanto comparação possível entre a ditadura nazista e os governos democráticos de hoje. Vivemos em outro mundo. Os governantes são eleitos e a liberdade atinge um patamar inédito na história do Ocidente.

Mas a banalidade do mal reaparece, ainda que seja em outro contexto. E, mais uma vez, ela expressa o esforço de quem pratica atos socialmente cruéis mas se esforça para eximir-se de toda responsabilidade. E, não por acaso, sua existência ganha músculos em regimes onde a democracia é ultrapassada — o que acontece quando a população não é autorizada a dar sua opinião sobre questões fundamentais de sua existencia, como a política econômica.

Deixando de lado o blá-blá-blá da perseverança que se tornou o discurso oficial dos governantes europeus, a politica de austeridade ameaça jogar o Continente numa situação de desespero profundo, onde a fome das crianças gregas é só o exemplo mais visível de uma tragédia bem maior.

Calouros de política econômica sabem muito bem o que acontece quando um governo força o corte de gastos públicos, não estimula o consumo nem a criação de empregos. É o caminho mais rápido para transformar a região mais rica do planeta, com PIB de 16 trilhões de dólares, no cemitério do mais equilibrado sistema de bem-estar social.

Analista econômico com todas as credenciais de quem é advogado da economia de mercado, Martin Wolf, principal editor do Financial Times, define a política da União Européia como “recessão estrutural”. Com isso, ele quer dizer que o Velho Mundo está sendo levado para um programa de depressão econômica de longo prazo, que irá reduzir salários, cortar programas sociais e regressão em toda linha, sem apontar nada no fim do túnel.

Pergunte-se aos governantes e tecnocrataas da Europa qual sua responsabilidade pelo que está ocorrendo com as crianças gregas, com os jovens espanhóis, com os italianos à beira da falencia. Nenhuma. Não tem culpa de nada. A maioria não tem religião, o que costuma livrar muitas pessoas de sentirem incômodos de consciência.

Ninguém se sente responsável. Não são monstros. São pessoas normais.

texto de PAULO MOREIRA LEITE

Fonte: http://colunas.epoca.globo.com

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

É possível alimentar sete bilhões de pessoas?

Já somos 7 bilhões de habitantes. Haverá alimentos suficientes para todos? Há várias respostas. Escolhemos uma do grupo Agrimonde (veja Développement et civilizations, setembro 2011), de base francesa, que estudou a situação alimentar de seis regiões críticas do planeta. O grupo de cientistas é otimista, mesmo para quando seremos 9 bilhões de habitantes em 2050. Propõe dois caminhos: o aprofundamento da conhecida revolução verde dos anos 60 do século passado e a assim chamada dupla revolução verde.

A revolução verde teve o mérito de refutar a tese de Malthus, segundo o qual ocorreria um descompasso entre o crescimento populacional, de proporções geométricas e o crescimento alimentar de proporções aritméticas, produzindo um colapso na humanidade. Comprovou que com as novas tecnologias e uma melhor utilização das áreas agricultáveis e maciça aplicação de tóxicos, antes destinados à guerra e agora à agricultura, se podia produzir muito mais do que a população demandava.

Tal previsão se mostrou acertada pois houve um salto significativo na oferta de alimentos. Mas por causa da falta de equidade do sistema neoliberal e capitalista, milhões e milhões continuam em situação de fome crônica e na miséria. Vale observar que esse crescimento alimentar cobrou um custo ecológico extremamente alto: envenenaram-se os solos, contaminaram-se as águas, empobreceu-se a biodiversidade além de provocar erosão e desertificação em muitas regiões do mundo, especialmente na África.

Tudo se agravou quando os alimentos se tornaram mercadoria como outra qualquer e não como meios de vida que, por sua natureza, jamais deveriam estar sujeitos à especulação dos mercados. A mesa está posta com suficiente comida para todos; mas, os pobres não têm acesso a ela pela falta de recursos monetários. Continuaram famintos e em número crescente.

O sistema neoliberal imperante aposta ainda neste modelo, pois não precisa mudar de lógica, tolerando conviver, cinicamente, com milhões de famintos, considerados irrelevantes para a acumulação sem limites.

