quinta-feira, 31 de março de 2011

EUA enviaram agentes à Líbia, diz agência; coalizão ataca Trípoli

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou uma ordem que autoriza o apoio secreto do governo norte-americano às forças rebeldes que tentam derrubar o ditador líbio, Muammar Gaddafi, disseram à agência Reuters funcionários do governo em condição de anonimato nesta quarta-feira.

Em reação, a Casa Branca não negou nem descartou a ação. As revelações chegaram horas após o chanceler líbio, Moussa Koussa, um dos mais importantes aliados de Gaddafi, anunciar sua deserção pouco após chegar ao Reino Unido. No fim da noite desta quarta-feira houve também relatos de que jatos da coalizão internacional intensificaram os ataques à Trípoli. A agência oficial líbia Jana confirmou que "um setor civil de Trípoli foi alvo, esta noite, de um bombardeio por parte do agressor cruzado e colonialista".

De acordo com a Reuters, Obama assinou a ordem nas últimas duas ou três semanas. Tais decisões são a principal forma de diretriz presidencial usada para autorizar operações secretas da CIA [agência de inteligência americana].

Segundo o "The New York Times", agentes da CIA foram enviados para a Líbia "em pequenos grupos" com a missão de estabelecer ligações com os rebeldes e determinar os alvos das operações militares. A mesma fonte indicou que "dezenas de membros das forças especiais britânicas e agentes do serviço de espionagem [britânico] MI6 atuam na Líbia", principalmente, para reunir informações sobre as posições das forças lealistas.

Em reação, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, recusou-se "a se manifestar sobre questões de inteligência". "Repito o que o presidente disse ontem (terça-feira): nenhuma decisão foi tomada sobre o fornecimento de armas à oposição ou a qualquer grupo que esteja na Líbia. Não descartamos, mas ainda não decidimos isso. Examinamos todas as possibilidades de ajudar os líbios", indicou em um comunicado.

O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que a coalizão de forças internacionais que está lançando ataques na Líbia não tem o direito de armar os rebeldes.

OBAMA FALOU À TV NBC SOBRE O ASSUNTO
Em entrevista à rede de TV NBC na noite desta terça-feira, Obama disse que Gaddafi está amplamente enfraquecido e "não tem o controle da maior parte da Líbia neste momento", acrescentando que não descarta a possibilidade de fornecer armas aos rebeldes.

A questão sobre armar ou não os rebeldes líbios para que possam fazer frente às forças leais a Gaddafi causa polêmica. Ontem, o secretário-geral da Otan, Andres Fogh Rasmussen, rejeitou a possibilidade.

Combatentes rebeldes, principalmente forças armadas com armas leves e em caminhonetes, disseram ter sido superados pela potência e alcance das armas de Gaddafi.

GADDAFI FORÇA RECUO DOS REBELDES
Mais cedo nesta quarta-feira, horas depois de retomar Ras Lanuf do controle dos rebeldes, as forças leais a Gaddafi expulsaram os militantes do porto petroleiro de Brega. A informação foi confirmada pelos próprios rebeldes em Ajdabiyah, cidade situada 80 km a leste de Brega, que disseram poder ouvir tiros de canhão na região.

A reconquista de Brega poucas horas depois da de Ras Lanuf confirma a rápida progressão do Exército governamental rumo ao leste do país, reduto dos insurgentes. Após o rápido avanço registrado em 27 de março, quando os rebeldes recuperaram quatro cidades --Ajdabiyah, Ras Lanuf, El Aguila e Bin Jawad-- em 48 horas, os milicianos revolucionários começaram a retroceder devido aos bombardeios da artilharia de Gaddafi, que disparava desde o Vale Vermelho, perto de Sirte.

Fonte: Folha e http://brasilnicolaci.blogspot.com/ e (blog geo politica)

quarta-feira, 30 de março de 2011

"Ocidente"(sic) rasga resolução do Conselho de Segurança ao apoiar os rebeldes


Independentemente do seu desfecho, a campanha liderada pelo Ocidente na Líbia já entra para a história como mais um capítulo de inobservância das leis internacionais.

Se por um lado fica evidente que os EUA sob o presidente Barack Obama tentaram dar um verniz legal à ação advogada por seus colegas europeus, ao insistir por uma resolução no Conselho de Segurança da ONU sobre o tema, também é claro que esta acabou sendo desrespeitada integralmente.

Desde o começo, foi alvejada não só a infraestrutura de defesa antiaérea de Muammar Gaddafi.

Foram bombardeadas também posições de forças terrestres. Ainda seria possível argumentar que isso faria parte do compromisso central da resolução: proteger civis "por todos os meios necessários".

Ao fim da semana passada, a ofensiva mudou de natureza. Além da zona de exclusão aérea, o que o Ocidente passou a fazer foi dar apoio às tropas rebeldes.

Até o começo dos ataques, as forças de Gaddafi tinham retomado o controle de cidades importantes como Ras Lanuf, e batido às portas do principal bastião rebelde, Benghazi.

Agora, o movimento contrário ocorre, com as bombas ocidentais abrindo caminho para o avanço das picapes rebeldes.

Isso implica tomar lado pela deposição de Gaddafi, o que não está previsto na resolução da ONU.

Não que Nicolas Sarkozy, em busca de reeleição, e David Cameron, atrás de alguma agenda positiva em meio a seus cortes orçamentários, estejam preocupados. Mas há outros problemas.

Sem o apoio da Otan, é previsível que os rebeldes não tenham como tomar o poder em Trípoli.

Mesmo um cessar-fogo agora deixaria Gaddafi em posição de força contra eles, e nada indica até aqui que ele pretenda entregar facilmente o jogo.

Resta matá-lo em um bombardeio "impreciso" -aspas propositais. Mesmo se isso acontecer, os rebeldes parecem demasiadamente descentralizados para a negociação política com o que tenha sobrado do Estado líbio.

Especula-se então o papel de forças mediadoras africanas ou árabes/islâmicas, já que o Ocidente não quer se meter em mais um atoleiro. O cenário sugere guerra civil, e aí teremos de ver quais civis serão protegidos e como.


Fonte: Folha

China produzirá mais Ciência do que Estados Unidos em 2013


China está a caminho de ultrapassar EUA em produção científica, ponto que se estima atingir em 2013, muito antes do esperado.

O cálculo foi feito pela academia britânica de ciências da Royal Society, após uma análise das pesquisas publicadas. Assim, há um aumento “dramático” da ciência chinesa, que desafia a posição dos Estados Unidos, Europa e Japão nesta área.

Estimativas anteriores disseram que a China iria superar os EUA em 2020, mas os inventores da pólvora, a bússola e o papel foram mais rápido do que o esperado.

Em 2006, a China tinha cerca de 1,5 milhões de estudantes em ciências e engenharia, um número que continua a crescer.

O relatório, no entanto, também observa que o aumento no número de pesquisas publicadas não necessariamente são proporcionais a qualidade dos mesmos. Uma medida desta qualidade é ver o número de vezes que a investigação tem sido citado por outros cientistas em seu trabalho. E nesta área, embora a China tenha subido na hierarquia das nomeações, o desempenho é baixo em relação à quantidade de coisas que publicam.

Ainda assim, o gigante asiático se move rapidamente, e pode em breve aumentar os indicadores também. Talvez, para estudar ciência tem que aprender chinês agora também …

Via bbc.co.uk

segunda-feira, 28 de março de 2011

Multidão protesta em Londres contra cortes nos serviços públicos


Na maior manifestação popular vivida na capital britânica em uma geração, uma multidão estimada em mais de 300 mil pessoas superlotou as ruas dos quarteirões políticos mais importantes de Londres neste sábado, três dias depois de o governo anunciar o orçamento para o próximo ano fiscal, com mais de 30 bilhões de libras em cortes nos gastos públicos. A caminhada – que durou mais de cinco horas e superou de longe a expectativa inicial dos organizadores – teve como objetivo demonstrar oposição às medidas de austeridade defendidas pela coalizão governista.

A maior manifestação coordenada por um sindicato em duas décadas no país trouxe pessoas de todas as partes, em mais de 600 ônibus fretados e até mesmo trens. Estima-se que a demanda por transporte para Londres tenha superado a oferta, limitando o comparecimento dos ativistas.

“Foi fantástico”, disse Paul Nowak à reportagem de Carta Maior, sentado ao lado do palco montado no Hyde Park para abrigar o ápice do evento e o fim da marcha. O dirigente da Trades Union Congress (TUC), central sindical que organizou a manifestação, comemorava a presença de “pessoas que nunca estiveram antes em uma manifestação política em suas vidas, dizendo em uma só voz que os cortes não são a cura”.

Quem percorresse o percurso da manifestação poderia testemunhar os motivos da alegria de Nowak. Assombrosa em diversidade, a Marcha para a Alternativa era composta de aposentados a estudantes, passando por famílias empurrando carrinhos de bebê. Muitos deles tendo viajado horas para estar lá. Eram 4,5 mil policiais e seguranças contratados pela TUC, trabalhando mais para orientar o público do que para manter a ordem. “Tivemos um quarto de milhão de pessoas e quase nenhum problema”, afirmava uma postagem em uma página especial montada na internet pela polícia para se comunicar com os manifestantes.

Às 11h da manhã, uma hora antes do combinado para o início da manifestação, os organizadores enviavam mensagens pela internet pedindo que as pessoas que ainda não tinham chegado procurassem desembarcar em estações de metrô diferentes a fim de evitar aglomeração. Eram 15h30 quando os organizadores anunciaram que as últimas pessoas estavam finalmente passando pelo ponto de partida.

O peculiar senso de humor britânico permeou toda a marcha. Dois ativistas construíram uma réplica de um tanque de guerra de cerca de dois metros e meio por três. Pintaram o símbolo da paz nas laterais do carro e desfilavam, empurrando o veículo da “guerra contra os cortes” tal como Fred Flintstone e Barney Rubble, do desenho animado da Hanna-Barbera. Até música tinha a invenção, e a trilha sonora variava de temas de filmes de guerra antigos a uma sugestiva Let's Lynch The Landlord, da clássica banda punk californiana Dead Kennedys.

“Estou marchando pois acredito que esses cortes vão destruir tudo de bom que existe em nossa sociedade”, disse Harriet Bradley, professora na Universidade de Bristol, a 170 quilômetros a oeste de Londres. Sentada ao pé de um monumento para recuperar o folêgo quando a manifestação já andava a mais da metade de seu percurso, ela se mostrou feliz com o a quantia de pessoas na marcha, porém temerosa com o futuro do “estado de bem estar social que foi construído depois da guerra e que é o nosso orgulho e alegria”.

“Eu nasci em 1945, no final da guerra, então eu cresci com educação pública e gratuita, eu fui para a universidade, eu tive acesso à saúde pública por toda minha vida e tudo isso agora está indo com os planos do governo, que são um assalto ideológico à esfera pública”, afirmou Bradley. Assim como uma boa parte do público, que carregava cartazes propondo uma greve geral, Bradley acredita que é preciso fazer mais que isso para impedir o avanço das reformas conservadoras.

Sam (que não forneceu o sobrenome), um norte-americano aposentado que mora em Liverpool e milita no Keep Our NHS Public (Mantenha o nosso Sistema Nacional de Saúde Público), segurava uma faixa em defesa do sistema de saúde britânico. “Eu sei como é quando o sistema público de saúde é destruido”, disse. “O NHS foi uma das grandes conquistas do últimos 100 anos e a idéia de os serviços de saúde serem providenciados através do mercado é uma besteira completa – eu desafio qualquer um a mostrar evidências de que o mercado pode fornecer um serviço melhor do que o setor público”, diz referindo-se ao sistema no seu país natal.

