terça-feira, 31 de maio de 2011

Da spanishrevolution à brazilianrevolution


Muitos amigos brasileiros estão perguntando para mim sobre a spanishrevolution. O mídia mainstream brasileira publicou pouco e entendeu quase nada. Por isso, vou fazer um exercício muito simples para entender a chamada spanishrevolution.

Imagina que uma ministra de Cultura (Ana Buarque do Holanda, por exemplo) aprova uma lei sobre direitos de autor da Internet que despreza licenças como Creative Commons, corta liberdades civis na rede e faz o jogo da indústria audiovisual.

Um grupo de ativistas digitais cria uma plataforma navoteneles, pedindo para castigar os partidos que aprovaram a lei (imaginemos aqui, PT, PSDB e PMDB). O grupo, indignado com os casos de corrupção, começa fazer ´wikimapas´ feitos em redes com os candidatos corruptos.

Depois, milhares de grupos que lutam por causas diferentes entram na luta pedindo uma “democracia real” mais participativa e transparente e outro sistema económico alternativo ao liberalismo. A revolução democraciareal estoura quando a polícia despeja um grupo de pessoas que estavam acampadas na principal praça da capital do país.

As redes sociais espalham rapidamente a brazilianrevolution e os cidadãos, altamente conectados, descentralizados e organizados, invadem as praças do país inteiro e discutem, no asfalto e na Rede, uma nova sociedade. A campanha política em andamento para as eleições regionais fica paralisada e o mundo começa olhar para uma nova revolução digital de consequências imprevisíveis.

Entendeu agora o que aconteceu na Espanha e as ideias que se espalham pelo mundo? Só falta temperar isso com uma crise econômica (internacional) e a explosão de uma gigantesca bolha imobiliária (espanhola) para completar a equação.

O fácil para a mídia brasileira era falar que o alto desemprego da Espanha (por volta dos 20%) provocou a revolta. É lógico: a crise e o desemprego influenciaram, mas o desemprego não foi o motivo principal, entre outras coisas porque ainda funciona o seguro desemprego.

O simples era comparar a spanishrevolution às reviravoltas do mundo árabe. Só tem um ponto em comum, a importância das redes sociais no processo. Na Espanha tem democracia consolidada. As causas da revolta foram outras, várias, muitas. Os objetivos também são diferentes aos do mundo árabe. 92% dos jovens espanhóis usam a Internet, doze pontos por cima do resto da Europa, segundo o próprio Estado.

A Espanha lidera também o uso de banda larga nos celulares (19,5% da população, 6,9% na Europa). O “cocktail” se completa com uma elevadíssima porcentagem de jovens formados na universidade: 39% da população espanhola entre 25 e 34 anos tem formação superior, mais que a França ou outros países europeus. E muitos estão desempregados.

Chama minha atenção que a poderosa conta de @wikileaks no Twitter, a reportagem de Preseurop, “A revolta islandesa da Espanha”, reparou na hora que um dos links mais importantes da spanishrevolution vinha do norte, da Islândia, o país que já teve o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais elevado do mundo e que afundou nas tormentas dos mercados.

De fato, uma das principais petições da spanishrevolution é exigir do governo que não ajude mais o sistema bancário que provocou a crise internacional. O link islandês-espanhol, à procura de alternativas a um mundo governado pelos mercados e pelas agências de rating é tão claro que Hordur Torfason, o homem que fez o povo islandês reagir contra banqueiros e políticos, gravou um video para parabenizar o povo espanhol.

A juventude espanhola, é claro, admira o que aconteceu nos países árabes. Foi um exemplo para todos nós. Mas a spanisrevolution é diferente. É um passo na frente. É claramente européia. E sem, pretendê-lo, se converteu na revolta digital mais avançada do mundo. Gerou o debate sobre a democracia. E pode ser fundamental para o mundo atingir um Sistema 2.0 verdadeiramente participativo.

Um detalhe: a plataforma de ciberativismo Actuable.es, que nasceu no final de 2010, foi vital para evitar que o Governo despejasse a Puerta del Sol de Madri. Em menos de 24 horas, quando a Junta Eleitoral proibiu o protesto, Actuable.es incentivou o envio de mais 150.000 e-mails para o Alfredo Pérez Rubalcaba, ministro do Interior e evitou a repressão policial e um banho de sangue.

A spanishrevolution quer uma lei eleitoral mais justa, mais representativa. Quer uma lei de transparência das contas públicas. Quer criar um espaço para participação constante da política nacional, regional e local. Quer fazer um redesenho profundo da democracia. Mas, por enquanto, ninguém parece ter entendido o recado. E os protestos continuam. E as praças estão ainda cheias de pessoas. E já tem iniciativas como “Madrid toma los barrios” para expandir o debate e participação nos bairros, praças e ruas das cidades.

Existem causas, motivos e condições para uma brazilianrevolution? Os mesmos motivos que lá e muitos outros. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Espanha, apesar da crise, ainda é um dos mais elevados do mundo.

O Brasil, apesar do crescimento econômico, tem alguns motivos para uma brazilianrevolution: uma nova ministra de Cultura, Ana Buarque de Holanda, que não respeitou a herança de cultura livre do Governo Lula; altos níveis de corrupção (muitos mais que lá); democracia pouco participativa; um rumo econômico focado no macro e não no micro (agronegócio, exportação, grandes obras); sérios problemas ambientais; inflação; uma especulação imobiliária crescente que vai rumo ao da bolha que estourou na Espanha; desigualdade; violência…

Além disso, o Brasil tem um ativismo admirável. Aqui nasceu o Fórum Social Mundial e o orçamento participativo. Aqui cresceu o apoio de governos ao software livre e licenças como o Creative Commons.

O Brasil foi e é importantíssimo na luta pela cultura livre e pelos direitos civis na Internet, uma referência internacional. O ciberativismo brasileiro, até agora, era mais forte que o espanhol, que só estourou depois da crise, quando o país inteiro saiu da mordomia da prosperidade. Os brasileiros, graças à Avaaz, conseguiram encaminhar uma lei de "ficha limpa". Brasil é dos países mais ativos em redes sociais e tem a terceira maior penetração de Twitter do mundo (23%).

Texto de Por Bernardo Gutiérrez

Fonte: blog do Nassif

segunda-feira, 30 de maio de 2011

LOBBY À LUZ DO DIA


Tem gente que viu a impressão digital do ex-ministro Zé Dirceu no vazamento das informações sobre o faturamento da empresa do atual chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. É pouco provável. Esta é a primeira vez que uma denúncia contra político do PT não saiu de dentro do próprio PT.

Ficou, de todo modo, um mal-estar dentro do “...PT profundo: as bancadas e as bases mais ortodoxas...".

Mal-estar que o ex-ministro Zé Dirceu exprimiu. Mandou recado: tudo bem, o companheiro Palocci não merece ser prejulgado, mas ninguém tinha ideia de que ela fazia tal tipo de consultoria, nem quais eram os valores pagos pela clientela. “Que eu sou consultor todo mundo sabe”, alfinetou Zé Dirceu.

Outra ironia da história: é a primeira vez que um político fica na mira pelo que ele ganhou fora do governo, e não dentro dele. Mas será mesmo “fora do governo”? Os clientes da consultoria de Palocci queriam o quê dele? Acesso privilegiado a informações? O caminho das pedras para chegar a setores do governo?
Nem precisa ser do tipo toma lá, dá cá. Exemplo: empreiteira querendo obra pública. Mas ser amigo do ministro mais influente do governo não faz mal a ninguém.

Interesses são legítimos e fazem parte do jogo democrático. O importante é ter um sistema como o americano. Há deputados que representam lobbies. Lobbies em si não são um mal. Há o lobby da indústria farmacêutica, das produtoras de Hollywood, da indústria de tabaco, mas também o das minorias, dos gays, dos deficientes físicos, dos ativistas a favor das pesquisas com célula-tronco, etc.

Tudo feito às claras, à luz do dia, regulamentado. Não é a melhor solução pro Brasil sair deste clima de desconfiança aguda e permanente?

Fonte:http://noticias.r7.com/blogs/nirlando-beirao e charge extraída de http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

domingo, 29 de maio de 2011

Jornalistas com déficit de letramento


Diz o dito popular que médicos enterram seus erros. E os jornalistas os repercutem.

A falta de atenção e capacidade de compreensão do que diz o livro didático Por uma Vida Melhor, da editora Global, é indicativo de déficit de letramento entre jornalistas.

Junte-se a problemas de leitura, interesses mercadológicos, ignorância científica, leviandade intelectual e oportunismo político.

São inúmeros os sintomas do déficit de letramento. Entre eles, dificuldade de relacionar textos (problemas com a intertextualidade), desatenção ao cotexto em que aparecem as sentenças e incapacidade de associar o texto ao contexto de enunciação - para não falar nas posições discursivas, mas isso é outra história.

O problema não é só encontrado no ensino básico. É comum que o déficit de letramento seja detectado também em outros níveis de escolaridade, mesmo entre aqueles que, em suas profissões, fazem largo uso da leitura e da escrita.

Linguístas já chamaram a atenção para o fato de que se estes jornalistas fossem submetidos ao PISA seriam reprovados.

Aqui a lista de jornalistas e intelectuais que precisam aprimorar sua leitura.
No caso deles, talvez não seja difícil.

Clóvis Rossi (Folha de SP): atribuiu aos autores do livro "crimes linguisticos" e "argumentos delinquenciais". Fundamentou seus ataques a uma pequena passagem do livro. O capítulo não era tão grande para ele se abster da leitura. Uma das marcas do deficit de letramento é a incapacidade de fazer correlações cotextuais. Interpretou "demonstração linguistica" com "pregação linguística", o que não cabe a este ramo do saber.

Flávia Salme (IG): levou a escolas sua leitura equivocada do livro. Induziu alunos a se pronunciarem contra. No seu texto, confunde modalidade e registro com normas.

William Waack (Rede Globo): iniciou o programa Painel, da GloboNews, perguntando se é "certo ensinar errado". Tímido com a explicação de Maria Alice Setubal, professora convidada, pergunta :"Embarcamos numa furada?". Ela responde: "sim". Nem Afonso Romano o apoiou.

Mônica Waldvogel (Globo): a reportagem de abertura do programa Entre Aspas, por meio de um recorte descontextualizado do livro, induz os entrevistados a condenarem a obra, os autores e o MEC. Cala-se diante das intervenções de Cristóvão Tezza e Marcelino Freitas.

Jornalista do jornal O Globo (vários): as reportagens sobre o livro didático foram assinadas por vários jornalistas. Todos insistiram na tese - não confirmada - de que o livro contém "erros grosseiros de português".

Augusto Nunes (Veja): perseguiu a professora Heloísa Ramos, durante dias. A professora é consultora da revista Nova Escola, da própria Abril, a que serve o jornalista.

Reinaldo Azevedo (Veja): a partir de trechos soltos, confundiu demonstração linguistica com pregação política. Partidarizou o que é consenso no campo da linguistica internacional.

Merval Pereira (Globo): fez afirmações fora do escopo da obra: "o Ministério da Educação está estimulando os alunos brasileiros a cultivarem seus erros”. Não há passagem clara neste sentido no livro.