Esta solução é míope senão falsa, além de ser cruel e sem piedade. Os que ainda a defendem não tomam a sério o fato de que a Terra está, inegavelmente, à deriva e que o aquecimento global produz grande erosão de solos, destruição de safras e milhões de emigrados climáticos. Para eles, a Terra não passa de mero meio de produção e não a Casa Comum, Gaia, que deve ser cuidada.
Na verdade, quem entende de alimentos são os agricultores. Eles produzem 70% de tudo o que a humanidade consome. Por isso, devem ser ouvidos e inseridos em qualquer solução que se tomar pelo poder público, pelas corporações e pela sociedade; pois, se trata da sobrevivência de todos.

Dada superpopulação humana, cada pedaço de solo deve ser aproveitado mas dentro do alcance e dos limites de seu ecossistema; devem-se utilizar ou reciclar, o mais possível todos os dejetos orgânicos, economizar ao máximo energia, desenvolvendo as alternativas, favorecer a agricultura familiar, as pequenas e médias cooperativas. Por fim, tender a uma democracia alimentar na qual produtores e consumidores tomam consciência das respectivas responsabilidades, com conhecimentos e informações acerca da real situação da suportabilidade do planeta, consumindo de forma diferente, solidária, frugal e sem desperdício.

Tomando em conta tais dados, a Agrimonde propõe uma dupla revolução verdeno seguinte sentido: aceita prolongar a primeira revolução verde com suas contradições ecológicas mas simultaneamente propõe uma segunda revolução verde. Esta supõe que os consumidores incorporem hábitos cotidianos diferentes dos atuais, mais conscientes dos impactos ambientais e abertos à solidariedade internacional para que o alimento seja de fato um direito acessível a todos.

Sendo otimistas, podemos dizer que esta última proposta é razoavelmente sustentável. Está sendo implementada, seminalmente, em todas as partes do mundo, através da agricultura orgânica, familiar, de pequenas e médias empresas, pela agroecologia, pelas ecovilas e outras formas mais respeitadoras da natureza. Ela é viável e talvez tenha que ser o caminho obrigatório para a humanidade futura.

Texto de Leonardo Boff - teólogo, filósofo e escritor

domingo, 18 de dezembro de 2011

Brasil passa Inglaterra e é 6ª economia mundial

Deu no Expresso (de Portugal): Brasil é a 6ª potência mundial

Brasil ultrapassou o Reino Unido, avança a "Economist Intelligence Unit", empresa de consultadoria pertencente ao grupo da revista "The Economist".

O Reino Unido já não é a 6ª maior potência económica do mundo, tendo sido ultrapassado pelo Brasil, que passou a ter este ano o sexto maior produto interno bruto (PIB) medido em dólares à taxa de câmbio corrente.

A informação é da empresa de consultadoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU), confirmando assim, e antecipando, as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2011.

Tanto o FMI como a EIU e o Business Monitor International (BMI) haviam previsto que o Brasil ultrapassaria até ao final do ano o Reino Unido, passando a ocupar o lugar de sexta maior economia mundial.

De acordo com as projeções da EIU, o Brasil perderá a 6ª posição para a Índia em 2013 mas voltará a recuperar o lugar no ranking em 2014, ano do Mundial de Futebol, ao ultrapassar a França.

PIB cresce acima dos países ricos
A diferença do PIB estimado para o Brasil até ao final do ano - 2,44 mil milhões de dólares (mesmo considerada a redução da projeção de crescimento de 3,5% para 3%) e o PIB do Reino Unido (2,41 mil milhões, com crescimento de 0,7%) é de 1,2%, diferença que poderá facilmente triplicar.

Segundo o jornal "Folha de São Paulo", a subida do Brasil no ranking das maiores economias do mundo deve-se à crise dos países desenvovlidos. De acordo com a agência Terra, a tendência de ascensão dos países emergentes era esperada por especialistas há anos, mas acentuou-se devido à crise global.