Sam acredita que os movimentos populares estão começando a se organizar e essa é a única solução possível para pressionar o governo a mudar os planos de privatização do sistema de saúde.

Ele vê uma relação entre os movimentos populares que começam a se manifestar nos EUA e na Inglaterra, muito em função do que ele considera uma postura do Partido Trabalhista (Grã-Bretanha) e do Partido Democrata (EUA) de virar as costas para o povo.

Certamente uma opinião não compartilhada pelo líder dos trabalhistas, o oposicionista Ed Miliband, Ele subiu ao palco no Hyde Park para um discurso e atacou o governo. “Sabemos o que o governo vai dizer: que essa é a marcha da minoria. Eles estão errados”. Miliband, assim como boa parte da manifestação, usou de uma expressão cunhada pelo primeiro ministro para descrever o que irá substituir os serviços públicos quando eles se forem – A Grande Sociedade, composta por pessoas das comunidades em trabalhos voluntários.

“Vocês queriam criar a “grande sociedade” - essa é a grande sociedade. A grande sociedade unida contra o que esse governo está fazendo nesse país”.

A manifestação, pacífica em sua grande maioria, parecia estar pronta para um desfecho perfeito por volta do final da tarde. Manchetes de jornais estariam todas disponíveis para o dia em que a política voltou às ruas de Londres. Os problemas porém vieram. E embora não tenham relação com a marcha da TUC, certamente roubaram as grandes manchetes que os ativistas já podiam antever quando o mar de descontentamento pacífico inundou as ruas do West End de Londres a partir de Embankment.

Ativistas que organizaram manifestações paralelas se reuniram no centro comercial londrino, a rua Oxford. Por volta das 15h, a concentração era tamanha que algumas das lojas que foram alvos de ativistas no passado resolveram fechar as portas temporariamente. Pouco mais de uma hora depois, funcionários seriam liberados de lojas como Top Shop, que haviam dado o dia como encerrado, diante de milhares de anarquistas e estudantes concentrados na região.

Algumas lojas tiveram vidros quebrados e foram atacadas com tinta. Manifestantes da UK Unkut invadiram a Fortnum and Mason, uma luxuosa loja de departamentos próximo a Picadilly. Cantando palavras de ordem e exigindo que a empresa contribuisse com mais impostos para a sociedade inglesa, a UK Uncut obrigou a loja a fechar as portas. Embora aleguem não ter destruido nada, alguns manifestantes foram presos pelo batalhão de choque que os esperava na porta.

“Isso não tem nada a ver com a marcha”, disse Nowak, defendendo a manifestação pacifica. “Esse foi um evento onde as pessoas trouxeram as suas famílias”.

Perto da meia noite, a BBC ainda transmitia ao vivo da praça Trafalgar, onde uma centena de manifestantes ainda estava reunida e policiais agiam para retirá-los do local. Ao todo, ao longo do dia, mais de 200 manifestantes foram presos.


Fonte: Carta Maior e GeoPolitica Brasil

EUA, França, Reino Unido e Itália se acham donos do mundo, ou são hipócritas

Enquanto a Otan assume o comando militar na Líbia, comunidade internacional se reúne em Londres para debater as operações militares e o futuro do país. Sarkozy e Cameron apelam a apoiadores para que abandonem Kadafi.

Representantes de 40 nações, entre eles a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, e o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, reúnem-se nesta terça-feira (29/03) em Londres, à procura de caminhos que possam levar a Líbia a se tornar um país democrático.

Um dos primeiros planos para uma solução do conflito líbio foi elaborado pelo governo italiano, como declarou o ministro do Exterior da Itália, Franco Frattini, em entrevista ao jornal italiano La Repubblica neste domingo. O plano italiano prevê sobretudo a instalação de um cessar-fogo e de um "corredor permanente de ajuda humanitária".

A Itália planeja ainda uma oferta de asilo para o ditador Muammar Kadafi. Segundo Frattini, o governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi tentou convencer a Alemanha para que ambos os países apresentassem o plano na reunião de terça-feira. Mas, nesta segunda-feira, Frattini deixou claro que não será apresentada nenhuma iniciativa apoiada apenas por dois países.

O Ministério do Exterior em Berlim confirmou a participação de Westerwelle na reunião internacional para debater o futuro da Líbia, mas relativizou a iniciativa ítalo-alemã anunciada por Frattini. Segundo um porta-voz do ministério, Berlim estaria em conversações com diversos parceiros internacionais, também, mas não exclusivamente, com a Itália.

"Sarkozy e Cameron pedem que Kadafi saia - soberba e hipocrisia"
Nesta segunda-feira, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmaram que Kadafi deve partir imediatamente, numa declaração conjunta em que apelam aos apoiantes do líder líbio para que o abandonem.

O ditador deve deixar o poder porque seu regime perdeu toda a legitimidade, afirmam, apelando aos partidários do líder líbio para que o abandonem antes que seja "tarde demais". Na declaração, Sarkozy e Cameron pedem aos líbios que construam um processo de transição em torno do Conselho Nacional de Transição, o órgão dos rebeldes. "Não estamos considerando uma ocupação militar da Líbia", afirmam.

"Protetor Unificado - hipocrisia dos EUA e da OTAN"
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, como também representantes da Liga Árabe e da União Africana foram convidados para o encontro em Londres. A princípio, a reunião deverá tratar da continuação e da liderança da missão militar na Líbia. Uma segunda parte do encontro deverá abordar a situação humanitária no país.

Nesta semana, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) assume o comando de todas as operações militares internacionais no país norte-africano. O canadense Charles Bouchard foi nomeado para comandar a operação Unified Protector (protetor unificado).

Segundo Rasmussen, a missão da Otan é proteger estritamente "a população civil e as regiões habitadas por civis ameaçadas por ataques do regime de Kadafi". Ou seja, a Otan não está de nenhum lado. Até o momento, no entanto, os ataques aliados funcionaram como uma espécie de força aérea dos rebeldes contra as tropas de Kadafi.

Resolução 1973
Dessa forma, quando a Otan assumir os comandos das operações, essa espécie de ajuda aos rebeldes pode chegar ao fim. "Em termos militares, os rebeldes não são civis", lembra Alain Délétroz do Grupo Internacional de Crise (ICG), think tank sediado em Bruxelas. Um diplomata da Otan afirmou que a aliança pretende respeitar todos os aspectos da Resolução 1973 da ONU. "A Otan continua apartidária", afirmou.

No entanto, a coalizão ocidental responsável pela missão na Líbia até o momento também dizia se apoiar estritamente na Resolução 1973 da ONU. A resolução permite uma ação para proteger os civis, mas não para derrubar Kadafi. Para o especialista Délétroz, todavia, os ataques da coalizão serviram para afastar o ditador do poder, ainda que ninguém afirme isso abertamente.

Confrontos na cidade natal de Kadafi
Enquanto isso, com o apoio da artilharia aérea ocidental, rebeldes líbios conseguem obrigar as tropas de Kadafi a recuar cada vez mais. Nesta segunda-feira, os opositores do regime avançaram até Syrte, cidade natal do ditador líbio, após terem reconquistado uma série de localidades estratégicas no caminho. O anúncio de que Syrte teria sido ocupada pelos rebeldes não foi, a princípio, confirmado.

O governo russo criticou a intromissão do Ocidente. "Nós somos da opinião de que a intervenção da coalizão numa guerra civil não está apoiada pela resolução do Conselho de Segurança", disse o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov. Assim como a Alemanha e o Brasil, a Rússia se absteve na votação da Resolução 1973 da ONU.

Um dia antes da conferência sobre a Líbia em Londres, o governo do emirado Catar reconheceu os rebeldes como legítimos representantes do povo líbio. O governo de Kadafi acusou a coalizão ocidental de ter provocado a morte de mais de uma centena de civis através de seus ataques aéreos e criticou o governo de Catar pela intromissão drástica em assuntos internos líbios.

Fonte: Deutsche Welle com adaptações

domingo, 27 de março de 2011

44 BILHÕES DE MOTIVOS PARA ATACAR A LÍBIA


"...A Líbia, com as buscas dos últimos anos demonstrou possuir um capital incalculável de petróleo e de gás. Com as novas tecnologias, as estimativas sobre as reservas podem se duplicar. Falamos de 44 bilhões de barris de petróleo. É um petróleo de muito boa qualidade, que custa pouco para refinar e que não se encontra facilmente em outros lugares (...) depois das destruições da guerra civil e da "humanitária", os contratos petrolíferas, se forem respeitados, poderão ser até mais favoráveis. Porque, naturalmente, teremos um "vendedor", a Líbia, mais pobre e dividido e, portanto, mais chantageável. E essa é a situação ideal à qual provavelmente se queria chegar..." (Margherita Paolini, Il Manifesto/IHU)

sábado, 26 de março de 2011

“Feliz aquele que transmite o que sabe e aprende o que ensina”

No gabinete docente da Esefap (sala destinada aos professores para que pesquisem, discutam a condição acadêmica e orientem seus alunos), há um quadro na parede com a seguinte frase: “Feliz aquele que transmite o que sabe e aprende o que ensina”. Feliz a poetisa Cora Coralina que, a meu ver, sintetizou numa pequena frase a natureza docente.

A frase carregada de poesia, hoje em dia, vale mais do que nunca. O cenário que se apresenta, repleto de obstáculos de toda ordem, faz com que o professor que consegue concluir o conteúdo ao final da aula sinta-se um felizardo.

A tragédia é conhecida: implantação de sistemas de ensino avançados sem considerar a necessária adaptação do professor, do próprio aluno e sua família; desvalorização da profissão em razão, principalmente, dos baixos salários, configurando-se em desestímulo ao ingresso na profissão. Tal realidade, que não apenas atinge, mas define principalmente o ensino básico, é tensionada por outro grave componente: uma geração de crianças cujo individualismo e competitividade são expressos numa agressividade cotidiana, e não apenas entre seus colegas. Uma geração que parece ameaçar pais e professores.

Dois ótimos filmes refletem bem esta agressividade da infância e da juventude atuais: A Onda e O Dia da Saia. Não à toa, o primeiro é uma produção alemã e, o segundo, francesa. Esta situação é “globalizada”, pois se vê no mundo todo. Ambos produzidos em 2008 provocaram acaloradas discussões nos meios políticos e educacionais europeus.

Filmes que, obrigatoriamente, devem constar na videoteca de todo professor! As duas produções ajudam a refletir sobre os riscos inerentes à condição docente no século 21. Na realidade, A Onda, baseado em fato real, apresenta um professor de história explicando o nazi-fascismo a seus alunos. Para isso, reproduz em sala de aula a atmosfera da época, e nessa experiência pedagógica arriscada... Bem, é melhor você assistir ao filme. Mas observe como a condição humana está à flor da pele dos estudantes.

Em O Dia da Saia, com a belíssima atriz Isabele Adjani como professora de uma turma de adolescentes, os riscos, a violência, a agressividade verbal não são provocados, pois já compõem seu dia a dia com aqueles jovens. Esse filme é trágico e absurdo, belo e sensível, tão verdadeiro que se aproxima de um documentário.