Carlos Alberto Sardenberg (Globo): chegou a afirmar que o livro defende o modo de falar do ex-presidente Lula. Não leu o livro.

A mea-culpa da Folha de São Paulo, no editorial "Os livro", não foi acompanhada do necessário pedido de desculpas aos autores da obra. A seu favor, deve-se frisar que o jornal publicou dois artigos que mostram que nem todos deixaram de se ater à obra para comentá-la. Ressalte-se aqui a honestidade intelectual de Hélio Schwartsman e de Thais Nicoleti de Camargo.

Quem mais criticou sem ler?
Marcos Vilaça (Presidente da Academia Brasileira de Letras). Caso gravíssimo. O presidente da instiuição responsável pela memória das letras no país sequer teve o cuidado de consultar a obra. Acreditou no que foi levado pelos jornalistas. Desacreditou a instituição.

Ruy Castro (Escritor). Ele não leu o livro e se indignou com o que não havia sido escrito na obra. O escritor vive da leitura de livros. Mas ele mesmo não deu o exemplo.

Evanildo Bechara (Gramático). Cometeu o erro mais grave de sua carreira acadêmica. Criticou autores sem ter lido o livro. Um gramático não pode desconhecer a necessidade de ler para emitir juízos.

Edgar Flexa Ribeiro (Educador). Ele também não leu o livro e emitiu opinião a partir de trechos descontextualizados. Envolvido com educação, deu um passo em falso e será cobrado por isso.

Cristóvão Buarque (Senador). Sem ler o livro, diz que a obra pode prejudicar alunos. Este é um caso bastante sintomático. Como sua bandeira é a Educação, poderia ter sido mais cuidadoso ou pelo menos ter lido o capítulo em que aparecem as citações da imprensa. Sem fundamentação na realidade do que estava escrito no livro, declarou: "Existe um risco de se criar duas formas de falar o português" (existem várias formas de falar português, até porque toda língua é constituída por dialetos, como fica claro nas diferenças entre o Português Europeu e o Português Brasileiro); "os estudantes da rede pública, ao adotar erros de concordância verbal como regra, não terão a menor chance de passar em um concurso" (o livro em nenhum momento diz isso); "Tem que se ter em mente uma questão fundamental: sotaque e regionalismos são uma coisa, a língua portuguesa é outra" (esta diferença é absurda do ponto de vista das ciências linguísticas").

Todos os personagens acima devem desculpas à professora Heloísa Ramos e à ONG Ação Educativa. Eles se deixaram levar pela cobertura da imprensa. Pode-se desculpá-los por isso, mas é bom que reflitam.

Considero que estamos diante de um novo caso Escola Base, e todos que não se retratarem terão ajudado a constituir um novo crime de imprensa.

A professora Heloísa Cerri Ramos foi atacada pelos blogs da Veja, que tentaram ridicularizá-la. Já a Ação Educativa, com 15 anos de existência, e inúmeros projetos de pesquisa no campo da educação, além de ações como pontos de leitura, também foi caluniada sem direito á resposta.

Todos estes jornalistas e intelectuais citados apresentaram problemas graves de letramento. Recomenda-se que repensem o que disseram e tenham a humildade de consultar o capítulo, antes de emitir novas opiniões.

Além disso, um pedido de desculpas não faz mal a ninguém.

A educação brasileira agradece.


texto Por Weden
Fonte: blogdonassif

sábado, 28 de maio de 2011

Da spanishrevolution à brazilianrevolution


Muitos amigos brasileiros estão perguntando para mim sobre a spanishrevolution. O mídia mainstream brasileira publicou pouco e entendeu quase nada. Por isso, vou fazer um exercício muito simples para entender a chamada spanishrevolution. Imagina que uma ministra de Cultura (Ana Buarque do Holanda, por exemplo) aprova uma lei sobre direitos de autor da Internet que despreza licenças como Creative Commons, corta liberdades civis na rede e faz o jogo da indústria audiovisual. Um grupo de ativistas digitais cria uma plataforma navoteneles, pedindo para castigar os partidos que aprovaram a lei (imaginemos aqui, PT, PSDB e PMDB). O grupo, indignado com os casos de corrupção, começa fazer ´wikimapas´ feitos em redes com os candidatos corruptos. Depois, milhares de grupos que lutam por causas diferentes entram na luta pedindo uma “democracia real” mais participativa e transparente e outro sistema económico alternativo ao liberalismo. A revolução democraciareal estoura quando a polícia despeja um grupo de pessoas que estavam acampadas na principal praça da capital do país. As redes sociais espalham rapidamente a brazilianrevolution e os cidadãos, altamente conectados, descentralizados e organizados, invadem as praças do país inteiro e discutem, no asfalto e na Rede, uma nova sociedade. A campanha política em andamento para as eleições regionais fica paralisada e o mundo começa olhar para uma nova revolução digital de consequências imprevisíveis. Entendeu agora o que aconteceu na Espanha e as ideias que se espalham pelo mundo? Só falta temperar isso com uma crise econômica (internacional) e a explosão de uma gigantesca bolha imobiliária (espanhola) para completar a equação.

O fácil para a mídia brasileira era falar que o alto desemprego da Espanha (por volta dos 20%) provocou a revolta. É lógico: a crise e o desemprego influenciaram, mas o desemprego não foi o motivo principal, entre outras coisas porque ainda funciona o seguro desemprego. O simples era comparar a spanishrevolution às reviravoltas do mundo árabe. Só tem um ponto em comum, a importância das redes sociais no processo. Na Espanha tem democracia consolidada. As causas da revolta foram outras, várias, muitas. Os objetivos também são diferentes aos do mundo árabe. 92% dos jovens espanhóis usam a Internet, doze pontos por cima do resto da Europa, segundo o próprio Estado. A Espanha lidera também o uso de banda larga nos celulares (19,5% da população, 6,9% na Europa). O “cocktail” se completa com uma elevadíssima porcentagem de jovens formados na universidade: 39% da população espanhola entre 25 e 34 anos tem formação superior, mais que a França ou outros países europeus. E muitos estão desempregados.

Chama minha atenção que a poderosa conta de @wikileaks no Twitter, a reportagem de Preseurop, “A revolta islandesa da Espanha”, reparou na hora que um dos links mais importantes da spanishrevolution vinha do norte, da Islândia, o país que já teve o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais elevado do mundo e que afundou nas tormentas dos mercados. De fato, uma das principais petições da spanishrevolution é exigir do governo que não ajude mais o sistema bancário que provocou a crise internacional. O link islandês-espanhol, à procura de alternativas a um mundo governado pelos mercados e pelas agências de rating é tão claro que Hordur Torfason, o homem que fez o povo islandês reagir contra banqueiros e políticos, gravou um video para parabenizar o povo espanhol.

A juventude espanhola, é claro, admira o que aconteceu nos países árabes. Foi um exemplo para todos nós. Mas a spanisrevolution é diferente. É um passo na frente. É claramente européia. E sem, pretendê-lo, se converteu na revolta digital mais avançada do mundo. Gerou o debate sobre a democracia. E pode ser fundamental para o mundo atingir um Sistema 2.0 verdadeiramente participativo. Um detalhe: a plataforma de ciberativismo Actuable.es, que nasceu no final de 2010, foi vital para evitar que o Governo despejasse a Puerta del Sol de Madri. Em menos de 24 horas, quando a Junta Eleitoral proibiu o protesto, Actuable.es incentivou o envio de mais 150.000 e-mails para o Alfredo Pérez Rubalcaba, ministro do Interior e evitou a repressão policial e um banho de sangue. O suplemento do Estado de São Paulo publicou na passada segunda-feira o melhor trabalho sobre o assunto na imprensa brasileira: Reiniciar o sistema. Esse é o foco. E nem todo o mundo entendeu.

As duas principais forças políticas espanholas, Partido Socialista Operário Espanhol (no poder) e o direitista Partido Popular (PP), depois das eleições regionais do domingo passado, fizeram de conta que nada aconteceu. Se a abstenção (pessoas que não votaram) fosse uma força política, teria sido a grande ganhadora, com 33% dos votos. O Partido Popular, que foi o grande ganhador, só foi votado por 24% do país. Por exemplo em Madri, só 1 em cada 3 votantes deu a sua confiança no Partido Popular, mas governará com maioria. Em Barcelona, o escândalo foi maior. 47% dos votantes ficaram em casa (ou seja, muitos na gigantesca acampada da Plaça de Catalunya, no centro de Barcelona). E Convergència i Unió (CiU), nacionalistas conservadores, vão governar a cidade com 14% dos votos.

A spanishrevolution quer uma lei eleitoral mais justa, mais representativa. Quer uma lei de transparência das contas públicas. Quer criar um espaço para participação constante da política nacional, regional e local. Quer fazer um redesenho profundo da democracia. Mas, por enquanto, ninguém parece ter entendido o recado. E os protestos continuam. E as praças estão ainda cheias de pessoas. E já tem iniciativas como “Madrid toma los barrios” para expandir o debate e participação nos bairros, praças e ruas das cidades.

Existem causas, motivos e condições para uma brazilianrevolution? Os mesmos motivos que lá e muitos outros. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Espanha, apesar da crise, ainda é um dos mais elevados do mundo. O Brasil, apesar do crescimento econômico, tem alguns motivos para uma brazilianrevolution: uma nova ministra de Cultura, Ana Buarque de Holanda, que não respeitou a herança de cultura livre do Governo Lula; altos níveis de corrupção (muitos mais que lá); democracia pouco participativa; um rumo econômico focado no macro e não no micro (agronegócio, exportação, grandes obras); sérios problemas ambientais; inflação; uma especulação imobiliária crescente que vai rumo ao da bolha que estourou na Espanha; desigualdade; violência…

Além disso, o Brasil tem um ativismo admirável. Aqui nasceu o Fórum Social Mundial e o orçamento participativo. Aqui cresceu o apoio de governos ao software livre e licenças como o Creative Commons. O Brasil foi e é importantíssimo na luta pela cultura livre e pelos direitos civis na Internet, uma referência internacional. O ciberativismo brasileiro, até agora, era mais forte que o espanhol, que só estourou depois da crise, quando o país inteiro saiu da mordomia da prosperidade. Os brasileiros, graças à Avaaz, conseguiram encaminhar uma lei de "ficha limpa". Brasil é dos países mais ativos em redes sociais e tem a terceira maior penetração de Twitter do mundo (23%).

Texto de Por Bernardo Gutiérrez
Fonte: carosamigos@activemailpro.com.br http://www.facebook.com/democraciarealbrasil

Bernardo Gutiérrez é espanhol, jornalista, escritor e consultor de mídia. Mora em São Paulo. Seus trabalhos aparecem em La Vanguardia (Barcelona), Esquire (Madri), Expresso (Lisboa), Tage Spiegel (Berlim) ou National Geographic Brasil, entre muitos outros http://www.bernardogutierrez.es/

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Contribuintes sonham com Papai Noel ?


Como um contribuinte que acabou de entregar ao Leão um dinheiro suficiente para comprar um carro zero km, queria lembrar que é preciso colocar racionalidade na discussão sobre redução de impostos para evitar o risco de que pessoas adultas, muitas com cabelos brancos e larga experiencia na vida, comecem a acreditar na volta de Papai Noel.

