quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O rei da libelu posto a nu!

Prezado Reinaldo,

Na qualidade de seu leitor, noto que você, a cada dia, tem se superado. A crítica é bem vinda e necessária à democracia, por isso vou fazer a crítica da sua crítica. Ocorre que você agora é um idealista, como um ex-comunista confesso, um renegado da pior espécie, pois afirma ter sido da Convergência Socialista, um tipinho empertigado da Libelu – Liberdade e Luta. Aqueles chatos do assembleísmo, dono da verdade que continua sendo, nos seus escritos, bem escritos, mas sem dialética, posto que contraditórios, sem usar o argumento da contradição, na busca da síntese que cala o interlocutor.

Segundo você, no seu estilo "maricas", que se vangloria de ter lutado contra a repressão até no CRUSP, "enfrentou" a ditadura e agora a democracia, revela-se um falso forte. O grande articulista está merecendo um bom corretivo intelectual, com fogo com o qual se combate o fogo de um renegado "trotskista de mierda". Isso mesmo, pois disso posso falar de boca cheia, uma vez que fui, em 1967, presidente do Centro Acadêmico da Geologia, o Cepege, sem nunca ter sido militante de partido político algum. Agora, já passou o limite do racional obrigando alguém dizer abertamente: você é um jornalista que acha que é o dono da verdade, quando não passa de um "papa hóstia maldoso". Não quero ofender os crentes de boa fé.

Ninguém pode admitir os erros, a bandidagem e a roubalheira que de tão comuns os honestos se envergonham e nisso concordo com o que você possa encontrar e denunciar, sempre.

No caso do MEC, num País no qual a educação era proibida, quem podia estudava fora, depois começou religiosa e apenas na República tornou-se laica, hoje é dividida, como a sociedade, entre o ensino público e o particular, quando há muito interesse em jogo. A USP que, em 1934, com a criação da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras - FFCL, reunindo o saber universal, foi de fato nossa primeira Universidade e continua sendo a melhor, que você, nobre jornalista, não os alunos, eventuais “maconheiros” – usuários da erva que vocês da esquerda festiva da Libelu, certamente, ajudaram a introduzir nos campi, quer destruir com sua crítica maldosa. A quem interessa? No caso do ENEM, sem dúvida ao particular da indústria do vestibular, que vai se acabar sem os rendosos cursinhos, quando o ENEM ocupar de fato seu propósito, como o vem fazendo no papel de seleção nacional, o maior projeto educacional do mundo. Os erros denunciados em 2010 não foram tão graves, ainda que verdadeiros, tanto que não tiraram o sucesso do ENEM. O deste ano pela denúncia pífia e exagerada pela mídia e pessoas de seu calibre, quando de críticos a serviço de cursinhos que correm o risco de perderem a função. Num universo de cinco milhões de estudantes inscritos houve problema, o "vazamento" em apenas 639 candidatos de uma mesma escola particular. Um “professor” teria vazado, indiretamente, aos seus alunos, sem tirar o brilho do exame, mostra a importância do ENEM. Pois, por amostragem e estatística, poderia ser superior e ainda haver êxito. A deficiência do nosso sistema de ensino, não do ENEM, foi o elevado número de ausentes nas provas, que não está sendo bem cobrado. Do total de cinco milhões e pico de inscritos, apenas quatro milhões participaram, ou seja, 30% de ausentes. Qual o motivo de alguém fazer a inscrição e não comparecer? Isso é grave se eram estudantes aptos, além dos que poderiam tê-lo feito e não se inscreveram. Tampouco é reconhecido o seu custo elevado, da ordem de R$ 300 milhões, em função do grande número de participantes e do constante acréscimo da segurança. Lembro que o INEP é dispensado de licitação por ser órgão público. Mas não sou eu a pessoa indicada para defender o Ministro da Educação e vou defender o meu amigo Fernando Haddad, intelectual, como nós dois, vá lá que também o sejamos.