A professora Sônia Bergerac, esgotada por vivenciar cotidianamente aquela situação tensa, depara-se com um fato inusitado: ao discutir com um aluno, uma arma cai ao chão. E é na arma que Sônia se apoia para recompor sua autoridade frente à turma. Em meio a passagens trágicas, a professora levanta questões como autoritarismo, preconceito (a turma é composta por negros, mulheres, árabes, judeus), violência e, claro, educação: “Vocês são marginalizados pela sociedade e a única saída que têm para vencer esta condição é estudando”, diz, atônita, ao ver que o universo humano se refletia nas disputas de poder, condições de gênero, raça e de religião naquela sala.

Sônia, que vê na arma a única saída para exercer seu ofício, é o contrassenso em pessoa. Mas se O Dia da Saia parece nos dizer que a condição humana é um páreo duro à condição docente, valoriza ainda mais o seu papel: sem a presença do professor, seríamos mais animalescos, selvagens, incivilizados.

Texto de Robinson Ricci, diretor-geral e de Comunicação Institucional das Faculdades Esefap, de Tupã (SP).

sexta-feira, 25 de março de 2011

EUA e europeus divididos sobre comando de ataques a Líbia

A proposta de que a OTAN encabece as ações militares, defendida por Estados Unidos e Inglaterra, é rechaçada por França, Turquia e Alemanha. O governo de Nicolas Sarkozy deseja que o comando fique nas mãos de um grupo político no qual estão envolvidos os ministros de Relações Exteriores da coalizão e da Liga Árabe. Além disso, o primeiro ministro francês, François Fillon, afirmou que uma força de ocupação terrestre foi explicitamente excluída.

A coalizão ocidental que participa da operação “Alvorada da Odisseia” contra o regime líbio de Muammar Kadafi continua dividida a respeito da estratégia no país norteafricano e de quem deve ficar no comando das operações militares. Estados Unidos e Inglaterra defendem que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) desempenhe um papel chave, mas França, Turquia e Alemanha se opõem a essa proposta.

Bem Rhodes, porta-voz da Casa Branca, informou que o presidente Barack Obama conversou com o primeiro ministro britânico David Cameron, que se mostrou favorável a que a aliança atlântica exerça um papel chave no comando da operação militar na Líbia. Obama, que se encontra em El Salvador em um giro pela América latina, sustentou que os vôos sobre a Líbia foram reduzidos significativamente e que a coalizão internacional está perto de implantar a zona de exclusão aérea para proteger os civis líbios.

No entanto, a proposta de que a OTAN encabece as ações militares é rechaçada por França, Turquia e Alemanha. O governo de Nicolas Sarkozy deseja que o comando fique nas mãos de um grupo político no qual estão envolvidos os ministros de Relações Exteriores da coalizão e da Liga Árabe. Além disso, o primeiro ministro francês, François Fillon, afirmou que uma força de ocupação terrestre foi explicitamente excluída.

Alguns analistas assinalaram que a posição de Sarkozy contrária a que a OTAN tenha um papel importante na Líbia, tem o duplo objetivo de ganhar imagem política e prolongar a liderança de Paris dentro da coalizão.
Por enquanto, Espanha, Ucrânia, Noruega, Bélgica e Emirados Árabes Unidos, notificaram o secretário geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, seu apoio à intervenção militar com base na resolução 1973.

Enquanto isso, os embaixadores dos 28 países membros da OTAN concordaram em realizar um esforço coordenado de unidades navais diante da costa da Líbia para assegurar o cumprimento do embargo internacional de armas. Não obstante, a OTAN segue sem chegar a um acordo sobre o que fazer para participar da operação internacional para estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre esse país com o objetivo de proteger a população civil.

Recep Tayvip Erdogan, primeiro ministro da Turquia, reiterou ontem seu rechaço a que a OTAN assuma a liderança dos ataques aéreos contra a Líbia. A Argélia, por sua vez, pediu a interrupção imediata das hostilidades e da intervenção estrangeira. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Jiang Yu, exigiu uma trégua ao declarar-se profundamente preocupada com os ataques militares da coalizão e as vítimas entre a população civil.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que a ofensiva lançada pelos Estados Unidos e seus aliados europeus contra a Líbia tem como objetivo apoderar-se não só do petróleo, mas também da água doce desse país. Já o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, chamou de truculentos os Estados Unidos, a França e a Inglaterra pelo ataque contra a Líbia e pediu o fim dos bombardeios para iniciar um diálogo que leve à paz.

Fonte: Carta Maior
Postado por Angelo D. Nicolaci

Na Líbia, eles estão protegendo "civis" ou eles estão ajudando "rebeldes"?


Eis acima algumas fotografias que mostram os civis "desarmados"

Na Líbia, certos membros da comunidade internacional caíram novamente na armadilha do "síndrome dos Balcãs", quando o sentido de culpa por não ter agido mais cedo provocou uma reação instintiva, com consequências desastrosas: a farsa chamada Kosovo. Na Líbia, eles estão protegendo "civis" ou eles estão ajudando "rebeldes"?

Louvável que seja ter preocupações com a segurança dos seres humanos, é também o dever dos líderes da comunidade internacional pensarem cuidadosamente antes de agir e não cair na armadilha da "síndrome dos Balcãs", quando a culpa por não ter agido atempadamente provocou uma reação instintiva, com consequências desastrosas: o insulto ao direito internacional chamado Kosovo. E desde quando é que uns bandos fortemente armados de islâmicos fanáticos barbudos se descrevem como "civis desarmados"?

No entanto, alguém na comunidade internacional nestes dias age ou reage pela bondade do seu coração, ou através do auto-interesse e a obrigação de proteger os grupos que o colocou no poder? Quão democráticas são as sociedades "democráticas", quando o poder real é detido por grupos de barões cinzentos que puxam os fios de interesse empresarial por trás dos bastidores, e quando os governos são eleitos, dependendo do desempenho do líder do partido nas imagens televisivas?

Quão democrática e livre é a mídia, quando a informação é controlada e apresentada em um belo pacote arrumadinho em que a verdade muitas vezes é reprimida ou ignorada e mentiras e desinformação são manipuladas?

Louvável que seja ter preocupações com o bem-estar das pessoas, vamos considerar algumas questões relacionadas com o ataque contra a Líbia, liderada pelos EUA, Reino Unido e França.

Em primeiro lugar, a situação interna no estado soberano da Líbia foi uma questão de uma revolta popular contra as normas opressivas de vida, enquanto um clique de elitistas sangrou o país? Não, porque a riqueza da Líbia foi e será distribuída, enquanto Muammar Al-Kadhafi conserve a sua influência. Ou foi a situação na Líbia alimentada por "rebeldes" ajudados e incentivados e abastecidos a partir da fronteira no Ocidente (Tunísia) e Oriente (Egito), cujos governos haviam convenientemente "caído"? Vamos dar uma olhada onde a "rebelião" se iniciou.

Não começou em Tripoli, a cidade capital - onde Muammar Al-Kadhafi é tão obviamente ainda muito popular, iniciou-se na província tradicionalmente separatista da Cirenaica (Benghazi) e ao longo da fronteira ocidental.

Em segundo lugar, onde estão esses "civis desarmados"? É difícil imaginar que tipo de televisão David Cameron, Barack Obama e Nicolas Sarkozy estão assistindo, porque os "civis desarmados" que eu vejo mostram homens barbudos fortemente armados, quadrilhas de saqueadores e de bandidos gritando "Allahu Akhbar". Agora, onde eu já ouvi isso antes?

Em terceiro lugar, o Ocidente errou ainda mais uma vez? Será que sem pensar claramente, eles foram enganados a armar aqueles cujas intenções não são nem democráticas, nem tão claras e, provavelmente, eventualmente anti-ocidentais? Lembrem-se dos mujahidin, os "libertadores" no Afeganistão, que destruíram os direitos das mulheres naquele país e, em seguida, passaram a se transformar no talibã? A nota de agradecimento foi o 11 de setembro.

Em quarto lugar, a Resolução 1973 (2011) da ONU que é suficientemente vaga para ter servido para se transformar numa grande dor de cabeça entre os membros da comunidade internacional. Só podemos imaginar as travessuras nos bastidores antes de sua aprovação apressada - era óbvio a partir das palavras do Ministro do Exterior francês Alain Juppé, que era para passar antes mesmo de ser votado.

A redação do seu Parágrafo nº 4, sobre a proteção dos civis, cita Nº 9 da Resolução 1970 (2011), que expressamente proíbe a exportação de armas para a Líbia. Quem, então, está fornecendo armas aos "rebeldes", está descumprindo a lei internacional; os termos do § 4º da Resolução 1973 (2011) mencionam a autoridade à força da ONU "para proteger os civis e áreas populadas por civis, sob ameaça de ataque na Líbia".

Isso não vai contra os preceitos do direito internacional, em que os Estados membros são livres para se proteger em caso de insurreição armada? E onde é que se traça a linha entre "proteger os civis" e atacar as forças do Governo, permitindo que os "civis" avancem sobre Tripoli, como tem sido sugerido em numerosos meios de comunicação?

Em quinto lugar, como pode um grupo de pessoas com uniformes, equipados com armamento pesado, ser considerados "civis" e, portanto, como pode qualquer ataque militar substancial sobre as forças da Líbia ser algo senão uma violação do direito internacional, ocasionando interferência nos assuntos internos de um Estado soberano?

Em sexto lugar, o presidente Obama foi ao Congresso pedir autorização para entrar num ato de guerra, como ele deveria? David Cameron tem informado os seus cidadãos, cuja unidade de maternidade acaba de ser fechada no hospital, cuja escola foi fechada, cujos familiares foram insultados ou atacados por gangues de criminosos bêbados e drogados, porque a força policial foi brutalmente reduzida, quanto dinheiro ele está gastando?

Para aqueles que na Grã-Bretanha estão na lista de espera por uma operação, para aqueles para quem não foi possível obter uma cama de hospital, que foram negados medicamentos oncológicos porque são caros demais e cujos subsídios de segurança social foram cortados, enviando-os à miséria, tenho o prazer de informar que o custo de uma missão por aeronave por hora é entre 35 mil e 50 mil libras esterlinas, ou 200 mil por avião, por dia. O custo de um papel secundário em uma operação de exclusão aérea prolongada na região é de 300 milhões de libras por ano. No mínimo.

Para fazer o quê? Ajudar um bando de saqueadores e fanáticos barbudos a tomarem o poder nas portas da Europa?

Finalmente, quantos dos envolvidos nesta campanha maníaca se preocupou em pesquisar a enorme quantidade de ações que Coronel Al-Kadhafi tem feito não só para o seu povo, mas também para a África? Por quê era agendada uma homenagem ao Muammar Al-Kadhafi ainda este mês na ONU, sobre seu registo em defesa de direitos humanos? Sobre a sua tolerância religiosa...relatório que elogiou-o por proteger "não só direitos políticos mas também direitos econômicos, sociais e culturais", elogiou-o pelo seu tratamento de minorias e pelo treinamento em matéria humanitária pelas forças de segurança.

Quantos deles afirmaram que ele foi uma das primeiras vozes que ressoaram contra Al Qaeda e o terrorismo internacional? Quantos já explicaram que recebeu o país mais pobre do mundo e transformou-o no país com o maior índice de desenvolvimento humano na África?

Mais uma vez, os mais beligerantes membros da comunidade internacional se precipitaram, caíram na armadilha da "síndrome dos Balcãs", (quando Clinton queria retirar as atenções da sua braguilha). Desta vez, quem são os três líderes com problemas de popularidade nos seus países? Barack Obama, David Cameron, e Nicolas Sarkozy, cujas taxas de aprovação estão abaixo daqueles de Muammar Al-Kadhafi

Fonte: Pravda

quarta-feira, 23 de março de 2011

Terremoto japonês é o mais caro da história


O Japão estimou que o custo dos danos do terremoto e do tsunami devastadores deste mês pode chegar a 300 bilhões de dólares. As autoridades de Tóquio alertaram que os bebês não devem ingerir água de torneira por causa da radiação vazada de uma usina nuclear.

