sábado, 26 de fevereiro de 2011

Centenas de milhares protestam no Oriente Médio e Norte da África


Manifestantes xiitas antigoverno gritam palavras de ordem contra o regime durante manifestação em Manama, Bahrein.

Passeatas em grande escala no Iêmen pareceram preceder marchas mais pacíficas e até mesmo festivas. Mais de 100 mil saíram às ruas nesta sexta-feria, depois que o presidente prometeu na quarta-feira não reprimir as demonstrações.

No Egito, dezenas de milhares se concentraram na praça Tahrir do Cairo, que virou símbolo da revolta que forçou a renúncia de Hosni Mubarak em 11 de fevereiro. Os manifestantes exigem a formação de um novo governo e o julgamento do ex-presidente egípcio, que se retirou para a cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, na Península do Sinai.

O Egito vive um período de transição política após a renúncia, mas a maioria dos ministros e o chefe do gabinete, Ahmed Shafiq, procedem do regime anterior. “Não precisamos desse governo, queremos um novo que possamos escolher”, disse o jovem manifestante Omar el-Guendi.

A concentração coincidiu com as orações do meio-dia desta sexta-feira, a celebração religiosa semanal mais importante para o mundo muçulmano. Os manifestantes levavam bandeiras e cartazes, e muitos deles estavam com as caras pintadas com as cores da bandeira egípcia.

No Bahrein, manifestações pró-democracia bloqueou quilômetros das estradas e rodovias centrais em Manama, capital. Em uma mudança em relação à terça-feira, quando os manifestantes antigoverno atraíram mais de 100 mil para a Praça Pérola, nesta sexta foram os líderes religiosos que convocaram a população a tomar as ruas. Isso pode mudar a dinâmica no Bahrein, onde os xiitas são a maioria, mas os governantes pertencem à minoria sunita.

Na Jordânia, milhares saíram novamente às ruas de Amã e outras cidades para exigir reformas políticas, entre elas a dissolução da Câmara baixa do Parlamento. A principal manifestação ocorreu na capital e saiu da Grande Mesquita de Hussein, onde se reuniram líderes opositores, sindicalistas e ativistas independentes.

Os participantes da manifestação cantaram palavras de ordem para exigir reformas políticas, o fechamento da embaixada israelense em Amã e a restauração da Constituição de 1952, que previa a formação de governos representativos. Os manifestantes também traziam cartazes em apoio às revoltas contra o regime de Muamar Kadafi na Líbia.

Os protestos na Jordânia começaram há seis semanas, no calor das revoltas do Egito e da Tunísia, e as exigências da população se centram principalmente em reformas como a modificação da Lei Eleitoral, muito criticada pela oposição. Diante da pressão das ruas, o rei Abdullah 2º formou um novo governo, pedindo que promova reformas políticas reais e rápidas, e que dialogue com todos as forças políticas.

Na Tunísia, onde começaram em dezembro os protestos que serviram como um rastilho de pólvora no mundo árabe, milhares se concentraram na frente do Palácio de Governo, na medina do centro de Túnis, para pedir a renúncia do Executivo de transição tunisiano e do primeiro-ministro, Mohamed Ghannouchi.

A praça da velha medina de Túnis se transformou poucos dias depois da fuga do presidente deposto, Zine el-Abidine Ben Ali, no centro dos protestos populares contra o governo, especialmente dos habitantes das regiões mais abandonadas do interior do país como Sidi Buzid e Kaserin.

Fonte: EFE, AFP e New York Times