Você deveria calar a boca e parar de dizer besteira, com aquilo que mostrarei, antes de fuzilá-lo, com duras palavras. Como você debocha, erroneamente, há total diferença entre o que o professor Fernando Haddad justificou numa entrevista, por comparação, de maneira didática que qualquer intelectual entende: estavam criticando um livro sem lê-lo. Obrigação que até nisso diferiam os dois ditadores. Ou seja, Stalin – que na verdade não lia nada – lia os livros dos autores antes de mandá-los fuzilar, coisa que Hitler nem isso fazia para avaliar um “crime” intelectual! Haddad usou deste silogismo, quando aqueles que ignoravam o livro da professora, passaram a criticá-lo sem saber que o texto não ensinava a escrever errado, mas sim dava exemplos da língua viva e ocasiões ou mesmo regiões, em que e onde a língua falada faz a escrita.

No tocante à boa música, bom exemplo é o do nosso inesquecível Adoniran Barbosa, da “Saudosa Maloca” e do “Samba do Arnesto”, com sua criativa fala atravessada “errada”. Há quem defenda, com propriedade, que deveríamos escrever igual à fala! Nesta linha, eu modestamente, sendo do interior paulista igual a você, escrevi um livreto, ainda no prelo, usando a linguagem do dialeto caipira que conheço bem, no qual coloco toda a maldade do mundo na boca do matuto: “A pedra milagrosa, na filosofia caipira”.

Quem conhece os dialetos da nossa rica língua portuguesa, tantos, quando pessoa culta admira-se com a criatividade e a gramática caipira. Mistura do tupi-guarani, do português arcaico, do imigrante italiano e da fala dos escravos africanos, na forma simplificada, escrita tal e qual se fala.

Por todos os motivos lógicos, jamais o MEC propôs ensinar o estudante a escrever errado com aquele livro, como você e outros jornalistas e falsos intelectuais dão a entender. Sua sabedoria, Reinaldo, não é infalível e vai beber do seu próprio veneno. O sábio deveria ter “lido” o livro de Haddad e entendido, antes de fuzilá-lo e criticá-lo sem conhecimento da causa que cedo você abandonou, pois caso tivesse captado a mensagem nele contida teria gostado, não do “stalinista”, com quem ele não pode ser confundido, por você, ex-trotskista, que obrigatoriamente deve ter lido desde Karl Marx, Lênin e até ao menos seu ícone Leon Trotsky, por isso deve saber ao menos um pouquinho, ainda, dos precursores do "materialismo dialético" e dos seus sucessores e epígonos, com suas diversas escolas.

Haddad é membro do grupo dos pesquisadores e estudiosos da Escola de Frankfurt, particularmente de Habermas, com o qual neste trabalho diverge e completa a função da linguagem. Dito isso cale a boca, pois o livro de Fernando Haddad foi bem recebido pela crítica especializada. “Trabalho e Linguagem” recupera, se não sabe, que o trabalho fez o homem, a mulher também, que nele se fazem e se alienam, produzindo mercadorias que não lhes pertencem e tomam vida própria, como se roubassem incorporando a alma mortal do produtor e, por isso, se alienam igual a você, que acredita num ser supremo.

Em vez de por os pés no chão, que irá consumi-lo algum dia, eu espero que daqui a muito tempo, para poder pagar, em vida, seus pecados mortais, quando é injusto com pessoas de bem.

A par do trabalho, a linguagem, na medida em que permite o pensamento e a fala, com a comunicação, disputa a construção do ser humano, mesmo que não seja racional. Estamos na era da comunicação. O “macaco” para se tornar humano teve que, além de virar o polegar de lado, para ter o poder de pega e construir as coisas e mudar o mundo, engolir literalmente a língua para dentro da boca e criar nervos de aço, com cordas vocais. Por isso a linguagem escrita e falada é uma arma ao alcance de poucos e daquilo que não se sabe, Reinaldo, é melhor se calar, ou usar mal essa arma letal, igual ao dinheiro, que na sua mão e de outros, tira a alma mortal de pessoas honradas.