A primeira estimativa oficial desde a tragédia de 11 de março cobre os danos a estradas, casas, fábricas e infraestrutura, e ofusca as perdas do tremor ocorrido em Kobe em 1995 e do furacão Katrina, que devastou Nova Orleans, nos Estados Unidos, em 2005, o que faz deste o desastre natural mais caro do mundo.

No momento em que aumenta a preocupação com o risco de alimentos contaminados pela radiação da usina de Fukushima, a cerca de 250 quilômetros da capital japonesa, os EUA se tornaram o primeiro país a proibir algumas importações de alimentos da zona do desastre.

A usina, atingida por um terremoto de magnitude 9,0 e por um tsunami que deixaram 23 mil mortos ou desaparecidos, ainda não foi controlada, e os trabalhadores foram forçados a abandonar o complexo quando uma fumaça negra começou a emergir de um dos seis reatores.

Autoridades de Tóquio disseram nesta quarta-feira que a água em uma usina de purificação para a capital de 13 milhões de pessoas continha 210 becquerels de iodo radioativo - mais do que o dobro do nível seguro para crianças.

O governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, afirmou entretanto que esse nível não representa risco imediato e que a água pode ser usada. "Mas, para crianças com menos de um ano, gostaria que evitassem usar água de torneira para diluir alimento para bebês", acrescentou.

A agência norte-americana FDA (Administração de Alimento e de Drogas na sigla em inglês) anunciou a suspensão da importação de leite, vegetais e frutas de quatro regiões na vizinhança do complexo nuclear afetado.

A Coreia do Sul pode ser a próxima a proibir alimentos japoneses após o pior crise nuclear desde Chernobyl em 1986. Nesta semana a França solicitou à Comissão Europeia que procure harmonizar os controles sobre a radioatividade de produtos importados do Japão.

Os alimentos representaram somente 0,6 por cento do total de exportações japonesas no ano passado.

Autoridades declararam que níveis de radiação acima do que é seguro foram detectados em 11 tipos de vegetais da área, além do leite e da água.

O secretário-chefe de gabinete Yukio Edano, a face pública do governo japonês durante o desastre, disse que a zona de exclusão ao redor da usina não precisa ser expandida, e pediu aos moradores de Tóquio para não estocar água engarrafada.

Mais cedo ele havia dito não haver maior perigo para humanos e pediu que o mundo não reagisse com exagero: "Vamos explicar os fatos aos países e esperamos que tomem medidas lógicas baseadas neles".

Fonte: Reuters e http://brasilnicolaci.blogspot.com/

terça-feira, 22 de março de 2011

De volta à guerra


O ataque das potências às tropas de Kadafi modifica a situação da revolta nos países árabes. O objetivo, agora, é assegurar que as reservas de petróleo da Líbia permaneçam em mãos seguras. Antes, era Kadafi quem dava essa segurança aos governos da Italia, da Inglaterra, da França.

Com a revolta, e a possibilidade de que a principal riqueza do país caia em outras mãos, as potencias européias querem chegar a um entendimento com as forças capazes de formar um novo governo. Passaram a combater Kadafi depois de protegê-lo ao longo dos anos.

O argumento de que se pretende salvar vidas humanas e proteger a população civil é bom demais para ser verdade. A população da Líbia tem o direito de livrar-se de um ditador corrupto, sem compromissos com a democracia nem com o bem-estar da maioria. É uma luta heróica e justa.

Não custa lembrar, contudo, que considerações humanitárias ou democráticas não fazem parte dos argumentos reais das potencias que iniciaram os ataques.

Se fosse assim, estes mesmos governos teriam agido para impedir, por exemplo, os ataques da aviação israelense à população civil de Gaza no final de 2008, não é mesmo?

Em tempos recentes, também poderiam ter agido contra o rei amigo do Barheim ou contra o ditador do Iemen.

As causas dessa intervenção na Libia devem ser procuradas na situação interna dos países envolvidos.

Sob o risco de ser expulso da Casa Branca em 2012, Barack Obama vê na operação uma oportunidade raríssima para se recompor. Já perdeu apoio entre eleitores jovens e democratas que garantiram a vitoria em 2008 e agora tenta seduzir aquela fatia de conservadores que não se deixa convencer pelos argumentos extremistas de republicanos no estilo Tea Party e talvez possa ser arrebatada para apoiar um candidato centrista. Não sei se Obama será capaz de realizar tamanha ginástica — mas esta é sua estratégia.

A Inglaterra tem uma longa folha de serviços prestados à Kadafi e enxerga nessa ação uma oportunidade para formar novos aliados junto a um país com matéria prima tão preciosa e necessária. As relações entre Londres e Tripoli foram muito além do interesse comercial. Chegaram ao mundo acadêmico inglês, onde intelectuais prestigiados recebiam recompensas graudas para fazer a defesa da ditadura de Kadafi num serviço que hoje adquire a fisionomia de escândalo ético.

Nicolas Sarkozy, o presidente frances, anda tão por baixo que as pesquisas informam que teria menos votos do que uma candidatura fascista nas próximas eleições.

A raiz da guerra é esta: petróleo e votos.

Conhecido por sua indepedência de pensamento num universo onde não faltam autores à soldo, o professor Edward Luttwak, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington, adverte para as chances de se abrir um novo conflito — sem solução à vista. Num artigo publicado em 10 de março, com o sugestivo titulo “Intervencionite” ele se deu ao trabalho de reunir várias razões capazes de explicar por que uma ação militar na Líbia só poderia dar errado.

Uma das principais é a falta de apoio internacional. “Boa parte da opinião mundial não pode conceber que um governo seja suficientemente humanitário e generoso para derramar sangue e gastar dinheiro para ajudar cidadãos estrangeiros de forma desinteressada que, além disso, professam outra fé,” escreve Luttwak, sem esconder a ironia.

Lembrando a experiência do Iraque, ele recorda que a invasão daquele país teve a capacidade de unir aliados e adversários de Saddam Husein, pois colocava em questão um tema sempre delicado em qualquer ponto do planeta, que é a soberania nacional. O mais duro adversário dos soldados americanos, hoje, é um lider muçulmano cujo pai foi assassinado pelos homens de Saddam.

texto de PAULO MOREIRA LEITE

Fonte:Revista Época

Equipes conectam cabos de força em reatores de Fukushima


Equipes conseguiram conectar cabos de força em todos os seis reatores da usina nuclear de Fukushima Daiichi, no leste do Japão, em meio a esforços para restabelecer o sistema de resfriamento do local.

O correspondente da BBC em Tóquio Chris Hogg afirma que, apesar disto, mais testes são necessários para saber se o fornecimento de energia pode ser retomado com segurança na usina.

Segundo Hogg, a eletricidade somente será reativada depois que todas as inspeções forem realizadas. A usina foi danificada devido ao terremoto de magnitude 9 seguido de um tsunami que atingiu o Japão no último dia 11.

Os trabalhos nos reatores foram interrompidos na segunda-feira devido a temores de que radiação poderia estar vazando de Fukushima por meio de uma nuvem de fumaça.

No entanto, os níveis de radiação na área caíram nesta terça-feira, depois de apresentar alta por um breve período no dia anterior.

Nesta terça-feira, por cerca de uma hora, equipes jogaram mais água do mar sobre o reator 3 de Fukushima, em uma tentativa de impedir o derretimento dos bastões de combustível nuclear no local.

O repórter da BBC afirma que o acúmulo de destroços das explosões ocorridas na usina na semana passada torna mais difícil o trabalho de fazer a água chegar até a superfície dos reatores.

Radiação na água

Amostras de água do mar coletadas perto de Fukushima apresentaram níveis de radiação maiores que o normal, segundo a empresa Tokyo Electric Power Company (Tepco), que administra a usina.

De acordo com a Tepco, água coletada a 330 metros da usina tinha um nível de iodo-131 126,7 vezes maior que o permitido pela lei, enquanto o césio-134 estava 24,8 vezes maior que o normal. Já o nível de césio-137 estava 16,5 vezes acima do permitido.

Já as amostras coletadas a cerca de 16km de Fukushima apresentaram níveis de iodo-131 16,4 vezes maior que o permitido pela lei.

O vice-presidente da Tepco Norio Tsuzumi visitou um abrigo de emergência em Tamura, onde estão cerca de 800 moradores da cidade de Okuma, cidade mais próxima à usina de Fukushima. Tsuzumi se desculpou aos desalojados, que foram obrigados a deixar suas casas devido ao risco da radiação.

Reconstrução

O prejuízo causado pela tragédia natural no Japão é estimado pelo Banco Mundial em US$ 235 bilhões (cerca de R$ 392 bilhões) e a reconstrução do país pode levar até cinco anos.

O terremoto e o tsunami, seguidos de uma crise nuclear ainda em curso, prejudicaram as cadeias produtivas de indústrias automotivas e eletrônicas. Além disso, “os danos ocorridos em habitações e infraestrutura foram sem precedentes”, diz o relatório.

O número de mortos, que pode chegar a 15 mil, e os prejuízos devem ser mais do que o dobro dos causados pelo terremoto de Kobe, em 1995. As companhias de seguros devem arcar com apenas uma pequena parte dos custos, deixando a maioria do prejuízo a ser coberta pelo governo e pela população, aponta o documento.

Em contrapartida, a conclusão do relatório é que o impacto da tragédia no crescimento japonês provavelmente será “temporário” e terá efeito “limitado” na economia regional.

Fonte: BBC Brasil

Coalizão ataca base da Marinha líbia perto de Trípoli


Uma base da marinha líbia situada 10 km a leste de Trípoli foi bombardeada nesta segunda-feira à noite, indicaram testemunhas que viram o local em chamas. A base naval de Boussetta foi atingida pouco depois das 19h GMT (16h de Brasília), segundo várias testemunhas. Esse é o terceiro dia de ataques das forças ocidentais contra alvos militares líbios na operação "Odisseia do Amanhecer".

A televisão estatal líbia anunciou nesta segunda-feira à noite que a coalizão internacional bombardeava Trípoli. Disparos da defesa anti-aérea seguidos de explosões foram ouvidos à noite no setor onde está localizada a residência do líder líbio Muamar Kadafi em Trípoli, de acordo com um jornalista da AFP

Segundo um porta-voz do governo líbio, a coalizão internacional, liderada por Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, bombardeou nesta segunda-feira a cidade de Sebha, 750 km ao sul de Trípoli, feudo da tribo Guededfa, de Muamar Kadafi. "Desde sábado, a coalizão inimiga realiza ataques com aviões e mísseis contra Trípoli, Zuara, Misrata, Syrte e Sebha, visando especialmente os aeroportos", declarou Mussa Ibrahim em entrevista coletiva.

"Sebha foi bombardeada hoje", disse Ibrahim sobre a data do ataque, que também atingiu um pequeno povoado de pescadores 27 km a oeste de Trípoli.

O porta-voz destacou que os ataques deixaram "numerosas vítimas" entre os civis, especialmente no aeroporto de Syrte, cidade natal de Kadhafi, 600 km a leste de Trípoli. Ibrahim revelou ainda que a cidade rebelde de Misrata, 200 km a leste de Trípoli, foi "libertada há três dias" pelas tropas de Khadafi, que ainda enfrentam alguns "elementos terroristas" na zona.