A EIU refere que o Brasil continuará a subir no ranking das grandes potências, de modo a que até ao fim da década - de acordo com as projeções - o PIB brasileiro será maior do que o de todos os países europeus.

Segundo o "The Word Economy", de Angus Maddison, em 1820 o PIB britânico, sem as colónias, era 12,4 vezes maior do que o do Brasil; em 1870 era 14,3 vezes superior; e em 1913, 11,7 vezes mais elevado.

Em 2009, o PIB do Brasil ultrapassou os do Canadá e Espanha, passando a ser o oitavo do mundo, e em 2010 ultrapassou o de Itália.

De acordo com a "Folha", o crescimento do PIB que coloca o Brasil em posição favorável en relação às maiores economias mundiais é influenciado também pelo aquecimento da economia em 2010, pautada por uma política monetária de estímulo ao consumo - com uma série de subsídios e isenções de impostos iniciada no pós-crise.

"Enquanto a maioria das economias desenvolvidas ainda gatinhava na recuperação, o Brasil registou no ano passado o maior crescimento desde 1986, chegando a 7,5%. Em 2009, no entanto, a variação da economia brasileira foi negativa."

O jornal ressalta, ainda, que houve uma desaceleração na relação trimestral este ano, influenciada pela contenção do crédito, da valorização do câmbio, de juros mais elevados e do consequente arrefecimento da indústria provocado por estes fatores.

Por que a mídia não diz quem são os blogueiros ‘chapas-brancas’?


Todos os dias, algum jornalista empregado em algum tentáculo das Organizações Globo, na Folha de São Paulo, no Estadão ou na revista Veja, entre outros, recita um bordão que já virou mantra, de que blogueiros que denunciam o partidarismo político da mídia são pagos pelo governo federal ou pelo PT para dizerem o que dizem.

Deixemos de lado o mérito da questão sobre esse partidarismo da grande mídia, que, com seu silêncio gutural e ensurdecedor sobre o livro-bomba A Privataria Tucana, extirpou as últimas dúvidas que havia sobre o que os tais blogueiros “chapas-brancas” denunciam sem parar, que os veículos citados não passam de um partido político dissimulado.

Blogueiros como este, porém, têm a coragem de dar nome aos bois. Pelo menos aos quatro grandes “bois” cujos nomes vão acima. Em contrapartida, os empregados desses jornais, revistas, televisões, rádios e portais de internet não dizem a quem se referem quando aludem a “blogueiros chapas-brancas”.

Agora que a mídia não pode mais ignorar o livro do jornalista Amaury Ribeiro porque já está sendo comentado até no exterior enquanto se aproxima da marca de cem mil cópias vendidas no Brasil, ela pôs seus colunistas para tentarem desacreditar não a obra, mas o seu autor, valendo-se do que se convencionou chamar de argumento ad hominem, ou seja, do tipo que procura desqualificar o autor de uma ideia por não ter o que dizer contra ela.

Hoje foi a vez do “imortal” Merval Pereira, empregado da família Marinho, dona da Globo, falar do livro que toda a grande imprensa, até três ou quatro dias atrás, insistia em ignorar apesar de então já figurar nas listas dos livros mais vendidos que esses mesmos meios de comunicação supracitados divulgam.

O texto de Merval foi reproduzido por outro funcionário da Globo, o jornalista Ricardo Noblat, em seu blog. E é lá que se pode constatar como funciona essa pretensa máquina de desinformação e de censura do contraditório que é o grupo empresarial da família Marinho.

O texto de Merval publicado neste domingo é uma arenga construída para desacreditar o livro-bomba que denuncia supostos esquemas do “darling” das famílias midiáticas, o tucano José Serra. Em seu primeiro parágrafo, diz a enormidade que reproduzo abaixo:

“O livro “Privataria tucana”, da Geração Editorial, de autoria de Amaury Ribeiro Jr, é um sucesso de propaganda política do chamado marketing viral, utilizando-se dos novos meios de comunicação e dos blogueiros chapa-branca [sic] para criar um clima de mistério em torno de suas denúncias supostamente bombásticas, baseadas em “documentos, muitos documentos”, como definiu um desses blogueiros em uma entrevista com o autor do livro (…)”

O que salta aos olhos do parágrafo inicial de um texto que, pela lógica do autor, é chapa-branca até a alma por ter sido escrito a favor do grupo político que governa os Estados mais ricos do país – entre eles, o Estado de São Paulo – é que, à diferença de mim, ele não dá nomes.

