segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Reduzir juros teria mais efeito do que o ajuste fiscal



O economista Marcio Pochmann (presidente do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) criticou a decisão do governo federal de promover corte de gastos públicos anunciada na segunda-feira, dia 06 de dezembro de 2010, pelo ministro da Fazenda Guido Mantega.

Em entrevista à Rede Brasil Atual, Marcio Pochmann sustentou que a redução da taxa de juros permitiria um alívio maior e mais rápido sobre as contas públicas sem riscos de produzir retração econômica.

Para Pochmann, o Brasil fez uma escolha política de colocar o desenvolvimento nacional como tema central. Isso significou, substituir a "monotemática que perdurou nos anos 1990 do arrocho fiscal", diz ele.

A volta do discurso de que é necessário reduzir as despesas incluindo investimentos em obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e eventualmente de programas sociais – pode ter efeitos ruins no longo prazo.

"A questão central do Brasil diz respeito a enfrentar os nós do desenvolvimento que não são apenas de ordem fiscal", constatou o presidente do IPEA. "Questões importantes são os riscos da situação cambial e monetária que fazem o Brasil perder competitividade em setores e maior valor agregado. Assim, empurra o país a ser cada vez mais uma economia de bens primários, ancorada em produtos de menor valor agregado", criticou.

Pochmann reconheceu que há um "espaço permanente" para melhorar a qualidade dos gastos públicos e da arrecadação, abandonando o padrão regressivo em que os mais pobres pagam proporcionalmente mais tributos.

Porém, ele teme cortes verticais e seus impactos sobre o nível de investimento em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

Fonte: Texto de Anselmo Massad - Rede Brasil Atual - http://www.cartamaior.com.br