É possível argumentar com lucidez que o brasileiro paga impostos em demasia.

Com números e propostas na mão, pode-se até fazer um debate produtivo e chegar a bons caminhos. Também é necessário aproveitar melhor cada centavo que se entrega para o governo, evitando o desperdício, o desvio e a corrupção. Não é o que acontece até agora, porém.

Por enquanto, estamos num debate que me obriga a recordar o destino do mais recente Papai Noel do contribuinte americano, o halterofilista-ator-governador Arnold Shwarzenegger.

O ex-mister Universo cortou tantos impostos que deixou a California em estado de calamidade pública. Até presos foram mandados para casa para o Estado não tinha dinheiro para lhes dar comida. Se as cadeias ficaram assim, imagine os hospitais, as escolas…

Na prática, a falta de recursos simplesmente inviabilizou o funcionamento do governo de um Estado que possui um PIB maior que o de muitos países. Como demonstrou uma reportagem recente da Economist, sempre fiel a sua doutrina a favor de um Estado Mínimo, boa parte da responsabilidade pelo fiasco deve-se a atuação de cidadãos bem intencionados que forçaram a aprovação de leis de seu interesse mas que não levavam em conta as necessidades de toda a população. Cada um foi seu próprio Papai Noel. No final, não havia dinheiro para pagar tantos presentes.

Essa é a discussão necessária quando se fala em cortar impostos. Se você quer pagar menos para o Leão, deve pensar em números grandes, que representam bilhões de reais entregues para o governo. Por exemplo:

Vamos diminuir as verbas para a saúde, que já perdeu 20 bilhões com o fim da CPMF? Cortar o salário de professores? As aposentadorias — mais da metade custam meio salário mínimo — serão reduzidas? Vamos diminuir o salário dos policiais? Que tal cortar o Bolsa Família? Ou vamos suspender os investimentos em aeroportos? Alguém defende o fim das obras do metrô?

Este é o debate que nos lembra que Papai Noel não é boa companhia em discussões do mundo adulto.

Mesmo nos Estados Unidos, onde os republicanos do Estado mínimo deram uma surra nos democratas de Barack Obama há seis meses, começam a surgir sinais de novo animo junto ao eleitorado. Por que? Porque muitas pessoas querem pagar menos impostos. Mas já não concordam em ver reduzidas as verbas que pagam seus planos de saúde…Essa é a questão do mundo real: é fácil discutir redução de impostos no plano das generalidades. Mas é muito difícil propor soluções concretas sem criar impasses e divisões entre os contribuintes.

Ontem, alguns postos de gasolina resolveram vender combustível sem imposto como forma de protesto. É claro que a chegada de Papai Noel agrada motoristas de qualquer idade — mas a mágica do velhinho de barbas brancas não resiste a um passeio fora do mundo de fantasia.

Vamos imaginar, apenas por um momento, que todos os impostos fossem reduzidos de um só golpe em mais de 50%. Sem esses recursos, nem o protesto poderia ter sido realizado, pois não haveria asfalto em metade das ruas que conduzem aos postos de gasolina.

O preço da gasolina já estaria mais caro, com imposto ou não, porque a Petrobrás, construída com o dinheiro do contribuinte, não teria recursos para compensar altas internacionais com a produção interna e o manejo de seus estoques. É possível, até, que a Petrobrás nem existisse e aí estariamos comprando gasolina ao preço fixada pela Shell, pela Esso, pela Total, quem sabe por Hugo Chavez. Alguém acha que seria mais barato?

A volta de nossos motoristas para casa, que é sempre um sacrifício, seria um inferno. Quem pagaria o salário dos funcionários que orientam o trânsito? Quem iria regular os semáforos? Como assegurar o tráfico de ônibus em corredores exclusivos? Quem poderia contratá-los com um salário 50% mais baixo?

Ao longo do dia, cheguei a ouvir, em tom de denúncia, a informação de que quem faz parte do programa “Minha Casa, Minha Vida” é obrigado a entregar 20% de suas prestações ao Leão. Não sabia que se pagava 20%. Mas seria bom lembrar que, sem o Leão, nem haveria Minha Casa, Minha Vida, nem outros programas de subsídio a casa própria?

O Natal é uma festa universal e creio que a maioria dos brasileiros tem uma visão simpática do Bom Velhinho, independente de religião. Vamos debater os impostos, sim. Mas com mais racionalidade e dados objetivos. Concorda?

Fonte:http://colunas.epoca.globo.com/paulomoreiraleite/

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Deputados aprovam novo Código Florestal

Embora os líderes partidários tenham passado quase um ano discutindo um acordo para votar o texto em plenário, não houve consenso entre governo, oposição, ambientalistas e ruralistas, e o projeto deve passar por mudanças no Senado Federal, o que o obrigaria a voltar à Câmara dos Deputados.

Líder do governo na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza afirmou que, caso após a aprovação pelo Congresso, o texto não agrade a presidente Dilma Rousseff, ela "não hesitará em usar as suas prerrogativas constitucionais para proteger o meio ambiente". O novo texto aprovado isenta de recompor reserva legal as propriedades de até quatro módulos fiscais.

Outro ponto sensível, a permissão de plantios em APPs (áreas de preservação permanente) ainda deve ser definida nas emendas. O governo quer que essa permissão seja de responsabilidade do Planalto, através de decretos presidenciais, enquanto a oposição quer que os Estados definam essas permissões.

Em discurso no plenário momentos antes da votação do texto, Vaccarezza afirmou que o governo não concorda com esses pontos. "Não vamos admitir anistia a desmatadores. Os reincidentes deverão ter pena maior que a primeira agressão. Não vamos concordar com que o ilícito ambiental seja definido no âmbito estadual. Queremos resolver o problema dos pequenos agricultores em APPs de rio, que são milhões, mas sem abrir mão das matas ciliares."

FONTE: Agência Câmara e Agência Brasil

A Rússia e a China desafiam a OTAN

Esperava-se que as consultas do Ministro do Estrangeiros chinês Yang Jiechi em Moscou, no decurso do fim-de-semana, preparassem a visita do presidente Hu Jintao à Rússia no próximo mês. Mas acontece que, afinal, se revestiram de um carácter de imensa importância para a segurança internacional.

Os continuados esforços russo-chineses para “coordenar” a sua posição sobre temas regionais e internacionais evoluíram para um nível qualitativamente novo no que diz respeito à situação em desenvolvimento no Médio Oriente.

A agência oficial de notícias russa utilizou uma expressão pouco usual –“estreita cooperação”- para caracterizar o novo modelo a que conduziu a sua coordenação de políticas regionais. Isto tenderá a colocar perante um forte desafio a agenda unilateralista do Ocidente no Médio Oriente.

A visita de Hu à Rússia tem lugar, em princípio, para assistir de 16 a 18 de Junho ao desenrolar do Fórum Económico Internacional, que o Kremlin está cuidadosamente a coreografar como um acontecimento anual no estilo de um “Davos da Rússia”. Ambos os países estão muito entusiasmados face à possibilidade de a visita de Hu constituir um momento crucial na cooperação energética entre China e Rússia.

O gigante russo da energia, Gasprom, espera bombear anualmente para a China 30.000 milhões de metros cúbicos de gás natural até 2015, e as negociações sobre os preços estão numa etapa avançada. Os funcionários chineses sustentam que as negociações, agora paradas, se concluíram com um acordo por ocasião da chegada de Hu à Rússia.

Naturalmente, quando a economia importante de mais rápido crescimento no mundo e o maior exportador de energia do mundo chegam a um acordo, o assunto tem maior alcance do que um acordo de cooperação bilateral. Haverá inquietação na Europa, que tem sido historicamente o principal mercado da Rússia para a exportação de energia, devido ao facto de que surja um “competidor” a Oriente e que o negócio energético do Ocidente com a Rússia possa ter a China como “sócio comanditário”. Esta mudança de paradigma potencia uma transferência das tensões Este-oeste acerca do Médio Oriente.

Posição idêntica
O Médio Oriente o Norte de África acabaram por ser o tema central das conversações em Moscovo de Yang com o seu anfitrião Sergei Lavrov. A Rússia e a China decidiram trabalhar juntas para enfrentar os problemas que decorrem da agitação no Médio Oriente e no Norte de África. Disse Lavrov: “Acordámos em coordenar as nossas iniciativas utilizando as capacidades de ambos os Estados com o fim de ajudar à estabilização mais rápida que for possível e à prevenção de mais consequências negativas imprevisíveis na zona”.

Lavrov disse que a Rússia e a China têm uma “posição idêntica” e que “qualquer nação deveria determinar o seu futuro de forma independente, sem interferência externa”. É presumível que os dois países tenham agora acordado uma posição comum de oposição a qualquer iniciativa da NATO no sentido de realizar uma operação terrestre na Líbia.

Até agora, a posição russa tem sido de que Moscovo não aceitará que o Conselho de Segurança da ONU atribua mandato à NATO para uma operação terrestre sem uma “posição claramente expressa” de aprovação desse mandato por parte da Liga Árabe e da União Africana (da qual a Líbia faz parte).

Existe, evidentemente, um “défice de confiança” neste caso, que se torna cada dia mais inultrapassável a menos que a NATO decida um cessar-fogo imediato na Líbia. Dito em poucas palavras, a Rússia já não confia em que os EUA e os seus aliados da NATO sejam transparentes acerca das suas intenções no que diz respeito à líbia e ao Médio Oriente. Há alguns dias Lavrov falou longamente sobre a Líbia em entrevista ao canal de televisão russo Tsentr. Exprimiu grande frustração face à ambiguidade e aos subterfúgios com que o Ocidente interpreta unilateralmente a Resolução 1973 da ONU, de modo a fazer praticamente tudo o que lhe apetece.

Nessa entrevista Lavrov revelou: “Chegam-nos relatórios acerca da preparação de uma operação terrestre [na Líbia] que sugerem que os planos correspondentes estão em desenvolvimento na NATO e na UE”. Deu a entender publicamente que Moscovo suspeita de que o plano dos EUA seria evitar a necessidade de um contacto com o Conselho de Segurança para obter mandato para operações terrestres da NATO na Líbia e, em vez disso, pressionar o secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon no sentido de obter de que este “solicite” à aliança ocidental a disponibilização de escoltas para a missão humanitária da ONU, utilizando essa “solicitação” como cobertura para dar início a operações terrestres.

A posição pública da Rússia e da China impediria os funcionários do secretariado de Ban Ki-Moon de facilitarem sub-repticiamente, por portas travessas, uma operação terrestre da NATO. Ban visitou Moscovo recentemente e alguns relatos russos sugeriram que “levou uma descompostura” pela forma como dirige a organização mundial.

Um perito comentador moscovita escreveu com contundente sarcasmo: Há muitas maneiras de dizer politicamente a um convidado, por conta própria e por conta dos próprios parceiros internacionais: “Não estamos muito satisfeitos com o seu desempenho, estimado senhor Ban”. É usual que nem sequer sejam necessárias palavras nestes casos.

É óbvio que o secretário-geral aprecia o romantismo revolucionário das guerras civis e que apoia os combatentes pela liberdade em geral. Em resultado disto, aparece com frequência ao lado dos arqui-liberais da Europa e dos EUA.