Essa prática é recorrente entre seus pares. Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes, por exemplo, são alguns dos muitos jornalistas que se dedicam toda hora a acusar blogueiros de serem pagos pelo governo federal ou pelo Partido dos Trabalhadores para dizerem o que dizem.

Quero, então, fazer um desafio público a esses jornalistas e aos patrões deles. Abro todos os meus sigilos para que possam buscar o menor indício de que o que dizem é verdade. Não negarei uma só informação que requisitem.

Podem vir à minha casa ver como vivo, tiro extratos de minhas contas bancárias, mostro a eles minhas declarações de imposto de renda, enfim, dou a essa gente acesso irrestrito à minha vida com o compromisso de que, se não surgir um mísero centavo de dinheiro público, digam publicamente que ao menos este blogueiro não recebe nada para dizer o que diz.

As acusações que essa gente faz são injustas e, a meu ver, criminosas. Se você é blogueiro, simpatiza com o governo Dilma ou com o PT e diz isso em seu blog, automaticamente está tachado de “chapa-branca”, acusado de vender a sua consciência e a sua pena por dinheiro.

Em minha opinião, portanto, os blogueiros que têm opiniões como as minhas deveriam se unir e questionar esses jornalistas, pois todos são atingidos pelas acusações genéricas que fazem.

São acusações a centenas, talvez milhares de pessoas como eu que, além de não ganharem dinheiro com o que escrevem, ainda gastam para fazê-lo, pois, como não têm receita em seus blogs, tiram do bolso os custos de manter uma página de política na internet, o que os obriga a gastar com hospedagem virtual, com contatos telefônicos, com deslocamentos físicos etc.

Penso que a mídia está obrigada a dar nome aos bois ou a parar de fazer acusações genéricas. Não que essas acusações colem. Basta ver o que vem acontecendo nas últimas eleições ou até em pesquisas de opinião para entender que a sociedade não dá mais crédito a essa mídia, mas ela não têm direito de fazer o que faz.

Exorto a jornalistas como Merval Pereira, pois, a criarem coragem de dizer a quem se referem e em que se baseiam para fazer a acusação que fazem. Repito: da forma como acusam, qualquer um que tenha um blog que critique o engajamento político da grande mídia fica sob suspeita de ter se vendido intelectualmente.

Por enquanto, peço que façam isso voluntariamente. Mas posso garantir que cada vez mais blogueiros estão perdendo a paciência com essas acusações. Cedo ou tarde serei ouvido e uma atitude conjunta será tomada no sentido de resguardar a honra de tantos atingidos por essas acusações covardes e mentirosas.

texto de eduguim
Fonte: www.blogcidadania.com.br

Ophir, faxineiro da OAB, pode agora ser varrido


Há um velho ditado que ensina: “Perdoa-se o pecador; o pregador, jamais”.

Nos últimos meses, Ophir Cavalcante Júnior, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, incentivou praticamente todas as marchas contra a corrupção no Brasil. E sempre que houve um ministro acusado de qualquer irregularidade, ele foi o primeiro a pedir o imediato afastamento da autoridade suspeita de malfeitorias.

Faça o que eu digo, não faça o que eu faço...

Na semana de 20 a 27 de novembro, na última reunião do ano da Ordem dos Advogados do Brasil, em Brasília, Ophir foi surpreendido com uma representação oferecida por advogados paraenses contra ele.

À frente desta ação, está o advogado Jarbas Vasconcelos. Ophir é acusado de corrupção e improbidade porque recebe uma pequena fortuna sem trabalhar há 13 anos. Ele é funcionário fantasma da Universidade Federal do Pará e da procuradoria do Estado.

Ao todo, calcula-se que ele já tenha recebido R$ 1,5 milhão como marajá fantasma do Pará, estado que ostenta um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano do Brasil. “A OAB nacional não pode se calar diante desse escândalo”, diz Jarbas Vasconcelos. “E o atual presidente não pode mais nos representar.”