Ademais, o livro em pauta, do professor Fernando Haddad, não foi publicado quando da queda do sistema soviético, mas editado pela Azougue Editorial, em 2004, repito seu maldoso, apenas em 2004. No seu lançamento, na Livraria Cultura, eu estive presente e o autor nem pode comparecer devido a compromissos no Ministério da Educação, que havia recém ocupado. Você não tem vergonha? Basta de enganação! Errou até na data do livro que foi de fato publicado depois da queda do muro de Berlim e da derrocada das repúblicas socialistas, seu alvo preferido, pois vá lá e veja, se seu assistente revisor não remendou. Eu não tenho revisor, por isso não me acuse de imbecil, como faz com todos, se ao teclar este texto num curto espaço e tempo deixei passar algum erro. Já o sabichão, que abusa da erudição, escreveu com todas as letras e ideia com acento que não tem mais:

“Fernando Gugu-dadá Haddad é um homem de ideias bastante originais. Pouco antes de a União Soviética ir para o vinagre, ele escreveu um livro chamado “Trabalho e Linguagem - Para a Renovação do Socialismo”. Escrevi um post a respeito deste seu magnífico texto no dia 2 de julho de 2007. Faz tempo que me ocupo de seu pensamento profundo. Ali, o valente afirma: “O sistema soviético não tinha nada de reacionário. Trata-se de uma manifestação absolutamente moderna frente à expansão do capital.” Excelente! Dá para notar a matéria de que é feito o bruto”.

Cala-te boca maldita, verdadeira pena a serviço das forças reacionárias, do ensino privado e do poder do dinheiro, sem respeitar o direito de igualdade e a liberdade dos outros. Mas, me desculpe pelas duras palavras que me obriga a usar, como se fossem as pancadas do meu martelo de geólogo, para dar um chega para lá no recalcado e mostrar que você, Reinaldo Azevedo, sim joga bruto, e precisa ser lapidado, qual um diamante, posto que seja um comunista arrependido, igual ao “jacu”, tipo novo rico caipira que sai do mato, mas o mato não sai dele. Comunista confesso, pior, da Libelu, dos 17 aos 21 anos, idade já madura, sem poder alegar e justificar ter sido enganado. Mudar é um direito ou necessidade, se for para melhor, mas o “pentelho” da Libelu saiu da esquerda materialista e caiu na direita idealista, uma involução no pensamento filosófico. Saiu de Marx e voltou ao Hegel! Esse é o verdadeiro Idealismo Alemão, não o chiste que o detrator faz com o Morro do Alemão!

Veja a crise que o capital, o capitalismo, está novamente vivendo, talvez a pior desde o começo, na Revolução Industrial, para enxergar que Karl Marx está vivo, de tal maneira que todo meio científico voltou a estudar sua obra para, com facilidade, entender o que está acontecendo na economia e política global, conforme previsto em “O Capital”. Até Delfim Neto, que nunca teve nada de marxista, deu de citar e usar Karl Marx a torto e a direito, tal qual um pensador da esquerda, tipo marxista ortodoxo.

Caso você não publique esta mensagem, vou colocar em algum local público, nem que seja numa privada, como antigamente faziam, com a mensagem: “Reinaldo é um alienado, um Libelu frustrado!”. Desculpe o mau jeito, mas você está precisando, atenciosamente e um abraço de ex-companheiro Everaldo Gonçalves.

Texto de Everaldo Gonçalves é geólogo, ex-professor da USP e da UFMG e foi presidente da CPFL – Cia. Paulista de Força e Luz

Fonte: http://brasil247.com.br/pt/247/midiatech/21494/O-rei-da-libelu-posto-a-nu!.htm