Todavia, o secretário-geral da ONU não deveria adoptar posições políticas extremas, e muito menos deveria alinhar com a minoria dos Estados membros da ONU no que diz respeito a este tema, como fez nos casos da Líbia e da Costa do Marfim. Não é para isso que foi eleito. A questão não reside em obrigar o senhor Ban a mudar de posição ou de convicções, mas em procurar que ajuste ligeiramente a sua visão no sentido de uma maior neutralidade.

Moscovo e Pequim parecem encarar o denominado Grupo de Contacto Líbia (formado por 22 países e seis organizações internacionais) com muitas reservas. Referindo-se à decisão de grupo, na sua reunião de Roma na 5ª feira passada, de disponibilizar de imediato um fundo temporário de 250 milhões de dólares como ajuda aos rebeldes líbios, Lavrov afirmou de forma cáustica que o grupo “intensifica os seus esforços no sentido de desempenhar um papel dirigente na definição da política da comunidade internacional em relação à Líbia”, e advertiu de que deveria evitar “tentar substituir-se ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, ou tomar partido por uma das partes”.

Converteu-se em motivo de inquietação para Moscovo e Pequim que o grupo de contacto evolua gradualmente para um verdadeiro processo regional, marginalizando a ONU, com a finalidade de formatar o levantamento árabe em moldes que se ajustem às estratégias ocidentais. O grupo de Estados do Conselho de Cooperação do Golfo (e da Liga Árabe) que está presente no grupo de contacto permite que o Ocidente proclame que o processo constitui uma voz colectiva de opinião regional. (Ironicamente, a França convidou a Rússia a unir-se ao grupo de contacto).

Ponta do iceberg
Na conferência de imprensa com Yang em Moscovo na passada 6ª feira, Lavrov foi directo ao essencial: “O grupo de contacto estabeleceu-se por sua conta. E agora arroga-se a responsabilidade pela política da comunidade internacional em relação à Líbia. E não apenas em relação à Líbia, temos ouvido apelos a que este grupo decida o que fazer em outros Estados da região”. O que preocupa a Rússia no imediato é que o grupo de contacto poderia estar-se deslocando em direcção à Síria no sentido de realizar também nesse país uma mudança de regime.

A China tem sido até agora muito diplomática no que diz respeito ao tema da Líbia e tem deixado à Rússia o papel de por em respeito o gato ocidental, mas começa a tornar-se cada dia mais eloquente. Yang foi bastante directo na conferência de imprensa em Moscovo na sua crítica à intervenção ocidental na Líbia. Há apenas três semanas o Diário do Povo comentou que a guerra na Líbia estava em ponto morto; o regime de Muhamar Khadafi tinha mostrado a sua resistência e a oposição líbia foi sobrestimada pelo Ocidente.

Comentou o jornal “A guerra líbia converteu-se numa situação delicada para o Ocidente. Primeiro, o Ocidente não pode permitir-se a guerra, económica e estrategicamente… A guerra sai demasiado cara aos países europeus e aos EUA, que ainda não saíram completamente da crise económica. Quanto mais tempo dure a guerra, mais os países do Ocidente se verão em desvantagem.

“Segundo, o Ocidente vai deparar-se com muitos problemas militares e legais… Se o Ocidente prossegue o seu envolvimento será visto como tendo optado por uma das partes… No que diz respeito às operações militares, os países ocidentais vão ter que enviar forças terrestres para depor Khadafi… Isso vai muito para além do âmbito da autoridade das Nações Unidas, e é provável que repita os erros da Guerra no Iraque… Numa palavra, a solução militar para o problema da Líbia chegou ao limite e há que colocar a solução política na agenda.”

As conversações de Yang em Moscovo significam que Pequim já se deu conta que o Ocidente está determinado em aguentar, custe o que custar, a delicada situação, fazer com que se “tranquilize” seja a que preço for e depois consumir os resultados sem compartilhar com ninguém. Por conseguinte, parece haver uma revisão da posição chinesa e uma aproximação à da Rússia (a Rússia tem sido muito mais abertamente crítica em relação à intervenção ocidental na Líbia).

Moscovo poderia ter incentivado Pequim a perceber o que se avizinha. Mas o argumento decisivo parece ser o crescente sentimento de intranquilidade em relação ao que está em causa. A intervenção ocidental na Líbia poderia ser apenas a ponta do iceberg, e o que está em desenvolvimento poderá constituir uma geoestratégia orientada no sentido de perpetuar a dominação histórica do Ocidente sobre o Médio Oriente na era posterior à Guerra Fria. E interligado com este processo está o precedente extremamente preocupante de uma acção militar da NATO sem um mandato específico da ONU.

Desde então, Lavrov e Yang participaram em Astana numa conferência de ministros de Negócios Estrangeiros da Organização de Cooperação de Xangai (SCO) que negociará a agenda para uma cimeira do organismo regional a ter lugar na capital cazaque em 15 de Junho. A grande questão é se o acordo russo-chinês sobre “estreita cooperação” em relação aos temas do Médio Oriente e o Norte de África irá converter-se em posição comum da SCO. Parece que a probabilidade de que tal suceda é elevada.

Texto de M. K. Bhadrakumar, este foi diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Exerceu funções na extinta União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão, Kuwait e Turquia

Fonte: http://www.atimes.com/atimes/Central_Asia/ME10Ag01.html

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Geógrafo defende fusão que reduziria o número de estados brasileiros


O Congresso Nacional quer redividir o Brasil criando pelo menos sete estados e quatro territórios federais. O principal argumento para esse redesenho do mapa brasileiro são as desigualdades sociais dentro dos próprios estados. No início do mês, a Câmara aprovou a realização de uma consulta popular para saber o que pensa a população do Pará sobre a divisão do estado em três, com a implantação de mais duas unidades da federação, já batizadas de Tapajós e Carajás. Aprovado praticamente pela maioria dos deputados, o projeto, que também teve o aval do Senado, não é uma unanimidade. Pelo contrário. Na contramão do que pretendem deputados e senadores, o geógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP) André Roberto Martin defende uma nova organização dos estados brasileiros, com a fusão de unidades da federação.

Pela proposta de Martin, especialista em geografia política e regional, diminuir o número de estados, fundindo alguns deles, é o melhor caminho para o país resolver dois de seus gargalos: “A desproporcionalidade de representação no Congresso e a necessidade de uma reforma tributária que ordene direitos e deveres dos entes federativos”. O geógrafo defende a redução de 26 estados para 14 e a criação de três territórios federais. O Brasil tem hoje 26 estados, além do Distrito Federal. Para ele, o principal problema das propostas em tramitação no Congresso é a falta de visão nacional. “Todas têm sempre um objetivo mesquinho: ou se apropriar de um recurso (caso da mineração no Carajás e Tapajós) ou se livrar do descaso do estado-sede, sem se preocupar com o destino deste último. No fim, fica tudo pendurado na viúva, isto é, o Tesouro Nacional.” Para ele, a fusão iria fortalecer estados que hoje têm baixa representatividade e dificuldades econômicas.

A proposta de Martin seria fundir o Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas com Pernambuco, para fortalecer a Região Nordeste dentro da federação. O Espírito Santo se fundiria ao Rio de Janeiro. Mato Grosso viraria um só estado, com a união do Mato Grosso do Sul, criado no final da década de 1970. Tocantins voltaria a pertencer a Goiás. Roraima, que até a década de 80 era território, seria incorporado pelo estado do Amazonas. E o antigo território do Amapá, levado à condição de estado em 1988, seria incorporado ao Pará.

“Recorro à história, geografia e ciência política para dizer que o Nordeste se enfraqueceu à medida que se subdividiu, sua economia perdeu tônus, e Recife definhou perante Rio e São Paulo. Restaurar o velho Leão do Norte, capitania geral que reunia Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, seria hoje revolucionário”, defende. Para o autor de tão polêmica proposta de aglutinação – que passa longe da cabeça dos parlamentares, pois não há nenhum projeto dessa natureza em tramitação –, a consulta sobre a criação de estados é totalmente extemporânea. “Está-se desviando a atenção de temas importantes. Se for para debater formas de diminuirmos as desigualdades regionais do país, aí sim o tema da divisão ou fusão territorial se torna relevante”, afirma.

Mas o professor não é o único contrário a novas unidades da federação. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), encomendado pela Câmara na legislatura passada, afirma que os novos estados seriam inviáveis economicamente e dependeriam de ajuda federal para arcar com as estruturas de administração pública que precisariam ser criadas, como toda a máquina dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Inviabilidade econômica

De acordo com o estudo do Ipea, na maioria dos casos em discussão no Congresso, os gastos necessários para a criação das novas unidades federativas seriam maiores do que o Produto Interno Bruto (PIB) do próprio estado.

Apesar de aprovada consulta sobre a divisão do Pará, a proposta ainda enfrenta resistência e até mesmo ações na Justiça. O deputado estadual do Pará Celso Sabino de Oliveira (PR) entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) contra os projetos dos plebiscitos sobre o desmembramento do estado. O deputado quer a suspensão do projeto enquanto não houver um "estudo técnico" sobre o assunto. Ele alega que não foi feito nenhum levantamento de quanto vai custar a nova estrutura administrativa do estado. "É uma ilegalidade a falta de estudos técnicos que demonstrem a viabilidade econômico-social dos novos estados, além dos prováveis impactos tributários que sofrerá a referida região", diz o deputado. A relatora do processo é a ministra Ellen Gracie.

No caso de Carajás, falta apenas a promulgação de um decreto para que a consulta comece a ser organizada. Para o plebiscito sobre o estado do Tapajós é necessário que a proposta volte para o Senado, onde já tinha sido aprovada, porque foi alterada pela Câmara.

Fonte: http://www.em.com.br/ - Alessandra Mello em 22/05/2011

domingo, 22 de maio de 2011

24 dicas para facilitar a vida


Recentemente recebi um email de um amigo, esse me fez refletir sobre a vida, gostei da simplicidade das palavras e das sugestões, além disso, o texto é curto e facilita a leitura.

Hoje resolvi compartilhar esse texto, a princípio não recebi o autor, portanto deixarei sem autor, caso alguém saiba, por favor me informe para que eu possa dar os devidos créditos.

Veja, leia e reflita, no meu entender valeu a pena ter lido:

01 - Seja ético.
A vitória que vale a pena é a que aumenta sua dignidade e reafirma valores profundos. Pisar nos outros para subir desperta o desejo de vingança.

02 - Estude sempre e muito.
A glória pertence àqueles que têm um trabalho especial para oferecer.

03 - Acredite sempre no amor.
Não fomos feitos para a solidão. Se você está sofrendo por amor, está com a pessoa errada ou amando de uma forma ruim para você. Caso tenha se separado,curta a dor, mas se abra para outro amor.

04 - Seja grato(a) a quem participa de suas conquistas.
O verdadeiro campeão sabe que as vitórias são alimentadas pelo trabalho em equipe. Agradecer é a melhor maneira de deixar os outros motivados.

05 - Eleve suas expectativas.
Pessoas com sonhos grandes obtêm energia para crescer. Os perdedores dizem: "isso não é para nós". Os vencedores pensam em como realizar seu objetivo.