Apego ao cargo
Ophir e Jarbas são desafetos pessoais. Recentemente, o primeiro determinou o afastamento do segundo da OAB-PA. Ocorre, no entanto, que os fatos apresentados por Jarbas são confirmados pelo próprio Ophir, que apenas alega que as licenças remuneradas – há 13 anos!!! – são autorizadas por lei.

O atual presidente da OAB tem demonstrado apego ao cargo semelhante ao de ministros atingidos por denúncias. Não larga o osso e diz que as denúncias apenas refletem o “inconformismo” dos que foram expurgados da OAB-PA. Ele também sinaliza que irá mover ações judiciais contra os que o acusam.

Mas o fato é que, continuando ou não, Ophir se transformou num zumbi à frente da OAB nacional. Com que autoridade poderá protestar contra a corrupção alheia?

Perdoa-se o pecador, Ophir. O pregador, jamais.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Victoria’s Secrets é acusada de usar algodão de fazendas que exploram trabalho infantil e escravo


Trabalho infantil e escravo foi explorado em fazendas de algodão orgânico em Burkina Faso, na África, que fornecem para produtos da grife britânica de lingeries Victoria’s Secrets.

A informação consta em um relatório de 2008 sobre fazendas certificadas com selos de comércio justo no país e confirmada por reportagem da agência norte-americana Bloomberg News, publicada nesta sexta-feira.

O estudo de 2008 da Helvetas Swiss Intercooperation, organização sediada em Zurique, sugere que “centenas, senão milhares” de crianças poderiam estar vulneráveis a exploração em fazendas no país, na produção de algodão empregado em cadeias produtivas de marcas importantes. O produto era beneficiado e transformado em roupas em fábricas no Sri Lanka e na Índia.

A jornalista Cam Simpson passou seis semanas no país e encontrou casos como o de uma menina de 13 anos que trabalha junto da mãe em uma propriedade na colheita do algodão. Segundo a reportagem, é o segundo ano em que a adolescente trabalha no local.

A marca Victoria’s Secret usa como marketing a informação de que a maior parte do algodão provém de fazendas com certificação de produção orgânica ou de comércio justo. Parte das roupas íntimas da grife traz o percentual mínimo de “fibras orgânicas” que compõe a peça vendida.

A empresa nega ter conhecimento do relatório de 2008. A federação de fazendeiros de Burkina Faso, parceira comercial responsável por promover os princípios orgânicos e de comércio justo, também rechaça a hipótese de serem empregadas crianças nas colheitas.

Segundo a reportagem da Bloomberg, o caso mostra fragilidades de certificações de comércio justo. O segmento teve crescimento de 27% em 2010, alcançando US$ 5,8 bilhões. Parte do avanço decorre justamente da promessa das marcas de que não há exploração de trabalhadores em condições sub-humanas.

Neste ano, no Brasil, a marca espanhola Zara, da empresa Inditex, foi acusada de explorar trabalho escravo no interior de São Paulo. Imigrantes bolivianos estavam entre as pessoas libertadas por fiscais do Ministério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho e Emprego. A companhia ainda negocia um termo de ajuste de conduta (TAC) com os promotores que acompanham o caso e viu sua imagem ser desgastada pelo amplo alcance internacional da notícia.

Fonte: correio do brasil

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A vitória parcial é dos “doidos” e “sujos”: CPI da Privataria Tucana vem aí!


A “Folha” levou uma semana para falar no livro de Amaury. Talvez esperasse as orientações do “comitê central”. As orientações parecem ter chegado sem muita clareza. O jornal da família Frias, num texto opaco que nenhum jornalista teve coragem de assinar, levanta suspeita não contra Serra e sua turma de especialistas em “offshore” – mas contra o premiado repórter Amaury Ribeiro Jr.