Ao menos 40 pessoas morreram e outras 300 ficaram feridas nesta segunda-feira em Misrata em meio à ofensiva das forças de Kadhafi contra os rebeldes, informou uma fonte médica. Segundo um médico do principal hospital de Misrata, o "número de mártires chega a 40 e há mais de 300 feridos".

Ataque líbio

A cidade de Zintan, no oeste da Líbia, foi alvo na segunda-feira de pesado bombardeio das forças leais a Hadafi, segundo testemunhas, o que forçou moradores a fugir, indo até para cavernas numa região montanhosa próxima. "Várias casas foram destruídas e um minarete de uma mesquita também foi derrubado", disse o morador Abdulrahmane Daw, por telefone, falando de Zintan. "Mais forças foram enviadas para sitiar a cidade. Há agora pelo menos 40 tanques no sopé das montanhas perto de Zintan."

O jornalista suíço Gaetan Vannay, também contatado por telefone, afirmou que o bombardeio foi o maior em três dias. "Hoje (segunda-feira) essa batalha muito forte começou na frente leste. Mulheres e crianças se esconderam nas cavernas nas florestas."

Daw disse que as forças rebeldes, má equipadas, conseguiram evitar que as tropas de kadafi entrassem na cidade, situada cerca de 140 quilômetros a sudoeste de Trípoli, a capital do país. "A cidade está sob ataque desde sexta-feira, depois que forças do governo ali chegaram, vindas de Shguiga, no leste, mas se retiraram", afirmou ele, referindo-se a um povoado próximo.

"No sábado eles dispararam contra nós e nos atacaram com tanques e armas pesadas. Hoje (segunda-feira), por volta de 10h ou 10h30, usaram tanques e explosivos."

Ele afirmou que o hospital estava mal equipado e pediu que forças internacionais intervenham na área.

O jornalista Vannay, que trabalha para a Rádio Televisão Suíça, descreveu uma feroz batalha no sábado, perdida pelas forças de kadafi na frente sudeste. O domingo foi mais calmo.

"Não há literalmente ninguém na cidade", disse ele. "Os civis, incluindo os jovens, são os que estão defendendo a cidade. Muitos foram levemente feridos e houve duas mortes, mas de combatentes. Há também mortes entre as forças de Kadafi. O poder de fogo de kadafi é muito superior ao dos rebeldes".

Custo

O primeiro dia de ataques dos EUA contra a Líbia custou mais de US$ 100 milhões, e sua parte na operação poderia superar US$ 1 bilhão, disse nesta segunda-feira a revista "National Journal". Segundo a publicação, a decisão do presidente Barack Obama de participar dos ataques contra as defesas antimísseis do governo de Trípoli já custaram aos contribuintes dos EUA "muito mais de US$ 100 milhões", apenas com o uso de mísseis.

No que constitui praticamente a primeira guerra de Obama em um país muçulmano - as do Iraque e Afeganistão foram iniciadas por seu antecessor, George W. Bush -, os Estados Unidos injetaram milhões de dólares em ataques lançados por mar e ar e no desdobramento de recursos militares ao longo da costa líbia, indicou.

No primeiro dia de ataques, as tropas lideradas pelos Estados Unidos lançaram de navios no litoral um total de 112 mísseis de longo alcance Tomahawk, cujo custo por unidade oscila entre US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão, disse o artigo. Isso se traduz a um número entre US$ 112 milhões e US$ 168 milhões apenas no primeiro dia de ataques.

Desde os primeiros ataques, as forças militares dos EUA e Inglaterra lançaram, pelo menos, outros 12 mísseis Tomahawk. O custo "dos períodos iniciais" do ataque por parte das forças da coalizão poderiam oscilar entre US$ 400 milhões e US$ 800 milhões, indicou um relatório do Centro para Avaliações Estratégicas e Orçamentárias, citado pela revista em sua edição digital.


Zona de exclusão

A zona de exclusão aérea aprovada pela ONU sobre a Líbia será ampliada e logo terá uma cobertura de 1.000 quilômetros, quando chegarem à região novas aeronaves de países da coalizão, disse o chefe do comando dos EUA na África, general Carter Ham. Segundo Ham, a zona de exclusão aérea na Líbia se estenderá até a capital, Trípoli.

O general Carter Ham informou ao Pentágono que a coalizão de forças aéreas continua a realizar missões de voo para garantir a zona de exclusão aérea e que forças de solo líbias estavam se movimentando ao sul da capital rebelde de Benghazi, mostrando "pouca vontade ou capacidade" de operar. Em entrevista coletiva, Ham disse que desde o início das operações aliadas "não foi observada nenhuma atividade de aviões (militares) líbios".

As forças de Estados Unidos e Reino Unido fizeram 12 ataques com mísseis guiados Tomahawk, e embarcações militares de França, Espanha e Itália "patrulham a região para impedir os embarques ilegais de armamento em direção à Líbia", acrescentou.

O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou nesta segunda-feira que o país defende a queda do líder líbio, Muamar Kadafi, mas que o esforço militar internacional tem o objetivo militar mais limitado de estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia e proteger os civis contra massacres pelas forças leais ao ditador. Obama fez as afirmações no Palácio de La Moneda, ao lado do presidente do Chile, Sebástian Piñera, na segunda etapa de seu giro pela América Latina. "Estabeleci que a política americana é a de que Kadafi precisa ir embora", disse Obama.

Ataques a Kadafi

O chefe do Estado-Maior da defesa britânica, o general David Richards, negou nesta segunda-feira que o líder líbio, Muamar Kadafi, seja alvo militar da coalizão internacional que iniciou no sábado a operação "Odisseia do Amanhecer" para reduzir a força do líder líbio e estabelecer uma zona de exclusão aérea prevista em resolução aprovada na quinta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU. A ofensiva, liderada por EUA, Reino Unido e França, conta também com a participação de Canadá, Catar, Espanha e Itália.

Questionado pela emissora "BBC" se os aliados tentaram matar Kadafi após o bombardeio em Trípoli de um edifício do palácio do coronel líbio, Richards contestou: "Não. A resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) não permite e não é algo que queremos falar mais."

As declarações do general foram feitas após o ministro da Defesa Liam Fox não ter descartado que Kadafi fosse um alvo legítimo dos bombardeios se previamente ao bombardeio se confirmasse que uma ação desse tipo não é um risco para civis. Por sua parte, o ministro de Relações Exteriores britânico, William Hague, declarou que não "especularia sobre os alvos". "Isso depende das circunstâncias em cada momento", afirmou.

Um oficial americano da coalizão internacional insistiu nesta segunda-feira que nem Kadafi ou sua residência eram alvos intencionais do bombardeio de domingo, que atingiu um prédio administrativo do complexo situado a cerca de 50 metros da tenda onde o líder líbio recebe geralmente seus convidados importantes. Mas o oficial - que falou sob condição de anonimato - disse que o local foi alvo por ser um centro de comando para as forças líbias.

Fonte: Último Segundo

segunda-feira, 21 de março de 2011

Líbia: hipocrisia, dupla moral, dois pesos e duas medidas


Toda e qualquer intervenção na Líbia terá repercussões graves. Cabe ao povo líbio, e apenas a ele, resolver o problema líbio. A comunidade internacional deve manifestar solidariedade e agir unida para conter a guerra civil e facilitar uma via de transição pacífica para o conflito líbio. Os governos ocidentais, no afã de manter o seu domínio, usam diferentes padrões de avaliação, caso a caso, conforme o país e ao não reconhecer os levantes populares são atropelados pelo curso da História.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a resolução que autoriza a imposição de uma zona de exclusão aérea em território líbio, salvo os vôos de natureza humanitária e inclui “todas as medidas que sejam necessárias ”para a proteção da população civil, excluindo, porém, a ocupação militar de qualquer porção da Líbia. Além disso, endurece o embargo de armas à Líbia e reforça as sanções impostas no mês passado a Kadafi e seu círculo mais próximo de colaboradores.

Paris e Londres encabeçaram a arremetida contra a Líbia numa corrida contra o relógio a fim de que a ONU se pronunciasse antes que o último reduto rebelde, Bengazi, fosse recuperado pelas forças leais a Kadafi. O documento recebeu a aprovação de 10 países – Grã Bretanha, França, Estados Unidos, Líbano, Colômbia, Nigéria, Portugal, Bósnia e Herzegovina, África do Sul e Gabão -, nenhum voto contra e cinco abstenções – Brasil, Rússia, China, Índia e Alemanha. A Rússia exigiu a inclusão de um cessar-fogo imediato, medida atendida por Trípoli, e a China insistiu numa solução pacífica da crise, ao reiterar suas sérias reservas quanto à zona de exclusão aérea, ao mesmo tempo em que rechaçava o uso da força nas relações internacionais. Estranhamente, Moscou e Pequim, que detêm poder de veto, não o utilizaram para barrar aspectos da resolução com os quais não concordavam.

Diferentemente da Tunísia e do Egito, quando massas de centenas de milhares, desarmadas, saíram às ruas erguendo as bandeiras de pão, emprego, justiça social, progresso, liberdade e democracia, derrubando por força de seus protestos e pressão os ditadores apoiados pelas potências ocidentais, Ben Ali e Mubarak, na Líbia facções armadas com armamento blindado, artilharia antiaérea, armas individuais modernas e até alguma força aérea ocuparam o leste do país e algumas cidades do oeste determinadas a tomar Trípoli e acabar com o ditador Muamar Kadafi.

Estabeleceu-se com isto uma franca guerra civil. Quando, no curso dos combates, as tropas fieis a Kadafi avançaram sobre os bastiões rebeldes, o chamado Conselho Nacional Líbio de Transição passou a reclamar com insistência o apoio do Ocidente em armas e logística e a exclusão aérea. Ou bem os oposicionistas contavam desde o início com o respaldo dos países hegemônicos e estes estavam roendo a corda ou calcularam mal a capacidade de resistência de Kadafi e o apoio de grande parte da população líbia com que conta. A verdade é que a insurgência armada no leste da Libia é apoiada diretamente por potências estrangeiras. A insurreição em Bengasi ergueu imediatamente a bandeira vermelha, negra e verde com a meia lua e a estrela, a bandeira da monarquía do rei Idris, que simbolizava o domínio dos antigos poderes coloniais.

A imensa campanha de distorções, omissões e mentiras desencadeada pelos meios maciços de comunicação abriu espaço para uma enorme confusão no seio da opinião pública mundial. Levará tempo antes que se possa estabelecer a verdade do que ocorreu na Líbia e distinguir os fatos reais das falsidades publicadas. Alguns fatos concretos, porém, merecem atenção.

A Líbia ocupa o primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da África e tem a mais alta esperança de vida do continente. A educação e a saúde recebem especial atenção do Estado. O PIB per capita é de 13,8 mil dólares, o crescimento em 2010 foi de 10,6%, a inflação de 4,5%, a pobreza de 7,4% e a colocação no IDH é 53º (Brasil é 73º) todos esses índices melhores que o do nosso país. Seus problemas são de outra natureza. De alimentos e serviços sociais básicos o país não carecia. Nação de pequena população – 6,5 milhões de habitantes - necessitava de força de trabalho estrangeira em boa proporção para levar a termo ambiciosos planos de produção e desenvolvimento social. Milhares de trabalhadores chineses, egípcios tunisianos, sudaneses e de outras nacionalidades labutam em solo líbio. Dispunha de vultosos ingressos, provenientes da venda de petróleo de alta qualidade, e de grandes reservas em divisas depositadas em bancos das potências européias e Estados Unidos, e com isso podiam adquirir bens de consumo e até armamento sofisticado, fornecido exatamente pelos mesmos países que hoje planejam invadi-lo em nome dos direitos humanos.