06 - Curta muito a sua companhia.
Casamento dá certo para quem não é dependente.

07 - Tenha metas claras.
A História da Humanidade é cheia de vidas desperdiçadas: amores que não geram relações enriquecedoras, talentos que não levam carreiras o sucesso, etc. Ter objetivos evita desperdícios de tempo, energia e dinheiro.

08 - Cuide bem do seu corpo.
Alimentação, sono e exercício são fundamentais para uma vida saudável. Seu corpo é seu templo. Gostar da gente deixa as portas abertas para os outros gostarem também.

09 - Declare o seu amor.
Cada vez mais devemos exercer o nosso direito de buscar o que queremos (sobretudo no amor). Mas atenção: elegância e bom senso são fundamentais.

10 - Amplie os seus relacionamentos profissionais.
Os amigos são a melhor referência em crises e a melhor fonte de oportunidades na expansão. Ter bons contatos é essencial em momentos decisivos.

11 - Seja simples.
Retire da sua vida tudo o que lhe dá trabalho e preocupação desnecessários.

12 - Não imite o modelo masculino do sucesso.
Os homens fizeram sucesso a custa de solidão e da restrição aos sentimentos. O preço tem sido alto: infartos e suicídios. Sem dúvida, temos mais a aprender com as mulheres do que elas conosco. Preserve a sensibilidade feminina - é mais natural e mais criativa.

13 - Tenha um orientador.
Viver sem é decidir na neblina, sabendo que o resultado só será conhecido, quando pouco resta a fazer. Procure alguém de confiança, de preferência mais experiente e mais bem sucedido, para lhe orientar nas decisões, caso precise.

14 - Jogue fora o vício da preocupação.
Viver tenso e estressado está virando moda. Parece que ser competente e estar de bem com a vida são coisas incompatíveis. Bobagem ... Defina suas metas, conquiste-as e deixe as neuras para quem gosta delas.

15 - O amor é um jogo cooperativo.
Se vocês estão juntos é para jogar no mesmo time.

16 - Tenha amigos vencedores.
Aproxime-se de pessoas com alegria de viver.

17 - Diga adeus a quem não o(a) merece.
Alimentar relacionamentos que só trazem sofrimento é atrapalhar sua vida. Não gaste vela com mau defunto. Se você estiver com um homem/mulher que não esteja compartilhando, empreste, venda, alugue, doe... E deixe o espaço livre para um novo amor.

18 - Resolva!
A mulher/homem do milênio vai limpar de sua vida as situações e os problemas desnecessários.

19 - Aceite o ritmo do amor.
Assim como ninguém vai empolgadíssimo todos os dias para o trabalho, ninguém está sempre no auge da paixão. Cobrar de si e do outro viver nas nuvens é o começo de muita frustração.

20 - Celebre as vitórias.
Compartilhe o sucesso, mesmo as pequenas conquistas, com pessoas queridas. Grite, chore, encha-se de energia para os desafios seguintes.

21 - Perdoe!
Se você quer continuar com uma pessoa, enterre o passado para viver feliz. Todo mundo erra, a gente também.

22 - Arrisque!
O amor não é para covardes. Quem fica a noite em casa sozinho, só terá que decidir que pizza pedir. E o único risco será o de engordar.

23 - Tenha uma vida espiritual.
Conversar com Deus é o máximo, especialmente para agradecer. Reze antes de dormir. Faz bem ao sono e a alma. Oração e meditação são fontes de inspiração.

24 - Muita Paz, Harmonia e Amor... sempre!

sábado, 21 de maio de 2011

15 filmes que todo administrador deve ver

Professores da área de Administração e Negócios recomendam as obras que consideram indispensáveis para os profissionais que ocupam cargos de gerência "O cinema é a arte do século XX e a Administração a disciplina. Ambos têm feito uma aliança para mostrar o empresário ou o administrador ao mundo". Assim define María Elena Carballo, ex-ministra da Cultura da Costa Rica e professora do Incae Business School, a relação entre o cinema e a Administração de Empresas.

Carballo explica que a sétima arte tem se interessado desde o início do século pelas figuras do empresário e do administrador, e as mostra para prover um campo de análise. E, na maioria das vezes, o faz de uma forma crítica, para que possamos estudar seu comportamento.

"Na vida real, não se pode fechar as pessoas em um globo para experimentar como em "O show de Truman", porque é antiético, mas você pode estudar sua acção com antecedência e, em seguida, traduzi-lo em uma obra, quer seja no cinema ou na literatura", disse Carballo.

Um dos ensinamentos que há no cinema, explica a acadêmica, é que ele mostra as múltiplas dimensões de quem tomas as decisões. "É a grande diferença que tem com os estudos de caso, onde você vê os resultados da empresas e do gerente em uma única dimensão. No cinema você vê sua vida íntima, como se esforçam para fazer sua empresa prosperar, mas também como traem, se enfurecem, algo que se aproxima muito mais dos seres humanos", afirma.

Para ela, isso é o que interessa conhecer nas escolas de negócios, e explica também que se abordam constantemente os temas que estão por trás do sucesso, como a solidão.

"Quando uma família faz uma homenagem ao empresário latinoamericano o pinta como um santo, e isso o distancia totalmente da realidade. Em geral, eles são pessoas com as mesmas falhas que temos todos, e isso é o interessante, seus problemas, seus erros, e como chegam a formar grandes conglomerados empresariais lidando com isso", explica a professora.

Nos Estados Unidos, aponta a ex-ministra, é muito mais fácil abordar esses temas no cinema, porque eles conseguem ver como heróis personagens como Bill Gates. Na América Latina, se exalta mais o herói militar ou o religioso. "Nós praticamente não temos filmes sobre administradores, porque se tende a pensar que são pessoas pouco interessantes ou desonestas, e esse mito tem que ser mudado ensinando as pessoas histórias de empresários que têm feito coisas boas, mas que cometeram erros também", defende.

Estudos de caso

O professor da escola equatoriana Espae-Espol Francisco Alemán, orientador de um cine-fórum para estudantes de MBA chamado "Hollywood e Administração", crê que o uso de filmes pode ajudar na compreensão de determinados modelos teóricos, mas também de como os personagens são influenciados pelos comportamentos organizacionais e as motivações gerenciais, que são parte desse mundo real.

"O cinema é um bom meio de descrever os comportamentos humanos, organizacionais, os processos de tomada de decisões, a comunicação, os estilos de liderança e tudo que tem relação com um tema específico", afirma o professor. Além do mais, explica que o tema dos estudos das escolas de negócios são os casos, e o cinema dá um maior realismo a esses casos.

Os filmes que um administrador não pode perder:

1 – Amor sem escalas (Up in the air, 2009)
Trata de um executivo que viaja o mundo com a missão de demitir trabalhadores de empresas multinacionais, e, de repente, chega em seu departamento uma mulher que resolve implantar um processo de demissões por videoconferência. Entra em cena um conflito entre gerência tradicional e gerência nova, que salta das escolas de negócios transformando as relações. "George Clooney (o protagonista) representa a geração que se defende muito bem das mudanças tecnológicas e consegue, nesse sentido, se sustentar", afirma Alemán.

Outro conflito presente é o da comunicação. O personagem tem um esquema de comunicação em que não escuta, não lê os sinais, o que resulta em um grande erro. Segundo Carballo, mostra um problema psicológico do personagem. "Ao fazer essa coisa tão horrível que é despedir as pessoas, se protege viajando constantemente sem ter relações interpessoais constantes. Assim, desenvolve uma armadura para não se comprometer emocionalmente com ninguém, e quando se compromete já é tarde", afirma.

2 – Ponto Final – Match Point (Match Point, 2005)
"Aí está o personagem arrivista, típico do século XIX, que vai chegar ao topo de qualquer jeito", diz o professor. O personagem principal, um tenista aposentado que dá aulas a milionários em Londres, é traído por sua própria ganância e, ao mesmo tempo, pelo sexo e a paixão.

3 - Enron: The Smartest Guys in the Room, 2003
Documentário sobre a fraude e posterior falência da empresa norte-americana Enron, um caso fantástico para tratar de ética profissional, indica Alemán.

4 – Treze dias que abalaram o mundo (Thirteen Days, 2000)
Aborda a crise dos mísseis em Cuba, em 1962. Explora o modelo de decisões do agente racional e expõe conceitos interessantes sobre tomada de decisões e estratégias.

5 - A Verdade dos Bastidores (The Quiz Show, 1994)
Trata de um caso real dos anos 50: um engano massivo da televisão, aborda o tema da corrupção. ""É para pensar o início da carreira. Nele, três jovens tomam decisões que serão definitivas para suas vidas profissionais", conta Carballo.

6 - Barbarians at the Gate, 1993
Descreve o golpe mais famoso na história da RJR Nabisco. Os temas interessantes para se analisar são: LBO, Teoria da Agência, Fusões e Aquisições.

7 – Encontro com Vênus (Venus Meeting, 1991)
"Um diretor da Europa Oriental chega para conduzir uma orquestra onde predomina a Europa Ocidental. Mostra o quanto é difícil conseguir o sucesso em outra região. Excelente filme para analisar a liderança intercultural", diz Carballo.

8 - Com o dinheiro dos outros (Other People's Money, 1991)
Trata de uma empresa adquirida de maneira fraudulenta e as transformações que decorrem disso. "Nele, aprendemos sobre gerência das mudanças, resistência às mudanças, os valores da empresa antiga e como resgatá-los", afirma Alemán.

9 – Crimes e pecados (Crimes and Misdemeanors, 1989)
Esse filme mostra dois homens de sucesso que devem enfrentar diferentes dilemas éticos. "Trata muito bem do tema crime e castigo", afirma Carballo.

10 - Tucker (Um homem e seu sonho, 1988)
Trata de um empresário que quis introduzir inovações nos automóveis de sua época para criar "o carro do futuro", potente, rápido e aerodinâmico, e se depara com diversos obstáculos, mas consegue desenvolver suas propostas.

11 – O último imperador (El Último Emperador, 1987)
É a história do último imperador chinês, que subiu ao trono aos três anos de idade. Serve para ver o estilo e entender como o líder nunca está só e encontra-se sempre rodeado de uma equipe que o molda.

12 – Wall Street 1 – Poder e cobiça (Wall Street, 1987)
Apresenta o homem ganancioso e inescrupuloso capaz de fazer o que seja por dinheiro. "Mostra muito bem o perigo que é o tema do manejo da informação confidencial no mercado de valores, e também diferentes faces da liderança", afirma Alemán.

13 - Gandhi (Gandhi, 1982)
Biografia do líder indiano que lutou contra os abusos da ocupação inglesa e junto a outros líderes levou finalmente a independência ao seu país em 1947. "Desse filme pode-se tirar grandes lições de liderança", afirma Carballo.

14 – Doze homens e uma sentence (Twelve Angry Men, 1957)
Nesse clássico pode-se explorar temas como eficiência da decisão coletiva, liderança, persuasão, comunicação.

15 – O cidadão Kane (Citizen Kane, 1941)
"É um filme extraordinário, que está entre os 10 melhores da história. É uma obra indiscutível de um cineasta jovem, cujo protagonista associa para sempre a solidão e o sucesso profissional, uma dicotomia real de que, se somos exitosos, somos solitários", explica Carballo.