A “Folha” não se preocupou com a “ficha” do Bob Jefferson antes de noticiar o chamado “Mensalão”. O que importava ali era a denúncia. Bob falou e a mídia correu para “provar” o roteiro que ele indicou (sem nenhuma prova, diga-se). Havia verdades na fala de Bob, mas tambem alguns exageros. O “Mensalão” propriamente dito (que a Globo tentou transforma no “maior escândalo da história”) não existia no sentido de um pagamento mensal a deputados governistas. Mas havia, sim, um esquema subterrâneo, que o PT parece ter herdado dos tucanos de Minas.

Da mesma forma, a “Folha” não se preocupou em saber se o homem que denunciava o Ministro Orlando Silva era ou não um bandido. Valiam as acusações, sem provas. O roteiro estava pronto. O ministro que provasse a inocência.

Com Amaury e a Privataria Tucana, há provas aos montes. Há documentos no livro. Mais de cem páginas. E há o currículo de um repórter premiado. Mas a “Folha” faz o papel de advogada do diabo. Quem seria o “coiso ruim” que a “Folha” quer defender?

Outro dado curioso. Lula foi ao poder e jamais investigou as privatizações. Havia um acordo tácito (e tático) para não promover caça às bruxas. Na Argentina, no México, na Bolívia, a turma dos privatas foi demolida. Aqui no Brasil, eles dão consultoria e palestras. Coisas do Brasil. Feito a jabuticaba.

Dez anos depois, a história das privatizações ressurge, pelo esforço e a coragem de um jornalista que alguns consideram “doido”, por mexer com “gente tão poderosa”. Amaury tem aquele jeito afobado, e o olhar injetado que só os sujeitos determinados costumam mostrar. Agora, querem desqualificá-lo. Covardia inútil.

Até porque um outro sujeito chamado de “doido”, o delegado e deputado federal Protógenes, botou o livro debaixo do braço e saiu coletando assinaturas para a CPI da Privataria. Nessa quinta-feira, dia 15 de dezembro, Protógenes anuncia ter atingido mais de 171 assinaturas.

A CPI da Privataria vem aí. Contra a vontade de Otavinho, Ali Kamel, Civita e dos colunistas histéricos que servem a essa gente. Meia dúzia de blogueiros sujos (obrigado, Serra) avisou o público: há um livro sobre as privatizações na praça. A brava “CartaCapital” – de Mino Carta, Sergio Lirio e Leandro Fortes – publicou 12 páginas sobre o livro. E os leitores nas redes sociais espalharam a notícia.

Verdade que setores da grande imprensa furaram o bloqueio – a notícia saiu na Record, Record News, Gazeta, Portal Terra… Mas e na Globo e na CBN que convocam “marchas contra a corrupção”? Silêncio dos cemitérios sicilianos.

Não importa. O barulho foi feito pelos blogs, pelas redes sociais e pelos poucos jornalistas que não se renderam ao esquemão do PIG. É uma turma que colegas mais bem estabelecidos costumam chamar de “gente doida da internet”.

Pois bem. A conexão dos “doidos” e “sujos” ganhou o primeiro round nesse episódio da Privataria. Como já havia ganho no caso da bolinha de papel em 2010.

Vejam bem. Não foi o PT, nem a máquina petista (parte dela, aliás, sai mal do livro - por conta do acordo na CPI do Banestado, e da guerra interna no comitê petista em 2010 narrada por Amaury) que fez barulho. Não. Foi a turma aqui da internet.

O Serra levou outra bolinha na testa. Essa deve ter doído de verdade. Serra chamou o livro de “lixo”. De fato, as operações narradas por Amaury cheiram mal. A Privataria cheira mal. E o livro é pesado, recheado de documentos.

Será que Kamel convocará o perito Molina para provar que o livro não existe? O problema será convencer os leitores dos blogs e os quase 200 deputados que já assinaram o pedido da CPI. A primeira – em muitos anos - que pode vir sem ter sido precedida de campanha movida pela velha mídia.

Essa CPI, se vingar (e ainda há armadilhas no caminho), virá contra a velha mídia. Será a vitória dos sujos e doidos contra o bloco dos hipócritas.

texto de Rodrigo Viana
Fonte: escrevinhador http://www.rodrigovianna.com.br