O tirano, que durante quase três décadas foi considerado o “cachorro louco”, o “inimigo número um” do Ocidente para logo converter-se no vistoso aliado de seus inimigos de agora, voltou ao seu estatuto original. Ao se aproximar das potências ocidentais, Kadafi cumpriu rigorosamente suas promessas de desarmamento e ambições nucleares. Com isso, a partir de outubro de 2002, iniciou-se uma maratona de visitas a Trípoli: Berlusconi, em outubro de 2002; Aznar, em setembro de 2003; Berlusconi de novo em fevereiro, agosto e outubro de 2004; Blair, em março de 2004; Schröeder, em outubro de 2004; Chirac, em novembro de 2004.

Todos exultantes, garantindo o recebimento de petróleo e a exportação de bens e serviços. Kadafi, de seu lado, percorreu triunfante a Europa. Recebido em Bruxelas em abril de 2004 por Prodi, presidente da União Europeia; em agosto de 2004 convidou Bush a visitar seu país; Exxon Mobil, Chevron Texaco e Conoco Philips realizavam os últimos acertos para exploração do óleo por meio de ‘joint ventures’. Em maio de 2006, os Estados Unidos anunciaram a retirada da Líbia dos países terroristas e o estabelecimento de relações diplomáticas. Em 2006 e 2007, a França e os Estados Unidos subscreveram acordos de cooperação nuclear para fins pacíficos; em maio de 2007, Blair voltou a visitar Kadafi. A British Petroleum assinou um contrato "extremamente importante" para a exploração de jazidas de gás. Em dezembro de 2007, Kadafi empreendeu duas visitas a França e firmou contratos de equipamentos militares de 10 bilhões de euros. Contratos milionários foram subscritos com importantes países membros da OTAN.

Dentre as companhias petrolíferas estrangeiras que operavam antes da insurreição na Líbia incluem-se a Total da França, a ENI da Itália, a China National Petroleum Corp (CNPC), British Petroleum, o consórcio espanhol REPSOL, ExxonMobil, Chevron, Occidental Petroleum, Hess, Conoco Phillips.

O que se passa para que o “cachorro louco”, que se transformara em grande amigo, volte a ser o “cachorro louco”. De um lado, a evidência de que as potências hegemônicas tudo farão para não perder o controle dessa vital fonte de energia. De outro, fatores geo-estratégicos. Diante da revolta por mudanças democráticas dos países árabes do Norte da África e do Oriente Médio, é fundamental, no caso da Líbia, ter um governo absolutamente confiável, pressionando o vizinho oriental Egito para manter o tratado com Israel e não partir para políticas que desarrumem todo o contexto regional.

Antes de partir para o Brasil, o presidente Obama declarou que o“cessar-fogo tem que ser implementado imediatamente e isto significa que todos os ataques contra civis têm que parar. (...) Esses termos não são negociáveis. (...) Se Kadafi não cooperar haverá consequências". Entrementes, as agências de notícias informam que no Bahrein, ocupado por tropas da Arábia Saudita, com prévio conhecimento e anuência de Washington, e debaixo de lei marcial, milhares de pessoas desarmadas são reprimidas violentamente por forças militares que destruíram o monumento da praça Pérola, ponto de encontro de manifestantes. Sabe-se que a V Frota norte-americana está estacionada neste país, distante 25 quilômetros da Arábia Saudita, e funciona como posto de vigilância dos vastos poços de petróleo do Golfo Pérsico. Gravíssima é a situação no Iêmen, aliado incondicional da Arábia Saudita e dos Estados Unidos. Dezenas de civis,desarmados, foram assassinados nas últimas horas. Nem a França nem a Grã Bretanha, tampouco Washington ou a Liga Árabe propuseram “todas as medidas necessárias” para proteger a população civil. Obama, Sarkozy e Cameron não falaram grosso com o Bahrein e Iêmen. A ONU não autorizou uma zona de exclusão aérea contra o Iêmen e Bahrein, nem acha que os direitos humanos de bareinitas e iemenitas mereçam ser respeitados. Nesse caso, só falatório, hipocrisia e dupla moral.

Toda e qualquer intervenção na Líbia terá repercussões graves. Cabe ao povo líbio, e apenas a ele, resolver o problema líbio. A comunidade internacional deve manifestar solidariedade e agir unida para conter a guerra civil e facilitar uma via de transição pacífica para o conflito líbio. Os governos ocidentais, no afã de manter o seu domínio, usam diferentes padrões de avaliação, caso a caso, conforme o país e ao não reconhecer os levantes populares são atropelados pelo curso da História. Os regimes árabes despóticos, fundamentalistas e absolutistas têm de saber que não podem resistir às mudanças. É simples questão de tempo, e todos os que resistirem serão varridos do mapa político.

Setores de esquerda vêm dando interpretações disparatadas sobre os acontecimentos. A mais esdrúxula reside em que desqualificar a revolta das massas populares líbias porque o regime é inimigo aparente de nosso inimigo não é um critério muito saudável. Analistas de esquerda não podem fechar os olhos à realidade do mundo de hoje, desconhecer as forças em confronto eseus objetivos estratégicos, deixar-se levar pelas informações da mídia que tem um claro viés em favor dos interesses neo-coloniais e imperialistas.

Uma intervenção militar aberta implica que os Estados Unidos, Inglaterra, França e demais países optaram por um dos lados da guerra civil líbia, como aumentará brutalmente os riscos sobre a população civil que, cinicamente, anunciam que pretendem proteger.


Fonte: Carta Maior e http://brasilnicolaci.blogspot.com/

OTAN comete crimes em mais um erro monumental na Líbia


Assassinos! Criminosos de guerra Cameron, Obama e Sarkozy lançam ataque terrorista

A tinta ainda estava fresca na Resolução 1973, e na midia ocidental já estavam falando sobre os ataques aéreos e como ajudar os rebeldes. Dois erros aqui, em primeiro lugar, não é esse o âmbito do documento e, segundo, porquê o Presidente Obama e o primeiro-ministro Cameron deliberadamente citam de forma errada as palavras de Muammar kadafi?

"OTAN" e "terrorismo" são a mesma coisa e as últimas ações desta ala militar do lobby do petróleo, que gravita em torno da Casa Branca, demonstram de forma evidente que essa força maligna segue endemicamente uma política de violência para perpetrar a sua ganância. Na Líbia, a OTAN, mais uma vez, errou monumentalmente.

O Líder Fraternal do Grande Jamahiriya Socialista Popular da Líbia Árabe não havia jurado não mostrar misericórdia para com o povo de Benghazi, ele tinha dado aos "rebeldes" (grupos armados de criminosos), uma janela para deporem as armas e tinha dito que ele não mostraria misericórdia para aqueles que não o fizeram. Ele não estava falando acerca do massacre de civis em Benghazi, onde aliás muitos dos seus apoiadores, indefesos, já foram assassinados pelos "rebeldes" a sangue frio.

É legal ou aceitável na França, Inglaterra ou nos Estados Unidos da América pegar em armas, transformar edifícios em tochas, massacrar civis desarmados (os "rebeldes" fizeram isso em Benghazi) e cometer atos de terrorismo? Não? Nem é, na Líbia.

O fato que o presidente Obama e o primeiro-ministro Cameron deliberadamente distorceram as palavras do estadista líbio, citando-o de forma errada e fora de contexto não faz nada para promover a noção de que eles sejam razoáveis, ou equilibrados, ou competentes para desempenharem seus papéis. O que eles fizeram é juntar-se ao Presidente Sarkozy para cometer um ato de terrorismo contra a Líbia. A Cruzada começou, e Líbia é apenas a primeira etapa.

O adágio da OTAN no Iraque era "hoje, uma criança - amanhã, um terrorista" e a política de deitar bombas de fragmentação em áreas civis é prova disso. Depois, entraram as empresas petrolíferas. O adágio da OTAN na Líbia parece ser proteger o povo líbio aliando-se com Al-Qaeda, instigar a revolta na zona rica em petróleo endemicamente separatista da Cirenaica, Benghazi sendo a sua cidade capital, para depois instalar um regime amigavel... e depois, as companhias de petróleo entrarão.

Para o povo da Líbia, se o Grande Plano funcionar, vai desaparecer o alojamento gratuito, idem ao sistema de educação livre, idem ao sistema de saúde excelente e gratuito, idem aos enormes benefícios sociais distribuídos entre a população. A Líbia vai se tornar a prostituta do Ocidente, os seus recursos estuprados enquanto pessoas à margem da sociedade da Líbia são colocados em posições de poder. Marquem as minhas palavras.

Para os (agora) criminosos de guerra Cameron, Obama e Sarkozy, algumas perguntas:

Vocês sabiam que em 1951, a Líbia foi a nação mais pobre do mundo? Vocês sabiam que hoje tem o maior índice de desenvolvimento humano em África? Algum de vocês três implementaram programas habitacionais gratuitos? Não, vocês destruíram as esperanças dos seus cidadãos através da criação de sistemas nos quais as pessoas não têm recursos para manter suas casas.

Algum de vocês já implementou sistemas de cuidados de saúde gratuitos? Não, vocês tornaram a saúde um negócio. Algum de vocês distribuiu terras gratuitamente? Doaram equipamentos agrícolas de graça? Não, vocês impõem tarifas sobre as importações provenientes dos países pobres e dão subsídios aos seus fazendeiros, fingindo seguir, de forma hipócrita, os preceitos da OMC.

Como vocês justificam os ataques a alvos civis da noite passada? Estes são crimes de guerra. Vocês sabiam que os três centros médicos foram atingidos? Que tipo de "ditador" distribui armas para um milhão de cidadãos? Onde está a zona de exclusão aérea sobre o Bahrein e Iêmen, onde civis desarmados estão sendo massacrados pelos seus amigos?

E agora, o Sr. Cameron. Você se preocupou em explicar ao seu povo, confrontado com o selvagem, bárbaro e desumano ataque contra a sociedade britânica pela implementação dos seus ridículos e totalmente desnecessário cortes de gastos públicos, quanto custa participar neste ato descarado de terrorismo? Então eu lhe informarei que o custo por aeronave/dia está por volte de $200.000 libras esterlinas. Isso é $35,000 -$50,000 por hora de voo cada aeronave, do dinheiro dos contribuintes. Como você justifica os gastos nesse bombardeio de hospitais e alvos civis, quando você corta os gastos para o Serviço Nacional de Saúde?

Agora a verdade: A "rebelião" na Líbia está baseada em torno de fundamentalistas islâmicos no ponto quente historicamente separatista de Benghazi. Os líbios chamam-lhes "os barbudos". A "rebelião" foi lançada pelo Ocidente. Falhou, e quando as forças militares do coronel Al-Kadafi ganharam a iniciativa, eles entraram em pânico. Eles recusaram a resolução patrocinada pelos russos de um cessar-fogo na ONU e eles tentaram fazer passar uma resolução que permitia uma invasão militar em larga escala.

Esta resolução foi anulada pela Rússia, China, Índia, Brasil e Alemanha, e o resultado foi uma zona de exclusão aérea e a permissão para usar a força militar para proteger os civis. Mas as autoridades líbias não estão lutando contra "civis". Eles, como no Ocidente, estão lutando contra terroristas islâmicos.