Fonte: Por Mariana Osorio, www.mba.AmericaEconomia.com e http://www.administradores.com.br

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Saiba como tornar sua marca inesquecível

Entra ano, sai ano e sempre há uma nova premiação do tipo "Top of mind" aparecendo no mercado, seja da emissora de TV, da associação de lojistas ou de uma das tantas consultoria que existem por aí. É verdade que, embora a maioria costume ouvir o público consumidor nas ruas, outras não têm critérios muito confiáveis. Mas, independente do troféu ou do certificado para expor na parede, o que você tem feito para colocar o seu negócio entre os mais lembrados?

"O segredo para fazer uma marca top of mind é a qualidade das ações de branding. Elas precisam ser únicas e relevantes para o consumidor", afirma Marco Antônio Rezende, diretor de Branding da Cauduro Associados.

O especialista diz ainda que as ações "precisam ser estratégicas e duradouras, ir muito além de uma simples campanha de publicidade, trimestral ou semestral. A marca precisa falar uma linguagem consistente e integrada. E, principalmente, a marca precisa ser verdadeira, sempre verdadeira".

Aspecto real, atratividade e certeza antecipada
Segundo o executivo, teoricamente, há dois caminhos que contribuem para a criação de marcas top of mind. O primeiro resulta da chamada base quantitativa. Neste processo, a identificação do consumidor com a marca acontece em três níveis diferentes: aspecto real, atratividade e certeza antecipada. No aspecto real, o consumidor vai perceber se a marca é funcional, irá avaliar o preço produto e a durabilidade.

Um exemplo interessante é a fabricante de utensílios de cozinha Tramontina. Desde o início, em 1911, o principal produto da Tramontina ressaltou atributos como inovação, design e, especialmente, o material 100% inoxidável, que não enferruja.

A atratividade, por sua vez, está relacionada à emoção, ao objeto de desejo. Ou seja, o produto precisa ser atraente. Um exemplo simples é a seleção de uma fruta em uma feira. Observamos a cor, o aspecto, o formato, o brilho e, por fim, escolhemos aquela que parece mais atrativa.

O último nível da base quantitativa é a certeza antecipada. Neste momento, o consumidor tem a certeza de que aquele produto que ele compra lacrado virá sem defeitos e irá satisfazer todas as necessidades. Como exemplo, podemos citar uma garrafa lacrada de Coca-Cola ou uma lasanha congelada da Sadia. Ao atender positivamente aos três níveis da base quantitativa, é criada a base para a identificação do consumidor com a marca.

Rezende lembra que todos os elementos citados são importantes, e que precisam caminhar juntos. "Os três fatores influenciam o consumidor como um todo. Exprimem os três registros da psique humana. Atuam por igual. Quando um deles falha, a marca passa a ser um simples logotipo, deixa de ser capaz de determinar as atitudes e os comportamentos do consumidor", afirma.

Design e comunicação
A forma como uma marca se apresenta também é fundamental. Não há como perceber bem um negócio se ele não se apresenta bem. Entram aqui os chamados fatores qualitativos. Nesse sentido, Rezende apresenta alguns critérios que devem ser considerados para que a marca apareça bem na fita! Segundo ele, "originalidade, qualidade de percepção, beleza, capacidade de comunicar a essência da marca e, principalmente, a qualidade da recepção dos consumidores" são fatores indispensáveis na hora de definir o design de uma marca.

Fonte:Por Redação, www.administradores.com.br

terça-feira, 17 de maio de 2011

Articulações em torno ao Código Florestal abrem fratura no pacto do agronegócio


Uma conseqüência indireta da articulação ruralista-parlamentar para afrouxamento na legislação ambiental florestal é um tácito relançamento da Questão Agrária ao debate público dos grandes meios de comunicação, mesmo que os publicistas que tratam desses problemas não se dêem conta. Na verdade o que está em jogo na discussão do Código Florestal é o controle público-privado do território, onde os direitos de propriedade fundiária não podem ignorar o caráter social e público dos recursos naturais que integram continuamente esse território.


Por seu turno, ao reduzir em geral as áreas de mata ciliar (no entorno dos rios) e dispensar as propriedades com até quatro módulos rurais das chamadas Áreas de Preservação Permanente (topos e encostas de morros e mata ciliar), ao mesmo tempo em que propõe forte descentralização estadual e municipal para cuidar de biomas nacionais – Amazonas, Cerrados, Caatinga, Pantanal etc. (ou plurinacionais) -, o Relatório Rebelo conseguiu a proeza de desunir partes e peças do agronegócio, até bem pouco coesas e omissas na política agrária da função social da propriedade rural.

A Embrapa, por intermédio de suas unidades de meio ambiente, subsidiou fortemente a SBPC e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), alertando e contestando as pretensões do Relatório Rebelo, fazendo inclusive previsões nada lisonjeiras sobre a perda de biodiversidade e as conseqüências desastrosas sobre a hidrologia e o aumento do efeito estufa, decorrentes das ações propostas pelos ruralistas.

A própria mídia televisiva, à frente a Rede Globo de Televisão, deu destaque e cobertura jornalística informativa e profissional às questões levantadas pelo Relatório Rebelo, algo que já vinha sendo feito pela grande mídia impressa, permitindo aos telespectadores e leitores formar juízos sobre a ação pública em curso na esfera parlamentar.

Ora, com o tratamento democrático da informação, num campo em que se lida com interesses classistas muito arraigados – os do agronegócio -, produziu-se um curioso processo de formação de opinião pública, que de certa forma ameaça a estratégia ruralista original, que é eliminar qualquer restrição social e ambiental aos direitos privados absolutos.

O governo federal, que até o presente se manteve na sombra, tem ou teria uma oportunidade de ouro para alterar as bases de sua aliança conservadora com os ruralistas, não estivesse ele próprio envolvido nas tratativas da "reforma" do Código Florestal, urdidas no governo Lula, sob a égide do então ministro da Agricultura Reynold Stephanes.

O que está ficando cada vez mais claro é uma pequena fratura no pacto do agronegócio, onde a questão ambiental, seja por pressão urbana, oriunda da intuição dos riscos climáticos associados, seja pela legítima pressão externa, ligada aos impactos do efeito estufa, estaria recolocando na agenda política os novos componentes da velha Questão Agrária. Mas não tenhamos ilusões com a elite do poder, incluindo os novos sócios, agregados no último decênio. Não está em pauta reverter a aliança das cadeias agroindustriais, grandes proprietários fundiários e o Estado brasileiro, para exportação de "commodities" a qualquer custo, que é em essência a estratégia do agronegócio brasileiro. Porém, talvez pretenda não se deixar engolir pelas extravagâncias deste pacto conservador.

De qualquer forma é muito didática a discussão do Código Florestal ora em curso, porque ela trata indiretamente, mas essencialmente, dos direitos de propriedade fundiária, aflorando até mesmo um conceito praticamente em desuso, o do minifúndio, Utilizado pelos ruralistas como argumento para isenção de pequenos imóveis rurais de cumprir a exigência de APPs (Áreas de Preservação Permanente), tese inteiramente resolvida há 55 anos no Estatuto da Terra.

Infelizmente o que não está em discussão é a absoluta frouxidão das políticas fundiária e ambiental de cumprir e fazer cumprir as regras de direito agrário e ambiental, que são ponto de partida para se conviver civilizadamente no presente e muito mais ainda no futuro. Mesmo assim, o Relatório Rebelo pretende afrouxar ainda mais, aplicando provavelmente a estratégia de "pôr e tirar o bode da sala principal".

AUTORIA: Guilherme Costa Delgado - Doutor em Economia pela Unicamp e Consultor da Comissão Brasileira de Justiça e Paz

Fonte: agrosolf

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A distância entre imprensa livre e imprensa boa

Existe uma distância razoável entre imprensa livre e imprensa boa. Podemos afirmar que temos no Brasil uma imprensa livre. Veículos de comunicação divulgam o que bem entendem, usam de sua liberdade como bem entendem – do contrário não haveria liberdade –, elevam assuntos de importância secundária para a condição de matéria de primeira página nos jornais, ou com maior minutagem e maior destaque nos telejornais.
E fazem, também, o caminho inverso: relegam a um terceiro plano o que teria tudo para ser notícia de primeira, notícia com N maiúsculo.

Ainda assim, não podemos dizer que temos uma boa imprensa pela simples razão de que há uma carga bem pesada de subjetividade em afirmação de tal monta. Boa para quem, cara pálida? Para os veículos de comunicação? Para os governos? Para determinados segmentos da sociedade? Para a sociedade como um todo? Esta última questão esbarra no senso comum do “ora, nem Jesus Cristo agradou todo mundo… como a imprensa agradaria a toda a sociedade ou, no mínimo, seria por esta considerada boa?”.

A imprensa é livre, por exemplo, para mudar o foco real do debate sobre liberdade de imprensa e liberdade de expressão. Qualquer ser pensante que se atreva a pedir mais transparência da imprensa, mais debate sobre suas necessárias formas de regulação e não apenas aquelas abrigadas no conceito genérico da autoregulação, é logo considerado golpista, pessoa que possui um dos hemisférios cerebrais localizados no campo do autoritarismo, do cerceamento à liberdade de expressão.

São apenas censores os que não tomam parte das legiões do pensamento único. E, na verdade, isso tem um nome. Chama-se ideologização e nada mais. Por que há muito de ideologia no ataque a qualquer proposta de regulação da mídia. Do contrário, seria um debate muito bem vindo e não o que se deseja lançar sobre a sociedade, ao reputá-lo como um atentado à liberdade de imprensa.

Todos os meios
Sabemos, de antemão, que tipo de imprensa não queremos. Nesse bloco podemos afirmar com grande margem de acerto e correção que será uma imprensa refém do capital pelo capital; uma imprensa travestida de partido político e, portanto, a serviço de determinados projetos de poder; uma imprensa que atua como tribunal de primeira à última instância, acusando, julgando e condenando sem deixar de antes fazer terra arrasada da reputação de seus declarados desafetos, os também chamados “bolas da vez”.

A imprensa que não desejamos é aquela que é generosa nos ataques e nas acusações e extremamente parcimoniosa no uso do direito de resposta, direito muitas vezes conseguido apenas nos tribunais.

É nesse contexto que julgamos salutar que o governo apresente um anteprojeto de regulação da mídia ainda neste ano. Que as experiências colhidas em governos anteriores sirvam de base para os estudos necessários e que este material seja disponibilizado para conhecimento da sociedade parece ser, desde já, um desafio e tanto. Temos que aproveitar o atual processo de convergência das mídias e o surgimento de novas tecnologias para proceder a uma atualização das regras do setor.

Atualização que se faz urgente haja vista que normas brasileiras datam do agora distante ano de 1962, ano em que nem mesmo existiam a TV em cores, as transmissões por satélite e muito menos os meios virtuais – sítios, blogues, redes de relacionamento e tantas outras novidades.

A permanecer o status quo, temos o que temos: terra de ninguém, onde parece ter razão quem tem os meios de difundí-la a todo e a qualquer momento e, ainda mais, por todos os meios à sua disposição. Isto é, à disposição dos grandes conglomerados que produzem as notícias e sabem como despejá-las sobre a sociedade, usando o suporte escrito, radiofônico, televisivo e virtual.

Perspicácia
O importante mesmo é não deixar o debate morrer de inanição. Na luta por uma imprensa de boa qualidade – e esta somente poderá assim ser adjetivada se for fundada no inegociável estatuto de sua liberdade – não devem existir mocinhos e bandidos.

Há que se buscar uma imprensa que melhor combine os atributos da liberdade de informar com a responsabilidade de informar, as características de empreendimento econômico-financeiro lucrativo com aquelas de empreendimento que favoreça a identidade nacional e o fortalecimento de nossa ainda incipiente cidadania.

É muito trabalho para pouco debate. Estamos apenas no início. Mas não se ganha batalha sem antes haver sido iniciada. E que tenhamos em mente a perspicaz observação do grande líder indiano Mahatma Gandhi (1869-1948) ao afirmar que “a liberdade para ser verdadeira precisa incluir a liberdade de errar.”

Texto de Washington Araújo

domingo, 15 de maio de 2011

Estratégias inteligentes garantem o sucesso do negócio


O aumento acelerado do número de empreendedores no Brasil mostra que cada vez mais há espaço para novos negócios, na exata proporção do crescimento do mercado, ou seja, do potencial de consumo da população.

Em qualquer segmento, quem já tem ou planeja ter sua própria empresa deve pensar em como se destacar e diferenciar da concorrência. No ramo de papelaria não poderia ser diferente. Quem quer tornar seu estabelecimento um sucesso de público e de vendas precisa estar sempre um passo à frente dos demais.

Pesquisas sobre o comportamento do consumidor mostram que mais de 80% das compras no varejo são realizadas por impulso. O cliente vai até o ponto de venda com uma ideia prévia de compra, mas ali mesmo acaba decidindo levar mais produtos. “As pessoas têm cada vez menos tempo e não querem perder boa parte do dia fazendo compras. Por isso é importante que haja uma estratégia para que o cliente fique mais tempo dentro do estabelecimento”, explica Paulo Wlamir Bello, consultor de Marketing do Sebrae de São Paulo.

Um dos fatores que mais influenciam a escolha do cliente, segundo o consultor, é a maneira como os produtos são distribuídos dentro da loja. Entre as técnicas utilizadas de “visual/merchandising” destacam-se o ambiente higienizado, a interatividade com os produtos, a climatização da loja, a música ambiente e a vitrine. Esta última, por exemplo, deve ter poucos produtos, de preferência os carros-chefe de vendas, sem poluição visual. A vitrine, dizem os especialistas, tem 30 segundos para atrair e é a partir da experiência que o cliente tem dentro da loja que ele decide comprar mais.

Interatividade - O proprietário deve estimular ao máximo o autosserviço, o contato direto do cliente com o produto. “É importante que o consumidor manuseie o produto, que ele não se veja retido por um balcão”, diz Bello.

Outra forma de atrair a clientela é oferecer “cestas” na porta de entrada, para que o consumidor tenha contato com um número maior de itens. Produtos de maior procura devem estar no fundo da loja, para que ele possa “passear’ e observar outras possibilidades. Se uma pessoa vai comprar um caderno e descobre que há na loja recarga para cartucho de impressora, por exemplo, pode se interessar.

Produtos que precisam de informações técnicas, como material de informática, devem ficar nos cantos da lojas e, de preferência, contar com o auxílio de um vendedor. “O cliente precisa de mais tempo e de um local com menor passagem de pessoas para examinar esse tipo de produto. Por isso os cantos podem ser melhor explorados”, o que levaria a um atendimento mais personalizado.

Nunca se deve colocar produtos no chão, nem muito alto ou nem muito baixo. O ideal é disponibilizá-los num campo de visão entre o joelho e o meio da testa da cliente. Produtos e marcas diferentes devem ser arranjados nos expositores no sentido horizontal enquanto a variação de embalagens e volumes deve estar no sentido vertical.

Para chamar a atenção pode-se utilizar a estratégia de compor volumes acentuados de um mesmo produto. Colocar juntos dezenas ou centenas de cadernos, organizados ou não, dá uma ideia de promoção, parecendo um saldão. E segundo o consultor do Sebrae, está provado que produtos em grandes volumes vendem mais.

O mobiliário da loja deve ocupar, no máximo, 40% do espaço e estar sempre limpo, incluindo as prateleiras. Uma iluminação específica também influi bastante. Luzes direcionadas (nunca para a visão do cliente), além de destacar os produtos, dão uma sensação de segurança. Técnicas de aromatização, sem exageros, são bem-vindas, assim como a climatização com o ar condicionado variando entre 22 e 24 graus, dependendo do clima da cidade. E não se deve esquecer do tipo e do volume da música ambiente, que tem de combinar com o público.

Ainda de acordo com as mais modernas técnicas de merchandising, é importante cuidar da comunicação por setores, separar papelaria, produtos para informática e utilizardisplays especiais. Outra estratégia para aumentar as vendas é fazer combinações, como montar kits compostos por caderno, jogo de canetas, borrachas, mochila e estojos, o que também transmite a sensação de promoção.

Bello conclui com novas dicas práticas para o empreendedor: cuidar da fachada de acordo com as leis municipais; utilizar portas amplas, as mais largas possíveis, pois o consumidor deve entrar sem barreira nenhuma; e, para atrair de vez o cliente, nunca esquecer de divulgar as formas de pagamentos e quais as bandeiras de cartões aceitas pelo estabelecimento.

texto de Rosely Rocha Ex-Libris

sábado, 14 de maio de 2011

Soberania: não se pode improvisar…..

Quanto á atuação dos EUA, fica patente que os norte-americanos em nome de seus interesses nacionais, passam por cima de tudo e de todos não respeitando o direito de auto-determinação (soberania) das nações.

Os EUA contam com a leniência e anuência de quase todos os países do mundo, inclusive do governo brasileiro, que não passa de um caudatário, entreguista e subserviente das grandes potências mundiais, que cada vez mais vêm colocando o “cabresto” no Brasil e ditando as regras de como o País deve proceder com suas políticas externa e interna, inclusive no que tange a passar as riquezas minerais para o controle das grandes mineradores internacionais e também da Amazônia para o controle das inúmeras ONGs existentes na Região Norte do Brasil.

Interessante que enquanto há uma campanha sórdida, estúpida e mentirosa para desarmar a população brasileira e desmantelar e enfraquecer as Forças Armadas brasileiras, em especial o Exército, os EUA e os países da OTAN vêm tendo uma campanha contrária, já que principalmente nos EUA até se incentivam as pessoas a terem armas e praticarem tiro ao alvo e as Forças Armadas nestas Nações cada vez mais adquirem uma projeção de poder militar significativo, com orçamentos substanciais (somente o Pentágono nos EUA tem um orçamento militar superior a 300 bilhões de dólares).

As grandes potências tiram seus ensinamentos na Mãe-História, pois como já dizia o grande historiador GEORGE SANTAYANA: AQUELE QUE NÃO CONHECE O PASSADO, ESTARÁ CONDENADO A REPETI-LO. Desta forma, as grandes potências seguem o provérbio da Grécia Antiga: ” SI VIS PACEM, PARA BELLUM” (SE QUERES A PAZ PREPARA-TE PARA A GUERRA), pois estas Nações sabem que a expressão do campo do poder militar é fundamental para respaldar as decisões da política internacional, já que no concerto das nações não existem nações amigas, mas sim um completo jogo de interesse entre os países e somente as nações em que detêm um portentoso poder militar são respeitadas e levadas a sério seus posicionamentos e decisões, pois a projeção do poder militar é um fator estratégico dissuasório nas relações internacionais.

Portanto, meu amigo miserável é o país que não possui Forças Armadas preparadas, organizadas, equipadas e adestradas para projetar o seu poder militar no cenário internacional e terem suas Forças Armadas, e em caso de extrema necessidade, condições de chancelarem as decisões de interesse do Estado, pois a conjuntura internacional é tão incerta e dinâmica, que não há espaço para Estados-Nacionais amadores e incautos no que tange á projeção do poder militar, já que nos campos da Defesa e Segurança Nacionais não há improvisações.

Qualquer governante que descurar da defesa de seu país estará cometendo um crime de traição e de lesa-pátria, já que a soberana de um País é base de tudo em uma nação.

Para manter a soberania necessário se faz ter um poder militar em condições de dissuadir qualquer ameaça interna ou externa que possa a comprometer os objetivos fundamentais de uma nação democrática (soberania, paz social, democracia, progresso e incolumidade territorial, entre outros)

Infelizmente, nestas últimas duas décadas os governantes brasileiros por incompetência ou má fé vem cometendo crime de lesa-pátria e traição com a leniência dos demais poderes nacionais e a nossa soberania cada vez mais vem sendo ameaçada e com isso não me causará qualquer espanto se os EUA invadirem com seu aparato militar nosso espaço territorial e o governo brasileiro ainda vir a público pedir desculpas ao TIO SAM pela falta de educação dos brasileiros.

Fonte: Plano Brasil

OTAN segue cometendo crimes na Líbia

A OTAN continua tentando eliminar Kadafi em mais um ataque que contraria a resolução 1973 da ONU. Onde assistimos claramente o desrespeito total a tudo que seria uma missão humanitária e de estabilização.

Na madrugada da última terça-feira (10) a OTAN realizou um pesado bombardeio em uma região residencial de Trípoli, vergonhosamente e acrescento “descaradamente” alegando estar atacando alvos militares. O que bem sabemos é que o alvo deles não vem a ser apenas as estruturas militares do governo líbio, mas a eliminação da figura de Kadafi, pois enquanto ele estiver vivo e governando a Líbia as forças rebeldes não terão qualquer chance de derrotar o governo e suas tropas, somando é claro o fato de Kadafi possuir o apoio de grande parte da população líbia contrariando o que é divulgado pela OTAN em apoio aos rebeldes.

Reproduzo aqui as palavras de um general da OTAN sobre os ataques:

O general de brigada Cláudio Gabellini disse que o ditador líbio não é um alvo, e que os ataques da organização visam apenas estruturas de comando das Forças Armadas líbias, e não indivíduos.

"Todos os alvos da OTAN são militares, o que significa que todos os locais que estamos atacando, como na noite anterior (de segunda-feira) em Trípoli, são centros de comando e bunkers", disse.

A mesma explicação foi dada pela OTAN no dia 31 de abril, quando outro ataque a uma área residencial do regime matou Saif al Arab, 29, um dos seis filhos do ditador e três de seus netos, segundo fontes do regime líbio.

Na ocasião, o próprio Kadafi estava no edifício, mas teria conseguido escapar sem ferimentos, segundo o governo.

Ao ser questionado se o ditador continua vivo, Gabellini disse que a OTAN não tem nenhuma prova. "Não estamos interessados no que ele está fazendo. Nosso mandato é proteger os civis dos ataques", disse.
Com base no que foi exposto a cima, eu me pergunto: Como proteger civis lançando bombas em áreas residenciais? A quem estão protegendo, o povo líbio ou os grupos rebeldes que são uma minoria insurgente?

O papel da OTAN é totalmente controverso, a começar pelo fato de ter perdido seu caráter primordial, sendo uma organização que não possui mais a necessidade de existir uma vez que a “ameaça vermelha” não existe há pelo menos duas décadas. Hoje vejo a OTAN como sendo apenas uma força de defesa dos interesses econômicos e políticos de seus membros, sem possuir qualquer visão humanitária ou de salvaguarda dos direitos humanos ou da paz mundial, pelo contrário, vejo como uma grande ameaça o novo caráter adotado por esta instituição supranacional.

A guerra na Líbia seguira indefinida até que haja ou a morte de Kadafi, o que seria um crime, aliás mais um de muitos cometidos naquele país pelas forças internacionais, ou até que a OTAN resolva se retirar e deixar que o povo líbio decida sozinho seu futuro, apenas fornecendo realmente ajuda humanitária e não bombas e armas aos rebeldes como tem sido feito.

Angelo D. Nicolaci
Editor

Fonte: GeoPolítica Brasil

terça-feira, 10 de maio de 2011

Isolamento americano


Há exatamente uma semana, Barack Obama foi a TV anunciar a morte de Bin Laden, responsável pelo mais sangrento atentado terrorista da história. Mas aquilo que poderia ter-se transformado numa demonstração de força da principal potência do planeta tornou-se um pesadelo diplomático.

A cada dia que passa, torna-se mais claro que o mundo de 2011 não gosta de potencias que não respeitam convenções internacionais, repudia investigações conduzidas por métodos criminosos, como a tortura, e prefere resolver seus problemas dentro do respeito à democracia e às regras do direito. É este sentimento que fez nascer, pouco a pouco, questionamentos e denúncias sobre a operação.

Para consumo interno, a execução de Bin Laden tornou-se, é claro, um grande troféu para as eleições de 2012. Titular de um governo repleto de fracassos e algumas meias-realizações, que jogaram sua popularidade para o fundo do poço, Barack Obama pode entrar na campanha pela reeleição enrolado na bandeira da força militar e da restauração da grandeza americana.

A proeza pode até funcionar do ponto de vista eleitoral, até porque o partido republicano foi incapaz, até o momento, de produzir um adversário confiável para enfrentá-lo. Mesmo assim, trata-se de um retrocesso considerável para quem ingressou na política com uma plataforma mudanças e reformas.

O desemprego americano continua alto e, graças a uma postura vacilante da equipe economica de seu governo, a recuperação é vagorosa, incompleta e desigual. São fraquezas que podem não ser suficientes para impedir a reeleição de Obama, mas podem transformá-la numa parada especialmente difícil apesar do troféu Bin Laden.

Do ponto de vista externo, a morte Bin Laden pouco contribuiu para restaurar o prestígio americano. Foram poucas as manifestações de solidariedade e de aplauso recebidas pela Casa Branca . Mesmo assim, elas foram minguando na medida em que surgiam revelações espantosas sobre o caráter da operação.

Essa reação reflete a nova realidade política global. Ao contrário do que ocorria nos tempos da Guerra Fria, em que os EUA tinham uma parcela dos governos a seu favor em função do conflito com a ex-União Soviética, nos dias de hoje não há alinhamentos automáticos nem aplausos com antecipação. É preciso saber o que se faz, como, por que.

Os interesses americanos deixaram de ser vistos como expressão dos melhores interesses da humanidade. Nem o governo do Paquistão, que recebe uma bilionária ajuda de Washington para atuar como aliado fiel, mostrou um comportamento à altura.

Essa falta de lealdade reflete, acima de tudo, um mundo com novas realidades, polarizações e interesses. Em várias partes do mundo os Estados Unidos deixaram de ser aquele aliado pelo qual os outros países — mesmo próximo — devem sacrificar-se.

A idéia de que o governo dos Estados Unidos considera-se no direito de definir um alvo humano e executá-lo na primeira oportunidade, pode até parecer uma solução aceitável diante dos ataques criminosos de 11 de setembro. É uma violência que tem o sentido de reparação em relação as vitimas e seus familiares e não é por outra razão que a popularidade de Obama disparou após a morte de Bin Laden. O orgulho nacional americano ficou dolorosamente ferido após os atentados.

O problema são as consequencias desse tipo de intervenção e os temores que ela gera. As nações, grandes ou pequenas, ricas ou pobres, são obrigadas a cumprir convenções internacionais, respeitar acordos e normas definidas para todos. Não podem sair por aí de helicóptero, capturando aqueles que consideram seus inimigos número 1.

Por que? Porque quem pega o inimigo número 1 depois vai querer pegar o 2, o 3, o 4, o 5…e ninguém sabe quem será o próximo da lista.

Sem a liderança do passado, os Estados Unidos perdeu autoridade economica e política para se colocar acima das outras nações, como se tivessem direitos especiais. A dificuldade para compreender essa situação transformou o antecessor de Barack Obama no pior presidente da história americana.

texto de Paulo Moreira Leite

Fonte:http://colunas.epoca.globo.com/paulomoreiraleite

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A falta que faz um Obama estadista, e um informante para receber US$ 25 milhões por Osama


Muito já foi dito sobre a morte de Osama Bin Laden, e muito mais se dirá em infindáveis teorias da conspiração, alimentadas por declarações e atitudes contraditórias do governo dos EUA, incluindo o desaparecimento do corpo.

Mas um ponto crucial e preocupante tem sido ignorado. Se eu fosse cidadão estadunidense, estaria seriamente preocupado com a falta de um delator para receber a recompensa de US$ 25 milhões para quem fosse informante do paradeiro. E a preocupação não é material em saber quem seria o "novo rico", e sim por razões da própria segurança.


Logo após o 11 de setembro, os EUA espalharam ao mundo e ao Afeganistão invadido, a recompensa milionária para quem trouxesse informações que levasse à captura ou eliminação de Bin Laden.

Acreditavam no poder do dinheiro, que compra tudo no ocidente, e que alguém próximo do saudita se corromperia, em questão de horas, dias, ou semanas.

Nove anos se passaram e, que se saiba, ninguém próximo a Bin Laden se corrompeu.

A delação seria uma derrota moral maior do que a própria morte do líder (que já encontrava-se isolado), porque seria uma deserção ou uma rendição (pelo menos parcial, no mínimo do delator).

Muito se especula na imprensa sobre paquistaneses, sejam do serviço secreto, sejam de uma academia militar nas vizinhanças da casa, sejam populares, saberem e não terem entregue Bin Laden.

É questionável se isso é verdade. O próprio EUA demorou mais de uma década caçando o "Unabomber", um cidadão estadunidense, vivendo dentro dos EUA.

Mas se for verdade, é um mau sinal para os EUA. Significaria que existe mais gente do que se pensa do lado de Bin Laden, com convicções firmes a ponto de não se seduzirem nem por US$ 25 milhões.

A falta de um delator mostra que a chamada "guerra ao terror" (segundo os EUA) ou "guerra santa" (segundo a Al Qaeda) ainda está longe de acabar.

Via de regra, uma guerra só acaba de uma das três formas:
1) dizimando totalmente o adversário;
2) obtendo a rendição;
3) ou fazendo um acordo de paz;

A primeira opção é a mais difícil de atingir neste caso, em que o inimigo não tem território, não tem quartéis com endereços fixos, e está espalhado em células em qualquer lugar do mundo.

As duas últimas opções de acabar uma guerra são as melhores, porque poupa derramamento de sangue, mas é coisa para estadistas. Obama seria estadista se capturasse Bin Laden vivo, e fizesse do processo e julgamento, um debate honesto e convincente para obter a condenação não apenas da pessoa, mas do próprio extremismo radical. Isso sim, seria uma conquista para desarmar o ímpeto daqueles levados à ações terroristas.

Teria um trunfo nas mãos, para buscar gradualmente uma rendição honrosa ou um acordo de paz, por mais incoveniente que fosse um julgamento e o arquivo vivo dos tempos em que Bin Laden era apoiado pelos EUA a guerrear para levar os Talibãs ao poder no Afeganistão.

Os EUA tem tecnologia suficiente para capturar vivo qualquer um, em operações de surpresa, com armas não letais que imobilizam ou adormecem (como gases ou tranquilizantes). Saddam Hussein foi capturado sem conseguir reagir, utilizando granada eletrônica que emite sons, luzes, fumaça e gases que atordoa os sentidos, deixando a pessoa desorientada e sem reação.

Mas Obama, de olho no calendário eleitoral de 2012, preferiu pensar na província (não de forma humilde, mas de forma arrogante, inerente ao imperialismo), em vez de pensar na paz mundial.

Por mais que os EUA sejam um super-império, existe um pensamento dominante provinciano, no sentido de só ter olhos para os 300 milhões de estadunidenses num mundo de 7 bilhões de pessoas. Preferiu eliminar Bin Laden (assim como atua na tentativa de eliminação de Khadafi). Gerou catarse nas ruas dos EUA, mas afastou a paz do horizonte, na chamada "guerra ao terror".

Fonte: GeoPolítica do Brasil e Correio Brasil

domingo, 8 de maio de 2011

IBGE explica por que a elite odeia governo do PT e do Lula


Foi uma luta para encontrar dados que mostrassem a evolução do índice de Gini do Brasil entre 1995 e 2010. A mídia esconde esses dados porque mostram um fato que destrói a versão que vem sendo alardeada após a divulgação da maior queda de concentração de renda no Brasil durante os últimos 50 anos, de que ocorreu nos governos FHC e Lula.

Em primeiro lugar, o noticiário deixa claro um fato sobre o qual pouco se fala: a ditadura militar (1964-1985) foi implantada para concentrar renda, ou seja, para tornar os ricos mais ricos e os pobres, mais pobres. Em 1960, antes da ditadura, o índice de Gini era de 0,537 e, em 1995, estava em 0,600. A concentração de renda foi brutal, no período.

Mas o fato mais contemporâneo também é surpreendente e pode ser bem constatado no gráfico acima: durante o primeiro mandato de FHC, a desigualdade permaneceu praticamente intocada e só caiu um pouco a partir do segundo mandato. Já no governo Lula, a queda foi impressionante, fazendo o índice de Gini cair a 0,530 – quanto mais próxima de zero, menor é a concentração de renda.

O IBGE também explica por que os estratos superiores da pirâmide social odeiam tanto Lula. Entre os 20% mais ricos, que se concentram no Sul e no Sudeste, a escolaridade aumentou 8,1% e a renda cresceu 8,9%. No recorte dos 20% mais pobres, que ficam no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, a escolaridade aumentou 55,6%, e foi acompanhada de um aumento de renda de 49,5%.

Por etnia, os negros também experimentaram aumento de renda muito maior do que os brancos, vale dizer. Sobretudo porque negros e descendentes de negros são muito mais numerosos no Norte e no Nordeste.

O governo FHC é tão defendido pelos ricos, que também são donos da mídia, porque foi o que puderam conseguir em termos de, se não aumentar a concentração de renda, ao menos retardar a sua queda. Lula virou as costas para a elite e promoveu a maior distribuição de renda da história deste país. Por isso a elite branca do Sul e do Sudeste o odeia com tanto fervor.

Fonte: http://www.blogcidadania.com.br