E os presidentes Obama e Sarkozy e o primeiro-ministro Cameron tem os assassinatos de 64 pessoas nas suas mãos. Estes homens são responsáveis ​​pelo uso indiscriminado dos recursos militares contra alvos civis na Líbia, incluindo alegadamente três centros médicos, fora do âmbito de aplicação da Resolução das Nações Unidas.

Senhoras e Senhores, Cameron, Obama e Sarkozy são responsáveis ​​por crimes de guerra.

Timothy Bancroft-Hinchey

Fonte: Pravda e http://brasilnicolaci.blogspot.com/

China intensifica condenação a ataques aéreos na Líbia


Nesta segunda-feira o principal jornal da China intensificou a oposição de Pequim aos ataques aéreos ocidentais na Líbia, acusando os países que apoiam os ataques de violar regras internacionais e arriscar novos tumultos no Oriente Médio.

A mais forte condenação chinesa das manobras do Ocidente contra as forças do líder líbio Muammar Gaddafi apareceu no Diário do Povo, órgão do Partido Comunista, e mostrou como o conflito militar pode se tornar uma nova frente de atrito entre Pequim e Washington.

O jornal usou palavras pouco veladas para acusar os Estados Unidos e seus aliados de violar regras internacionais, embora a China não tenha chegado a vetar a resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas que efetivamente autorizou os ataques aéreos.

O diário apontou semelhanças entre a iniciativa na Líbia à invasão norte-americana do Iraque em 2003, e deu a entender que segue um padrão de interferência do Ocidente nos assuntos de outras nações.

"As tempestades ensanguentadas que o Iraque sofre há oito anos e o sofrimento indizível de seu povo são um reflexo e um alerta", disse o comentário do Diário do Povo.

"Os ataques militares à Líbia são, após as guerras no Afeganistão e no Iraque, a terceira vez que alguns países lançaram ações armadas contra países soberanos", disse em referência aos EUA e seus aliados.

"Deveria ser notado que toda vez que meios militares são usados para lidar com crises, é um golpe na Carta das Nações Unidas e nas regras das relações internacionais."

O comentário apareceu sob o nome de "Zhong Sheng", pseudônimo que em chinês se parece a "Voz do Centro," dando a entender que verbaliza a opinião do alto escalão do governo.

Fonte: Reuters e http://brasilnicolaci.blogspot.com/

domingo, 20 de março de 2011

Liga Árabe critica ataques internacionais contra a Líbia


O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, criticou neste domingo os ataques das forças ocidentais contra a Líbia e afirmou que a "proteção dos civis não necessita de uma operação militar".

"O que aconteceu na Líbia é diferente do objetivo de impor uma zona de exclusão aérea, o que queremos é proteger os civis, e não bombardear mais civis", disse Moussa em entrevista coletiva em conjunto com o presidente do Parlamento europeu, Jerzy Buzek, na sede da Liga Árabe no Cairo.

Segundo Moussa, a resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU tratava da proibição de qualquer invasão ou ocupação terrestre. "Dissemos que não é preciso nenhuma operação militar", acrescentou o secretário-geral da Liga Árabe, que explicou que pediu relatórios completos do que está acontecendo na Líbia.

A Líbia foi alvo neste sábado de ataques das forças da França, Estados Unidos e Reino Unido, que tiveram como alvo as forças do ditador Muammar Gaddafi em Benghazi, reduto rebelde no leste, e mais de 20 alvos do sistema integrado de defesa aérea no oeste.

Os ataques foram a primeira fase da operação Aurora da Odisseia, criada para proteger os civis líbios e impor uma zona de restrição aérea na Líbia, aprovada na quinta-feira (17) pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

O governo líbio, contudo, denunciou o ataque das forças internacionais contra os civis. A TV estatal líbia disse no sábado que ao menos 48 civis morreram nos bombardeios. Já um funcionário do governo líbio da área de saúde disse neste domingo que o número de mortos subiu para 64.

"As pessoas morreram em decorrência de seus ferimentos, então o total de mortos subiu", disse o funcionário, que não quis ser identificado. O número não pôde ser verificado com fontes independentes.

Moussa ressaltou que a Liga Árabe apoiava a imposição de uma zona de exclusão aérea "para proteger os civis líbios e evitar qualquer medida adicional". O apoio dos países árabes da região é considerado crucial para a missão, operacionalizada pelas forças do Ocidente.

Além disso, ele destacou que algumas consultas vêm sendo feitas para a realização de uma reunião urgente da Liga Árabe sobre a situação em toda a região, e especialmente, na Líbia.

Fonte: Folha e http://brasilnicolaci.blogspot.com/

Rússia critica ataques indiscriminados da coalizão na Líbia


A Rússia pede o fim do "uso indiscriminado da força" pela coalizão que realiza operações militares na Líbia, informou o chanceler russo em um comunicado divulgado neste domingo.

"Nós pedimos que os Estados interrompam o uso indiscriminado da força", informou o comunicado.

Os ataques aéreos na Líbia incluíram alvos não-militares, segundo o ministro, e danificaram rodovias, pontes e um centro de cardiologia.

"Consideramos inadmissível o uso da Resolução 1973 para fins que claramente ultrapassam seu escopo, que estipula apenas medidas para proteger a população civil", informa o comunicado.

No sábado, Moscou afirmou "lamentar" a intervenção na Líbia, que "foi adotada de forma precipitada". A mídia russa também citou fontes do Kremlin segundo as quais o embaixador da Rússia em Típoli foi demitido, sem citar as razões.

Fonte: AFP e http://brasilnicolaci.blogspot.com/

Stanley Burburinho: Você não vai ver isso nos jornais!


A partir de informações do serviço secreto russo, o Pravda publicou matéria muito esclarecedora sobre a situação na Líbia. Por exemplo: a contratação de mercenários pelo Pentágono através da Halliburton e da Blackwater e que o serviço secreto da Rússia, que controla 100% do espaço aéreo da Líbia, garante que nenhum avião levantou vôo na Líbia desde o inicio das manifestações.Acho que essas informações nunca veremos publicadas na velha mídia do Brasil:

“O serviço secreto russo confirmou ontem através de Nicolai Patrushev, que na verdade o que está existindo é um verdadeiro bombardeio da mídia internacional contra Kadhafi, pois a Russia controla totalmente o espaço aéreo do norte da África e cem por cento da Líbia e que os aviões que supostamente levantaram vôo para executar os bombardeios contra o povo líbio não saíram do chão e portanto não executaram qualquer ação militar; que somado a isso, por não existirem imagens de qualquer vôo, configura uma armação do Pentágono. O Secretário de Defesa do EUA admitiu o erro das informações dizendo que podem ter sido outros aviões, mas setores independentes da mídia internacional já haviam colocado a entrevista dos russos no ar e assim desmoralizado a ação do Pentágono.”

“Outro escândalo que ronda Washington é a participação de mercenários contratados pelo Pentágono, através da Halliburton e da Blackwater para participarem das batalhas na região de Cerenaica, em especial Bengazhi e Trobuk ao lado dos opositores que começam a perder terreno para os simpatizantes de Khadafy. A missão dos mercenários que ficariam sob controle da CIA, Agência Central de Inteligência e até executariam ações secretas com a aliada Al-Qaeda de Bin Laden, contra Khadafi seria manter o controle dos poços de petróleo já sob controle da oposição na região de Bengazhi.”

“Ontem um dos principais líderes da oposição a Kadafi, Khaled Maassou, na região de Cerinaica, confirmou que estava desistindo da luta por não concordar com a participação de mercencários e militares norte americanos em território líbio contra Kadhafi, e que em nenhuma situação irá contribuir com a CIA, que agora começa a assumir com a Al Qaeda o comando da situação na região de Cirenaica.”

http://port.pravda.ru/mundo/15-03-2011/31379-libia_massacre-0/

sexta-feira, 18 de março de 2011

O efeito dominó terminou, mas ninguém devolverá à garrafa o gênio das revoltas árabes

A terceira ficha não cairá. Pelo menos por enquanto. Gaddafi tem a rebelde Benghazi ao alcance da mão. Sem uma súbita recuperação da frágil e desorganizada resistência, o ditador terá sob sua bota novamente toda a geografia Líbia em poucas horas.

O governo do Conselho Nacional, instalado na capital da velha província Cirenaica, não terá durado um mês. Quando cessarem os disparos, terá terminado a revolta que começou em 20 de fevereiro. A sangue e fogo. Exatamente o contrário do que aconteceu na Tunísia, onde os manifestantes terminaram com Ben Ali em três semanas, ou no Egito, onde Mubarak não precisou de 15 dias.

Gaddafi viu a jogada desde o primeiro momento. Ninguém apoiou Ben Ali e Mubarak com tanta convicção. Sabia que viriam atrás dele. Primeiro transformou a revolta em guerra civil. Depois se refugiou na capital, para recuperar forças e provavelmente reorganizar suas tropas mercenárias, suprimentos e finanças, utilizando com toda probabilidade algumas influências que ele e seus filhos mantêm intactas no estrangeiro, nos governos e nas finanças.

Finalmente organizou a recuperação do território abandonado, coincidindo com um refluxo abertamente contrarrevolucionário na onda iniciada na Tunísia em dezembro. Foi assim que conseguiu se manter, enquanto a Arábia Saudita atua no Bahrein como a União Soviética fez na Hungria em 1956 ou na Checoslováquia em 1968.

Os dirigentes ocidentais, incluindo Obama, observam as revoltas árabes com preocupação e passividade. Se alguém percebe o muito que está em jogo, dissimula muito bem. Nenhuma aparência de direção e nenhuma amostra de vontade política para se pôr à frente da mudança geopolítica. Os desacordos não afetam somente os meios a utilizar, como o objetivo.

À diferença de 1989, quando o desejo majoritário era de que caíssem um atrás do outro todos os regimes comunistas, agora está claro que só o querem os que sofrem as autocracias, enquanto os grandes interesses políticos e econômicos rezam pela manutenção do "status quo" e como um mal menor defendem algumas reformas que sirvam de freio e paliativo ao ímpeto revolucionário.

A rapidez dos acontecimentos obriga a refrescar a memória. Inclusive a mais curta. Nicolas Sarkozy, agora tão militante, não faz nem dois meses tentou dar uma mão ao ditador tunisiano, mandando-lhe material antidistúrbios. Agora vai na frente da procissão e clama por uma intervenção contra Gaddafi que sabe que não ocorrerá. Recebeu dois representantes do fantasmagórico governo de Benghazi no Eliseu, o qual reconheceu como interlocutor na véspera da cúpula de chefes de Estado e de Governo para tomar uma posição sobre a crise líbia. Adiantando-se de forma tão dissonante dos outros 26 sócios, apropriou-se assim de uma parte da causa líbia, mas da outra condenou a possibilidade de uma posição comum europeia no dia seguinte.

Tudo é especialmente grotesco na farsa em que os 27 transformaram a política externa da UE e de cada um dos países sócios, atentos apenas para o petróleo, a imigração e as pesquisas eleitorais.

Sarkozy não tomou a iniciativa contra Gaddafi para arrastar a Europa, mas para tentar frear sua queda em pique na previsão de voto: agora perderia no primeiro turno de eleições presidenciais nas quais Marine Le Pen seria a vencedora. O mesmo se pode dizer de Merkel, que enfrenta este ano um rosário de eleições regionais e está na hora de tomar decisões populares entre os alemães, seja exigindo uma austeridade extrema de seus parceiros europeus, fechando centrais nucleares ou descartando qualquer intervenção na Líbia.

O único que não tem problemas em continuar caindo nas pesquisas é Rodríguez Zapatero, que faz o que tem de fazer sem se importar com sua popularidade já arruinada.

Nisso estamos hoje. A iniciativa é da contrarrevolução, que conseguiu frear o efeito dominó. E do regime iraniano, que aproveita a revolta para modificá-la em um confronto convencional entre xiitas e sunitas, respectivamente antiocidentais e pró-ocidentais.

Mas é só um momento de uma onda de longo alcance. Gaddafi vai demorar mais ou menos para cair, mas seu regime não sairá desta: é um pestilento. Tunísia e Egito já estão em transição: os ditadores não voltarão. Ninguém devolverá o gênio à garrafa. Os povos árabes sabem qual é a próxima etapa da história. Isto apenas acaba de começar. Não se deve atirar a toalha.

Fonte : EL PAÍS Lluís Bassets Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves http://www.advivo.com.br

quarta-feira, 16 de março de 2011

Para onde irão os japoneses?


A mera leitura do verbete Japão em qualquer enciclopédia possibilita acumular montes de menções positivas ao país. São cerca de 130 milhões de pessoas que têm a 11ª melhor qualidade de vida e estão embarcadas na terceira maior economia, com grande bem-estar social, cultura e amadurecimento político e institucional.

Os japoneses ainda têm, entre outros dados positivos, a terceira menor mortalidade infantil e um entre os três maiores desenvolvimentos tecnológicos do mundo.

É possível ficar escrevendo sem parar sobre o alto patamar civilizatório dessa nação que agora vemos, mais uma vez, de joelhos diante de uma grande catástrofe, depois de ter sido alvo dos dois únicos ataques nucleares de uma nação a outra.

A sorte trágica do Japão talvez guarde relação com o nível espantoso de aperfeiçoamento de sua sociedade, que, sob vários aspectos, pode ser considerado o mais surpreendente devido às tragédias que seu povo sofreu ao longo da história.

Há, porém, um inimigo que o povo japonês não poderá derrotar e que o obrigará, algum dia, a ter que fugir. Desde criança – o que deve ser entendido como um longo tempo – que ouço falar que o arquipélago japonês submergirá nas águas dos mares de Okhotsk e da China Oriental e Taiwan. Isso porque o Japão se estende sobre o encontro fatídico de três placas tectônicas (vide ilustração acima), o que o torna forte candidato a um dia se transformar em uma Atlântida de verdade.

É muito provável, portanto, que os japoneses estejam elucubrando sobre para onde levarão as futuras gerações, caso a controversa previsão sobre o eventual afundamento do seu arquipélago se transforme em realidade.

Surpreendentemente, da ciência acabamos pulando para a política. O cinema-catástrofe hollywoodiano já abordou essa questão, aliás. Imaginem um desses povos ricos e desenvolvidos tendo que pedir abrigo a nações que tiveram seus povos repelidos pelos que, agora, estariam sem território nacional. O que fazer com uma população imensa como a do Japão?

As alterações climáticas e geológicas que o mundo está vendo ocorrer não são nenhuma novidade desde Pangea, o continente gigante que unia todos os que existem antes de se fragmentar e fazer as partes navegarem pelo mundo até chegarem às posições atuais.

O peso que os sete bilhões de humanos exercem sobre o mundo, com suas crescentes necessidades de tudo, deve começar a produzir efeito justamente nos países que praticamente esgotaram seu meio ambiente pátrio com suas imensas atividades econômicas. O hemisfério norte, onde está a maioria desses países, pode vir a se tornar inabitável em espaço de tempo que a ciência estima cada vez mais curto.

A política externa e a estratégia internacional de países como o nosso devem levar em conta os interesses do mundo desenvolvido em resolver a questão do prazo de validade de seus territórios, que tragédias dolorosas como a que se vê no Japão mostram que deve estar muito bem presente em suas preocupações, o que coloca as terras férteis e sustentáveis do hemisfério sul como alvo de cobiça, a maior de todas as causas para a guerra.

Fonte: http://www.blogcidadania.com.br

terça-feira, 15 de março de 2011

Cuidado com os falcões


Os últimos oito anos, a despeito das profundas mudanças no sentimento nacional, a economia brasileira cresceu pouco: cerca de 4% ao ano, praticamente o mesmo que a economia mundial (3,8%). Mas no período houve uma importante diferença como se vê na primeira tabela acima. Ela explica-se, basicamente, por dois motivos:

1º) pela ênfase no Programa de Aceleração do Crescimento (o PAC) que reacendeu a partir de 2006 o "espírito animal" do próprio governo, dos trabalhadores e dos empresários que havia sido anestesiado pela falsa proposição (aceita pelo Banco Central sob o estímulo do sistema financeiro) que o "produto potencial" do Brasil permitia, apenas, um crescimento de 3,5% ao ano e, para não produzir uma aceleração da taxa de inflação, deveria praticar uma "taxa neutra" de juros real quase quatro vezes a mundial; e,

2º) pela maior rapidez com que o Brasil superou a crise produzida pelo desastroso comportamento do sistema financeiro internacional: no período 2008/09 o mundo cresceu em torno de 1% ao ano, e o Brasil cresceu em torno de 2,3%. Talvez uma visão um pouco melhor dos dois períodos possa ser apreciada na segunda tabela abaixo.

Nada recomenda ou exige, como afirmam alguns "falcões" do mercado financeiro, um ajuste dramático da situação fiscal e monetária. Algumas de suas sugestões são sensatas, como o controle das despesas de custeio e das transferências voluntárias, impondo-lhes um crescimento sistematicamente menor do que o do PIB.

Outras são absurdas, como executar uma combinação de política fiscal super-restritiva, uma política monetária que racione o crédito com aumentos "musculosos" da taxa de juro real (colocando-a ainda mais longe da taxa de juro real do mundo) e liberdade para o câmbio valorizar-se "naturalmente", de acordo com os "fundamentais"... Infelizmente a taxa de câmbio (como um ativo financeiro) tem pouca relação "natural" com os "fundamentais"!

Pode-se admitir que o governo cometeu alguns exageros e pecados veniais. Por exemplo, não ter eliminado todos os mecanismos de indexação quando a expectativa inflacionária estava bem ancorada nos 4,5% e não ter perseguido algumas reformas necessárias. Ou ter insistido (pela necessidade de dar maior velocidade à ampliação da demanda) numa política anticíclica de gastos correntes permanentes. A verdade, entretanto, é que ele levou o Brasil a superar mais rapidamente do que seus parceiros a crise internacional de 2008/09. Nada, afinal, que não possa ser corrigido com cuidadosas políticas fiscal, monetária e cambial críveis e bem coordenadas.

Mas três coisas são certas:
1º) não devemos acreditar cegamente que o crescimento de 7,5% em 2010 representou uma dramática divergência entre a oferta e a demanda globais. Em boa parte foi produto de um "artefato" estatístico;

2º) o governo tem mesmo que reduzir a taxa de crescimento do consumo e aumentar sua eficiência; e

3º) que 2011 não está dado. Temos uma nova política fiscal, uma nova política monetária e uma maior coordenação entre elas. 2011 será o que formos capazes de fazer dele!

Texto Original de Antonio Delfim Netto ( este tem algumas adaptações/adequações )
Fonte: Valor Econômico

segunda-feira, 14 de março de 2011

A imoralidade legal do ECAD nas trilhas de filmes

Cobrança do ECAD por música no cinema é uma imoralidade legal.

O que há de comum entre os filmes “Os pássaros” (Alfred Hitchcock), “Onde os fracos não tem vez” (irmãos Cohen), "Pauline na praia" (Eric Rohmer), “Um dia de cão” (Sidney Lumet), "Dez", de Abbas Kiarostami e “A Bruxa de Blair” (Daniel Myrick e Eduardo Sánchez) é que eles não têm música.

Pois acreditem: se qualquer um destes filmes for exibido em qualquer cinema brasileiro, o dono da sala tem que pagar ao ECAD - uma entidade privada - 2,5% do bruto da bilheteria. O dinheiro, supostamente arrecadado para pagar direitos autorais dos músicos inexistentes nestes filmes estrangeiros, sai do bolso do espectador e do dono da sala e vai direto para o ECAD. Este é um exemplo extremo do absurdo em vigor no país, graças a uma lei bizarra nascida na ditadura militar e ratificada em 1998, possivelmente com as melhores intenções, por Fernando Henrique Cardoso e seu Ministro da Cultura, Francisco Wefort.

Quando uma produtora de cinema contrata um músico para fazer a trilha de um filme, ou compra fonogramas ou direitos autorais de uma música já existente, paga aos músicos, aos autores e proprietários dos direitos musicais ou fonográficos, o valor por eles estipulado. Os contratos prevêem a exibição sincronizada da música com o filme, em várias mídias e suportes. Não há justificativa razoável para que apenas os músicos – e não o diretor do filme, o autor do roteiro, o produtor, os atores, fotógrafo, montador, cenógrafos, figurinistas, maquiadores - voltem a receber qualquer pagamento na exibição do filme, sob o pretexto de pagamento de direitos autorais.

Mesmo que a cobrança da taxa do ECAD sobre os ingressos de cinema fosse eticamente aceitável, não é possível que este dinheiro vá parar nas mãos de algum músico autor ou intérprete da trilha do filme, pelo simples fato de que o ECAD não tem a mínima idéia de quem são os autores das trilhas, se é que o filme tem alguma trilha.

Para onde vai o dinheiro que o ECAD arrecada por ano no achaque legalizado aos espectadores (que pagam ingressos cada vez mais caros) e aos proprietários das salas de cinema (que enfrentam todas as dificuldades do mundo para manterem seus negócios), é segredo não revelado pelo site da entidade, mas o valor desta pilhagem amparada em lei pode ser calculado. A Ancine (Agência Nacional de Cinema) divulgou os dados parciais de 2010, foram 136 milhões de ingressos de cinema vendidos no país, com faturamento bruto de 1,3 bilhão de reais. Se não me falha a calculadora, 2,5% disso dá 32 milhões e 500 mil reais.

Filmes são criações coletivas. Os defensores do sistema cartorial do ECAD – uma entidade privada – alegam que falta aos diretores, autores, montadores, atores, organizarem-se para pleitear sua parte do butim. É um argumento que transforma em lema o sarcasmo da frase do Millôr: “Se é para locupletar-se, então que nos locupletemos todos”. Se a tese fosse levada a sério, a atividade de exibição pública de filmes no Brasil seria extinta.

É mais do que justo que os compositores recebam direitos autorais pela execução de suas músicas no rádio, em shows ou mesmo em salões de baile que cobram ingressos (onde as pessoas vão para dançar e ouvir música), mas a lei em vigor, que obriga os espectadores e os proprietários das salas de cinema a entregar seu dinheiro a uma entidade privada que não presta contas a ninguém é uma excrescência jurídica, que se mantém de pé graças ao lobby das grandes gravadoras, ao exército de advogados do ECAD e a leniência, covardia, má intenção ou pura ignorância da sólida maioria dos nossos congressistas.

PELA TRANSPARÊNCIA TOTAL DAS CONTAS DO ECAD. PELO FIM IMEDIATO DO PAGAMENTO AO ECAD DA INDEFENSÁVEL E IMORAL TAXA SOBRE OS INGRESSOS DE CINEMA.

http://www.casacinepoa.com.br/o-blog/jorge-furtado/cobran%C3%A7-do-ecad-...

Fonte:http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif